Produção de alface americana em função de doses de potássio. Estudo preliminar. Santino Seabra Jr1; Juliana Gadum; Luis Felipe Villani Purquerio; Eduardo Elias Orian; Roberto Lyra Villas Boas; Norberto da Silva; Rumy Goto UNESP-FCA, Departamento de Produção Vegetal/Horticultura, C. Postal 237, 18603-970. Botucatu-SP. e-mail: [email protected] 1 RESUMO Avaliou-se a influência das doses de potássio na produção de alface, utilizando-se cinco doses aplicadas em três coberturas (50% aos 4 dias + 25 % aos 15 dias + 25% aos 30 dias após o transplante), distribuído em blocos ao acaso, com cinco repetições e 4 plantas úteis por parcela. A colheita foi realizada 85 dias após a semeadura e avaliou-se produção total e produção da cabeça e diâmetro da cabeça. Observou-se que doses acima de 120 kg/ha de potássio (K2O) apresentaram melhores resultados nas características avaliadas. Palavras-chaves: Lactuca sativa, nutrição ABSTRACT Production of iceberg lettuce in function of doses of potassium. Preliminary study. Evaluated the influence of the potassium of doses in the iceberg lettuce production. The treatments were five doses, being applied in three coverings (50% in 4 days + 25% in 15 days + 25% in 30 days after transplants). The experimental desing was in randomized blocks replicated five times, with four plants per plot.. The harvest crop was done 85 days after the seeding and it was evaluated total and head production and head diameter. The doses bisser than 120 kg/ha of pick showed better results in the evaluated charactheristics. Keywords: Lactuca sativa, nutrition O potássio é o segundo nutriente mais exigido pelas culturas, depois do nitrogênio (Faquim, 1994). Especificamente para alface, o potássio é mais exigido que o próprio nitrogênio (Faquim, Furtini Neto & Vilela, 1996). Quando o solo apresenta um elevado teor de potássio, sua absorção pela planta pode ser quatro vezes maior que a de nitrogênio (Padilha, 1998). Entre as várias funções que o potássio exerce nas plantas, citam-se melhor eficiência de uso da água, em conseqüência do controle da abertura e fechamento dos estômatos, maior translocação de carboidratos produzidos nas folhas para os outros órgãos da planta, maior eficiência enzimática e melhoria da qualidade comercial da planta (Yamada, 1995). Verifica-se também que o potássio aumenta a resistência natural da parte aérea das hortaliças às doenças fúngicas, às pragas, ao acamamento, além de contrabalancear o efeito contrário causado pelo excesso de nitrogênio (Filgueira, 2000). No entanto o excesso de potássio desequilibra a nutrição das hortaliças, dificultando a absorção de cálcio e magnésio (Grassi, s.d.). O potássio também é requerido para a síntese protéica em plantas e, quando deficientes, essas apresentam menor acúmulo de compostos nitrogenados. Dessa forma, o adequado aproveitamento de compostos nitrogenados depende, também, de um eficiente suprimento de potássio às plantas (Lopes & Guilherme, 1992). Com o objetivo de avaliar a influência de doses de potássio na produção de alface americana, desenvolveu-se este experimento. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção São Manuel pertencente ao Departamento de Produção Vegetal/Horticultura da FCA-UNESP, Campus de Botucatu. As mudas foram produzidas com a cultivar Raider, em bandejas de 128 células preenchidas com o substrato composto por 1200 litros de solo de barranco, 600 litros de casca de arroz carbonizada, 600 litros de húmus, 4,8 kg da fórmula 4-14-8 e 4,8 kg de Yoorin + B e Zn. O transplante das mudas foi realizado aos 10 dias de setembro 2002, quando estas apresentavam cerca de 4-5 folhas definitivas (29 dias após a semeadura), em canteiro de 1,2 m, no espaçamento de 0,35 x 0,35 m. O solo da área utilizada é de textura arenosa, pH (CaCl2) 5,7; M.O. (g.dm-3) 8; P (mg.dm-3) 37; K (mmolc.dm-3) 1,0; Ca (mmolc.dm-3) 20; Mg (mmolc.dm-3) 8; H+Al (mmolc.dm) 15. A adubação de plantio, com exceção ao potássio, foi realizada conforme Trani et al. 3 (1997). Os tratamentos consistiram em cinco doses de potássio (0, 60, 120, 180, 240 kg/ha), sendo aplicado em três coberturas (50% aos 4 dias + 25 % aos 15 dias + 25% aos 30 dias após o transplante), utilizando cloreto de potássio. Para a adubação nitrogenada utilizou-se 150kg/ha de nitrogênio, utilizando nitrato de cálcio. A irrigação foi realizada por aspersão. O experimento foi realizado em blocos ao acaso, com cinco tratamentos, cinco repetições e com 28 plantas por parcela, sendo consideradas como área útil as quatro plantas centrais e as demais como bordadura. A colheita foi realizada 85 dias após a semeadura e avaliou-se produção total e produção e diâmetro da cabeça. RESULTADOS E DISCUSSÃO As doses de potássio influenciaram as produções total e de cabeça da alface americana. Houve um aumento linear significativo na produção total e de cabeça com o aumento das doses (Figura 1 e 2), ou seja, as maiores doses (120, 180 e 240 kg/ha) apresentaram acréscimo de produção. Ao comparar com os resultados obtidos por Mota et al (2001), em que observaram redução da produção da cultivar Lorca com doses de cloreto de potássio acima de 300 kg/ha (180 kg/ha de K2O) e Souza (2000) que não observou efeito da adubação potássica na produção da cultivar Tainá, pois nestes foram utilizados solos que apresentavam alto nível desse elemento. Produção total (g/planta) 800 600 400 y = 1,0002x + 383,84 R2 = 0,9906* 200 0 0 60 120 180 240 Doses de potássio (kg/ha) Produção de cabeça (g/planta) Figura 1. Produção total de alface americana em função de doses de potássio. São Manuel- SP, FCA/UNESP. 400 300 200 y = 0,6248x + 217,7 R2 = 0,7864* 100 0 0 60 120 180 240 Doses de potássio (kg/ha) Figura 2. Produção de cabeça de alface americana em função de doses de potássio. São Manuel- SP, FCA/UNESP. O diâmetro da cabeça da alface também foi influenciada significativamente pelas doses de K2O. As doses 120 e 180 promoveram maior diâmetro que as menores doses (Figura 3), o que de certa forma é bastante interessante pois, Bueno (1998) cita que uma das características em que o consumidor se baseia para a aquisição da alface americana é o tamanho da cabeça, portanto é a característica mais importante. Diante dos resultados obtidos novos experimentos estão sendo planejados Diâmetro (cm/planta) utilizando doses e outras fontes de potássio. 14 13,5 13 12,5 y = -7E-05x 2 + 0,0219x + 11,684 R2 = 0,8913* 12 11,5 0 60 120 180 240 Doses de potássio (g/ha) Figura 3. Diâmetro de cabeça de alface americana em função de doses de potássio. São Manuel- SP, FCA/UNESP. LITERATURA CITADA BUENO, C.R. Adubação nitrogenada em cobertura via fertirrigação por gotejamento para a alface americana em ambiente protegido. Lavras: UFLA, 1998. 54p. (Dissertação – Mestrado em Agronomia). FAQUIM, V. Nutrição mineral de plantas. Lavras: Esal-Faepe, 1994. 227p. FAQUIM, V. FURTINI NETO, A.E., VILELA, L.A.A. Produção de alface em hidroponia. Lavras: UFLA, 1996. 50p. FILGUEIRA, F.A.R. Cucurbitáceas: a família da abóbora. In: Manual de Olericultura; cultura e comercialização de hortaliças. 1 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2000. p.346-350. GRASSI, H. Nutrição mineral de plantas. Mimiográfado, s.d. LOPES, A.S., GUILHERME, L.R.G. Uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas: aspectos agronômicos. 2ed. Ver. E atual. São Paulo: ANDA, 1992. 64p. (ANDA, Boletim técnico 4). MOTA, J.H., SOUZA, R.J., SILVA, E.C., CARVALHO, J.G., YURI, J.E. Efeito do cloreto de potássio via fertirrigação na produção de alface americana em cultivo protegido. 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