e co esperança D para diabéticos MINAS GERAIS QUARTA-FEIRA, 3 DE JULHO DE 2013 - 8 SAÚDE P arceria inédita no País, firmada entre a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a empresa GID Brasil, pode resultar numa proposta de terapia para diabetes e outras doenças causadas por morte de tecidos. Uma série de pesquisas será realizada a partir de células-tronco retiradas de gordura (tecido adiposo). “O grande objetivo da iniciativa é incorporar a terapia celular e disponibilizá-la aos usuários no Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz o presidente da fundação, Augusto Monteiro Guimarães. A parceria conta com o apoio do Hospital Vila da Serra, do Banco do Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais (BDMG) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemig). O tratamento aumentará a qualidade de vida dos pacientes, além de reduzir custos para o SUS A pesquisadora Alessandra Matavel relata que as células-tronco adultas têm aberto nova perspectiva quantidade muitas vezes superior ao número de células-tronco isoladas a partir de outras fontes no organismo. “Aproximadamente 220 mil cirurgias estéticas de lipoaspiração são realizadas no Brasil a cada ano, produzindo rotineiramente grandes volumes de valiosos tecidos”, informa. A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado Federal promoveu debate sobre a pesquisa, no último dia 25 de junho. Na ocasião, o diretor-médico da GID Brasil apresentou o projeto mineiro durante o debate “Pesquisas e Novas Tecnologias sobre células-tronco e suas aplicações”. Pesquisas serão realizadas na Funed a partir de células-tronco retiradas de gordura o próprio paciente será uma terapia definitiva”, explica a pesquisadora. PROCESSO - Com o acordo, a GID Brasil irá fornecer à Funed os equipamentos de laboratório para a realização de pesquisas com células-tronco. O tecido será retirado e processado no Hospital Vila da Serra por meio de lipoaspiração. Em seguida, as células-tronco serão encaminhadas á Funed, onde será realizado o processo de caracterização e diferenciação em células produtoras de insulina. “Tudo será feito dentro dos requisitos técnico-sani- Os muitos benefícios do novo tratamento De acordo com a pesquisadora Alessandra Matavel, células-tronco do tecido adiposo podem ser encontradas em qualquer fase da vida, seu uso não está associado a questões éticas e religiosas e ainda é um procedimento autólogo, ou seja, com a utilização de células do próprio paciente. “Elas podem ser fa- tários determinados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com prévio consentimento do paciente e de acordo com os regulamentos dos comitês de ética”, enfatiza Alessandra. A diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Funed, Esther Margarida Bastos, garante que o estudo com células-tronco é um campo muito promissor, capaz de revolucionar a medicina com o descobrimento de novas terapias. Inicialmente, a pesquisa irá trabalhar no tratamento do diabetes, considerando a larga abrangência da doença no País. “O diabetes faz mais vítimas fatais que o câncer de mama e o HIV juntos, mas também pretendemos tratar outras patologias no futuro”, diz a diretora. Segundo Esther, a plataforma que será disponibilizada para a Funed já é utilizada em outros países para terapias de reconstrução corporal pós-trauma ou câncer, para cicatrização de feridas complexas causadas por diabetes e radioterapias, queimaduras, artrites e rejuvenescimento. “Mas, no Brasil, a Funed é o primeiro laboratório público a trabalhar com células-tronco oriundas do tecido adiposo com a utilização da tecnologia GID. Disponibilizar esse tipo de terapia ao SUS é um passo importante para construirmos um sistema de saúde melhor”, enaltece a diretora. O acordo com a GID Brasil foi assinado em setembro do ano passado. Já foi solicitado registro dos produtos que serão utilizados no processamento do tecido adiposo. Enquanto isso, a GID viabiliza a aquisição de equipamentos laboratoriais para a efetivação do Centro de Tecnologia Celular na sede da Funed. Todo o material está sendo adquirido por meio do Pró-Inovação, com recursos do BDMG e da Fapemig. Tão logo os produtos GID sejam registrados no Brasil, a Funed pode dar prosseguimento aos estudos e a expectativa é que, nos próximos anos, a terapia celular seja disponibilizada para uso na rede pública de saúde em Minas Gerais e em todo o Brasil. Divulgação para uma terapia definitiva do diabetes e suas complicações. Segundo Alessandra, o tratamento convencional com injeção de insulina demanda uso contínuo e a alternativa do transplante de ilhotas encontra barreiras na escassez de doadores e na utilização de imunossupressores para evitar o risco de rejeição. “O tratamento com células-tronco do próprio paciente, transformadas em ilhotas produtoras de insulina, sem qualquer risco de rejeição, aumentaria enormemente a qualidade de vida desses pacientes, além de reduzir custos para o SUS, porque cilmente retiradas do corpo por meio de lipoaspiração ou cirurgia abdominal, sendo imediatamente disponíveis para utilização no próprio paciente ou para a diferenciação in vitro”, explica. Segundo ela, estudos também demonstram que essas células são capazes de inibir o processo de rejeição pelo orga- nismo, além de modular o processo inflamatório, propiciando melhor cicatrização. Além disso, segundo o diretor médico da GID Brasil, Duval de Barros Vieira, estudos já realizados em todo o mundo demonstram que um grama do tecido adiposo produz aproximadamente 250 mil células-tronco, qPesquisa inovadora da Funed estuda a aplicação de células-tronco no tratamento da doença