Efeito da cobertura morta sobre a produção de alface

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Efeito da cobertura morta sobre a produção de alface crespa, cultivar
Cinderela, em Várzea Grande-MT.
Adriana
Quixabeira
1
Machado1;
Marcelo
Eduardo
Pasqualotti1;
Alessandro
1
Ferronato ; Anderson Luis Cavenaghi .
1
UNIVAG Centro Universitário, GPA de Ciências Agrárias e Biológicas - Curso de Agronomia. e-mail:
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes tipos de cobertura morta
sobre a produção de alface. Adotou-se delineamento experimental em blocos ao acaso,
com três repetições e oito tratamentos, constituídos por sete tipos de cobertura morta
(casca de arroz, capim brachiaria, serragem de madeira, capim elefante, palha de milho,
capim decumbens, grama picada) e a testemunha (ausência de cobertura morta). Foram
avaliadas a produção total, produção comercial, rendimento de colheita, peso fresco
comercial, diâmetro da planta e número de folhas. De acordo com os resultados obtidos
conclui-se que as coberturas mortas serragem de madeira e palha de milho mostraram-se
mais eficientes na produção de alface crespa, cultivar Cinderela.
Palavras-chave: Lactuca sativa, proteção do solo, produção total, rendimento de colheita.
ABSTRACT
Effect of mulching on the production of crisp leaf lettuce, cultivar Cinderela, in
Várzea Grande-MT.
The aim of this work was to evaluate the effect of different mulches on lettuce production.
The experimental design was a randomized blocks with three replications and eight
treatments, consisting of seven different mulches (rice husk, brachiaria grass, sawdust,
elephant grass, corn straw, decumbens grass, cut grass) and control (absence of
mulching). The total yield, commercial production, crop yield, commercial fresh weight,
diameter of the plant and number of leaves were evaluated. According to the results it was
concluded that the mulching, sawdust and corn straw were the most efficient treatment in
the crisp lettuce production, cultivar Cinderela.
Keywords: Lactuca sativa, soil protection, total production, crop yield.
INTRODUÇÃO
A alface é a hortaliça folhosa mais importante na alimentação do brasileiro, o que
assegura a essa cultura, expressiva importância econômica. Em função da alta
perecibilidade e pouca resistência ao transporte, seu cultivo ocorre próximo aos centros
consumidores, sendo produzida nas mais variadas regiões do Brasil, ao longo do ano,
para atender a estes mercados. A alface é originária de regiões de clima temperado, o
que limita a expressão do seu potencial produtivo em climas tropicais (Setúbal & Silva,
1992). O cultivo de alface sob temperaturas elevadas (> 20ºC) pode apresentar como
conseqüências o pendoamento precoce e a baixa produtividade (Andreani Junior &
Martins, 2002). Entre as técnicas que visam a aumentar a produção e melhorar a
qualidade da alface destaca-se a cobertura morta do solo. A proteção do solo, tanto com
cobertura plástica como com restos vegetais, tem sido explorada devido as seguintes
vantagens: reduz a evaporação da água na superfície do solo; diminui as oscilações de
temperatura do solo (Bragagnolo & Mielniczuk, 1990; Muller, 1991 citado por Resende et
al., 2005); permite o controle de plantas invasoras; obtém maior precocidade da colheita e
aumenta os rendimentos (Salvetti, 1983; Muller, 1991 citado por Resende et al., 2005). A
proteção da superfície do solo com resíduos vegetais é um dos meios mais efetivos para
aumentar a infiltração de água, reduzir as perdas por erosão devido à diminuição do
impacto direto das gotas de chuva, por lixiviação dos nutrientes e a compactação do solo
(Alves et al., 1995).
A utilização da cobertura do solo no cultivo da alface tem se mostrado fator
determinante no aumento da produção e na qualidade do produto. No entanto, para que a
utilização da cobertura seja viável é preciso que novas alternativas de cobertura,
disponíveis na região de cultivo, sejam avaliadas.
Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes tipos de
coberturas mortas do solo sobre a produção de alface.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no campo experimental do UNIVAG – Centro
Universitário, em Várzea Grande – MT, no período de abril a julho de 2007. Adotou-se
delineamento experimental em blocos ao acaso, com três repetições e oito tratamentos,
constituídos por sete tipos de coberturas mortas (casca de arroz, capim brachiaria,
serragem de madeira, capim elefante, palha de milho, capim decumbens, grama picada) e
a testemunha (ausência de cobertura). Cada parcela foi constituída de quatro linhas de
2 m, conduzidas no espaçamento de 0,25 m x 0,25 m. As coberturas mortas foram
distribuídas em toda a superfície dos canteiros, formando uma espessura de 2 cm sobre o
solo.
As mudas de alface crespa, cultivar Cinderela, foram produzidas em bandejas de
isopor de 128 células, contendo o substrato comercial Plantmax®, sendo transplantadas
para o local definitivo, no canteiro, quando apresentaram três a quatro folhas definitivas.
A adubação consistiu na aplicação de 400 kg.ha-1 de P2O5, 120 kg.ha-1 de K2O e
150 kg.ha-1 de N, na forma de superfosfato simples, cloreto de potássio e sulfato de
amônio, respectivamente, e 40 t.ha-1 de esterco bovino. A irrigação por aspersão
convencional (aspersores de média pressão) foi realizada duas vezes ao dia, diariamente,
até a colheita.
A colheita para avaliação da produção total, produção comercial, rendimento de
colheita, peso fresco comercial, diâmetro da planta e número de folhas foi realizada
quando as plantas atingiram o máximo desenvolvimento (43 dias após o transplantio das
mudas), porém apresentando as folhas ainda tenras, com bom sabor e sem nenhum sinal
de pendoamento.
Os valores das características avaliadas foram submetidos à análise de variância,
utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). As médias foram comparadas
pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todas as características avaliadas foram influenciadas pela cobertura do solo, com
exceção do rendimento de colheita e do número de folhas. Os tratamentos com
coberturas mortas foram superiores a testemunha (ausência de coberturas mortas), ou
seja, todas as coberturas mortas mostraram-se eficientes na produção de alface. Tal
resultado comprova os benefícios das coberturas mortas do solo para a produção de
alface (Maluf et al., 2004; Maia Neto, 1988 citado por Carvalho et al., 2005).
Dentre as coberturas mortas avaliadas, os melhores resultados foram observados
com a serragem de madeira e a palha de milho, que apresentaram as maiores produções,
total e comercial, sendo verificada diferença significativa entre elas apenas na produção
comercial, com destaque para a serragem de madeira (Tabela 1).
Houve um ganho na produção total de 50,22% e 44,77%, respectivamente, para a
serragem de madeira e a palha de milho, em relação ao tratamento testemunha (ausência
de coberturas mortas), e na produção comercial de 53,23% e 43,94%, respectivamente
(Tabela 1). Andrade Júnior et al. (2005) verificaram maior produção total e comercial de
alface com o uso de palha de café, com ganhos de 77,43% e 77,19%, respectivamente,
em relação às coberturas casca de arroz, plástico preto, capim brachiária seco e solo sem
cobertura (testemunha), que não diferiram entre si.
Ao avaliar o efeito das coberturas mortas sobre o comportamento de cultivares de
alface no município de Mossoró, Maia Neto (1988) citado por Carvalho et al. (2005)
verificou que as coberturas mortas proporcionaram aumentos na produção de plantas das
cultivares Brasil 221, Babá de Verão e Vitória.
Com relação ao peso fresco comercial da planta, a serragem de madeira foi a que
proporcionou a produção de plantas com maior peso, 531,78 g.planta-1 seguido pela palha
de milho com 499,58 g.planta-1 (Tabela 1). Ganhos de peso das plantas de alface também
foram verificados por Andreani Júnior & Galbiati Neto (2003), com o uso das coberturas
bagaço de cana e palha de arroz, que apresentaram plantas com peso médio de 710 e
669,5 g, respectivamente. No cultivo de alface, cultivares Regina e Elisa, Andrade Júnior
et al. (2005) verificaram que a cobertura morta com casca de café resultou na produção
de plantas com maior peso, em relação a casca de arroz, capim brachiária seco, plástico
preto e o solo sem cobertura. Por outro lado, Silva et al. (2004) não encontraram diferença
entre as coberturas mortas casca de café, palha de capim, bagaço de cana e a
testemunha quanto ao peso fresco de plantas de alface, cultivares Vitória de Verão e
Grand Rapids. Resultado semelhante foi observado por Carvalho et al. (2005), que
também não verificaram diferença no peso fresco de plantas de alface, cultivar Regina
2000, cultivadas sob as coberturas mortas capim, palha de arroz, palha de café e
serragem.
As coberturas mortas capim brachiária, serragem de madeira e casca de arroz
proporcionaram o desenvolvimento de plantas de alface com maior diâmetro, com médias
de 43,58 cm, 42,31 cm e 41,79 cm, respectivamente (Tabela 1). Esses resultados
discordam dos obtidos por Andrade Júnior et al. (2005) que não verificaram diferença no
diâmetro de plantas de alface cultivadas sob as coberturas casca de arroz, capim
brachiária, plástico preto e do solo sem cobertura, que foram inferiores a cobertura com
casca de café.
Para as condições em que foi desenvolvido o presente trabalho, concluiu-se que as
coberturas mortas serragem de madeira e palha de milho mostraram-se mais eficientes
na produção de alface crespa, cultivar Cinderela.
LITERATURA CITADA
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Tabela 1. Produção total (PT), produção comercial (PC), rendimento de colheita (RC),
peso fresco comercial (PFC) e diâmetro da planta (DP) de alface, em função
das coberturas mortas do solo (Total production, commercial production,
harvest yields, commercial fresh weight and plant diameter of lettuce, in
relation to soil mulching). Várzea Grande-MT. UNIVAG, 2007.
Coberturas mortas
PT
PC
RC
PFC
DP
(g.planta-1)
(t.ha-1)
(t.ha-1)
(%)
(cm)
Serragem de madeira
64,82 a
59,56 a
91,92 a
531,78 a
42,31 a
Palha de milho
62,47 a
55,95 b
89,65 a
499,58 b
38,50 b
Grama seca
59,22 b
52,67 c
88,94 a
470,28 c
38,72 b
Casca de arroz
58,20 b
52,90 c
90,91 a
472,34 c
41,79 a
Capim brachiária
52,58 c
48,86 d
92,94 a
436,27 d
43,58 a
Capim elefante
49,65 c
45,57 e
91,86 a
406,83 e
39,72 b
Capim panicum
49,16 c
45,17 e
91,91 a
403,33 e
38,44 b
Ausência de cobertura morta
43,15 d
38,87 f
90,11 a
347,08 f
35,01 c
CV (%)
4,41
3,56
2,26
3,56
4,14
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. (Means value followed by the same letters in column are not different at the 5% level of
probability according to Scott-Knott test).
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