Avaliação de linhagens experimentais de alface quanto a doses de nitrogênio Eupidio Cavalcante Albuquerque Neto 1; Ernani Clarete da Silva1; Gabriel Mascarenhas Maciel1 1 Universidade José do Rosário Vellano - ICA -UNIFENAS, Caixa Postal 23, 70130-000 Alfenas - MG [email protected]. RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido nas dependências do Setor de Olericultura e Experimentação da Universidade José do Rosário Vellano em Alfenas - MG. O objetivo foi avaliar o comportamento de linhagens experimentais de alface (Lactuca sativa L. )quanto a doses de nitrogênio. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema fatorial 6 x 3 [6 linhagens de alface (BE1, BE3, BE8, VB2, VB3 e VB7) x 3 doses de nitrogênio (100, 150 e 250 kgha -1)]. As parcelas com dimensões de 1,20 x 1,20 m foram compostas de 16 plantas em espaçamento de 0,30 m x 0,30 m onde foram avaliadas as seguintes características: peso médio da planta, diâmetro de cabeça e número de folhas. Concluiu-se que as linhagens VB2, VB3 e BE1 são mais exigentes em nitrogênio enquanto a linhagem VB 7 é a mais produtiva com menor exigência de nitrogênio. PALAVRAS -CHAVES: Lactuca sativa L., produção ABSTRACT Evaluation of experimental lineages of lettuce about nitrogen doses The present work was developed in the dependences of the Horticultural Section and Experimentation of the University José do Rosário Vellano in Alfenas (MG. The experimental design was randomized blocks distributed on a 6 x 3 factorial model containing 3 replicates of each treatment. [6 lettuce lineages (BE1, BE3,BE8, VB2, VB3 e VB7) x 3 doses of nitrogen (100. 150 e 250 kgha -1)]. The plots of 1,20 m x 1,20 m dimension were composed of 16 plants in spacing of 0,30 m x 0,30 m where were appraised medium weight of the plant, diameter of head and number of leaves. It was ended that the lineages VB2, VB3 and BE1 are more demanding in nitrogen while the lineage VB 7 is the most producti ve with smaller demand of nitrogen. KEYWORDS: Lactuca sativa L., yield INTRODUÇÃO A alface, é considerada uma hortaliça folhosa de grande importância na alimentação e saúde humana e é cultivada no Brasil desde 1647 (Casali et al, 1979). Atualmente, inúmeros trabalhos sobre nutrição mineral da alface estão disponíveis, com importantes informações para o setor. Segundo Furlani et al. (1978) a alface é dentre as folhosas, a que apresenta teores mais elevados de nitrogênio e cálcio sendo que, a extração destes nutrientes por tonelada produzida de alface é de, respectivamente, 2,51 kg e 0,82 kg. De acordo com Shear (1975), o nitrogênio é o nutriente que mais interfere no crescimento vegetativo da alface, também responsável pela inibição da absorção de cálcio. Alvarenga (1999) observa que diversos trabalhos sob as mais variadas situações têm mostrado, invariavelmente, uma resposta quadrática à aplicação de nitrogênio onde a partir de uma determinada dose, há decréscimo na produção. Por outro lado, as modernas cultivares cada vez mais selecionadas para determinados fins, principalmente ambientes, têm apresentado respostas cada vez mais específicas a doses de nutrientes. sugerindo estudos específicos antes de serem encaminhadas ao produtor MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido nas dependências da Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS), Faculdade de Ciências Agrárias, compreendendo o período de outubro a novembro de 2003. O solo apresentava inicialmente as seguintes características: pH em água = 5.40, P = 16.00 mg/dm3 , K = 58 mg/dm3, Ca = 2.30 cmolc / dm3, Mg = 1.10 cmolc / dm3 , Al = 0.10 cmolc / dm3, H + Al = 5.60 cmolc / dm3, t = 3.54 cmolc / dm3, T = 9.04 cmolc / dm3. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, dispostos em esquema fatorial 6 x 3 (6 linhagens de alface x 3 doses de nitrogênio), totalizando 18 tratamentos com 3 repetições. Os tratamentos foram constituídos por doses de nitrogênio, sulfato de amônio (100, 150, 250 Kgha -1), ministradas 20% no plantio e o restante, 20, 30 e 30%, em cobertura a intervalos de 15, 30 e 40 dias após o transplante respectivamente. As doses de potássio e fósforo foram calculadas de acordo com análise de solo, sendo o fósforo aplicado todo no plantio e o potássio dividido em 20% no plantio e as outras parcelas divididas igualmente e aplicadas junto com o nitrogênio tudo de acordo com a Comissão...1999. As parcelas apresentavam 1,20 x 1,20 metros (1,44 m²) com 16 plantas, espaçadas 0,30 m x 0,30 m, totalizando uma área cultivada de 77,6 m². As mudas foram produzidas em casa de vegetação com a utilização de bandejas de isopor de 200 células e constituíram das seguintes linhagens de alface: BE (1), BE (3), BE (8), VB (2),VB (3) , VB (7). Respectivo material originou-se de cruzamentos entre alface comercial (Babá x Elisa e Vitória x Brasil 303), que tem sido trabalhado pelo método genealógico (Alard, 1970) até as gerações atuais (Silva, 1997; Silva et al. 1999; Silva, Barbosa e Lima,. 2002). As características avaliadas foram massa verde da planta , obtido após colheita da planta em balança digital com capacidade para 5 kg; diâmetro de cabeça e número de folhas obtidos das mesmas plantas colhidas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para massa verde da planta houve interação significativa entre as linhagens e as doses de nitrogênio. Para as linhagens VB –7 e BE-3 houve uma resposta quadrática à aplicação das doses de nitrogênio, indicando um ponto máximo de rendimento (Figura 1), concordando com Alvarenga 1999. Entretanto, a linhagem VB-7 apresentou Massa verde da Planta (g) significativamente o maior peso de massa verde sendo visivelmente superior às demais. 800 700 VB-7 600 500 400 BE-3 300 (VB-7) Y = -0,0452 x2 + 18,013 x - 1080,4 (BE-3) y = - 0,0188x2 + 6,4935x – 57,12 200 100 0 100 150 200 250 Doses de N (kg ha-1 ) Figura 1- Massa verde de linhagens de alface em função de doses de N. ICA-UNIFENAS. 2003 Por outro lado para as linhagens VB –2, VB -3 e BE-1 a resposta à aplicação de N foi linear indicando que doses mais elevadas de nitrogênio podem resultar em maiores valores de peso de massa verde, o contrário acontecendo com a linhagem BE-8 que decresceu com as doses de N (Figura 2). Massa verde (g) VB-2 600 550 500 450 400 350 300 250 200 BE-1 VB-3 BE-8 100 150 200 250 -1 Doses de N (kg ha ) (VB -2) Y = 0,6762 x + 417,43 R2 = 0,98 (BE-1) Y = 0,959 x + 236,34 (VB-3) Y = 0,8667 x + 186,66 R2 = 1 (BE-8) Y = 0,5983 x + 104,79 R2 = 0,96 R2 = 0,91 Figura 2 – Massa verde de linhagens de alface em função de doses de N. FCA-UNIFENAS. 2003 Com excessão da linhagem VB-8, geneticamente estes resultados sâo importantes uma vez que referidas linhagem têm mantido a superioridade observada em gerações anteriores (Silva , Barbosa e Lima 2002; Silva, Nolêta e Maciel, 2003a; Silva, Lins Neto e Maciel, 2003b), quando cultivadas em cultivo protegido no solo e em hidroponia. Com relação ao diâmetro da cabeça houve interação entre os fatores estudados. Com exceção da linhagem BE-8, os maiores diâmetros foram verificados com a maior dose de N sendo as linhagens de prefixo VB, significativamente superiores às demais. Pela análise de regressão, verificou-se com exceção da linhagem BE-8, resposta linear à aplicação de N, indicando que maiores doses deste nutriente poderão resultar em maiores valores de diâmetro (Figura 3). Diâmetro de cabeça (cm) 50 45 1 2 40 3 4 5 35 30 100 150 200 250 -1 Doses de N ( Kg ha ) 1 VB–7 Y = 0,032 X + 35,08 2 VB -2 Y = 0,291 X + 37,45 R2 = 0,76 R2 = 0,72 3 VB -3 Y = 0,0506 X + 30,674 R2 = 0,98 4 BE -3 Y = 0,0269 X +31,486 R2 = 0,87 5 BE-1 Y = 0,0211 X + 30,401 R2 = 0,45 Figura 3 – Diâmetro de cabeça de linhagens de alface em função de doses de N. ICAUNIFENAS. 2003 Em termos de número de folhas, não houve respostas significativas em função das doses de nitrogênio excetuando-se a linhagem BE-8 que apresentou significativamente o menor número (34), enquanto para as demais linhagens o número variou de 48 a 50 folhas. Importante salientar que a e xemplo do peso de massa verde, geneticamente, os valores também são importantes porque já manifestaram em gerações anteriores e são altamente superiores as variedades de alface cultivadas comercialmente. Os dados permitiram concluir que as linhagens de prefixo VB respondem ao nitrogênio com dose máxima e constituem em material promissor para cultivo a céu aberto. Sugere-se o estudo do diâmetro de cabeça relacionado com maiores doses de nitrogênio e a sua influência no peso final. LITERATURA CITADA ALLARD, R.W. Princípios do melhoramento genético de plantas. São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 381p. 1971. ALVARENGA, M.A.R. Crescimento, teor e acúmulo de nutrientes em alface americana (Lactuca sativa L.) sob doses de nitrogênio aplicadas no solo e níveis de cálcio aplicados via foliar. Lavras: UFLA, 1999. 117p. (Tese de doutorado em fitotecnia). CASALI, V.W.D.; SILVA, R. F. de; RODRIGUEZ, J. J. V.; SILVA, J.F. da; CAMPOS, J.P. de. 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