Departamento de Química Fundamental Universidade Federal de Pernambuco Química Geral 1 – 2010/1 2a Prova – 13/05/2010 1 – O ponto de ebulição da água numa área com pressão atmosférica de 1atm é 100 oC . Suponha que uma região ciclônica (uma região de baixa pressão) move-se para a área. Descreva e explique o que acontece com o ponto de ebulição da água. Resposta: No ponto de ebulição, a temperatura é tal que a pressão de vapor do líquido está em equilíbrio com a pressão externa. Na região ciclônica, a pressão de vapor estará em equilíbrio com uma pressão inferior a 1 atm, isto é, a água entrará em ebulição a outra temperatura. A variação da pressão de vapor com a temperatura é descrita aproximadamente pela Equação de Clausius e Clapeyron, ln 0 P2 ∆ H vap = P1 R 1 1 − T1 T 2 . Na região de baixa pressão teremos P2 < 1 atm, e 0 P2 ∆ H vap portanto ln P < 0. Como a vaporização é um processo endotérmico, o termo será positivo, o R 1 1 1 que obrigará o termo − a ser negativo. Para isto, é necessário que T2 seja menor que T1, ou seja, T1 T 2 na região ciclônica a água entrará em ebulição a uma temperatura inferior a 100 oC. 2 – A variação da energia livre padrão para a reação N 2O4 ( g ) → 2 NO2 ( g ) é igual a 4,76 kJ mol-1 a 298K. a) Determine a constante de equilíbrio (K) para a reação. b) Se 2,95g de N2O4 e 0,76 g de NO2 são colocados em um balão de 2,0L a 298K, quais as pressões parciais no equilíbrio de N2O4 e NO2? Considere que N2O4 e NO2 são gases ideais. Resposta: N 2O4 ( g ) → 2 NO2 ( g ) ∆ Gr0 = 4,76 kJ mol − 1 a) ∆ Gr = ∆ Gr0 + RT ln Q ln K = − ∆G RT 0 r no equilíbrio ∆ Gr = 0 e Q = K logo: ( ) − 4,76 × 103 J mol − 1 = − 1,921 8,314 JK − 1mol − 1 × 298 K K = 0,146 ln K = K= ( aNO 2 ) 2 ⇒ a N 2 O4 a NO 2 = PNO2 P° e aN 2O 4 = PN 2 O4 P° onde P° = 1bar (pressao padrao) 2 PNO2 P° K= = 0,146 PN 2 O4 P° b) MM (N2O4) = 92 g mol-1 e MM (NO2) = 46 g mol-1 2,95 g = 0,0321mol 92 gmol − 1 0,76 g n( NO2 ) = = 0,0165mol 46 gmol − 1 n( N 2O4 ) = Calculando as pressões parciais iniciais: PV = nRT 0,0321mol × 0,08314 L bar K − 1mol − 1 298 K = 0,40bar 2L 0,0165mol × 0,08314 L bar K − 1mol − 1 298K = = 0,20bar 2L P( N 2O4 ) = P( NO2 ) 2 PNO2 P° (0,20) 2 Q= = = 0,10 PN 2 O4 (0,40) P° N2O4(g) 0,40 bar -x (0,40-x) inicio variação equilíbrio temos Q < K, logo a reação ira na direção do produto ⇄ 2 NO2(g) 0,20 bar +2x (0,20+ 2x) PNO2 P° (0,20 + 2 x) 2 K= = 0,146 = ⇒ 4 x 2 + 0,946 x − 0,0184 = 0 (0,40 − x) PN 2 O4 P ° x = 0,018 e ( x = − 0,254) Logo as pressões parciais no equilíbrio são: PNO2 = 0,20 + 2 x = 0,20 + ( 2 × 0,018) = 0,236 bar PN 2O4 = 0,40 − 0,018 = 0,382 bar 3 – A porcentagem de desprotonação do ácido benzóico (C6H5COOH), em uma solução 0,110 mol L–1, é 2,4%. Quais são o pH da solução e o Ka do ácido benzóico? Resposta: Reação de desprotonação do ácido benzóico: HA(aq) → A–(aq) + H+(aq), onde HA representa o ácido benzóico (C6H5COOH) e A– o benzoato (C6H5COO–). A porcentagem de desprotonação é: x × 100% = 2,4% = 0,024 ⇒ x = 0,024 × 0,110 = 2,64 × 10 − 3 mol L− 1 x0 Logo [A-] = [H3O+] = x = 2,64 × 10–3 mol L–1. [ H O+ pH = − log 3 C° ] = − log 2,63 × 10 1M −3 M = 2,6 . ou seja, pH = 2,6. Utilizando a relação estequiométrica e construindoos uma tabela de equilíbrio obtemos a constante de equilíbrio: HA(aq) Início x0 Variação –x Equilíbrio x0 – x ⇔ A–(aq) H+(aq) + 0 0* +x + x x x * desprezando-se a contribuição da autoprotólise da água, e, x0 é a concentração inicial do ácido benzóico, isto é, x0 = 0,110 mol L–1. Ka = a( A − ) a + ( H 3O ) a ( HA ) a ( H 2O ) [ ] − onde a ( A − ) = A 1M , a ( HA ) = [ HA] 1M ,a + ( H 3O ) = [H O ] + 3 1M [A − ] [H 3 O + ] × 1M 1M x2 Ka = = (0,110 − x) [HA] 1M (2,64 × 10 − 3 mol L− 1 ) 2 6,97 × 10 − 6 = = = 6,49 × 10 − 5 −3 −1 0,10736 (0,110 − 2,64 × 10 mol L ) ou seja, Ka = 6,5 × 10–5. e a ( H 2O ) = 1 (liquido puro) 4 – Calcule o pH de uma solução aquosa de cloreto de amônio (NH4Cl) 0,19 M. O cloreto de amônio é um sal de caráter ácido (cátion ácido). Espera-se pH abaixo de 7,0. Após a dissolução, o equilíbrio relevante é: NH4+(aq) + H2O(l) → H3O+(aq) + NH3(aq) A constante de acidez Ka é dada por: Kb = Kw/Kb = 10-14/1,8 x 10-5 = 5,5 x 10-10. Para saber o pH da solução resultante, devemos saber a concentração de íons H3O+. Para tal, devemos montar a tabela de equilíbrio para a reação acima representada: tabela de equilíbrio: NH4+ 0,19 -x 0,19-x Início Mudança Equilíbrio H3O+ 0 +x x NH3 0 +x x Ka = [NH3] [H3O+] = x . x = 5,5 x 10-10 [NH4+] 0,19-x Simplificando a equação e aproximando x a zero: x2 = 1,05 x 10-10; x = 1,02 x 10-5. Como x << 5% de 0,19 M, a aproximação é válida. Finalmente, para calcularmos pH: pH = - log [H3O+] = - log 1,02 x 10-5 = 5,00. Logo, o pH da solução aquosa de cloreto de amônio 0,19 M é 5,00. DADOS: ° P ∆ H vap ln 2 = R P1 1 1 − T1 T2 Ka × Kb = Kw ln P = ° ∆ Gvap ∆ G = ∆ G 0 + R T ln Q RT K ∆ H r° 1 1 ln 2 = − K R 1 T1 T2 pH + pOH = pKW R=8,314 J.K -1 .mol -1 =0,082 L.atm.K -1.mol -1 1 atm = 1,01325 x 105 Pa Ka Água (H2O) - Ácido fórmico ( HCOOH) 1,8 x 10 –4 Kb KW - 1,0 x 10–14 - - Metilamina (CH3NH2) 3,6 x 10–4 Amônia (NH3) 1,8 x 10-5 Carbonato de cálcio (CaCO 3) elemento Alumínio Bromo Califórnio Ferro Hidrogênio Lawrêncio Nitrogênio Oxigênio Kps 8,7 x 10–9 símbolo Massa Molar (g.m ol -1 ) Al Br Cf Fe H Lr N O 26,98 79,90 251 55,85 1,01 260 14,01 16,00 1 L atm = 101,325 J 1 torr = 133,3 Pa 1 bar = 10 5Pa Constantes de equilíbrio a 298K Substância pX = − log X