Correlação entre o Índice Tornozelo Braço e a Pressão de Pulso

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FAC
Tema Livre
Correlação entre o Índice Tornozelo Braço e a
Pressão de Pulso Aórtica em Sujeitos Normais
Pereira T., Maldonado J.
Instituto de Investigação e Formação Cardiovascular
Escola Superior De Tecnologia da Saúde, DCIB
Coimbra, Portugal
Introdução
As doenças cardiovasculares são responsáveis por uma elevada percentagem da mortalidade global,
sendo determinada sobretudo por situações clínicas que expressam o envolvimento do sistema
arterial. Neste sentido, a implementação de estratégias preventivas torna-se uma exigência
incontornável face à realidade actual. O exercício aeróbio emerge como uma alternativa
potencialmente importante, dada a sua bem documentada eficácia na redução do risco cardiovascular,
assentando em grande medida numa optimização da função endotelial. Como tal, o estudo e
investigação do potencial efeito modulador da prática desportiva no sistema arterial assume-se como
fundamental, sendo muito provável que um melhor conhecimento da integração destas dimensões
possa condicionar um impacto não negligenciável em termos de saúde pública.
Alguns estudos têm já veiculado resultados que suportam a presunção de benefícios arteriais
associados à prática desportiva. Por exemplo, estudos transversais [1-3] demonstraram que o treino
melhora a distensibilidade arterial e que este impacto positivo é independente da redução da pressão
arterial sistólica, sugerindo a ocorrência de alterações estruturais benéficas na parede arterial,
covariando de forma linear com a quantidade e/ou intensidade do exercício.
Um dos indicadores utilizados, o índice tornozelo-braço, ou índice braço-pé (IBP), assenta no
pressuposto de que existindo normalmente pressões arteriais mais elevadas nos membros inferiores,
a redução progressiva desta diferença relativamente aos membros superiores expressaria um declínio
na integridade arterial.
A elevação da pressão de pulso (PP) é usualmente consequência de um aumento da rigidez arterial
Este fenómeno é explicado por alterações na amplificação da onda de pulso entre a aorta central e
as artérias periféricas, com impacto nos timings da onda reflectida, que, pela sua precocidade,
promovem um incremento sistólico de pressão, contribuíndo para a elevação do componente sistólico
da curva de pressão.O estudo NHANES demonstrou uma diminuição progressiva na pressão de pulso
entre a adolescência e a meia-idade, reconhecendo-se um aumento marcado da rigidez aórtica com o
envelhecimento.
[4].
Colocando-se a avaliação do IBP como uma técnica promissora na avaiação da mecânica arterial,
pretendemos com este trabalho avaliar a utilidade da sua integração na avaliação do efeito modulador
do exercício aeróbico na função arterial em atletas de competição, indexada à pressão de pulso
aórtica.
Objectivo
O objectivo do presente trabalho foi avaliar até que ponto o BP se relaciona com a pressão de pulso
central (PP) em sujeitos saudáveis, atletas de categorias amadoras.
Métodos
Amostra
Um total de 197 atletas saudáveis do sexo masculino, com idade média 21±6,52 anos, foram
estudados. A tabela I sumaria as características gerais da amostra. Todos foram submetidos a
avaliação da velocidade da onda de pulso (VOP) carotideo-femoral e carotídeo-radial. A PP foi
extrapolada a partir das estimativas da VOP (Complior, Colson, Paris). Todos os sujeitos foram
submetidos a determinação do IBP. A pressão arterial casual bem como outros dados antropométricos
relevantes foram também considerados.
Tabela I: Caracterização da amostra
Índice Braço-Pé
O Índice Braço-Pé (IBP) foi determinado a partir da avaliação da pressão arterial nos membros
superiores e inferiores. Para o efeito recorreu-se a dois esfigmomanómetros automáticos, validados e
devidamente calibrados [5] com detecção simultânea, por oscilometria, das pressões da artéria umeral
direita (PA dos membros superiores) e da artéria tibial posterior direita (PA dos membros inferiores),
por dois operadores independentes e experientes, sendo os valores tensionais validados pela
identidade das frequências cardíacas nos dois locais de avaliação. O procedimento realizou-se com o
sujeito em decúbito dorsal e após um período de repouso de 10 minutos. O procedimento foi repetido
três vezes para cada sujeito.
O IBP foi calculado pela divisão do valor da PAS dos membros inferiores pelo valor mais elevado da
PAS nos membros superiores. O IBP é normalmente considerado como o mais reduzido dos valores
obtidos [6].
Considera-se que IBP normais oscilarão entre 1 e 1.4. Dada a relação da amplificação da pressão com
a estatura corporal, o IBP foi corrigido à superfície corporal (SC). A SC foi calculada a partir da
equação de Mosteller [7].
Pressão de Pulso Aórtica, Distensibilidade Aórtica e Distensibilidade Umeral
A distensibilidade aórtica foi avaliada em todos os sujeitos através da determinação da Velocidade da
Onda de Pulso Carotideo-Femoral (VOP-CF) com o aparelho Complior® (Colson, Paris) de acordo com
técnica previamente descrita [4,8-11]. Resumidamente, a VOP-CF foi calculada pela relação
distância/tempo (metros/segundo), com avaliação simultânea da onda de pulso na artéria carótida
direita e na artéria femoral direita. A VOP-CR foi obtida de forma semelhante, com registo simultâneo
da onda de pulso na artéria radial direita e na artéria carótida direita, constituindo um indicador de
distensibilidade do território arterial intermédio – artéria umeral. A avaliação simultânea da VOP-CF e
da VOP-CR permitem o cálculo automático da PP Aórtica (central) mediante a aplicação de um
algoritmo incluido no software do Complior®. As determinações da VOP foram realizadas pelo mesmo
operador e a qualidade dos registos foi avaliada por dois observadores independentes com grande
experiência nesta metodologia. A reprodutibilidade destas estimativas no nosso laboratório,
previamente determinada, compreende coeficientes de correlação superiores a 0,9 (0,98 e 0,95
respectivamente para diferenças inter e intra-observador).
Análise Estatística
Os dados relativos aos sujeitos da amostra foram informatizados e tratados com recurso ao programa
SPSS para Windows, versão 13.0. A distribuição das variáveis foi testada, quanto à normalidade, pelo
teste de Kolmogorov-Smirnov, e quanto à homogeneidade das variâncias, pelo teste de Levene. A
análise estatística dos dados recorreu a análises de regressão múltipla em stepwise, complementadas
com análises de correlação bivariada (R de Pearson), bem como a correlações parciais controlando a
idade (covariante importante da VOP). O critério de significância estatística utilizado foi um valor de p
≤ 0.05 para um intervalo de confiança de 95%.
Resultados
A idade média da amostra foi 21±6,52 anos, a pressão arterial 120±9,27 e 65± 7,01,
respectivamente para a sistólica e diastólica. A análise de correlação bivariada revelou uma forte
relação inversa entre o IBP e a PP (r = -0,5; p<0,001), demonstrando uma concordância substancial
entre os dois indicadores vasculares (Figura 1).
Figura 1: Correlação bivariada entre o índice Braço-Perna e a Pressão de Pulso Aórtica
Conclusões
A prática desportiva tem vindo a assumir um papel fundamental na prevenção das doenças
cardiovasculares, o que se reveste de grande relevância tendo em conta o peso relativo que estas têm
nas sociedades modernas. Os efeitos benéficos do exercício são bastante diferenciados (características
ponderais, perfil lipídico, pressão arterial, …), mas potencialmente convergentes com uma modulação
vascular positiva. Estes presumíveis benefícios vasculares poderão advir de uma optimização da
função endotelial, e consequentemente, de uma melhor dinâmica vascular generalizada.
O IBP e a PP são indicadores reconhecidos de função e integridade vascular [4,6]. A associação
documentada entre estes indicadores reveste-se de extrema relevância, com implicações
hemodinâmicas no que concerne ao papel da amplificação da pressão e sua relação com a intergração
do efeito modulador da distensibilidade arterial sobre as ondas reflectidas A relação inversa implica
que valores reduzidos de IBP, associados com algum grau de compromisso vascular nas artérias dos
membros inferiores, poderá determinar maiores pressões centrais mediante um maior efeito
modulador das ondas reflectidas ao nível da Aorta. Considerando que a aumentação está na
dependência do efeito das ondas reflectidas a nível central, estes resultados indicam que a integridade
vascular periférica (indexada ao IBP) determina de forma importante e não negligenciável a
precocidade com que as ondas de reflexão atingem a Aorta ascendente, com uma amplificação de
pulso a variar directamente com a integridade arterial nos membros inferiores.
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Publicação: Outubro de 2007
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Atualização: 12-Oct-2007
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