Inibição de microrganismos bioindicadores em queijo Minas Padrão com culturas lácticas adicionadas 1 2 2 Karine de Almeida Marques , Aurélia Dornelas de Oliveira Martins , Bruno Gaudereto Soares , Maurílio Lopes Martins2, José Manoel Martins2 e Flávio Bittencourt3 1 Graduanda em Ciência e Tecnologia em Alimentos, IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba, 2 Docentes do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos do IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba, 3Doscente do Departamento Acadêmico de Matemática, Física e Estatística do IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba Resumo - As bactérias lácticas desempenham importante papel na fermentação contribuindo para uma maior variedade de alimentos e podem inibir alguns microrganismos indicadores. Avaliou-se o efeito inibidor das culturas adicionadas sobre o desenvolvimento de microrganismos bioindicadores durante a maturação do queijo Minas Padrão em diferentes tempos de armazenamento. Os queijos foram fabricados com culturas lácticas de L. acidophilus, L.casei ssp. casei, ABT (Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium longum e Streptococcus thermophilus) e tipo “O” (Lactococcus lactis subsp. lactis e Lactococcus lactis subsp. cremoris), na concentração de 109 UFC/mL e inoculados com Escherichia coli e Enterobacter aerogenes (106 UFC/mL). Realizou-se contagem dos microrganismos após 0, 10, 20, 30, 45 e 60 dias de fabricação, em ágar MRS modificado e os microrganismos indicadores conforme a Instrução Normativa nº 62. A cultura de L. casei ssp casei não foi capaz de reduzir a contagem de E. coli e E. aerogenes a valores inferiores a 102 UFC/g. As culturas tipo “O”, L. acidophilus e ABT porporcionaram maior redução de E.coli. Apenas nos queijos produzidos com L. casei ssp casei houve redução de microrganismos viáveis após 10 dias de maturação. Após 60 dias de maturação, os queijos produzidos com L. acidophilus e ABT apresentaram maior número de microrganismos viáveis. As culturas ABT, L. acidophillus e tipo 'O” apresentaram melhor potencial de utilização para reduzir as bactérias indesejáveis no produto. Palavras-chave: probiótico, queijo, antagonismo. Inhibition of microorganism bioindicators in Minas Padrão cheese with lactic cultures Abstract - The lactic bacteria has an important role in fermentation contributing for a greater variety of foods and can inhibit some indicator microorganisms. This study objective to evaluate the inhibitory effect of the added cultures on the development of bioindicator microorganisms during ripening of the Minas Padrão cheese at differents storage times. The cheeses were made with lactic cultures of L. acidophilus, L. casei ssp. casei, ABT (Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium longum and Streptococcus thermophilus) and type "O" at concentration of 109 CFU/mL and inoculated with Escherichia coli and Enterobacter aerogenes (106 CFU/mL). After the production was performed count of microorganisms after 0, 10, 20, 30, 45 and 60 days of manufacture. The lactic acid bacteria count was performed in modified MRS agar and the indicators microorganisms according Normative Instruction 62. The culture of L. casei ssp. casei was not able to reduce the count of E. coli and E. aerogenes to values lower than 102 CFU/g. The cultures "O" and L. acidophilus provided greatest reductions of E.coli. Only in cheese produced with culture of L. casei ssp. casei had reduction in the viable microorganisms after 10 days of manufacturing. After 60 days of manufacturing, the cheese made with cultures of L. acidophilus and ABT presented greater number of viable microorganisms. The cultures ABT, L. acidophilus and type "O" showed best potential of use for to reduce the undesirable bacteria in the product. Keywords: probiotic, cheese, antagonism. Introdução As doenças transmitidas por alimentos consomem recursos com cuidados de saúde e causam mortalidade e morbidade em todo o mundo. Entre os sintomas agudos mais comuns podem ser citados diarreias, vômito, problemas gastrintestinais, náuseas e, algumas vezes, febre (Mendonça, 2003). A OMS (Organização Mundial da Saúde) em sua obra já clássica de 1966, Higiene do leite, apresentava uma lista de doenças transmissíveis ao homem por intermédio do leite. Nela incluíam-se viroses, infecções por riquétsias, infecções bacterianas, protozoonoses e helmintíase. O consumo de leite não pasteurizado ou queijos elaborados com leite cru é um risco para a saúde humana. Alguns países não permitem, de maneira geral, o consumo de leite cru nem de queijos produzidos com leite não pasteurizado com tempo de maturação inferior a dois meses (Ordónez, 2005). De modo geral, o leite produzido no Brasil é obtido em condições higiênico sanitárias deficientes, predominando altas contagens de microrganismos aeróbios mesófilos, psicrotróficos, patógenos e coliformes. No leite há uma microbiota com grande potencial inibitório e com altas contagens. As bactérias ácido lácticas, naturalmente Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.69-74, jun. 2013 69 presentes no leite, são responsáveis por essa inibição; estão amplamente distribuídas na natureza e são habitantes dos tratos digestivo, respiratório superior e urogenital inferior dos animais. O grupo inclui bastonetes e cocos não esporulados, aeróbios, microaerófilos ou anaeróbios facultativos. A maioria delas é inativada a temperaturas superiores a 70 °C (Salminen & Von Wright, 1998). Essas bactérias desempenham um importante papel na fermentação contribuindo para uma maior variedade de alimentos. Além de suas características sensoriais, permitem uma maior conservação dos alimentos e ainda podem ser usadas como probiótico (Cebeci & Guarakan, 2003 citado por Martins et al., 2006). Existem várias substâncias antimicrobianas que podem ser produzidas por esses micro-organismos como ácidos orgânicos (ácido láctico), peróxido de hidrogênio, dióxido de carbono, diacetil, acetaldeido e substâncias antimicrobianas de natureza proteica, denominadas bacteriocinas ou peptídeos bacterianos ou proteínas ativas, que agem contra outras bactérias Gram-positivas (Naidu et al., 1999; Close, 2000). As bacteriocinas são peptídeos complexos ativos, que são sintetizados nos ribossomos da célula bacteriana e são lançados extracelularmente apresentando atividade bactericida ou bacteriostática. Embora as bacteriocinas possam ser produzidas por diversas bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, as produzidas pelas BAL tem tido atenção particular nos anos recentes, devido ao seu potencial de aplicação na indústria de alimentos como preservativo natural. Cada bacteriocina possui um espectro de inibição específico (Rodríguez et al., 2003). A ação antagonista de espécies de bactérias ácido lácticas contra microrganismos indesejáveis em alimentos tem sido descrita em vários trabalhos. Muitas BAL isoladas de leite e queijos apresentaram poder de inibição frente a patógenos e deteriorantes, como Staphylococcus spp., Listeria spp., Salmonella spp., Bacillus spp., Pseudomonas spp. e bactérias do grupo coliforme (Alexandre, 2002). O uso de microrganismos vivos com o propósito de manutenção da saúde, além da prevenção ou auxilio no tratamento de doenças aumentou nos últimos anos. Muitos desses micro-organismos estão sendo propostos como suplemento alimentar porque podem afetar beneficamente o hospedeiro e atuar no equilíbrio da microbiota intestinal (Atobe, 2003). Probióticos são bactérias vivas contidas nos alimentos, e, após ingestão exercem efeitos benéficos ao hospedeiro. Os micro-organismos mais comuns encontrados nos alimentos com probiótico são Lactobacilos e Bifidobactérias (Cebeci & Guarakan, 2003 citado por Martins et al., 2006). Muitas estirpes de bactérias têm sido comercialmente usadas, sendo os gêneros de Lactobacillus, Bacillus, Bifidobacterium e Streptococcus as mais comuns (Close, 2000). Membros do gênero Lactococcus e Lactobacillus são mais usualmente utilizados por serem considerados GRAS 70 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.69-74, jun. 2013 (Generally Recognized as Safe), já Streptococcus, Enterococcus e outros gêneros de bactérias láticas contém algumas espécies patogênicas que atuam como oportunistas (Salminen et al., 1998). O estudo do efeito de probiótico sobre a inibição de patógeno é de grande relevância, e a utilização de bactérias lácticas como bioconservadores mostra-se uma alternativa na conservação de produtos (Chioda et al., 2007). Algumas culturas mixtas probioticas, por exemplo culturas de ABT (que contêm o Lactobacillus acidophillus, Bifidobacterium e Streptococcus thermophilus) foram desenvolvidas para trazer os sabores preferidos nos produtos em que são usadas. A introdução de culturas para o inoculação direto da cuba do queijo permitiu que os produtores da cultura lançasse misturas novas da cultura, termofilicas (principalmente S. thermophilus) e mesofilicas consistir. Adicionalmente, Lactobacillus spp. e de Bifidobacterium spp. foram empregados com sucesso como adjunções na produção de queijo (Buriti et al., 2007). Diante do exposto, o presente estudo teve por objetivo avaliar o efeito inibidor das culturas adicionadas sobre o desenvolvimento de microrganismos bioindicadores ao longo da maturação do queijo Minas Padrão e verificar a viabilidade dessas culturas durante a vida de prateleira do produto. Material e Métodos O experimento foi conduzido no laboratório de Bromatologia e Novos Produtos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba (IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba), no período de fevereiro a novembro de 2010. A fabricação dos queijos foi realizada em três repetições, partindo-se da mesma base. Para cada repetição, as análises microbiológicas foram realizadas em duplicata. As culturas lácticas de L. acidophilus, L.casei ssp casei, cultura ABT (Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium longum e Streptococcus thermophilus) e cultura tipo “O” (Lactococcus lactis sp. Lactis e Lactococcus lactis subsp.cremoris) foram obtidas do estoque de culturas do IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba. Para a ativação das culturas um inoculo de 0,1 mL foi adicionado em 10 mL de leite desnatado reconstituído a 12%, previamente esterilizado (100 ºC/40 minutos) e incubados por 35 ºC/18h. A ativação foi realizada por três vezes consecutivas. Após a terceira ativação foi feito o plaqueamento em meio de cultura Man, Rogosa and Sharpe MRS (Merck) acrescido de 0,004% de púrpura de bromocresol (Himedia) e 0,5% de carbonato de cálcio (Merck). As placas foram incubadas em jarra de anaerobiose a 35 ºC/18h. Após o período de incubação uma colônia isolada de cada cultura foi inoculada em caldo Infusão de Cérebro e Coração (BHI) (Merck) e incubada a 35 ºC/18h. Foram realizadas coloração de Gram das colônias a fim de se verificar pureza. As culturas de E. Coli e Enterobacter aerogenes são referendadas e foram obtidas nos laboratórios de Microbiologia do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa e trazidas sob refrigeração, em março de 2011, ao laboratório de Microbiologia do IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba. As culturas foram isoladas em meios seletivos e analisadas quanto a sua morfologia (coloração de Gram). Para a produção de cada queijo foi utilizado aproximadamente cinco litros de leite. Previamente à coagulação do leite foi inoculado aproximadamente 106 9 UFC/mL de microrganismo indicador e 10 UFC/mL de cultura láctica. A fabricação do queijo Minas Padrão foi realizada de acordo com Furtado & Neto (1994). Foram produzidos queijos com as seguintes combinações de culturas de microrganismos indicadores cultura láctica: - Cultura láctica de Lactobacillus casei ssp casei e E. coli; - Cultura láctica de Lactobacillus casei ssp casei e E. aerogenes; - Cultura láctica de Lactobacillus acidophillus e E. coli; - Cultura láctica de Lactobacillus acidophillus e E. aerogenes; - Cultura láctica ABT e E. coli; - Cultura láctica tipo “O” e E. aerogenes; - Cultura láctica tipo “O” e E. coli; - Cultura tipo “O”. Após a fabricação, as amostras foram prensadas e os queijos (6 peças de aproximadamente 80 g) foram armazenados sem embalar a temperatura de 10 °C, e após 10, 20, 30, 45 e 60 dias de armazenamento cada amostra foi avaliada quanto a contagem microbiológica. Após 0, 10, 20, 30, 45 e 60 dias de fabricação foi realizada contagem de microrganismos indicadores e das bactérias láticas. Para a contagem das bactérias láticas, foram pesados assepticamente 25 g de queijo, diluído em 225 mL de 0,1% de água peptonada (Hexis) e homogeneizado em estomacher por dois minutos. Após as devidas diluições em água peptonada (0,1 %), o material foi plaqueado em duplicata em seguida foi vertido ágar MRS acrescido de 0,004% de púrpura de bromocresol e 0,5% de carbonato de cálcio e incubados a 36 °C por 48 horas em atmosfera microaerófila. Para obtenção da atmosfera microaerófila a superfície das placas foram recobertas com uma sobrecamada do mesmo meio e incubadas em jarra de anaerobiose. Colônias típicas de cada placa das duplicatas foi avaliadas quanto a morfologia e coloração de Gram. A contagem de coliformes termotolerantes foi realizada de acordo com Instrução Normativa nº 62 (BRASIL, 2003) e a confirmação de E. coli e E. aerogenes foi realizada utilizando-se o este IMVic. Os dados foram avaliados utilizando-se os valores médios das três repetições. Resultados e Discussão Os resultados da contagem de microrganismos indicadores dos queijos produzidos nos diferentes tempos de armazenamento estão apresentados na Tabela 1. Até os 60 dias de armazenamento L. casei ssp. casei reduziu menos que um ciclo log a contagem de E. aerogenes e E. coli quando comparado com as outras culturas lácticas. Apenas a cultura de L. casei ssp. casei foi incapaz de reduzir a contagem de E. coli e E. aerogenes a valores 2 inferiores a 10 UFC/g, tendo a contagem destes microorganismos aumentado nos primeiros 20 dias de armazenamento e apresentado uma pequena redução após 20 dias, mas permanecendo com uma contagem ao final da 5 maturação superior a 10 UFC/g. Até 30 dias de armazenamento, as culturas que tiveram maior valor numérico na redução dos microrganismos indicadores foram a cultura tipo O e L. Acidophilus frente a E. Coli com 3,3 e 4,5 reduções decimais respectivamente. A inibição de E. coli por L. acidophilus verificada no atual experimento também foi comprovada por Alves (2010), Saad (2005), chioda et al. (2007), Pereira & Gómez (2007) e Alegro (2003). Alves (2010), avaliando o comportamento de E. coli em queijo Minas Frescal elaborado com utilização de L. acidophillus observou que no trigésimo dia de armazenagem houve redução de três ciclos logarítimos de E. coli no queijo. Saad (2005), no estudo da melhoria da qualidade de queijo Minas Frescal por bactérias probióticas constatou que o uso de L. acidophilus reduziu a contagem de bactérias contaminantes de queijo Minas Frescal, comparando aos queijos que usam a cultura tipo “O”. Segundo a autora, este resultado pode ser atribuído à produção de compostos inibidores como as bacteriocinas, proteínas que inibem a multiplicação de micro-organismos principalmente os patogênicos. Lengua et al. (2010) ao avaliarem a atividade antagônica de diferentes cepas de lactobacilos isolados de produtos comerciais na Colômbia observaram que as cepas avaliadas inibiam E. coli. Chioda et al. (2007), avaliaram o grau de atividade antagônica de L. Acidophillus e constataram que as cinco estirpes de L. acidoplhillus empregadas no estudo foram eficientes no controle de E. coli. Pereira & Gómez (2007) que estudaram a atividade antimicrobiana de L. acidophilus contra micro-organismos patogênicos veiculados por alimentos verificaram que L. acidophilus apresentou atividade inibidora frente a S. aureus e E. coli. Alegro (2003), no desenvolvimento de queijo Minas Frescal probiótico com L. acidophilus e Bifidobacterium lactis isolados e em co-culturas, verificou que em queijos produzidos com L. acidophilus e Bifidobacterium lactis, houve inibição do desenvolvimento de E.coli, a qual não foi detectada em nenhum dos queijos após 60 dias de maturação. A inibição de E. coli pela cultura ABT é explicada pelo fato desta cultura mista conter Bifidobacterium longum e Lactobacillus acidophilus. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.69-74, jun. 2013 71 Tabela 1. Contagem de microrganismos indicadores em queijo Minas Padrão nos diferentes tempos de armazenamento. Médias de três repetições. Cultura láctica L. acidophilus L. casei ssp. casei L. acidophilus L. casei ssp. casei ABT Tipo O Tipo O Tipo O Micro-organismo indicador E. coli E. aerogenes E. aerogenes E. coli E. coli E. aerogenes E. coli - 0 3,8 x 106 3,3 x 106 2,5 x 106 2,9 x 106 2,2 x 106 1,1 x 106 1,8 x 106 <1,0 x 101 Contagem de micro-organismo indicador UFC/g Tempo de armazenamento (dias) 10 20 30 45 60 5 4 2 1 4,2 x 10 3,2 x 10 1,2 x 10 <1,0 x 10 <1,0 x 101 6,1 x 106 3,9 x 106 1,5 x 106 8.9 x 105 6,8 x 105 5 4 4 3 6,2 x 10 6,7 x 10 1,8 x 10 6,5 x 10 1,3 x 102 7,3 x 106 4,2 x 106 2,4 x 106 9,3 x 105 7,8 x 105 2,8 x 105 4,1 x 104 7,3 x 103 2,1 x 102 1,4 x 101 est. 6,7 x 105 9,0 x 104 1,7 x 104 1,3 x 101 est. 1,1 x 101 est. 2,9 x 105 1,2 x 103 9,8 x 102 <1,0 x 101 <1,0 x 101 <1,0 x 101 <1,0 x 101 <1,0 x 101 <1,0 x 101 <1,0 x 101 est. = estimado Os resultados da contagem de bactérias lácticas, em UFC/g, dos queijos inoculados com diferentes microorganismos indicadores em seis tempos de armazenamento estão apresentados na Tabela 2. Quanto ao número de microrganismos viáveis, todas as culturas lácticas avaliadas 6 apresentaram contagens acima 10 UFC/g até os 60 dias de armazenamento do produto. Após 60 dias de maturação, os queijos produzidos com as culturas de L. acidophilus e cultura ABT apresentaram contagem de micro-organismos viáveis superior a 107 UFC/g. Resultados compatíveis ao reportado por Alves (2010), que observou durante 30 dias de armazenagem de queijo Minas Frescal produzido com a cultura de L. acidophillus um aumento na contagem de L. acidophillus ao longo do tempo. Resultado semelhante foi verificado por Buriti et al. (2005), que realizaram a contagem de L. acidophillus em queijo Minas Frescal durante 21 dias de estocagem e observaram que estes micro-organismos se mantiveram em níveis constantes durante o armazenamento. Viegas (2008), trabalhando com leites fermentados probióticos produzidos a partir de bactérias ácido-lácticas e adicionados de concentrado proteico de soro lácteo, concluíram que para garantir os efeitos probióticos, o produto deve conter, no 6 momento do consumo, no mínimo 10 UFC/g de bactérias probióticas. Desta forma, os queijos produzidos com todas as culturas probióticas avaliadas, provavelmente, podem ser considerados como um produto probiótico. No entanto, queijos produzidos com culturas de L. casei apresentaram maiores valores numéricos dos microrganismos indicadores avaliados. Tabela 2. Contagem de bactérias lácticas em queijo Minas Padrão inoculado com diferentes microrganismos indicadores. Médias de três repetições. Cultura láctica utilizada L. casei ssp. casei ABT Tipo O L. acidophilus L. casei ssp. casei L. acidophilus Tipo O Tipo O 72 Micro-organismo indicador E. coli E. coli E. coli E. coli E. aerogenes E. aerogenes E. aerogenes 0 1,1 x 109 1,8 x 108 2,6 x 108 1,6 x 109 2,2 x 109 3,8 x 109 7,6 x 108 2,5 x 108 Contagem de bactérias lácticas UFC/g Tempo (dias) 10 20 30 45 7,9 x 108 4,5 x 109 5,0 x 109 2,4 x 109 4,5 x 108 5,3 x 109 9,2 x 108 7,7 x 109 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.69-74, jun. 2013 1,5 x 108 1,4 x 109 2,6 x 108 9,0 x 108 1,3 x 108 6,8 x 108 6,9 x 107 4,1 x 107 7,7 x 107 7,6 x 108 1,7 x 107 7,9 x 107 8,4 x 107 4,2 x 107 5,6 x 106 4,6 x 106 9,1 x 106 2,2 x 108 1,1 x 107 6,6 x 107 5,7 x 107 3,2 x 107 3,2 x 106 2,2 x 106 60 5,1 x106 8,3 x 107 8,6 x 106 3,2 x 107 7,1 x 106 1,5 x 107 1,3 x 106 1,1 x 106 Conclusões 1. As culturas ABT, L. acidophillus e tipo 'O” apresentaram melhor potencial de utilização para reduzir as bactérias indesejáveis no produto. 2. As culturas ABT e L. Acidophillus apresentaram resultados favoráveis, com contagem após 60 dias de 6 armazenamento superior 10 UFC/g. Agradecimentos Os autores agradecem ao suporte financeiro oferecido pelo CNPq pela bolsa de iniciação científica concedida a primeira autora e ao IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba pela oportunidade oferecida e suporte para o desenvolvimento deste projeto. Referências ALVES, C.C.C. Comportamento da Escherichia coli elaborado com a utilização de Lactobacillus acidophillus e de acificação direta com ácido lático. 2010. 81f. Dissertação (Pós graduação em medicina Veterinária) Universidade Federal Fluminense, Niterói. 2010 ALEGRO, J.H.A. Desenvolvimento de queijo Minas frescal probiótico com Lactobacillus acidophilus e Bidifobacterium lactis isolados e em co-cultura. 2003. Dissertação (Mestrado Ciências Farmacêuticas) Universidade de São Paulo - Faculdade de Ciências Farmacêuticas. São Paulo, 2003. ATOBE, J.H. 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