MASCARENHAS MHT; FREITE FM; GONÇALVES LD; VIANA MCM;influenciadas LARA JFR; ANDRADE PURCINO HMA. 2008. Características Características comerciais da alface por doses CLT; de nitrogênio comerciais da alface influenciadas por doses de nitrogênio. Horticultura Brasileira 26: S80-S82. CARACTERÍSTICAS COMERCIAIS DA ALFACE INFLUENCIADAS POR DOSES DE NITROGÊNIO 1 1 Maria Helena Tabim Mascarenhas ; Francisco Morel Freire ; Luciano Donizete 2 1 2 Gonçalves ; Maria Celuta Machado Viana ; José Francisco Rabelo Lara ; 3 1 Camilo de Lelis Teixeira de Andrade ; Hortência Maria Abranches Purcino 1 EPAMIG-CTCO, C. Postal 295, 35.701-970, Sete Lagoas, MG. Bolsista BIPDT/FAPEMIG. 3 EPAMIG-CTCO, C. Postal 295, 35.701-970, Sete Lagoas, MG. Embrapa Milho e Sorgo, C. Postal 285, 35701-970, Sete Lagoas, MG 2 RESUMO ABSTRACT Esse trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de N na produção de alface cv Regina de Verão. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. Foram testadas cinco doses de N (0, 280, 560, 840 e 1.120 kg/ha), como uréia, divididas em três aplicações: transplantio das mudas, 15 dias após o transplantio (DAT) e 30 DAT. Não foi observado efeito significativo da adubação nitrogenada sobre o número de folhas maiores que 3 cm, sendo essa característica provavelmente associada a fatores genéticos. A dose estimada de N relativa à máxima eficiência física para produtividade total e peso médio da -1 planta foi de 451 kg ha . Os dados obtidos se ajustaram a um modelo raiz quadrático. Por sua vez, o peso médio das folhas (PMF) maiores que -1 3 cm planta e o diâmetro da cabeça (DC), apresentaram resposta quadrática ao aumento da dose de N. Valores máximos estimados de -1 -1 397,5 g planta para a PMF e 40,8 cm planta para o DC foram obtidos com as doses de N de -1 669 e 767 kg ha , respectivamente. Commercial characteristics of the lettuce influenced by nitrogen doses PALAVRAS-CHAVE: Lactuca sativa, massa fresca, nutrição mineral This work was carried out to evaluate the effect of N doses on lettuce (cv. Regina de Verão) production. Five N rates (0, 280, 560, 840 and -1 1,120 kg ha ) as urea split in three applications: seedling transplant, 15 days after transplanting (DAT) and 30 DAT were tested in a randomized blocks experimental design with four replications. There was not significant effect on bigger than 3 cm leaf number per plant, suggesting that this variable is associated to genetic factors. The N dose associated to maximum physical efficiency for total yield of fresh mass and mean weight per -1 plant was 451 kg ha . These results were adjusted to a square root model. In turn, the mean leaf weight per plant of leaves bigger than 3 cm and head diameter showed quadratic response to N doses, being the maximum estimated values -1 of 397.5 g plant and 40.8 cm reached with 669 -1 and 767 kg ha N respectively. KEYWORDS: Lactuca sativa, fresh mass, mineral nutrition INTRODUÇÃO A alface (Lactuca sativa L.) é originária da região do Mediterrâneo e conhecida pelos antigos gregos e romanos, que já a consumiam em saladas e com fins medicinais. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S 80 Características comerciais da alface influenciadas por doses de nitrogênio Encontra-se presente em todo o estado de Minas Gerais, contudo, as maiores regiões produtoras situam-se nas proximidades dos grandes centros urbanos. Dentre as folhosas, é considerada a mais importante e também a que apresenta teores mais elevados de nitrogênio e cálcio (Furlani et al., 1978, Filgueira, 2003). O nitrogênio é o nutriente que mais interfere em seu crescimento vegetativo (Shear, 1975). Entretanto a adubação nitrogenada em excesso causa graves danos à saúde pelo acúmulo de nitrato, que se ingerido em grandes quantidades leva a formação de nitrito e causa inibição do transporte de oxigênio no sangue. Pôrto (2006) -1 estudando cinco doses de nitrogênio 30, 60, 90 120 e 150 kg ha , constatou que os máximos teores foliares de nitrato obtidos na adubação nitrogenada se encontraram abaixo do limite de -1 risco para a saúde humana, que é de 3,65 mg kg (Escoín-Peña et al., 1998). A alface responde muito bem a adubação nitrogenada, apresentando maiores rendimentos, produção mais uniforme e maior valor comercial (Ledo et al, 2000; Santos et al., 2008). A resposta quadrática à aplicação de nitrogênio vem sendo demonstrada por vários autores, (Alvarenga,1999; Alvarenga et al., 2000; Resende et al., 2005), ficando evidenciada a queda na produção a partir de uma determinada dose. Mesmo com esses resultados doses elevadas de nitrogênio nessa cultura tendem a ser recomendadas e adotadas pelos produtores pelo fato de seu custo ser relativamente pequeno diante do retorno obtido em termos de produtividade. Existem controvérsias sobres as dosagens que proporcionam maiores produções principalmente devido as diferentes condições ambientais em que as cultivares foram avaliadas. Também as modernas cultivares vem sendo selecionadas para ambientes determinados, e têm apresentado respostas cada vez mais específicas a doses de nutrientes (Albuquerque Neto et al., 2008). Nesse contexto o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de doses crescentes de N aplicado no solo sobre a produção de alface a fim de se obter a máxima eficiência produtiva. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado, em outubro de 2007, na Fazenda Experimental de Santa Rita, da EPAMIG, localizada no município de Prudente de Morais, MG, em solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo, textura argilosa. Previamente à instalação do experimento, baseada no método da saturação por bases, foi realizada a calagem do solo. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados completos, com cinco tratamentos e quatro repetições. Foram testadas cinco doses de N (0, 280, 560, 840 e -1 1.120 kg ha ), como uréia, divididas em três aplicações: 25 % antes do transplantio das mudas, 25 % aos 15 dias após o transplantio das mudas (DAT) e 50 % aos 30 DAT. A irrigação foi feita utilizando o sistema de aspersão convencional, sendo a lâmina de água calculada em função da evapotranspiração de referência, precipitação pluvial e o Kc da cultura. As parcelas tiveram as dimensões de 6,0 m de comprimento por 1,20 m de largura, com espaçamentos entre plantas e entre linhas de 0,30 m. Como parcela útil, considerou-se as duas linhas centrais, desprezando-se duas plantas em cada extremidade. A cultivar de alface utilizada foi a Regina de Verão. As mudas foram produzidas em bandejas de isopor, utilizandose substrato comercial. Foi realizada adubação de plantio com P (superfosfato simples e superfosfato triplo) e K (cloreto de potássio), baseada em resultados de análise de solo, e com micronutrientes (B, Cu, Zn e Mo), de acordo com as recomendações para a cultura da alface (Fontes, 1999). Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S 81 Características comerciais da alface influenciadas por doses de nitrogênio Por ocasião da colheita, em novembro de 2007, quando as plantas apresentaram-se completamente desenvolvidas, foram avaliados a produtividade total (PT) constituída da produção da massa fresca da parte aérea (caule e folhas), sendo determinada com auxílio de -1 balança, em t ha ; o peso médio da planta (PMP) obtido pela divisão da PT pelo número de -1 -1 plantas ha , em g planta ; o peso médio das folhas (PMF) maiores que 3 cm determinado com -1 o auxílio de balança, em g planta ; o número de folhas por planta (NFP), obtido pela média da contagem do número de folhas de cinco plantas, partindo-se das folhas basais até a última folha aberta maior que 3 cm e o diâmetro da cabeça (DC), obtido através da medição direta com o auxílio de uma régua graduada, em cm. Os dados foram submetidos às análises de variância e de regressão. Pelas equações ajustadas, obtiveram-se as doses de máxima eficiência técnica, que levaram em conta somente a capacidade produtiva da planta, sendo calculadas igualando-se a primeira derivada das equações a zero. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos evidenciaram efeitos significativos da adubação nitrogenada para produtividade total (PT), peso médio da planta (PMP), peso médio das folhas maiores de 3 cm (PMF) e diâmetro da cabeça (DC) (Tabela 1). Obtiveram-se valores máximos estimados de -1 -1 53,4 t ha para a PT e 481 g planta 1 para o PMP, com a dose de 451 kg ha de N a partir de um modelo raiz quadrático ajustado. Encontraram-se incrementos, em relação à testemunha estimada sem aplicação de nitrogênio, de 113,85 e 114,1 %, respectivamente, para a PT e PMP (Tabela 1). Os resultados disponíveis na literatura para adubação nitrogenada da alface são bastante variáveis em decorrência, principalmente, das diferentes condições ambientais em que os trabalhos foram realizados. Diversos autores (McPharlin et al., 1995; Tompson & Doerge, 1996; Tei et al., 2000; Mantovani et al., 2005; Resende et al., 2005), obtiveram um efeito quadrático em relação à elevação das doses de N, sendo que no trabalho de Resende -1 -1 et al. (2005) as máximas produções totais (763,2 g planta ) e comerciais (450,1 g planta ) -1 foram observadas nas doses de 146,9 e 149,1 kg ha de N, respectivamente. O peso médio das folhas (PMF) maiores que 3 cm por planta e o diâmetro da cabeça (DC), apresentaram resposta quadrática ao aumento da dose de N. Valores máximos estimados -1 -1 de 397,5 g planta para a PMF, e 40,8 cm planta para o DC, foram obtidos com as doses de -1 N de 669,2 e 767 kg ha , respectivamente. Comparado aos valores estimados encontrados na testemunha sem aplicação de nitrogênio, estas doses elevaram essas características em, respectivamente, 62,90 e 45,71 % (Tabela 1). Todavia, os resultados obtidos com relação ao diâmetro da cabeça da alface, não coincidem com os encontrados por Albuquerque Neto et al. -1 (2008), que em trabalho aplicando N nas doses que variaram entre 100 e 250 kg ha verificaram uma resposta linear à sua aplicação. A diferença de resposta pode ser atribuída ao fato de terem sido avaliadas no presente -1 estudo doses bem mais elevadas de até 1.120 kg ha de N. Não foi observado efeito significativo da adubação nitrogenada sobre o número de folhas, sendo essa característica provavelmente associada a fatores genéticos e portanto não influenciada pelos tratamentos ou por fatores ambientais, (Tabela 1), confirmando resultados anteriormente reportados (Albuquerque et al., 2008; Santos et al., 2008). Pelos resultados, espera-se que a utilização -1 de nitrogênio no cultivo da alface na dose de 451 kg ha resulte na mais alta produtividade e no maior peso médio de planta. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S 82 Características comerciais da alface influenciadas por doses de nitrogênio LITERATURA CITADA ALBUQUERQUE NETO EC; SILVA EC; MACIEL GM. Avaliação de linhagens experimentais de alface quanto a doses de nitrogênio. Disponível em: <http:www.unifenas.br/neal/pdfs/ enpiclio44cbo.pdf>. Acesso em 10/04/08. ALVARENGA MAR. 1999. Crescimento, teor e acúmulo de nutrientes em alface americana (Lactuca sativa L.) sob doses de nitrogênio aplicadas no solo e níveis de cálcio aplicados via foliar. Lavras: UFLA. 117p (Tese doutorado). ALVARENGA MAR; SILVA EC; SOUZA RJ; CARVALHO JG. 2000. Efeito de doses de nitrogênio aplicadas no solo e níveis de cálcio aplicados via foliar sobre o teor e o acúmulo de micronutrientes em alface americana. Ciência e Agrotecnologia Edição Especial: 905-916. ESCOÍN-PEÑA MC; IBANEZ MAC; SANTAMARIA AA; LAZARO RC. 1988. Contenido de nitratos en lechugas y espinacas frescas. Alimentaria 29: 37-41. FILGUEIRA FAR. 2003. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção de comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. 412p. FONTES PCR. 1999. Sugestões de adubação para hortaliças. Introdução. In: RIBEIRO AC; GUIMARÃES PTG; ALVAREZ V VH (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5ª aproximação. Viçosa: UFV. p.171-174. FURLANI AMC; FURLANI PR; BATAGLIA, OC; HOROCE R; GALLO JR. 1978. Composição mineral de diversas hortaliças. Bragantia 37: 33-34. LEDO FJS; CASALI VWD; MOURA WM; PEREIRA PRG; CRUZ CD. 2000. Eficiência nutricional do nitrogênio em cultivares de alface. Revista Ceres 47: 273-285. MANTOVANI JR; FERREIRA ME; CRUZ MCP. 2005. Produção da alface e acúmulo de nitrato em função da adubação nitrogenada. Horticultura Brasileira 23: 758-762. McPHARLIN LR; AYLMORE PM; JEFERRY RC. 1995. Nitrogen requirements of lettuce under sprinkler irrigation and trickle fertigation on a spearwood sand. Journal of Plant Nutrition 18: 219-241. PÔRTO ML. 2006. Produção, estado nutricional e acúmulo de nitrato em plantas de alface submetidas à adubação nitrogenada e orgânica. Areia: CCA/UFPB. 65p (Tese Mestrado). RESENDE GM; ALVARENGA MAR; YURI JE; MOTA JH; SOUZA RJ; RODRIGUES JUNIOR JC. 2005. Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio. Horticultura Brasileira 23: 976-981. SANTOS FN; RODRIGUES AS; ARAÚJO JRG; MARTINS MR; ARAÚJO AMS; MOURA MCCL. Fontes e parcelamento de nitrogênio na produtividade de alface. Disponível em: <http:// 200.210.234.180/horta/dowload/biblioteca/44_704.pdf>. Acesso em 11/04/08. SHEAR CB. 1975. Calcium related disorders of fruits and vegetables. Hort Science 10: 361-365. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S 83 Características comerciais da alface influenciadas por doses de nitrogênio THEI F; BENINCASA P; GUIDUCCI M. 2000. Effect of nitrogen availability on growth and nitrogen uptake in lettuce. Acta Horticulturae 533: 385-392. TOMPSON TL; DOERGE TA. 1996. Nitrogen and water interactions in subsurface trickleirrigated leaf lettuce. I Plant Response. Soil Science Society of American Journal 60: 163-168. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro e pela concessão da bolsa BIPDT. Tabela 1. Valores médios da produtividade total, peso médio das plantas, peso médio das folhas, número de folhas e diâmetro da cabeça de alface em reposta a doses de N e equação que relaciona estas variáveis. Prudente de Morais, EPAMIG, 2007. Características Avaliadas -1 Produtividade total (t ha ) 0 280 Doses de N 560 24,91 52,85 51,45 Equação: Y = 24,97 + 2,6814**N -1 Peso médio da planta (g planta ) 224,20 475,65 1/2 Peso médio das folhas maiores -1 de 3 cm (g planta ) 244,00 374,50 363,50 1.120 50,98 43,58 2 – 0,063164**N R = 0,991 463,10 Equação: Y = 224,7 + 24,127**N 840 458,80 1/2 392,20 2 – 0,5683**N R = 0,991 402,00 329,50 2 2 Equação: Y = 252,1 + 0,4347*N – 0,0003248 *N R = 0,875 Número de folhas planta -1 48,30 57,10 54,70 59,75 54,55 Equação: Y = Y = 54,88 Diâmetro da cabeça (cm) 28,0 38,50 39,73 38,80 39,43 2 2 Equação: Y = 29,3 + 0,03006*N – 0,0000196° N R = 0,881 **; * e ° = significativo a 1%, 5% e 10% de probabilidade, respectivamente, pelo teste de t Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S 84