Uma nova e promissora técnica para eliminar erros refrativos - porém existem riscos Você já imaginou entrar em uma sala cirúrgica, deitar em uma maca, abrir os olhos e deixar que um oftalmologista manipule um incrivelmente preciso feixe de laser que remodela sua córnea em minutos, diminuindo ou literalmente anulando o “grau” corneano; então levantar e experimentar um admirável mundo novo, sem óculos ou lentes de contato. Veja figura 01. Pelo menos é o que nós oftalmologistas e mais importante nossos pacientes estão falando sobre um nova técnica de cirurgia refrativa chamada LASIK. LASIK é a abreviação do termo inglês “laser-assisted in situ keratomileusis”, e que poderá se tornar uma das mais populares cirurgias do planeta no próximos anos. O método de LASIK começou a ser utilizado em cirurgias oculares nesta década e utiliza a energia do excimer laser, que é uma forma de laser das mais conhecidas e seguras para correção de erros refrativos. O excimer laser foi originalmente criado em 1970 e era utilizado em outras áreas como informática e indústria alimentícia, e é chamado de “laser frio” pois não produz calor, nem queimaduras, simplesmente vaporiza a córnea, permitindo esculpir a córnea e modelar sua curvatura para eliminar as dioptrias ou “graus” da miopia, hipermetropia ou astigmatismo. O LASIK é antes de tudo uma nova tecnologia; até pouco tempo o excimer laser só era utilizado para outro tipo de cirurgia ocular a laser, o PRK (photorefractive keratectomy) A técnica do LASIK se baseia no uso de um delicado instrumento de corte chamado microcerátomo. Os cirurgiões fazem um corte, semelhante a uma “fatia” ou “lamela” nas camadas mais anteriores da córnea, deixando um dos lados desta “lamela” aderido a córnea, e delicadamente levantam esta “lamela” de tecido; então o excimer laser é aplicado remodelando a forma da córnea. A seguir a “lamela” é recolocada de volta ao lugar, como se fosse uma “tampinha de laranja”. Veja figura 02. Após um período de poucos dias, esta “lamela” é reintegrada com o restante da córnea. A técnica cirúrgica utilizada anteriormente o PRK era aplicado diretamente sobre o tecido corneano superficial, o que levava a um pós operatório doloroso e com tendência a uma cicatrização excessiva. Em virtude, da destruição do tecido corneano ser mínima com a técnica de LASIK, ocorre melhor cicatrização e com muito menos dor. A maioria dos pacientes enxergam claramente quase que imediatamente após a operação. Atualmente, o procedimento de LASIK é melhor indicado em pacientes adultos com graus estabilizados, com até 12 graus de miopia, 04 graus de hipermetropia e 05 graus de astigmatismo e que não possuam outros problemas oculares associados. Ainda não há consenso entre os oftalmologistas quanto a estas indicações. A presbiopia ou “vista cansada” que ocorre após os 40 anos de idade não é corrigida por esta técnica. Em 1999, aproximadamente 500.000 norte-americanos foram submetidos a um procedimento de LASIK- quase o dobro de 1998. No Brasil começamos a realizar as cirurgias a Laser em 1992,pela técnica do PRK e em 1994 com o LASIK, já temos aproximadamente 80 a 100 mil pacientes beneficiados com este avanço tecnológico. Geralmente 07 de 10 pacientes alcança 100% de visão sem o auxílio de correções ópticas adicionais. A maioria restante continuam aptos a dirigir sem lentes corretivas. Antes de se submeter a cirurgia de LASIK o paciente deve consultar o oftalmologista que fará um estudo completo do olho a ser operado: refração adequada, topografia e estudo de paquimetria da córnea, qualidade do filme lacrimal, o cristalino, estado da retina , pressão intraocular, entre outros. Apesar de todos cuidados discutidos acima, dissertaremos de algo fundamental a ser entendido pelo paciente que vai ser submetido a um procedimento de LASIK. A cirurgia de LASIK é um procedimento cirúrgico e possui todos os riscos atribuíveis a qualquer procedimento desta natureza. É um procedimento altamente satisfatório na maioria dos casos bem escolhidos, como discutido anteriormente. É importante enfatizar que 100% de visão não significa visão perfeita. O LASIK pode interferir na percepção de contrastes, escalas de cinza, os quais podem se tornar inaceitáveis para alguns pacientes. Quase todos os pacientes que fazem o LASIK referem algumas alterações visuais com halos e clarões geralmente à noite, quando o tamanho pupilar é maior, sendo que as queixas diminuem dentro de um período de seis meses. Em uma minoria de pacientes submetidos a LASIK pode ocorrer visão dupla e visão noturna muito ruim, que pode até impossibilitar dirigir carros à noite. Além do que, o oftalmologista pode acidentalmente cortar a lamela corneana de modo errôneo ou recoloca-lá causando dobras, o que causa diminuição da acuidade visual e que às vezes não podem ser corrigidas nem com o uso de óculos e lentes de contato. Em casos extremos transplante de córnea se faz necessário. Ainda não existem estatísticas confiáveis sobre as complicações pós-operatórias do LASIK. Alguns trabalhos mostram incidências destas complicações em torno de 01-05%, sendo uma das temíveis a infecção ocular e o descolamento de retina. Em torno de 10-15% dos pacientes devem se submeter a um se gundo procedimento, o chamado “retoque”, para alcançar a correção óptica desejada. Este segundo procedimento não é considerado uma complicação e sim um “complemento” da primeira sessão de LASIK. Na ausência de trabalhos de acompanhamento desta cirurgia a longo prazo, nada garante que novos tipos de complicações possam surgir nos próximos anos. O custo da cirurgia é variável , algo em torno de 500 dólares por olho em clínicas especializadas. Muitos outros tipos de novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para a correção de erros refrativos e novos procedimentos mais baratos e seguros estão por vir no próximos anos, porém se você não quer esperar todo este tempo, ou ainda está com dúvidas, procure seu oftalmologista de confiança, que é o único profissional gabaritado a esclarecer suas indagações e realizar o procedimento cirúrgico mais adequado para o seu caso, com a maior segurança possível.