Página 1 de 7 imprimir voltar “COMO NÃO FALAR?”: O discurso de luto em Jacques Derrida Maria Clara da S. R. Carneiro (Pós-Graduanda, UFRJ)• Ponha a meio-mastro a tua bandeira, lembrança. À meio-mastro para hoje e sempre. [...] venha, eu te levo longe. [...] (Paul Celan[i]) O filósofo franco-argelino de origem judaica Jacques Derrida, falecido em outubro de 2004, é conhecido por ser o teórico da Desconstrução que questiona os fundamentos da racionalidade ocidental, como o conceito de uma verdade revelada e absoluta, ou o de uma lógica que exclui as margens,o resto, o que incomoda, o tido como ilógico , ou aporéticoas margens. Um dos importantes aspectos do pensamento derridiano é a sua relação com a escrita. Segundo Derrida, a filosofia, desde Platão, dá preferência à fala (a “palavra de Deus”, a “palavra de honra”) em detrimento da escrita. A palavra escrita é suspeita porque pode ser utilizada mesmo na ausência daquele que a escreveu, contra ele ou a seu favor, enquanto a fala depende da presença do locutor, que sempre pode “retirar o que disse”, defender-se no momento de enunciá-lasua [AS1]enunciação. Para Derrida, o trabalho da escrita, a escritura, ao jogar com a linguagem, questionaria a lógica platônica e a literatura seria uma grande subversiva. Outros teóricos que podemos aproximar do seu pensamento, como Roland Barthes e Michel Foucault, por exemplo, também fizeram essa relação , ao abordarem as relações entre língua e poder. A língua, disse Barthes, “impõe certas regras, ou “sistemas de constrangimento” como dissera Foucault. O discurso impõe uma ordem, um sistema lingüístico, um lugar de fala dentro do poder. A língua é o próprio social, e nela se reflete o sistema do poder. Assim, numa sala como esta, se falo, é que fui autorizada a fazê-lo. A literatura, a escrita, por outro lado, revela os sintomas desse social ao questionar a lógica do discurso, permitindo o ilógico; ela tem “o direito político de tudo dizer. Está lá, está publicado, mas ninguém pode confiar nisso, pois é uma ficção: eu posso ter mentido, inventado, deformado...” (MAGAZINE LITTÉRAIRE, 2004, p. 29). A literatura, para Derrida, é desconstrutora em seu princípio, pois cria para si uma nova língua, e assim aponta para o que está às margens do sistema lingüístico que questiona, revelando as ausências, os desejos, as neuroses, as perversões da língua e, por conseguinte, da sociedade. “Criar uma obra, é dar um novo corpo à língua, dar à língua um corpo tal que essa verdade da língua pareça como tal” (MAGAZINE LITTÉRAIRE, 2004Idem, p. 29, 55). Além de valorizar a escritura, o próprio texto derridiano joga com a linguagem, dá esse novo corpo, num exercício literário. Seus textos se filiam, de certa forma, ao poético, ao intraduzível, ao excedente do significante. Sua escritura costuma trabalhar em torno de uma palavra ou um verso a partir do qual ele constrói todo um pensamento. Ao se indagar, por exemplo, sobre a tradução da palavra “pharmakon” no diálogo Fedro, de Platão, elabora o ensaio A Farmácia de Platão, em que desconstrói justamente a relação entre escrita e fala. Em entrevista a Helène Cixous, escritora francesa a quem se liga como “irmã”, afirma: “O que me guia, é sempre a intraduzibilidade: que a frase não deva nada ao idioma. O corpo da palavra deve estar a tal ponto inseparável do sentido que a tradução só possa perdê-lo”. Derrida mina o sistema não só pelo seu pensamento, como também pelo seu tratar a linguagem. Gostaria de tratar aqui o pensamento desse autor em relação à amizade e ao discurso do luto, a file://C:\Users\Usuario\Desktop\ano5n5\data\articles\Maria Clara da S. R. Carneiro.htm 07/01/2011 Página 2 de 7 partir, principalmente, de três livros seus: Políticas da Amizade, Béliers- le dialogue ininterrompu, entre deux infinis, le poème e Chaque fois unique, la fin du monde, todos de 2003, e apenas o primeiro apresenta tradução para a língua portuguesa[ii]. Em Políticas da Amizade, o filósofo discorre sobre a Amizade a partir do leitmotiv “Ó meus amigos, não há nenhum amigo”, frase citada por Montaigne no ensaio “Da amizade”, atribuída por ele a Aristóteles. Para Montaigne, Aristóteles referia-se a uma desconfiança da existência da amizade, e contrapõe a dúvida de Aristóteles a outras citações e sua própria experiência de amizade, fazendo seu elogio fúnebre do amigo La Boétie[iii]. Desse lamento sobre a ausência do amigo aos amigos, Derrida escreve sobre a importância do amigo como possibilidade da minha própria sobrevivência após a minha morte (“quantos somos, quantos amigos podemos ter, que amigo é esse que se foi e a quem me dirijo?”, são algumas das reflexões que ele nos dirige em seu primeiro capítulo). O amigo é aquele que tomo como “exempla”, testemunha gloriosa da minha existência, aquele que me ama até antes de ser amado. Porque a gente o olha nos olhando, se olhar assim, porque a gente o vê guardar nossa imagem nos olhos, na verdade nos nossos, a “sobre-vida” é então esperada, antes mesmo iluminada, se não assegurada, por esse Narciso que sonha com a imortalidade. Além da morte, o porvir absoluto recebe assim sua luz estática, ele aparece somente a partir desse narcisismo e segundo essa lógica do mesmo. (DERRIDA, 2003:2, p. 20) A amizade, afirma ele em outro texto, é marcada por esse contrato, de que um dos dois deverá “levar o outro”. O amigo, meu outro, deverá me sobreviver ou eu a ele. A interrupção do diálogo entre dois amigos marca sempre essa dor da possibilidade de ser final. O filósofo das Desconstruções foi levado a escrever vários textos de elogio fúnebre. Seus livros Béliers e Chaque fois unique... compreendem tais discursos. O primeiro foi desenvolvido para uma conferência em homenagem ao teórico alemão Hans-Georg Gadamer, que escreveu sobre a tradução e o mal entendido. Além do pensamento, os dois tiveram em comum a amizade do poeta também alemão Paul Celan, cujo verso “Die Welt ist fort, Ich muss dich tragen”[iv] guia a escritura de Béliers. Já em Chaque fois unique..., foram reunidos em livro (por Pascale-Anne Brault e Michael Naas) vários discursos fúnebres escritos por ele após algumas perdas, como para Roland Barthes, Emmanuel LevinasLévinas, Michel Foucault, Maurice Blanchot... Como ele explica em seu prefácio: Esse livro é um livro de adeus. Uma saudação, mais de uma saudação (salut). Cada vez única. Mas é o adeus de uma saudação que se resigna a saudar, como eu acredito que toda saudação digna desse nome seja feita para isso, a possibilidade sempre aberta, vista a necessidade do não-retorno possível, do fim do mundo como fim de toda a ressurreição. (DERRIDA, 2003:2, p. 11). Sendo o amigo esse meu “duplo ideal”, o “eu melhor”, o “exempla”, a morte do amigo provoca essa dor irreparável, um luto que, parra Derrida, representaria a cada vez de modo diferente e, portanto único, o fim do mundo. Pois cada vez, e cada vez regularmente, cada vez infinitamente, cada vez insubstituivelmente, cada vez infinitamente, a morte não é nada menos que um fim do mundo. Não somente um fim entre os outros, o fim de alguém ou de alguma coisa no mundo, o fim de uma vida ou um ser vivo. A morte não dá termo a alguém no mundo, nem a um mundo entre outros, ela marca cada vez, cada vez desafiando a aritmética, o fim absoluto, fim do único e mesmo mundo, desse que cada um dá por um só e mesmo mundo, o fim do único mundo, o fim da totalidade desse que é ou pode se apresentar como a origem do mundo para tal e único ser vivo, que ele seja humano ou não. (DERRIDA, 2003:1, p. 23) O luto, para Freud, é uma concentração de energia provocada por uma perda. O “objeto perdido”, o outro, não “é mais”, “não está mais lá” e a atenção, o carinho, o afeto, o amor que file://C:\Users\Usuario\Desktop\ano5n5\data\articles\Maria Clara da S. R. Carneiro.htm 07/01/2011 Página 3 de 7 depositávamos nele fica sem destinatário. Como explica Freitas, ao comentar o luto de Machado de Assis por sua amada Carolina, Ao perder um objeto amoroso uma pessoa normalmente tem uma reação de luto, um período necessário em que o objeto perdido ocupa quase inteiramente a vida do enlutado. [...] Quando enlutada, uma pessoa tem sempre uma sensação muito dolorosa, pois a prova da realidade apontando para a impossibilidade do objeto exige a retirada da libido colocada nesse objeto. Porém, não se abandona de bom grado uma posição libidinal, até mesmo quando há um substituto. O eu provoca uma alucinação carregada de desejo – mantém o morto vivo, negando assim a realidade. [...] Entretanto, quando o quadro não se desenvolve para a morbidez a realidade se impõe [...]. Todavia, o trabalho do luto é lento e só com muito vagar pode ir sendo elaborado através da pena e do papel. (FREITAS, 1999, p. 145) Trabalhar o luto seria encontrar onde despender essa energia suspensa. Esse seria um processo que terminaria após a interiorização da imagem do perdido e no transporte dessa energia para outro objeto, com a aceitação da perda, a conformação. Para Barthes, o luto é “o meio do caminho”, é quando descobrimos que somos, de fato, morrentes, que a morte é real e mesmo nosso outro, o amado, é efêmero. Trabalhar o luto, para Barthes e também para Derrida, pode se dar no campo da escritura, com a recriação desse solo. A escritura propicia falar desse ausente, tocá-lo. O título do último texto deixado por Roland Barthes sobre sua máquina de escrever era: “On échoue toujours à dire ce qu’on aime”[v]. É tentando alcançar o ausente, seja esse o Objeto Perdido ou o Objeto de Desejo, que se escreve, pois sendo o perdido aquele outro impossível de ser alcançado, relaciona-se estreitamente com o desejo, esse “impossível”, como escreve Simone Weil (“O desejo é impossível”). Se escrever é frustrar-se, escrever é enlutar-se. A literatura, para Derrida, teria, portanto, uma relação íntima com a morte. No diálogo Fédon, Sócrates pergunta: “A palavra morte não quer dizer isto: libertação da alma do corpo?”. Para Derrida, a escritura também quer dizer isto: a separação do corpo de quem escreve daquilo que escreveu ou, como ele escreve em Chaque fois, “a separação do corpo do corpus”. Além disso, o luto apresenta essa aporia: é ao mesmo tempo um êxito que fracassa e um fracasso que tem êxito, pois há o êxito da interiorização da imagem do outro (êxito da substituição da imagem do perdido), deixa-o em nós, mas que guarda ainda o fracasso do alcance desse outro, reduzido totalmente ao fora, ao invisível, ao intocável. A memória, nos diz Drummond, torna imortal[vi] o que já não é mais ou, segundo Derrida, A-Deus quer dizer uma eterna esperança de reencontro. Falo aqui de dois lutos: em primeiro lugar, o do amigo, o segundo, o daquele mesmo que escreve. A escritura envolve ambos, no sentido em que se escreve tentando eternizar o outro, criando a imagem dele na escritura. Fazendo seu luto de Barthes, Derrida escreveu diversos fragmentos como que “pedrinhas aguardando retorno”, assim como no modelo judeu de sepultamento e, de certa forma, homenageando o escritor amigo que preferia sempre escrever dessa forma discontínuadescontínua. Nesse texto sobre Barthes, intitulado As mortes de Roland Barthes, o escritor tenta, na homenagem, tocar o amigo, como numa oração fúnebre, trabalhando seu luto, sua dor, pela escrita. Em segundo lugar, ao escrever, o autor trabalha o seu próprio luto, pois a escrita é essa droga que permite que eu continue a ser citado mesmo após a minha morte, que continue a existir em espectro. Para Derrida, o luto começaria já no nome próprio. “O meu nome guarda a minha identidade” e é a possibilidade de repetição ad infinitum do meu nome que assinala minha própria finitude; a possibilidade de se dizer “eu sou” mesmo em minha ausência. Quanto ao nome próprio do outro, sendo o nome vocativo por excelência, dizer o nome do outro implicaria a ausência desse. Todo nome próprio deveria possibilitar sua própria repetição (infinita), mesmo na ausência do referente (finito). Assinar (escrever meu próprio nome), além de indicar a propriedade daquilo que assino (títulos bancários, cartas, poemas), indica minha ausência, permite que o que eu assinei seja usado mesmo após a minha morte, contra ou a meu favor. Dizer “eu” não é o mesmo que assinar meu nome. “Eu” digo em presença, mas “meu nome próprio me sobrevive” na escrita (BENNINGTON, 1996, p. 107). “Meu nome declara meu próprio desaparecimento”. O lugar do autor seria atrás da chamada file://C:\Users\Usuario\Desktop\ano5n5\data\articles\Maria Clara da S. R. Carneiro.htm 07/01/2011 Página 4 de 7 “cena da escritura”. Como o que assino pode ser usado contra mim, meu nome declara minha possibilidade de finitude. “Ninguém é pai de um poema sem morrer”, escreveu Manoel de Barros, a “escrita assassina seu autor”, disse Foucault. Minha escrita é parricida (me mata, me sobrevive), mas escrevo. Escrevo para salvar aquilo que escrevo: o ausente, o desejo. A literatura seria, portanto, o sacrifício do “ego” pelo “outro” bem amado. Derrida cita seu amigo Jean-Marie Benoist: “Pois o deus da escritura também é o deus da morte. Eles castigaráEle castigará o imprudente que, na sua busca do saber ilimitado, termina por beber o livro dissolvido” (DERRIDA, 2003:2, p. 137). Para Barthes, a escritura seria uma tentativa de salvar os seus da morte, de preservar a memória desses, eternizá-los como num monumento. Como escreveu Derrida, o discurso de luto tenta falar a esse amigo, interiorizá-lo em nós e para nós, é também uma tentativa de fazê-los falar através de nós, falar o outro post mortem. “Então o sobrevivente fica só [...], responsável sem mundo (Weltos), sem solo de nenhum mundo, daí em diante, num mundo sem mundo, como sem terra para além do fim do mundo” (DERRIDA, 2003:1, p. 23). O sobrevivente, ou o herdeiro é, sem querer, aquele que deve continuar o outro, que recebe essa “missão” de consertar esse mundo, diante da catástrofe. Falar ao amigo, dialogar com ele, é um luto desde o começo. Como afirma Blanchot em Diálogo inconcluso, o que nos liga ao outro é a linguagem. O outro, na filosofia ocidental, sempre foi pensado a partir da filosofia do mesmo (o outro seria apenas um outro ego) mas, a partir de Lévinas, o outro adquire um status de presença, o “outro é o totalmente outro” (BLANCHOT, 1986, p. 101). Diante do outro, do estrangeiro, do desconhecido, haveria, para Blanchot, apenas duas possibilidades: a luta ou a fala. Manter a palavra¸ para Blanchot, representaria um lugar de paz. O diálogo seria um lugar onde o outro e o eu dariam as mãos. O amigo não seria um outro que tomamos para nós (esse outro que espero que me leve, que tento reconhecer como um “eu mesmo”)? Referir-se ao outro pode implicar sempre um contato com o desconhecido. Dialogar, ou tocar esse outro, é trazê-lo a si, como no trabalho do luto para Derrida, é falar com ele e por ele, é fazê-lo presença. Desde o início de uma amizade, tenta-se interiorizar esse amigo no eu, como no luto. Ao falar seu luto por Lévinas, Jacques Derrida diz que “Há muito tempo, tanto tempo, eu teimava em dizer Adeus à Emmanuel Lévinas”, ou sobre Benoist: “Ter um amigo: guardá-lo” (DERRIDA, 2003:2, p. 241 e 137), guardar como se guarda a imagem deste quando ele não está mais lá. Como para Derrida não há o fora do texto, é pela escritura que se toca o outro, e é escrevendo que ele interioriza a imagem do amigo, ou do invisível, ou do fantasma, ou do desconhecido, do outro que se presentifica no texto. A escritura seria o único lugar (im)possível para o encontro com o corpo daquele que se foi. Após sua morte, alguns de seus amigos se reuniram em seu nome. Cada um, a sua maneira, tentou falar para ele, falar nele. Marie-Louise Mallet, por exemplo, retoma o texto Como não falar de Derrida, onde ele trabalhava seu luto por Paul de Man, sobre essa dificuldade de se falar do amigo, “para ele, com ele, lhe falar”. Michel Déguy nos lembra sobrede como ele nos ensinava a “escrutar as condições da impossibilidade”, sobre a hospitalidade impossível da qual ele nos falava, de aceitar o outro (o estrangeiro, não apenas o amigo, mas também o “inimigo”). Além desses dois, Philippe Lacoue-Labarthe, Helène Cixous, Geoffrey Bennington, Paul Ricoeur, Hügen Habermas e vários outros se reuniram para saudar (dizer Salut, despedida que guarda em si também um cumprimento de encontro), e nos lembram sobre sua generosidade, como ao carinho que tinha, por exemplo, em tentar sempre encontrar palavras diferentes para falar aos alunos, aos amigos ou como sua última apresentação pública, já bem doente, no Brasil. Aqui, Derrida nos falou sobre essa hospitalidade e perdão impossíveis, sobre o improvável e sobre o humainisme: a criação de uma humanidade de mãos dadas. Perguntado sobre o que seria imperdoável para ele, em entrevista, respondeu que não perdoaria Heidegger, por ter retirado a dedicatória que havia feito a seu amigo Bertrand Russel na segunda edição de O Ser e o Tempo. “Como não falar” sobre Derrida, sobre essa generosa filosofia de respeito ao outro? “Falar é impossível, mas se calar o seria também, ou se ausentar ou recusar partilhar sua tristeza” (DERRIDA, 2003:2, p. 101). Nas palavras escritas por ele como despedida, ele nos pedia para “preferir sempre a vida e reafirmar sempre a sobrevivência (la survie)”, dizendo que nos sorri “de onde quer que esteja”. Além do impossível, em nós, através de nós, a obra derridiana, que se dissemina desde sua assinatura (como comentou Luiz Fernando de Carvalho em conferência), nos atravessa e se interioriza no corpus dos file://C:\Users\Usuario\Desktop\ano5n5\data\articles\Maria Clara da S. R. Carneiro.htm 07/01/2011 Página 5 de 7 seus herdeiros. A fala desses amigos nos prova essa sobrevida esperada por Derrida, seu olhar, seu pensamento, distribuído nos olhares do outro. “O mundo se vai, o mundo desaparece, Die Welt ist fort, Ich muss dich tragen, me é preciso te levar, lá onde não haveria mais mundo, ainda não mundo, lá onde o mundo se distanciaria, perdido ao longe, ainda a vir [...]” (DERRIDA, 2003:4, p. 213). file://C:\Users\Usuario\Desktop\ano5n5\data\articles\Maria Clara da S. R. Carneiro.htm 07/01/2011 Página 6 de 7 Referências Bibliográficas BARTHES, Roland. La Préparation du roman I et II : Cours et séminaires au Collège de France 1978-1979 et 1979-1980. Paris: Seuil, 2002. BENNINGTON, Geoffrey & DERRIDA, Jacques. Jacques Derrida. Trad.: SKINNER, Anamaria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. BLANCHOT, Maurice. Michel Foucault tel que je l’imagine. Paris: Fata Morgana, 1986. ______. El diálogo inconcluso. trad. Pierre de Place. Caracas: Monte Ávila, 1996. DERRIDA, Jacques. Béliers. Paris: Galilée, 2003. ______. 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Carneiro é mestranda em Literatura Francesa do Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas, uma das criadoras da revista improvável (www.improvavel.com), que pretende publicar escritores em gestação e participa como apoio técnico da revista Confraria do Vento (www.confrariadovento.com). Graduada em junho de 2005 em Letras Português-Francês, participa desde 2002 do projeto de pesquisa “A metalinguagem literária legada por Roland Barthes, Jacques Derrida e Michel Foucault”, orientada pela Professora Doutora Anamaria Skinner. No Mestrado, pretende pesquisar as relações entre luto e literatura a partir do livro A Câmara clara, de Roland Barthes, filiando-se à filosofia de Jacques Derrida, principalmente a partir de Chaques fois unique, la fin du monde. • Maria Clara da S. R. Carneiro é mestranda em Literatura Francesa do Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas, uma das criadoras da revista improvável (www.improvavel.com), que pretende publicar escritores em gestação e participa como apoio técnico da revista Confraria do Vento (www.confrariadovento.com). Graduada em junho de 2005 em Letras Português-Francês, participa desde 2002 do projeto de pesquisa “A metalinguagem literária legada por Roland Barthes, Jacques Derrida e Michel Foucault”, orientada pela Professora Doutora Anamaria Skinner. No Mestrado, pretende pesquisar as relações entre luto e literatura a partir do livro A Câmara clara, de Roland Barthes, filiando-se à filosofia de Jacques Derrida, principalmente a partir de Chaques fois unique, la fin du monde. [i] Poema Schibboleth, para o qual Derrida também dedica um livro, em memória de Paul Celan. Esse trecho foi traduzido por mim a partir da tradução para o francês de Jean-Pierre Lefebvre. Segue o original: Schibboleth Mitsamt meinen Steinen, den großgeweinten hinter den Gittern, schleiften sie mich in die Mitte des Marktes, dorthin, wo die Fahne sich aufrollt, der ich keinerlei Eid schwor. Flöte, Doppelflöte der Nacht: denke der dunklen Zwillingsröte file://C:\Users\Usuario\Desktop\ano5n5\data\articles\Maria Clara da S. R. Carneiro.htm 07/01/2011 Página 7 de 7 in Wien und Madrid. Setz deine Fahne auf Halbmast, Erinnerung. Auf Halbmast für heute und immer. Herz: gib dich auch hier zu erkennen, hier, in der Mitte des Marktes. Ruf's, das Schibboleth, hinaus in die Fremde der Heimat: Februar. No pasaran. Einhorn: du weißt um die Steine, du weißt um die Wasser, komm, ich führ dich hinweg zu den Stimmen von Estremadura. [ii] “Áries: o diálogo não-interrompido, entre dois infinitos, o poema” e “Cada vez único, o fim do mundo”. A tradução de Politiques de l’Amitié existem somente em tradução portuguesa (Políticas da Amizade.Porto. Campo das Letras) , mas recentemente (em 2004) foi publicada uma entrevista de Derrida sobre o tema, como informa o site do grupo Traduzir Derrida, (http://www.unicamp.br/iel/traduzirderrida): Política e Amizade: uma Discussão com Jacques Derrida (1997), tradução de Rafael Haddock-Lobo. In: Desconstrução e Ética - Ecos de Jacques Derrida (org. Paulo Cesar DuqueEstrada). Edições Loyola e Editora PUC-Rio, Rio de Janeiro - Brasil, p. 235 - 47. [iii] “O mes amys, il n’y a nul amy”, no original de Montaigne, ou, como lembra Derrida, “o philoi, oudeis philos”. Essa frase também é citada por Blanchot em sua homenagem póstuma a Michel Foucault, como Derrida lembra, no livro Michel Foucault tel que je l’imagine Blanchot diz que a frase foi atribuída por Diógenes a Aristóteles, no entanto ele cita: “Ó meus amigos, não existe amigo”, ou “não há amigo” (O mes amis, il n’y a pas d’ami). [iv] “O mundo se foi, é preciso que eu te leve”, traduzido a partir da tradução feita pelo próprio Derrida. [v] “Frustramo-nos sempre ao falar do que se ama”. [vi] Poema Memória, de Drummond : Amar o perdido/deixa confundido/este coração. Nada pode o olvido/ contra o sem sentido/ apelo do Não. As coisas tangíveis/ tornam-se insensíveis/ à palma da mão Mas as coisas findas/ muito mais que lindas,/essas ficarão. file://C:\Users\Usuario\Desktop\ano5n5\data\articles\Maria Clara da S. R. Carneiro.htm 07/01/2011