Colégio da Fundação Educacional “Dr Raul Bauab” Jahu Filosofia

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL
"Dr RAUL BAUAB"
JAHU
Colégio da Fundação Educacional “Dr Raul Bauab” Jahu
Filosofia Profª Márcia
SÓCRATES
Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C.), é tradicionalmente considerado um marco
divisório da história da filosofia grega. Por isso, como vimos, os filósofos que antecederam são
chamados de pré-socráticos e os que sucederam, de pós-socráticos. O próprio Sócrates, porém não
deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos,
principalmente Platão e Xenofonte.
Sócrates costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou escravos. A
partir do pressuposto “só sei que nada sei”, que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a
própria ignorância, inicia a busca pelo saber. Os métodos de indagação de Sócrates provocaram os
poderosos do seu tempo, que o levara, ao tribunal sob a acusação de não crer nos deuses da cidade e
de corromper a mocidade. Por essa razão foi condenado à morte.
Qual é, porém, o “perigo” de seu método? Ele começa pela fase “destrutiva”, a ironia, termo
que em grego significa “perguntar, fingindo ignorar”. Diante do oponente, que se diz conhecedor de
determinado assunto, Sócrates afirma inicialmente nada saber. Com hábeis perguntas, desmonta as
certezas até que o outro reconheça a própria ignorância (ou desista da discussão).
A segunda etapa do método, a maiêutica (em grego, “parto”), foi assim denominada em
homenagem à sua ma~e, que era parteira. Segundo Sócrates, enquanto ela fazia parto de corpos, ele
“dava à luz” idéias novas. Após destruir o saber meramente opinativo (a dóxa), em diálogo com seu
interlocutor dava início à procura da definição do conceito, de modo que o conhecimento saísse “de
dentro” de cada um. Esse processo está bem ilustrado nos diálogos de Platão, e é bom lembrar que ,
no final, nem sempre se chegava a uma conclusão definitiva.
Nas conversas, Sócrates privilegia as questões morais, por isso em muitos diálogos pergunta o que é
a coragem, a covardia, a piedade, a amizade e assim por diante. Tomemos o exemplo da justiça:
após serem enumeradas as diversas expressões de justiça, Sócrates quer saber o que é a “justiça em
si”, o universal que a representa. Desse modo, a filosofia nascente precisa inventar palavras novas
ou usar as do cotidiano, dando-lhes sentido diferente. Sócrátes utiliza o termo logos (na linguagem
comum, “palavra”, conversa”), que passa a significar razão de lago, ou seja, aquilo que faz com que
a justiça seja justiça.
Sócrates rebelou-se contra os sofistas, dizendo que eles não eram filósofos, pois não tinham
amor pela sabedoria nem respeito pela verdade, defendendo qualquer idéia, se isso fosse vantajoso.
Corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valerem tanto quanto a verdade.
PLATãO
Nascido em Atenas, Platão (427 – 347 a.C.) pertencia a uma das mais nobres famílias
atenienses. Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas, devido a sua constituição física, recebeu o
apelido de platão, termo grego que significa “de ombros largos”.
Platão foi discípulo de Sócrates, a quem considerava o mais sábio e o mais justo dos
homens. Depois da morte se seu mestre, empreendeu inúmeras viagens, período em que ampliou
seus horizontes culturais e amadureceu suas reflexões filosóficas.
Por volta de 387 a.C. retornou-se a Atenas, onde, fundou sua própria escola filosófica, a
Academia, nos jardins construídos por seu amigo Academus. Essa escola foi uma das primeiras
instituições permanentes de ensino superior do mundo ocidental. Uma espécie de universidade
pioneira dedicada a pesquisa científica e filosófica, além de um centro de formação política.
Para melhor sintetizar a teoria do conhecimento de Platão, recorremos ao livro VII de A
República, em que é relatada a famosa “alegoria da caverna”, pessoas estão acorrentadas desde a
infância de uma caverna, de tal modo que enxergam apenas a parede ao fundo, na qual são
projetadas sombras, que eles pensam ser a realidade. Trata-se, entretanto, da sombra de marionetes,
empurradas por pessoas atrás de um muro, que também esconde uma fogueira. Se um dos
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indivíduos conseguisse soltar das correntes para contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, ao
regressar à caverna seus antigos companheiros o toariam por louco e não acreditariam em suas
palavras.
A alegora da caverna representa as etapas da educação de um filósofo, ao sair do mundo das
sombras (aparência) para alcançar o conhecimento verdadeiro. Após essa experiência, ele deve
voltar à caverna para orientar os demais e assumir o governo da cidade. Por isso a análise da
alegoria pode ser feita pelo menos de dosi pontos de vista.
* o político: com retorno do filósofo-político que conhece a arte de governar;
*e o epistemológico: quando o filósofo volta para despertar nos outros o conhecimento
verdadeiro.
Platão distingue dois tipos de conhecimento: o sensível e o inteligível, que se subdividem
em outros graus.
Observando a ilustração da caverna, identificamos quatro formas da realidade:
 as sombras: a aparência sensível das coisas;
 as marionetes: a representação de animais, plantas etc., ou seja, das próprias coisas
sensíveis.
 O exterior da caverna: a realidade das idéias;
 O Sol: a suprema idéia do bem.
O muro representa a separação de dois tipos de conhecimento: o sensível ( que corresponde
às duas primeiras formas de realidade) e o inteligível (às duas últimas).
A alegoria da caverna é a metáfora que serve de base para Platão expor a dialética dos graus do
conhecimento. Sair das sombras para a visão do Sol representa a passagem dos graus inferioores do
conhecimento aos superiores: na teoria das idéias, Platão distingue o mundo sensível , o dos
fenômenos, do mundo inteligível , o das idéias.
O mundo sensível, percebido pelos sentidos, é o local da multiplicidade, do movimento; é
ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo. Por exemplo, mesmo que existam inúmeras abelhas dos
mais variados tipos, a idéia de abelha deve ser uma, imutável, a verdadeira realidade.
O mundo inteligível é alcançado pela dialética ascendente, que fará a lama elevar-se das
coisas múltiplas e mutáveis às idéias unas e imutáveis. As idéias gerais são hierarquizadas, e no
topodelas está a idéia do bem, a mais alta em perfeição e a mais geral de todas – na alegoria,
corresponde à metáfora do Sol. Os seres em geral não existem senão enquanto participam do bem. E
o bem supremo é também a Suprema Beleza: o Deus de Platão.
Percebemos então que, acima do ilusório mundo sensível, há as idéias gerais, as essências
imutáveis, que atingimos pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos. Como as
idéias são a única verdade, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que participa do mundo
das idéias do qual é apenas sombra ou cópia. Trata-se da teoria da participação, mais tarde
duramente criticada por Aristóteles.
ARISTóTELES
Nascido em Estagira, na Macedônia, Aristóteles (384-322 a.C.;), foi ao lado de Platão, um
dos mais expressivos filósofos gregos da Antiguidade. Em Atenas, desde os 17 anos, Aristóteles
freqüentou a Academia de Platão. A fidelidade ao mestre foi entremeada por críticas que mais tarde
justificou: “Sou amigo de Platão, mas mais amigo da verdade”. Após a morte de Platão, em 347
a.C., viajou por diversos lugares e foi preceptor do jovem de 13 anos que se tornaria Alexandre, o
grande da Macedônia. De volta a Atenas, fundou o Liceu, em 340 a.C., assim chamado por se
vizinho de templo de Apolo Lício. Em meados da Idade M´[edia, seu pensamento ressurgiu com
vigor, adaptado às teses religiosas. Apesar das críticas sofridas a partir da Idade Moderna,
permanece até hoje como referência, sobretudo nas áreas de lógica, metafísica, política e ética.
Desde o momento em que a razão se separou do pensamento mítico, os filósofos gregos
criaram conceitos para instrumentalizá-la no esforço de compreensão dos real. Entre as diversas
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contribuições destaca-se a de Aristóteles, pela elaboração dos princípios da lógica e dos conceitos
que explicassem o ser em geral, área da filosofia que hoje reconhecemos como metafísica. Embora
sempre façamos referência à metafísica de Aristóteles, ele próprio usava a denominação filosofia
primeira.
A teoria do conhecimento aristotélica é exposta nas obras Metafísica e Sobre a alma. Nesta
última, ao explicar a relação entre corpo (matéria) e alma (forma), Aristóteles define a lama como a
forma, o ato, a perfeição de um corpo. Também usa conceitos metafísicos para distinguir o
conhecimento sensível do raciocínio e demonstrar como eles dependem um do outro.
Os sentidos são as primeiras fontes do conhecimento: sob esse aspecto, Aristóteles critica a
teoria da reminiscência platônica. Para ele, a origem das idéias é explicada pela abstração, pela qual
o intelecto, partindo das imagens sensíveis das coisas particulares, elabora os conceitos universais.
Os primeiros princípios da ciência são estabelecidos por percepção ou por indução, que conduz ao
universal pela revisão de exemplos particulares. Depois, por dedução, são extraídas conclusões por
um processo de raciocínio que progride do universal para o particular.
Pela sua teoria do conhecimento, Aristóteles pretende chegar à verdade, que para ele
consiste na adequação do conceito à coisa real.
A filosofia primeira não é a primeira na ordem do conhecer – já que partimos do
conhecimento sensível -, mas a que busca as causas mais universais, e, portanto, as mais distantes
dos sentidos. Trata-se da parte nuclear da filosofia, na qual se estuda “o ser enquanto ser”, isto é, o
ser independentemente de suas determinações particulares.
É a metafísica que fornece a todas as outras ciência o fundamento comum, objeto que elas
investigam e os princípios dos quais dependem. Ou seja, todas as ciências referem-se
continuamente ao ser e as diversos conceitos ligados diretamente a ele, como identidade, oposição,
diferença, gênero, espécie, todo parte, perfeição, unidade, necessidade, possibilidade, realidade etc.
No entanto, cabe à metafísica examinar esses conceitos, ao refletir sobre o ser e sua propriedades.
Examinemos agora o que é virtude, Já que na alma se encontram três espécies de coisaspaixões, faculdades e disposições-, a virtude deve ser destas.
Por paixões quero significar os apetites, a cólera, o medo, a audácia, a inveja, a amizade, o
ódio, o desejo, e emulação, a compaixão, e de um modo geral os sentimentos que são
acompanhados de prazer ou sofrimento; por faculdades quero significar aquelas coisas em razão das
quais dizemos que somos capazes de sentir paixões – a saber, a faculdade de nos encolerizarmos,
magoar-nos ou compreender-nos-; por disposições, as coisas em razão das quais nossa posição em
relação às paixões é boa ou má. Por exemplo, em relação à cólera, nossa posição é má se a
sentirmos de modo violento ou de modo muito fraco, e boa se a sentirmos moderadamente; a da
mesma maneira no que se relaciona com as outras paixões.
Ora, nem as virtudes nem as deficiências morais são paixões, pois não somos chamados
bons ou maus por causa de nossas paixões, e sim por causa das nossas virtudes ou vícios; e não
somos louvados ou censurados por causa de nossas paixões (um homem não é louvado por sentir
medo ou cólera, nem é censurado por simplesmente estar encolerizado, mas sim por estar
encolerizado de certa maneira); mas somos louvados ou censurados por nossas virtudes ou vícios.
A virtude, do mesmo modo que a natureza, é mais exata e melhor que qualquer arte, seguese que a virtude deve se ter a qualidade de visar ao meio-termo. Falo da virtude moral, pois é ela
que se relaciona com as paixões e ações, e nestas existe excesso, carência e um meio-termo.
A virtude é, então, uma disposição de caráter relacionada com a escolha de ações e paixões, e
consistente numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, que é determinada por um princípio
racional próprio do homem dotado de sabedoria prática.
Mas nem toda ação ou paixão admite um meio-termo, pois algumas entre elas têm nomes
que já em si mesmo implicam maldade, como, por exemplo, o desrespeito, o despudor, a inveja e,
no âmbito das ações, o adultério, o roubo, o assassinato. Com efeito, nessas ações e paixões e outras
semelhantes, a maldade não está na falta ou excesso, mas implícita nos próprios nomes.
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