MARKETING DIGITAL: O CASO HEINEKEN. MÁRCIA AUGUSTO PORTO BUSINESS SCHOOL Fundamentos de Marketing Digital Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Esta Página foi deixada em branco propositadamente. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Índice Introdução .................................................................................................................................... 3 O Marketing Digital ...................................................................................................................... 4 A Heineken .................................................................................................................................... 7 Objetivos e Estratégia............................................................................................................... 8 Análise SWOT............................................................................................................................ 9 Concorrência ........................................................................................................................... 11 A Comunicação Digital na Heineken .......................................................................................... 12 Campanha Heineken City ....................................................................................................... 13 Campanha Heineken: Open Your World................................................................................ 15 Campanha Heineken: The Candidate..................................................................................... 16 Campanha Heineken: Canal de Distribuição ......................................................................... 16 Campanha Heineken: Interactive Bottle ............................................................................... 17 Campanha Heineken: Star Player – Champions League ........................................................ 18 Heineken: O website .............................................................................................................. 19 Reação da Heineken a banner alusivo à marca ..................................................................... 20 Campanha Heineken U Code .................................................................................................. 20 Campanha Heineken: Instagram ............................................................................................ 21 Campanha Heineken: Facebook ............................................................................................. 21 Conclusão .................................................................................................................................... 23 Bibliografia / Webgrafia ............................................................................................................. 25 Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Introdução O presente trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Fundamentos de Marketing Digital da Pós-Graduação em Digital Business da Porto Business School, sob a orientação da Professora Dra. Teresa Fernandes. O objeto de estudo compreendido será a Comunicação Digital, como componente “Promotion” do marketing mix, dentro da esfera do Marketing Digital da marca de cerveja Heineken. A análise debruçar-se-á, então, sobre a estratégia da marca, analisando as diversas ações em ambiente digital, bem como em espaços físicos, desde que a ação central decorra da potencialidade digital e o objetivo se prenda com a criação de “viralidade” em torno dos conteúdos. O enfoque do estudo será a Comunicação, na medida em que, como veremos, é a variável que, no caso da Heineken, tem sido mais trabalhada no ambiente digital, servindo: o “storytelling”; os conteúdos de “brand awareness” em jogos; os eventos que respiram a identidade corporativa da marca; o reaproveitamento de formatos que relembram interações entre Rádio e ouvinte, transpostas para plataformas como o Facebook; as ações que obedecem a conceitos agregadores que lembram filmes de Hollywood, como a “Legends”, sob o conceito-chave – “Open Your World”, entre outras. A escolha da marca Heineken prende-se com o facto de ser um exemplo e, podemos ousar, um caso de estudo na forma hábil e coerente como tem conduzido as suas campanhas de Comunicação em ambiente digital. A marca percebeu, inequivocamente, as potencialidades do novo meio que lhe serve: a divulgação, o reforço da notoriedade, a aproximação e interação com atuais e potenciais consumidores, a multiplicidade de canais – “omnichannel retailing”, como será constatado posteriormente –, entre outros. Porém, anteriormente à análise da marca, importa dar conta da revisão da literatura associada ao tema emergente que é o Marketing Digital nas empresas, questionando as tendências, as estratégias, as alterações paradigmáticas ou mesmo a continuidade dos conteúdos aplicados a novas plataformas. Quais os caminhos? Veremos, pois, que o Marketing Digital responde a uma sociedade cada vez mais fragmentada, com tendência à formação de nichos, permitindo chegar ao público-alvo, influenciando o seu processo de decisão de compra, através de ações que o Marketing tradicional não seria capaz de reproduzir. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital O Marketing Digital Efetivamente, e de acordo com o IAB Internet Advertising Revenue Report (2010), o Marketing descobriu um novo espaço de comunicação, onde os consumidores são constantemente analisados enquanto “target”, aos níveis online e offline, numa estratégia “blended”, sendo o digital já considerado nos orçamentos de Marketing das empresas. No que respeita o balanço numérico, Darrel (2011: 3-5) afirma que o e-commerce nos Estados Unidos da América está a aproximar-se dos 200 milhares de milhões em receitas. Globalmente, o comércio digital representa já entre 15% a 20% do total de vendas, sendo que a proporcionalidade varia em função do setor. Segundo o autor, a tecnologia digital permite a substituição de “montras sem vida” por ecrãs vibrantes e interativos, que se alteram em função de critérios definidos, que geram recomendações e encomendas quando a loja está fechada. Darrel refere também que o negócio digital pode criar jogos imersivos, que atraem e prendem a atenção do consumidor, bem como gerar ideias inovadoras pela dialética da comunicação Marca/Consumidor. O autor aponta ainda um novo caminho para o Marketing – o “ominchannel retailing”, onde os retalhistas interagem com o consumidor através de vários canais como websites, lojas físicas, email, telemarketing, social media, dispositivos móveis, videojogos, televisão, entre outros. De facto, para o especialista, o retalhista beneficia da potencialidade de integração de vários canais que respondem ao mesmo objetivo – a venda –, assegurando que as empresas que recusam esta tendência correm o risco de serem banidas do cenário comercial da atualidade. No seguimento desta quase mudança de paradigma no que respeita a divulgação de produtos e serviços, Brynjolfsson, Hu e Rahman (2011: 3) afirmam que 50% dos que possuem telemóvel, têm smartphone. De entre estes, 70% usaram o equipamento para comparação de artigos e preços, hábito que tem vindo a ser recorrente um pouco por todo o mundo. No Marketing de hoje, 66% da massa de utilizadores segue as marcas nas redes sociais, sendo que 17% assume que isso influencia a compra, de acordo com a Marktest (2011): Bareme Internet – “ Os Portugueses e as Redes Sociais 2011”. Já em 2013, a Marktest no seu estudo “Portugueses e Redes Sociais 2013” dá conta de que mais de 97% dos utilizadores do grupo etário 15 – 24 usa Facebook, a par de mais de 95% da faixa etária 25-34. Porém, numa sociedade cada vez mais esclarecida no que concerne a Comunicação, a par de uma presença massiva na internet, que convive com marcas e produtos, assistimos à dialética consumidor – utilizador, onde o segundo tende à desvalorização da mensagem, através de filtros Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital de desinteresse. Mais do que anúncios impactantes, os consumidores querem “experiência”, como forma de ativação da marca, o que nos leva ao conceito de Trysumers (Trendwatching, 2007), amantes do novo como sensação/experiência. A experiência “escapista” é, não raras vezes, associada ao instantâneo, efémero, flexível e não envolve compromisso de compra. Outra tendência marcante que o digital trouxe à estratégia é o facto de o utilizador híperconectado receber ofertas, conhecer oscilações de preço e promoções, elevando a pesquisa de ofertas e promoções a um hábito das novas gerações, esclarecidas, conscientes, responsáveis, e, assim, “chiques” – tendência ao “dealer chic” – (Trendwatching, 2012). Os ambientes híper-conectados, bem como as plataformas e redes sociais, inverteram também a pirâmide de influências, que altera o lugar dos “opinion makers”do passado. Agora, a esfera de influência ocorre ao nível do desconhecido, do amigo, do familiar, que experimenta, gosta e partilha, o que é entendido como um apreço genuíno a determinado produto ou marca. Chegamos, pois, aquilo que vários especialistas designam por marketing interativo participativo, onde já não são as marcas que controlam a mensagem. De facto, o consumidor molda, edita, dá pareceres, partilha-os e influencia os seus pares. A complexidade do target, cada vez mais segmentado e difuso, exige, por outro lado, novos modelos integrados. Falamos, pois do conceito de “Blended Marketing”, respondendo a um público-alvo que pode ser impactado na rua, no centro comercial, no jardim, passando pelas plataformas digitais como o Facebook, os websites das marcas, os blogues, os jogos online, entre muitos outros ambientes, o que recupera o conceito já anteriormente referido – “omnichannel” –. Assistimos, assim, a uma nova estrutura que impõe às marcas cada vez mais análise e profundidade no desenho e segmentação de estratégias e ações, respeitando a coerência e a mensagem integrada em plataformas ou espaços díspares. Um exemplo disso, associado ao “Permission Marketing” são as ações “tracking”, em que o consumidor recebe uma mensagem no seu dispositivo móvel, ao passar por determinada promoção ou loja – tipo de ação push. Outra tendência não menos importante é o “storytelling”. O consumidor exige agora muito mais do que comunicação de produto. O utilizador mesclado com consumidor quer conteúdo utilitário, isto é, histórias relevantes para si, ainda que associadas a marcas ou produtos. O “storyboard” implica guiões fortes, incisivos e emocionais – o consumidor quer experiências e criar relações –. A arquitetura deste tipo de ações relega-nos para o conceito de “viralidade” no Marketing. As histórias desenvolvem-se em vídeo, normalmente despidas da imagem demasiado profissional, por forma a credibilizar e a aproximar o conteúdo ao quotidiano do consumidor. O conteúdo, por sua vez, é fortemente emocional e de valor partilhável, sendo transmitido através do “word-of-mouse”, atingindo milhões de visualizações, de uma forma económica e eficaz. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Num todo, as ações querem precipitar a compra em ambientes online ou influenciar aquisições em espaços físicos, tomando lugar em canais online e offline. É possível percebermos essa tendência, por exemplo, na campanha da C&A no Brasil, onde os utilizadores eram convidados a fazerem “like” nas peças “expostas” no Facebook, sendo que o número de “likes” era posteriormente transposto para as peças de roupa nas lojas. Assistimos também ao fenómeno das lojas físicas como uma espécie de display gratuito, onde o consumidor experimenta, mas a aquisição ocorre posteriormente, em plataformas online, depois de comparar produtos e preços. Finalmente e a título exploratório, Comstock e Boff (2011) lançam, então, a discussão: “O Marketing Digital implica investimento, experimentação e até mesmo fé, antes que as metas específicas possam ser cumpridas. Mas os resultados vão acumulando. Os seus clientes são digitais. A sua empresa não deveria ser também?”. Será agora pertinente debruçarmo-nos sobre o caso Heineken. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital A Heineken “When leading beer company Heineken decided in 2007 to create a marketing campaign that would "energize its brand among Puerto Rican youth," it recognized that 30-second TV spots and other forms of traditional media would not be the most effective means of reaching its target audience”- Chester, Montgomery e Dorfman (2010). A Heineken é uma marca do setor das bebidas alcoólicas, no mercado desde 1873, pelo esforço empreendedor de Gerard Adriaan Heineken, tendo por target inicial o público holandês com maior poder de compra. Cedo, Heineken procurou e implementou novos métodos de produção, que permitiram uma menor fermentação, o que alavancou a qualidade da bebida face à oferta de então. Ao longo dos séculos, a Heineken tem vindo a apostar na modernização quer dos métodos de produção, quer da estratégia de mercado, quer no que concerne a Comunicação, como elemento do marketing mix, componente em que este trabalho visa debruçar-se. No que respeita uma primeira abordagem enquanto marca, a Heineken é amplamente reconhecida, valendo-se de grandes níveis de notoriedade. A marca é imediatamente identificada por características como o logótipo, “lettering”, formas e cor da sua embalagem, estando conotada, como qualquer bebida do mercado da cerveja, com associações positivas – celebração, relações sociais, proximidade, amizades e felicidade –. A estratégia tem sido, claramente, a aposta em ambientes digitais, reconhecendo o mercado online como uma oportunidade de influência na decisão de compra, de criação de associações e de disseminação de partilhas de conteúdos da marca pelos seus consumidores (noção de “earned media” – Havas Media Group, 2012). A Heineken serve-se frequentemente de ações de “experiência” da marca ou de “storytelling”, que se tornam virais graças a conteúdos com valor partilhável globalmente. Já o website vive de grafismos, à luz de “gammification layouts” – a história da empresa, por exemplo, é contada em grafismos que lembram máquinas de casino, devendo o consumidor escolher, ao “rodar” a panóplia de histórias em vitrines virtuais –. Ainda no website, no momento de entrada do utilizador, a marca solicita a data de nascimento (política de responsabilidade no uso de bebidas alcoólicas) e convida-o a escolher a cerveja da sua cidade (campanha “Cities”). A tendência e a constante atenção para o mercado e as suas exigências relegam-nos para a Heineken como uma marca de estudo no que respeita as ações de Comunicação trabalhadas, iminentemente digitais. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Objetivos e Estratégia A Heineken assume-se como uma multinacional, cujas marcas operam em 178 países, tendo por objetivo estabelecer-se como líder nos vários mercados onde atua. A empresa tem apresentado uma performance sólida em países como a Nigéria, África do Sul, Rússia, Chile, Brasil, Coreia do Sul e, mais recentemente, a China. A estratégia tem passado por investir no portfólio global de marcas premium como Amstel Premium Pilsener, Strongbow Gold cider, Sol e Desperados. A empresa espera crescer nos mercados de África, Ásia e América Latina, em contraponto com a expectativa de menores receitas na Europa. A estratégia tem por base seis objetivos: alavancar o crescimento da Heineken enquanto marca líder no segmento; orientar a marca para o consumidor, levando ao seu reconhecimento como “top of mind”; captar oportunidades em mercados emergentes, através de estratégias de aquisição, crescimento e joint ventures; promover o investimento em novas iniciativas de negócio numa escala global; apostar no espírito de liderança e autonomia dos seus trabalhadores (mais de 85 000 trabalhadores em 70 países – comunicação interna); incorporar e apostar na sustentabilidade como chave para a orientação e cumprimento de metas, tendo por base o mote “Brewing a better future”. A cada um dos objetivos elencados, corresponderam estratégias definidas. No que concerne o crescimento da marca elevada a líder, bem como no que respeita a notoriedade, a Heineken levou a cabo várias ações, como por exemplo: desenvolveu a “glow in the dark rhythm pulsing bottle”, reconhecida na Milan Design Week, congratulada com 14 prémios de criatividade no Cannes Lyon Festival; patrocinou a Champions League em 2013 (patrocínio vinculativo até 2018), chegando a 168 milhões de consumidores seguidores do campeonato – o mercado da Europa é ainda reconhecido como potencial face a outros –; criou a campanha “Men of The World”- The Heineken “Dropped” – experiência social que visa seguir viajantes do sexo masculino e as suas experiências em locais recônditos –, que gerou 40 milhões de visualizações no Youtube1. As ações decorrentes desta campanha elevaram a marca a candidata a “The World’s Most Celebrated Viral Campaigns”, partilhadas por milhões de utilizadores por todo o mundo. No que respeita o segundo objetivo (orientação para o consumidor), a Heineken encetou ações de lançamento como: o “SUB and TORP”, um barril para uso doméstico, promovendo a experiência da marca e da cerveja em casa do consumidor; a “Radler” (cerveja com sumo de 1 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=4eZIJhVRN4w Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital limão) em 19 países; as cidras (“Off Trade’s New Product” no Reino Unido) – inovações que no todo valeram à empresa 1,1 milhares de milhões de dólares –. Já no terceiro objetivo, a estratégia passou por investimentos no México, Ásia, África do Sul e mercados em desenvolvimento como a Etiópia. No que concerne as novas iniciativas de mercado, a Heineken levou a cabo mais de 2100 iniciativas, destacando-se, por exemplo, as 49 iniciativas associadas a eficiência de custos relacionados com “packaging” e materiais, bem como negócios suportados por tecnologias de informação ou ainda um “supplier code” assinado por mais de 39 000 fornecedores, garantindo o respeito pelos direitos humanos dos seus trabalhadores. Já no âmbito da liderança e enriquecimento curricular do corpo de trabalhadores, a Heineken conta com 6000 funcionários formados em técnicas de liderança, tendo aumentado de 36% para 48% os cargos de gestão local no continente Africano. Ainda dentro deste objetivo, a marca criou o “Heineken International Graduate Programme”, de onde viria a selecionar 15 novos funcionários de 11 países. Ao nível da sustentabilidade, a empresa desenvolveu planos de proteção de desperdício de água; introduziu o “Biggest Electric Truck”, que permitiu a redução de emissão de dióxido de carbono; criou ações de sensibilização para o consumo abusivo de álcool com a campanha “Dance More, Drink Low”; estabeleceu programas de sustentabilidade que atingiram mais de 100 000 famílias e agricultores em África. Target: A Heineken oferece um portfólio de produtos que visa responder a todo o tipo de consumidores de cerveja. Análise SWOT Forças Altos níveis de Notoriedade da Marca. Elementos icónicos altamente reconhecidos (logótipo, tipo de fonte, embalagem, etc.). Marca fortemente orientada para mercados digitais, reconhecendo o ambiente online como chave para impactar consumidores. Campanhas digitais ligadas à “experiência” da marca e ao “storytelling”, que se tornam virais, chegando a milhões de potenciais consumidores. Iniciativas de abertura a mercados emergentes, trabalhando o reconhecimento da marca como global. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Desenvolvimento de produtos orientados para públicos diferentes (“Radler” em 19 países e cidras no Reino Unido, por exemplo). Presença da marca em 178 países. Capacidade de distribuição alargada que permite redução de custos. Fraquezas Campanhas de responsabilidade social e de cunho humano. Campanhas de sensibilização para o consumo abusivo de álcool. Estratégia de desenvolvimento sustentável. Presença alargada internacionalmente, bem como portfolio de produtos que visa responder a diferentes consumidores de cerveja, pode colocar em causa identidade e autenticidade dos valores da marca. A Heineken começa a ter fracos índices de receitas em mercados como Estados Unidos, Vietname e França. Oportunidades A indústria da cerveja é um forte contributo económico e fator de sociabilidade no mundo atual em vários países do mundo. A associação do consumo de cerveja a jogos de futebol, desporto que move adeptos e fãs por todo o mundo. Os festivais de música são uma tendência crescente, sendo um espaço prolífico para a aproximação a consumidores. Ameaças A procura da liderança a nível mundial e a inerente dificuldade de auscultar todos os mercados pode levar à criação de imitações do produto e posicionamento não regulados. Existe uma forte tendência ao consumo de cervejas de marca nacional. Em momentos de crise, os governos procuram novas formas de angariação de receitas adicionais, legislando novas taxas e impostos, sendo que empresas com capitais e receitas elevados são, não raramente, prejudicadas. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital A marca opera num mercado delicado – consumo de álcool –, frequente associado a comportamentos socialmente reprováveis e mesmo criminalidade. Mercado altamente concorrencial. Concorrência O mercado onde opera a indústria da cerveja é altamente competitivo. A competitividade acresce quando associada a estratégias que visam o posicionamento da marca enquanto líder num espectro mundial. Mais ainda, como é referido na análise SWOT, o consumo de cerveja está emocionalmente ligado a raízes nacionais e, por vezes, locais. Um exemplo claro é o consumo de Super Bock a norte de Portugal, tendo como reverso o consumo de Sagres no sul do país. Desta feita, importa designar os maiores concorrentes da Heineken, tendo por base os objetivos de notoriedade e consumo alargados a uma escala mundial. Atendendo a estes dois critérios, os dois maiores concorrentes serão, pois, a SAB Miller (player da África do Sul, líder de mercado) e a Anheusen-Busch (player belga, terceiro maior na indústria, precedido pela Heineken). Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital A Comunicação Digital na Heineken No que respeita o Marketing Digital do setor das bebidas alcoólicas, Nail (2009), advoga conceitos como o “engagement” como um processo subtil e inconsciente, onde os consumidores através de “add’s” ou “likes”, criam associações que tornam a marca mais relevante. Nail defende que não basta a exposição à marca, sendo necessário que se criem ambientes que fomentem a interação, o “befriending” e o integrar da marca nas suas relações sociais. Já Carter (2009) defende que os profissionais do Marketing Digital neste setor sabem que o conteúdo gerado, quando incorporado no utilizador, provoca um desejo no “target” de “passar tempo com a marca”, consumindo. Debruçando-nos sobre a Comunicação como elemento fulcral na estratégia de Marketing da Heineken, constatamos, pois, a tendência da marca à realização de campanhas iminentemente digitais. O presente trabalho visa, como já antecipámos, analisar as campanhas de Comunicação Digital da marca, à luz das várias temáticas abordadas na disciplina de Fundamentos de Marketing Digital, com especial enfoque na “Gammification”, no conteúdo e estruturas “Fun” e no “Storytelling”, que tem, como veremos, despoletado quer partilhas virais, quer a experimentação da marca. Chester, Montgomery e Dorfman (2010) lançam a discussão em “Alcohol Marketing in Digital Age”, advogando: “ Quando a Heineken decidiu em 2007 criar uma campanha de marketing que energizasse a sua marca entre os jovens porto-riquenhos, reconheceu que um anúncio televisivo de 30 segundos não seria a forma mais eficaz de atingir o seu target. Ao invés, a marca criou uma campanha alicerçada nas plataformas online, criando uma estrutura poderosa e interativa num universo virtual – a Heineken City.” Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Campanha Heineken City A Heineken City começou por se desenvolver como uma projeção de um mundo novo, em complexos residenciais de luxo e narrativas que apelam ao poder e à sedução 2. No decorrer da campanha, a marca acabaria por perceber, como referem os autores acima mencionados, que o novo complexo residencial era, antes de mais, interativo. É, pois, este o mote para o desenrolar das ações daquela que é, atualmente, uma das maiores marcas no que concerne as estratégias de Marketing e Comunicação Digitais. A campanha “Cities” cria, desde logo, uma relação com a cidade que o consumidor considera “sua”, gerando imediatamente associações positivas e de forte cariz emocional, convidando-o a trocar os “pontos” da sua “carica” por brindes que poderá escolher no website da marca. O grafismo e a estrutura da campanha, seguem, claro está, uma estrutura de jogo ligada ao entretenimento e à interação com a marca. Neste jogo, o utilizador ganha “heikens” (designação dos “pontos”), através de jogos online no Facebook da marca e no site – tendência à “Gamification”. A campanha “Cities” dá conta de que a marca reconhece que 2 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=L5TIr-n1jrU Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital a estratégia deixa de ser offline ou online, mas “blended”. Se, por um lado, o consumidor adquire pontos e ganha brindes, por outro, joga online com outros utilizadores, numa cidade que desenha um “Heineken World” imersivo, onde o utilizador visita clubs virtuais de Jazz ou Rock, sendo frequentemente impactado pela presença da marca, através de um espaço virtual que respira a identidade corporativa da Heineken. A marca sabe também que o consumidor aprecia “reconhecimento” e, por isso, premeia os vencedores – dá acesso grátis a e-mail com domínio personalizado (heicity.com), sendo que o utilizador que envia um e-mail semanalmente é distinguido com status VIP e é convidado a estar presente em festas e eventos da marca – l. O retorno, como atesta Lakin (2009), é de 10 000 consumidores fidelizados, mas, mais ainda, 10 000 interações passíveis de se tornarem conteúdo gerado e partilhado pelo próprio utilizador (conceitos de “generated user content” e “earned media” – Havas Media Group, 2012). A campanha “Cities of the World” continua em 2014, com forte enfoque no Twitter, em @wherenext, para ajudar os consumidores a explorar novas experiências na sua cidade. A campanha é iminentemente em ambiente mobile, de acordo com o facto de que a procura para consumo no momento se efetua maioritariamente via mobile, pela resposta rápida e instantânea às necessidades do consumidor. A experiência de Marketing Digital associada a esta campanha dá conta de uma evolução no que concerne a estratégia da marca. Num “press release” de 2014, a Heineken designa-a como um compasso social, em que o perfil @wherenext sente, sabe da cidade e o que acontece, em tempo real, recomendando eventos e respondendo à questão da “eternal night-out question”. A estratégia desenvolve-se no seguimento de um estudo da marca que atesta o receio do consumidor em “perder acontecimentos” na sua cidade. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Falamos de um residente citadino que procura sair da rotina e experienciar novos locais. Di Tondo, Senior Brand Director da Heineken, afirma que as campanhas da marca são globais, inspiradas e orientadas pelos fãs, sendo que o sucesso da marca reside no compromisso com a inovação contínua. Prova disso mesmo é a campanha anteriormente referida, cujo palco da ação se divide entre a própria cidade e o Twitter, afastando a marca das abordagens tradicionais do marketing no setor da cerveja, inspirando o consumidor a sair da rotina e a ser “aspiracional”, respondendo ao desejo de exploração e experimentação de grandes aventuras na cidade. Campanha Heineken: Open Your World Importa também referir uma das maiores campanhas digitais de “brand awareness” da marca, intitulada “Heineken – Open Your World”3, que abarca a “The Legendary Men of the World”num storyboard alusivo a aventuras protagonizadas por um homem ousado e impressionante, que irrompe festas e ambientes que lembram a aristocracia, valendo-se da mestria no domínio de artes marciais, cujas “batalhas” terminam sempre sem violência e com um sorriso vitorioso de ambas as partes, selado pela garrafa de cerveja da Heineken. As aventuras envolvem ainda desporto, ilusionismo, uma flauta que acompanha a vocalista de uma banda que atua na festa, terminando, claro está, com a garrafa da Heineken elevada em jeito aventureiro e vitorioso e, assim, lendário, como a marca. A campanha desdobra-se também nas ruas de Hong-Kong, onde uma vez mais um protagonista do sexo masculino, aventureiro e ousado, procura uma mulher misteriosa. Mas a marca vai mais longe e associa-se a Bond, numa história onde o protagonista é confundido com o herói. Assistimos à projeção da aventura, da sedução, do heroísmo urbano e hollywoodesco, numa 3 Campanha disponível em http://www.wk.com/campaign/open_your_world Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital campanha integrada que inclui 2 minutos de vídeo, sendo a sétima história sob a alçada da série “The Legends”, que caracteriza os homens do mundo como seres impelidos a descobrir e a testar os seus limites (aventura, descoberta, poder). As ações decorrentes da campanha foram amplamente partilhadas nas redes sociais e tornaram-se elementos de identificação da própria marca. Campanha Heineken: The Candidate Também a contratação de novos funcionários inspirou a marca e a comunicação no âmbito digital, criando, uma vez mais, vídeos com intuitos virais. A campanha “The Candidate” dá conta de uma estratégia de contratação que coloca a tónica nas valências do candidato, capacidade de improviso e valores, mais do que o currículo ou experiências profissionais. O resultado: 422 milhões de visualizações no Youtube, receção de mais 317% de currículos, a par de um aumento de 279% de tráfego no site4. Assim, a Heineken parte de uma situação real (consumidores valorizam o “storytelling” quando real, enquanto que histórias demasiado articuladas e esquadrinhadas transmitem a sensação de engano e de conto comercial) e gera conteúdo, ainda mais valorizado por não se tratar de divulgação de produto, aproximando os valores da marca aos consumidores, que interagem e, inconscientemente, como advogam autores anteriormente referidos, partilham da axiologia da marca, contribuindo para a “befriend brand”. Campanha Heineken: Canal de Distribuição Ainda dentro da campanha “Open Your World”, a Heineken desenvolveu uma ação em espaços comerciais5. A marca sabe que a presença do consumidor é fragmentada e a compra de cerveja ocorre normalmente em espaços físicos e, por isso, aposta também em locais de distribuição. Desta feita, os clientes de um supermercado foram surpreendidos na zona de venda de bebidas. A Heineken distribuiu sinalética verde que levava o cliente à ilha de venda da Heineken onde, no chão, o consumidor era convidado a “stand here to open your world”. Ao pisar a área, o potencial cliente ouvia uma voz (só audível por quem pisava a área determinada), numa espécie de “voz off” que o elogiava e depois o convidava a escolher a sua cerveja para que pudesse acionar o conceito da marca - “Open Your World”. Uma vez mais, a marca provoca experiências e o inesperado no “Trysumer”, gerando conteúdos de valor partilhável, chegando a uma espécie 4 5 Campanha disponível em https://www.youtube.com/watch?v=JXTxmtM_aPI Campanha Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=No67z1C4HPw Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital de “viralidade integrada” com outras campanhas igualmente virais, dentro do mesmo conceito de Comunicação. Campanha Heineken: Interactive Bottle Também passível de ser mencionada é a campanha da “Interactive Bottle”6, uma garrafa concebida pela marca que reage às ações do consumidor, num ambiente de diversão noturna, onde o alvo está descontraído, mais vulnerável a mensagens e a consequentes associações emocionais. Assim, a garrafa é revestida de luminosidade, que nos lembra “leds” e ambiência digital. Deste modo, a “Interactive Bottle” brilha sempre que o consumidor brinda; brilha no efeito borbulhar quando o consumidor bebe; acende-se em efeito intermitente e acompanha quando a música se altera; apaga quando é colocada numa mesa, sem estímulos de ação humana. Estamos, pois, perante uma ação que tira partido das potencialidades do digital em ambiente físico, onde a garrafa assume o protagonismo da história e a ação despoletada constitui uma experiência que marca o consumidor, “Trysumer”. Decorrem, depois, vídeos amplamente partilhados, concretizando novamente o efeito de “viralidade” no ambiente digital, a que a marca nos vem habituando. “Men of The World” - The Heineken “Dropped” Dentro do conceito agregador “World”, a Heineken desenvolveu uma ação que visava seguir um viajante do sexo masculino durante as suas viagens a locais inauditos no mundo. A campanha é integrada na “Legends”, que por sua vez se enquadra na “Open Your World”, conceito agregador. A história inicia-se com um ou dois viajantes que são “abandonados”, em locais recônditos, que devem explorar, “abrindo o seu mundo”. A Heineken acompanha as vivências diárias do protagonista, que faz também o seu próprio diário em vídeo. As histórias do quotidiano do viajante são disponibilizadas em canais como Youtube e Facebook da marca, originando, uma vez mais “brand awareness” e “viralidade”. A escolha de um desconhecido é propositada, na medida em que aproxima o alvo da figura central das histórias narradas, com quem se identifica, imaginando e criando espaço inconsciente à possibilidade de ser o próprio no motor da narrativa, credibilizando e permitindo a eficácia da transmissão da mensagem – “ 6 Campanha disponível em https://www.youtube.com/watch?v=cURecvj0flM Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Open Your World”, sendo “Legend” – recorrendo a um “storyboard” irreverente, repleto de discursos marcantes e envolventes, como “Legends aren’t born. They’re dropped”7. Campanha Heineken: Star Player – Champions League Como foi anteriormente referido, a Heineken foi patrocinadora oficial da Liga dos Campeões em 2013 (vínculo manter-se-á até 2018). Mas a marca foi além do patrocínio e criou uma plataforma de “mobile marketing” para interação com os adeptos, sob o mote “Football Like Never Before”, abraçando a tendência da “Gamification”8. O jogo desenvolve-se numa app que o utilizador instala no telemóvel, que lhe permite apostar no golo ou outros desfechos, tendo como adversários os amigos ou desconhecidos, ganhando ou perdendo pontos. Outra ação relevante no decorrer do patrocínio foi a simulação de um concerto no mesmo horário de um jogo entre Milão e Real Madrid. O objetivo: namoradas deveriam convencer os namorados a ir a um concerto de música clássica, professores deveriam levar os alunos para o mesmo concerto, jornalistas deveriam acompanhar o evento, como vítimas ou cúmplices e mais de 1000 adeptos deveriam ser “sacrificados”. No final, a Heineken interpela os espectadores através do quadro digital do espetáculo e questiona: “Hard to say no to your boss, isn’t it? (…) To your girlfriend? And to the match? How could you even thought of missing the match? (…) Let’s enjoy the match together!”9. Novamente, o recurso ao “storytelling” numa estrutura em que o próprio consumidor é agente na história, num ambiente construído onde o alvo está descontraído, recetivo a mensagens com forte filtro emocional. A ação é suportada no 7 Campanha disponível em https://www.youtube.com/watch?v=qUNH9Km_rBo Campanha disponível em https://www.youtube.com/watch?v=kL9n7w4Bvgs 9 Campanha disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Qs67YkLzoI4 8 Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital esquadrinhar de uma história emotiva, aproveitando eficazmente a ligação dos adeptos às equipas, o que resultou, uma vez mais na “viralidade” das partilhas por todas as vias online. Heineken: O website Também no seu website a marca dá conta da sua estratégia iminentemente “blended” e digital, com áreas dedicadas à Comunicação e segmentadas por tipologia de campanhas ou temáticas. Assim, dentro da “Open Your World”, a marca seleciona algumas das histórias já anteriormente partilhadas (especial enfoque na “Cities” e “Legends” associada ao “The Legendary Men of The World”). Ainda no website é possível encontrar áreas dedicadas à música – área de Eventos –, onde o utilizador pode acompanhar a agenda de festas e concertos de vários artistas, gerando tráfego, pelo conteúdo utilitário. Por outro lado, os “followers” deste tipo de informação são jovens, que frequentam festas com amigos, sendo, assim, o ambiente ideal para a partilha da Heineken. Mais ainda quando o mesmo utilizador usufruiu de descontos para entrada em festas através de jogos e visitas ao micro-site da Heineken Experience10. Neste micro-site, o utilizador é também convidado a partilhar vídeos seus nas festas, para ficar habilitado a que a marca o coloque no “muro da fama”. De notar, o ambiente tecnológico e visualmente impactante da “homepage”. 10 Disponível em http://www.heineken.com/pt/heineken-experience.aspx Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Reação da Heineken a banner alusivo à marca Ainda no site, a marca reage a um banner que apresenta elementos da identidade corporativa da Heineken, que terá sido colocado no vídeo de uma luta de cães. A marca revela, pois, atenção ao ambiente online, à imponderabilidade no que concerne a envolvência involuntária da marca em determinados momentos. A reação formal através de comunicado está disponível no site e atesta que todo o material promocional da Heineken associado ao bar, onde decorreu a luta de cães, foi retirado11. Campanha Heineken U Code A marca reconhece, uma vez mais, o local ideal para chegar ao público-alvo – os festivais. A Heineken criou um aplicativo de reconhecimento de QR-Codes para favorecer a interação entre o público destes eventos. Os aderentes deveriam vestir uma t-shirt com um QR-Code estampado, a que deveria corresponder uma determinada mensagem definida pelo utilizador – normalmente as mensagens pretendiam suscitar interação com recurso ao humor12 -. 11 12 Comunicado disponível em http://www.heineken.com/pt/rumoresdelutadecaes.aspx Campanha disponível em https://www.youtube.com/watch?v=0RrXcm89FAo Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Campanha Heineken: Instagram Outra campanha levada a cabo pela Heineken teve lugar no perfil de Instagram da marca, onde várias imagens eram carregadas, devendo o utilizador encontrar a foto com a palavrachave que era partilhada a cada dia. Os vencedores recebiam bilhetes para assistir à “U.S. Open Men’s Final to 9 winners”. Campanha Heineken: Facebook Outra das campanhas no âmbito digital de certa notoriedade teve lugar no perfil do Facebook da marca, onde o utilizador era convidado a partilhar: ideias ou situações de desconforto no momento – “Heineken, não me apetece trabalhar”; pedidos de desculpa a namorados ou familiares ou desafios à marca – “Heineken, consegues escrever o meu nome todo num balão?”. O mediador passava a mensagem em vídeo como resposta e, no fim do vídeo, sugeria uma cerveja para “resolver” qualquer que fosse o assunto versado no comentário do utilizador. No fundo, assistimos a uma reutilização de formatos bastante conhecidos de outros meios de Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital comunicação, como a Rádio, por exemplo, e as mensagens dos seus ouvintes, num formato absolutamente novo. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Conclusão Assistimos, pois, a uma nova roupagem na Comunicação – Digital – como componente do Marketing, atendendo à emergência do Marketing Digital nas empresas que, enquanto marcas, se pretendem distanciar de uma oferta cada vez mais “me too product”. A estratégia começa a assentar em modelos integrados “blended”, o que alavanca novos conceitos como o “omnichannel”, anteriormente referido. As marcas começam a reconhecer que o consumidor não está só num lugar, ou apenas num meio. O consumidor pode estar na loja física, ao mesmo tempo que pesquisa no seu dispositivo móvel sobre o produto que viu na montra, comparando preços, sendo impactado por vídeos, convites para seguir a marca no Facebook, pedidos de permissão para a marca enviar promoções aquando da sua presença ou proximidade da loja (“Authorization Marketing”), entre muitas outras ações possíveis. A audiência e a atenção estão fragmentadas. Parece-nos óbvio que, então, o Marketing e a Comunicação devam, pois, fragmentar-se. A Comunicação Digital dentro do Marketing Digital parece responder a isso mesmo. Mais do que comunicar produto, as marcas estão a comunicar valores, histórias de tónica emocional com conteúdo e axiologias partilháveis. Antecipamos, assim, duas conclusões modulares. Por um lado, os consumidores, os hábitos de consumo e de vida, a forma como se relacionam com os meios e as ações de Marketing e Comunicação das marcas mudou, inequivocamente. Os modelos de Marketing e Comunicação mudaram indelével e inelutavelmente. As marcas querem e estão a acompanhar a mudança. Por outro lado, é inequívoco o reaproveitamento de “storyboards” ou formatos do século XX para a criação de campanhas com novas estruturas e “guidelines”. A Heineken dá conta disso mesmo, por exemplo, com a campanha no Facebook, referida no capítulo anterior. Não bastam anúncios. Não basta – nem é aconselhável – que os anúncios sejam demasiado trabalhados na forma. Mesmo o modo como o consumidor consome conteúdos e marcas mudou. Por exemplo, já ninguém vê atualmente anúncios na TV, a não ser que estes sejam capazes de captar a sua atenção. Mesmo os canais de media online seguem esta tendência/exigência do consumidor – por exemplo, o Youtube permite sempre saltar o anúncio após 5 segundos –. A marca precisa de dar muito mais que um ensaio hollywoodesco, precisa de ouvir o consumidor – que lidera –, de lhe contar uma história, de o surpreender, de lhe lembrar que existe e de lhe suscitar o desejo de ser a sua “befriend brand”. A Heineken é exemplo disso. A marca precisa de “Ser”. Para tanto, necessita de aparecer, de ser aceite e Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital partilhada na comunidade dos comuns, numa inversão de papéis de influência já neste trabalho versada. O mundo caminha para a horizontalidade, para a quebra de cânones e hierarquias. A grande revolução do Digital despoletou esse novo paradigma. As marcas devem responder a essa estrutura, comunicando de igual para igual, marcando presença em todos os lugares, de forma subtil e não intrusiva, prevenindo “enganos” ao intelecto do consumidor, evitando publicidade forçada ou sem carácter utilitário para o consumidor, num paradigma de troca necessário a qualquer relação social que o digital recupera e traz à Comunicação e ao Marketing Digitais. Realizado por Márcia Augusto Docente: Professora Dra. Teresa Fernandes Porto Business School Fundamentos de Marketing Digital Bibliografia / Webgrafia Lakin (2008). “Gold Winner (Puerto Rico): Heineken City”. Disponível em http://adage.com/article/special-report-hispanic-creative-ad-awards-2008/ten-agencies-pickgold-awards/131004/ (Acedido em 16 de novembro de 2014). Comstock, Beth & Boff, Linda (2011). “Business Customers Are Digital. 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