FERNANDO HELENO PEREIRA LOMBALGIA POSTURALESTUDO DE CASO Monografia apresentada como requisito parcial à conclusão do Curso de Fisioterapia , Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Prof.8 Maria de Fátima Sipoli CURITIBA 2002 - -- -- - -- - - - - RESUMO A coluna lombar é o segmento que suporta maior peso no nosso corpo, além de ser um dos mais móveis, daí o fato das dores nesta zona sejam especialmente freqüentes. A lombalgia torna-se crônica nas pessoas que não resolveram suas causas nas primeiras crises, tendo um início impreciso com períodos de melhora à piora. Suas causas podem ser doenças infecciosas, metabólicas e tumores, mas, na maioria das vezes origina-se por uma sobrecarga dos ligamentos da coluna, produzida por desgaste dos discos intervertebrais, defeitos congênitos, enfraquecimento da musculatura ou posturas inadequadas no trabalho ou prática esportiva/A fisioterapia tem papel importante no tratamento da lombalgia posturaI, através da utilização da eletroterapia como método antálgico e de um programa de exercícios de alongamento e fortalecimento de musculaturas específicas para que haja um reequilíbrio entre grupos musculares, o que traz de volta ao paciente a postura alinhada e a capacidade funcional normal. Palavras-chaves: coluna lombar, lombalgia, eletroterapia. vi - - AUTOR: FERNANDO HELENO PEREIRA TíTULO: LOMBALGIA POSTURAL - ESTUDO DE CASO TERMO DE APROVAÇÃO Esta monografia foi aprovada como requisito parcial para obtenção de grau de Fisioterapia. No curso de Fisioterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná. o examinado foi aprovado com a nota BANCA EXAMINADORA I NOME Curitiba ASSINATURA de de ii AGRADECIMENTOS À Deus, por estar sempre ao meu lado mostrando que a força de que preciso reside dentro de mim. Aos meus pais, por me oferecerem sempre as melhores oportunidades de estudo. Ao meu irmão e meus amigos pela atenção e companheirismo. À orientadora Prof.aMaria de Fátima Sipoli, pela confiança. iii -- SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS RESUMO v vi ABSTRACT ...vii 1 2 2.1 2.1.1 2.2 2.3 2.4 2.4.1 2.4.2 2.4.3 2.5 2.5.1 2.5.1.1 INTRODUÇÃO 1 REVISÃO DA LITERATURA 2 ANATOMIA 2 Ossos e Ligamentos 2 MÚSCULOS 5 ATIVIDADE ESTÁTICA ... 7 LOMBALGIA 7 Atividade Estática ... 7 Atividade Dinâmica 10 Diagnóstico 11 TRATAMENTO 14 Eletroterapia... 14 TENS - Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) 14 2.5.1.2 Contra-indicações 15 2.5.2 Cinesioterapia: Exercícios 16 3 CAsuíSTICA E MÉTODOS 25 4 DiSCUSSÃO 28 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS 29 CONCLUSÃO 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFiCAS 31 ANEXOS 31 ANEXO 1- TERMO DE CONSENTIMENTO 31 AN EXO 81- FICHA DE AVALIAÇÃO 32 iv LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - UNIDADE FUNCIONAL 3 FIGURA2 - VÉRTEBRALOMBAR o FIGURA 3 - DETALHE: NÚCLEO POLPOSO FIGURA 4 - ANATOMIA DOS MÚSCULOS SUPERFICIAIS LOMBARES FIGURA 5 - HIPEREXTENSÃO DA COLUNA VERTEBRAL FIGURA 6 - CURVATURA NORMAL DA COLUNA FIGURA 7 - HIPERLORDOSE LOMBAR FIGURA 8 - ROTAÇÃO DA BACIA PARA TRÁS FIGURA 9 - CABEÇA CONTRA JOELHOS FIGURA 10- JOELHOS CONTRA O PEITO SEM AuxíLiO DAS MÃOS FIGURA 11 - JOELHO OPOSTO NO COTOVELO FIGURA 12 - ROTAÇÃO DA COLUNA LOMBAR FIGURA 13 - ROTAÇÃO COM CONTRAÇÃO LATERAL FIGURA 14 - EXTENSÃO MÁXIMA DO JOELHO FIGURA 15 - ALONGAMENTO DO MEMBRO FIGURA 16 - EXTENSÃO DAS COXAS FIGURA 17 - EXERCíCIO EM DORSO DE GATO FIGURA 18 - BÁSCULA DE BACIA EM PÉ v 4 4 6 8 9 12 16 17 18 18 19 20 21 21 22 22 23 ABSTRACT The lumbar column is the segment that supports greater weight in our body besides being one of most mobile, from there the fact of pains in this zone is especially frequent. The lombalgy becomes chronic in the people who had not decided its causes in the first crises, having an inexact beginning with periods of improvement to the worsening. Its causes can be infectious, metabolic iIInesses and tumors, but, in the majority of the times originate for an overload of the ligaments of the column, produced for consuming of intervertebral records, congenital defects, weakness of the musculature or inadequate positions in the work or sportive practice.The Phisiotherapy has important paper in the treatment of the chronic lombalgy, through the use of the eletrotherapy as analgesic method and of a program of allonge exercises and strenchness of specific musculature so that it has an equilíbrium between antagonistic muscular groups, what it brings in return to the patient the lined up position and the normal functional capacity. Keywords: lumbar column, lombalgy, eletrotherapy. vii 1 INTRODUÇÃO o presente estudo tem como objetivo geral o aprofundamento intelectual e a informação sobre o campo da lombalgia postural, além de relatar a utilização de um protocolo de tratamento para esta patologia analisando seus resultados, servindo como experiência e fonte de pesquisa a estudantes e profissionais da área e a quem mais possa interessar. Especificamente, este estudo tem como objetivos a verificação da utilização da prática de um protocolo de alongamentos, colocando em teste a sua eficácia, assim como da utilização de fortalecimento de cadeias musculares específicas e eletroanalgesia em combate à lombalgia postura!. -- 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 ANATOMIA 2.1.1 Ossos e Ligamentos A coluna vertebral, que dá sustentação estática e funcionalidade cinética ao homem moderno ainda deve ser considerada em evolução e adaptação do corpo humano às forças da gravidade. A coluna lombar é articulada por unidades hidráulicas superpostas interdependentes, carregada excentricamente e capaz de suportar grandes pesos. Cada unidade funcional é composta por dois segmentos: o anterior, que contém dois corpos vertebrais (Fig. 1) sobrepostos um ao outro, separados por um "disco" e o segmento posterior, composto por duas articulações. O segmento anterior é uma estrutura de sustentação, suporte de peso e amortecedora de choques, enquanto o segmento posterior é apenas uma guia direcional que não suporta peso. A porção anterior da unidade funcional é composta por dois corpos vertebrais cilíndricos, com extremidades cefálicas e caudais achatadas, próprias para sustentação de esforços compressivos extremos. Esses dois corpos vertebrais são separados por um disco intervertebral: um sistema hidráulico completo que absorve choques e permite uma compressão transitória, além de movimento, devido ao deslocamento de líquido dentro do continente elástico (Fig. 2). A parede do disco ou anel é uma rede fibro-elástica entrelaçada que encapsula a matriz do disco (núcleo pulposo), cercada entre um solo e um teto compostos pelas superfícies terminais das vértebras. O fluido contido no anel envolvente é um gel coloidal e pela sua própria fluidez tem todas as características de um sistema hidráulico (Fig. 3). Com o envelhecimento do disco, ou seqüela de uma lesão, os elementos fibrosos aumentam relativamente na sua composição, trazendo uma perda de elasticidade e diminuindo o coxim hidráulico. Após as primeiras décadas o conteúdo hídrico do disco se perde dos seus 3 80% iniciais, pela diminuição da capacidade de fixar água (decréscimo da proteína polissacarídea acarretando perda adicional das propriedades de osmose e absorção; após a segunda década o disco perde também a sua vascularização, passando, na terceira década a ser nutrido pela difusão de linfa através das placas terminais das vértebras. A resistência da coluna vertebral ao esforço é aumentada ainda pelos ligamentos vertebrais que correm longitudinalmente ao longo da coluna vertebral e por suas fixações, restringem a movimentação excessiva da unidade em qualquer direção além de evitar qualquer deslizamento significativo. Em sua posição, os ligamentos encapsulam o disco e reforçam o anel, sem perda de sua elasticidade fisiológica. Todo o disco está encapsulado anteriormente pelo ligamento longitudinal anterior e posteriormente pelo ligamento longitudinal posterior. O invólucro do disco é completado póstero-Iateralmente pelos pedículos do arco vertebral. FIGURA1 - UNIDADEFUNCIONAL Q \li Q Q. Q Q. Q Q.) 1.1 ::I Z Laminas de Cartilaaem Fonte: WEEKER, J.E. Miologia, 2002. 4 FIGURA 2 - VÉRTEBRA LOMBAR Fonte: WEEKER, J.E. Miologia, 2002. FIGURA 3 - DETALHE: NÚCLEO POLPOSO Laminas de Cartilagem Nudeo polposo Fonte: WEEKER, J.E. Miologia, 2002. 5 CAILLlET (1979, p. 6) refere-se ao ligamento longitudinal posterior afirmando que: o fato do ligamento longitudinal posterior ser íntegro ao longo de toda a coluna vertebral até o seu extremo caudal, chegando à região lombar, tem um significado funcional e potencialmente patogênico. Ao nível da primeira vértebra lombar (L1) principiaa se estreitar progressivamente até que ao alcançar o espaço intervertebral entre a última lombar (L5) e a primeira sacra (51) tem metade de sua largura original. Esse derradeiro reforço ligamentoso posterior estreito contribui para a fragilidade estrutural inerente ao nível onde há maior tensão estática e maior movimentação da coluna produzindo maior distensão cinética (L5-51). A porção posterior da unidade funcional é composta por dois arcos vertebrais, dois processos transversos, um processo espinhoso central e posterior e duas facetas uma inferior e outra superior, que trata-se de duas articulações emparelhadas, que orientam o sentido do movimento entre duas vértebras adjacentes. Na porção posterior do canal vertebral está localizado o ligamento amarelo, unindo as lâminas das vértebras. A espessura desse ligamento, que auxilia na manutenção da postura ortostática sem esforço muscular, aumenta progressivamente da coluna cervical para a lombar. Há, ainda, os ligamentos vertebral comum anterior e posterior, este último a mais fraca estrutura ligamentar, favorecendo a ruptura do disco posteriormente às vértebras. 2.2 MÚSCULOS Posteriormente, a coluna lombar é apoiada por músculos que são classificados em três tipos de acordo com as suas ligações. Os músculos do primeiro tipo ligam vértebras consecutivas e agem nos segmentos de movimento isolado (intertransversários e interespinhais). Os do segundo tipo prendem a coluna lombar ao sacro e ao osso ilíaco (multífido e fibras lombares do longo dorsal e ílio costal). Do terceiro tipo são os que surgem de níveis torácicos e inserem-se no sacro. Os músculos intersegmentares exercem inclinação lateral e rotação sagital - -- 6 negativa nos seus respectivos segmentos de movimento. O multífido é o maior rotador sagital negativo da coluna lombar, sendo auxiliado nesta ação pelas fibras lombares do músculo longo e íliocostal. Estes três últimos músculos também acentuam a lordose lombar, através de um efeito corda de arco. As fibras lombares dos dois últimos realizam também a inclinação lateral. Apesar de a principal ação dos músculos lombares ser a extensão da coluna lombar, a extensão ativa é uma atividade incomum na vida diária. Mesmo quando desejado, como no caso de se olhar por cima, a extensão é, para a maioria, atingida passivamente, através da ação da gravidade (BOGDUK, citado por GRIEVE ,1994 p. 144). Os grupos de músculos que mais contribuem para o movimento toracolombossacral, como fiexores, são o reto anterior do abdome, grande oblíquo, pequeno oblíquo, piramidal, psoas maior e menor (fig). Os extensores são o longo dorsal, espinhal do tronco, iliocostal lombar, multífido, rotador, interespinhal e quadrado lombar. A ação muscular que produz a inclinação lateral do tronco e sua rotação são menos compreendidas, mas provavelmente envolvem combinações de muitos dos músculos anteriormente citados. FIGURA 4 - ANATOMIA DOS MÚSCULOS SUPERFICIAIS LOMBARES Músculoquadf~fombu ?Moxo lombar L5 F'-1ÚsouloilÍ,aoo "',..-;; 'I . ~~, . Trocant."maiordofêmur MúsculO iIiopsoos di'igo-.e p05'e-riormtntf'~rbin5erir.~ notrocan~1'I\f'hOJ -'--E.plnho nrte. 'o...porio< TroOOO$ lornboi&:iCfii. ~ / Ner.ofomol'l~ , _ , Corpo (diãfise)doMmur - ( ...r ' ; ~ I-~ I RamoS\lptt~ do 0$$0 pÚblico I Bolsdiopectí n.. Fonte: WEEKER, J.E. Miologia, 2002. Ligomonto lliofomc,..1 d""loul.~do quidril(Iig.monto.m Ydo8igelow) 7 2.3 ATIVIDADE ESTÁTICA Distinguem-se duas formas de esforço muscular: o trabalho muscular dinâmico (rítmico) e o trabalho muscular estático (postural). 2.4 LOMBALGIA 2.4.1 Atividade Estática o trabalho estático é caracterizado pela contração da musculatura de forma prolongada, ou seja, trabalho de manutenção de postura. Mesmo sendo a postura um conceito dinâmico, pois o corpo fica por pouco tempo estático, em muitas atividades pode-se observar contrações isométricas na manutenção da postura. A atividade onde seja necessária a manutenção da mesma postura em períodos longos deve ser evitada por ser causadora de grande fadiga. O centro de gravidade dos segmentos corporais devem estar sempre verticalmente acima da base de sustentação e próximo ao centro. Caso os ligamentos estejam submetidos a uma contração muscular excessiva para se manter em equilíbrio este princípio estará sendo violado (Rash & Burke, 1987 apud ALENCAR, 2001, p. 12). A inclinação da pelve faz com que as vértebras lombares inferiores fiquem em uma posição que faça que as vértebras superiores deslizem sobre as inferiores (anteriormente). A hiperextensão da coluna vertebral acontece devido à ação dos músculos eretores, o reto femoral, o tensor da fáscia lata e os ligamentos ísquios tibiais. 8 FIGURA 5 - HIPEREXTENSÃO DA COLUNA VERTEBRAL Fonte: BERNAL. A. Tratamentos, 2002. Os abdominais são os principais músculos que contrabalançam estes efeitos. Os músculos abdominais podem estar enfraquecidos por falta de uso, o que pode levar a uma postura viciosa onde o centro do corpo se coloca para trás dos corpos das vértebras lombares inferiores sendo a tendência desse deslocamento progressiva (curvatura lordótica). A gravidade é a principal força capaz de alterar este equilíbrio. Se qualquer parte do corpo estiver fora do alinhamento vertical, o peso necessita ser contrabalançado por outro segmento do corpo provocando sobrecarga geral no mesmo. O trabalho estático, quando aliviado ou evitado permite mudanças posturais reduzindo as contrações estáticas dos músculos. Isso pode ser conseguido pelo posicionamento adequado de peças, utensílios ou ferramentas elou apoios para partes do corpo. As pausas freqüentes e de curta duração também são muito importantes para o alívio da fadiga e o relaxamento muscular (lida, 1995, apud --- 9 ALENCAR, 2001, p. 13). A lombalgia na postura estática pode ser decorrente em alguns dos seguintes fatores: a) pressão de disco intravertebral; b) fadiga muscular; c) condução elétrica de estímulos. A lombalgia estática, prevalente, decorre da acentuação da lordose, ou seja, o peso é sustentado pelas articulações vertebrais o que leva ao estiramento dos forames intervertebrais, causando a compressão das raízes nervosas e originando a dor (Kottke & Lehmann,1994, apud ALENCAR, 2001, p. 14). FIGURA6 - CURVATURANORMALDA COLUNA CERVICAL LORDOSE TORÁCICA CIFOSE LOMBAR LORDOSE SACRO..cÓCCIX CIFOSE Fonte: BERNAL, A. Tratamentos, 2002. As sobrecargas no âmbito lombar são decorridas da extensão prolongada do tronco a qual força o núcleo pulposo, o qual posteriormente comprime o ligamento longitudinal e com possibilidade de afetar as raízes nervosas que passam pelos forames intervertebrais. De qualquer modo a contração contínua existe no trabalho estático por haver necessidade de se manter determinada posição. Na atividade isométrica ocorre aumento da tensão que provoca vasoconstrição periférica, dificultando assim o transporte de oxigênio levando ao aumento drástico da resistência periférica total, que é proporcional à capacidade de força máxima exercida. A atividade do sistema nervoso simpático a pressão arterial 10 e o débito cardíaco aumentam na tentativa de restaurar o fluxo sangüíneo muscular. A pressão intramuscular aumenta durante o esforço contrátil de forma acentuada com um mesmo comprimento do músculo. Esse aumento faz com que ocorra a diminuição e até mesmo a interrupção de fluxo sangüíneo muscular. A energia para a contração muscular, nesse caso, deve-se a mecanismos anaeróbios. A ísquemia muscular faz com que haja vasodilatação do leito muscular, quando o fluxo retoma a demanda local de 02 e o fluxo sangüíneo aumentam, repondo a falta de 02 durante a atividade. 2.4.2 Atividade Dinâmica o risco relativos a lombalgias, segundo estudos, estão relacionadas a atividades dinâmicas principalmente quando as tarefas exercidas exigem velocidade nos movimentos de rotações e inclinação lateral de tronco (Granata et aI.,1995, apud ALENCAR, 2001, p. 14). Kumar et aI. (1998, apud ALENCAR, 2001 p. 14) relatam em seu estudo epidemiológico em um grupo de trabalhadores no qual a rotação I torção do tronco foi o terceiro movimento mais comum do corpo em indivíduos com lombalgias. Nesses movimentos, a região torácica em geral elimina a rotação axial e restringe o movimento na coluna lombar, permitindo a justaposição das superfícies zigoapofisiárias. Pearcy (1993, apud ALENCAR, 2001, p.14) cita que enquanto a torção é limitada na região da coluna lombar permitindo aproximadamente 2a em cada articulação intravertebral ,quando a coluna está em uma posição fletida, ela "abre" a articulação zigo-apofisiária, permitindo um maior ângulo de torção, o que permite, nestas condições, o aumento de esforço das fibras anulares póstero- laterais, aumentando o risco de lesões. O indivíduo, possuindo maior força na região lombar, faz com que a mesma tenha um caráter preventivo, pois há melhor distribuição das forças na região. A utilização dos membros superiores deve ser levada em consideração ao se analisar os movimentos dinâmicos, uma vez que a utilização dos mesmos (conforme o ângulo de utilização) pode promover interferência das articulações escápulotoráxicas, acrômio-clavicular e estemocosto-clavicular, interferindo no sistema de alavancas em determinados movimentos. 11 2.4.3 Diagnóstico o diagnóstico mais preciso da lombalgia se dará através da história clínica e do exame físico. Na história clínica, ou anamnese ocorre a descrição das características da dor que o paciente sofre. Palavras como queimadura e pontada podem definir, além do tempo, freqüência e localização, se a dor é aguda ou crônica. A dor crônica tem períodos de melhora e de crise reincidente alternados; sua localização é imprecisa e vem de um período mais longo do que a dor aguda. Esta vem de um período recente. Após localizar a dor procura-se saber o "quando" e o "como" do mecanismo álgico. A descrição de quando em relação à hora e ao tipo do trabalho ou atividade pode denotar a lombalgia ocupacional (por movimentos incorretos de uma coluna normal, movimentos corretos de uma coluna anormal ou movimentos corretos de uma coluna normal, porém, despreparada para realizar o movimento a que têm se destinado. A descrição do paciente sobre a hora e a maneira de quando e como diferencia a natureza estática da cinética da dor. No Exame Físico tenta-se reproduzir por ações e movimentos os sintomas do paciente. Começa aí a avaliação da postura (coluna estática). O início se dá com o paciente de perfil, e o examinador deve concentrar sua atenção especialmente na curvatura lombar, a curva oposta da coluna dorsal e a posição relativa dos quadris, joelhos e pés em relação à um fio de prumo imaginário da gravidade. Apesar de não dar-se ênfase à coluna cervical, é importante incluí-Ia no conjunto da postura, pelo fato de possíveis compensações de uma curvatura adaptar-se à outra. Assim, se tivermos uma hiperlordose lombar, poderemos ter uma hipercifose dorsal e uma hiperlordose cervical, todas patológicas e compensatórias, buscando uma distribuição do peso corporal alinhada ao centro de gravidade corporal. O exame posterior ao da coluna deve ser ao nível da pelve, avaliando o comprimento das pernas (mensuração), que são a sustentação da posição ereta. A diferença de tamanho dos membros inferiores (geno valgo ou varo, poliomielite, fratura, etc) pode ser a causa de um desequilíbrio muscular desencadeador da lombalgia. O nível pélvico é examinado através das bordas das cristas ilíacas do paciente e é importante pois determina o alinhamento da coluna. 12 FIGURA 7 - HIPERLORDOSE LOMBAR ~. L-\ r( ri / / ,1 / v< \. f I: , .. J I /. Fonte: BERNAL, A. Tratamentos, 2002. Outro exame é pedir ao paciente que se incline para frente tentando tocar os artelhos, sem a flexão dos joelhos, avaliando-se assim a liberdade permitida à rotação ântero-posterior nas articulações coxo-femorais e a rigidez dos músculos ísquio-tibiais que, se inelásticos restringem a rotação ântero-posterior da pelve bilateral e simetricamente. Observa-se nesse momento a uniformidade da curvatura da coluna como um todo, determinando encurtamentos e alongamentos exacerbados de diferentes regiões musculares. Se houver dor durante o teste o paciente deve indicar o momento e a localização, para uma melhor definição do mecanismo álgico. É importante também observar o movimento de re-extensão, observando compensações e dificuldades ou até mesmo a dor que o paciente possa referir. O teste especial de Laségue (em decúbito dorsal, elevar o membro inferior a 30° com extensão de joelho, enquanto o outro membro permanece em extensão e relaxado) também reflete o grau de elasticidade dos músculos ísquio-tibiais, além de diagnosticar outra patologia, se houver dor ou parestesia: a lombociatalgia, que trata-se de lombalgia com irradiação de dor para membros inferiores através do trajeto do nervo ciático, ou isquiático. Esta patologia pode ser uma evolução da -- - 13 lombalgia quando suas causas não são tratadas com eficiência, ou em casos em que ocorra degeneração óssea das vértebras, hérnias de disco, artrose, etc. Não entraremos aqui em mais detalhes sobre a lombociatalgia, pois trata-se de uma patologia que, quando primária, têm causas e mecanismos diferentes da lombalgia postural, podendo ser uma evolução desta. O diagnóstico pode ser ainda mais completo utilizando-se a goniometriasistema de medição de amplitude de movimento articular. Neste caso, a goniometria da articulação do quadril é a mais relevante, medindo sua extensão-flexão. Com o paciente em supino (de "barriga para cima"), com um ramo do goniômetro (instrumento para medir ângulos) na linha média axilar na altura da crista ilíaca, o centro do goniômetro sobre a face ântero-superior do grande trocânter e o outro ramo é posto paralelo ao eixo longitudinal do fêmur sobre a superfície lateral da coxa. O movimento é o de elevação do membro inferior (flexão de quadril). Limites e Amplitude de movimentação normais (KOTTKE et aI., 1986, p. 29): - Com o joelho estendido: 0° a 80° - Com o joelho fletido: 0° a 120° Como teste de força muscular, deve-se dar ênfase à musculatura abdominal e dos músculos posteriores da coxa, ambos geralmente enfraquecidos, causando a lombalgia postural por desequilíbrio de força de grupos musculares. O teste dos músculos posteriores da coxa, que tem a função de flexão da perna no joelho, pode ser feito em prono (de "barriga para baixo") executando-se o movimento de flexão da perna sobre a coxa contra resistência imposta pelo terapeuta. O teste de força para quadríceps se dá com o paciente sentado ou supino, com a perna em moderada extensão sobre a coxa, devendo ocorrer a manutenção da extensão contra o esforço do examinador. O teste de flexão do tronco e flexão com rotação do tronco se dão com o paciente em decúbito dorsal, com os braços cruzados sobre o tórax ou atrás da cabeça, o paciente realiza a flexão até que as bordas inferiores das escápulas se afastem da superfície em qual se encontravam apoiadas (m. abdominal e oblíquos). A graduação de força muscular, segundo HISLOP et aI. ( 1996, p. 4 e 5).: - Músculo grau 5: normal - Músculo grau 4: bom -- 14 - Músculo grau 3: regular. - Músculo grau 2: precário. - Músculo grau 1: traço - Grau O : sem contração visível ou palpável. 2.5 TRATAMENTO 2.5.1 Eletroterapia 2.5.1.1 TENS - Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) Tem como objetivo primário o alívio da dor através da estimulação elétrica (eletroanalgesia); consiste na aplicação de estímulos elétricos na superfície da pele através de eletrodos cutâneos para estimular as fibras nervosas obtendo dessa forma a analgesia. Na prática clínica há quatro tipos de TENS: . TENS convencional (alta freqüência e baixa intensidade): É o mais utilizado, sem contração muscular, com alta freqüência - cerca de 100 Hz - e baixa largura de pulso (entre 50 e 80 microseg.) "A combinação destes parâmetros vai estimular as fibras aferentes A beta. A sensação gerada por esse tipo de TENS é uma confortável parestesia (formigamento)" (SALGADO, 1999, p. 119). É utilizado em dores agudas, na área dolorosa e o período de analgesia é curto. . TENS acupuntural (baixa freqüência e alta intensidade). Seus eletrodos são colocados nos pontos de acupuntura. Tem alta intensidade (contração muscular visível), baixa freqüência (de 1 a 4 Hz), largura de pulso alta (cerca de 230 microsegundos) "Este tipo de TENS estimula as fibras nociceptivas do tipo A, delta e C (ou - - 15 fibras do grupo 111e IV) e as pequenas fibras motoras" (SALGADO, 1999, p. 119). . TENS Burst (Trem de pulsos) É uma alta freqüência de trens de pulsos "entregue" numa baixa freqüência. É uma mistura de TENS convencional com o acupuntural . A freqüência dos trens varia de 1 a 4 Hz e freqüência interna de 100 Hz em média. A largura de pulso varia de 100 a 200 microsegundos. Proporciona uma contração muscular confortável. Este tipo de TENS é utilizado para dor crônica sendo o seu período de analgesia prolongado. (SALGADO, 199, p. 119) "Os TENS que utilizam freqüências baixas (entre 1 e 4 HZ) têm a sua ação mais prolongada devido à liberação de beta-endorfinas (pela glândula pituitária na circulação sistêmica) que contribuem para o controle descendente da nocicepção" (Chatrenet et aI., apud SALGADO, 1999, p. 120). . TENS breve-intenso: Utiliza alta freqüência (100 a 150 Hz), grande largura de pulso (150 a 250 microsegundos). A intensidade deve ser a máxima permitida pelo paciente e deve ser utilizada por curtos períodos de tempo. Esse tipo de TENS é utilizado antes de procedimentos dolorosos. Os eletrodos são aplicados em quatro locais anatômicos: na área dolorosa, no nervo periférico, na raiz nervosa espinhal e em pontos específicos (pontos motores ou "trigger points) 2.5.1.2 Contra-indicações Alterações de sensibilidade na área em que os eletrodos vão ser aplicados; Pessoas que não entendam as instruções do terapeuta; Região dos seios carotídeos (presença de barorreceptores que alteram a pressão arterial); Não colocar os eletrodos nos olhos; Não colocar os eletrodos em útero grávido; Não colocar próximo ao coração em pacientes com marcapasso ou cardiopatia grave; -- - 16 Em pacientes com alergia à corrente elétrica; Pacientes epiléticos. 2.5.2 Cinesioterapia: Exercícios . Rotação da bacia para trás (báscula da bacia ou IIPelvic Tilt") Deitar com os joelhos dobrados, apertar as nádegas uma contra a outra, tentando elevá-Ias levemente e ao mesmo tempo contrair a musculatura abdominal de maneira que a coluna lombar toque com força a superfície que na qual se está deitado. Manter contração por 3 a 5 segundos e após relaxar por outros 5 segundos. Recomeçar novamente e assim por diante (FERRARETO, 2002). FIGURA 8 - ROTAÇÃO DA BACIA PARA TRÁS . Báscula da bacia com elevação da cabeça e ombros Mesma posição do exercício nO 1. Executar todo o exercício nO 1 e ao mesmo tempo elevar a cabeça em direção aos joelhos. Elevar somente a cabeça, os ombros e a parte superior do tronco. Manter a cabeça no alto e a musculatura abdominal e das nádegas contraídas por 3-5 segundos e após relaxar (FERRARETO, 2002). - -- - 17 . Cabeça contra joelhos Entrelaçar as mãos na nuca, elevar a cabeça e dobrar os joelhos, tentando forçar a cabeça em direção aos joelhos e vice-versa. FIGURA 9 - CABEÇA CONTRA JOELHOS . Joelhos contra peito Repetir o exercício nO 1 sem contrair as nádegas. Deitar com os joelhos dobrados, segurar ambos os joelhos com as mãos e traze-Ios contra o peito; manter esta posição por 3-5 segundos, relaxar levando de volta os joelhos à posição inicial. . Elevação do tronco procurando tocar os joelhos com as mãos Deitar com os joelhos dobrados. Contrair a musculatura abdominal, elevar a cabeça e a parte superior do tronco e tocar de leve os joelhos com as mãos. Tempo 3-5 segundos (FERRARETO, 2002). . Joelhos contra o peito sem o auxílio das mãos Deitar trazendo os joelhos contra o peito, desta vez sem o auxílio das mãos e contraindo a musculatura abdominal (FERRARETO, 2002). 18 FIGURA 10 - JOELHOS CONTRA O PEITO SEM AuxíLiO DAS MÃOS . Joelho oposto no cotovelo Deitar com os joelhos dobrados colocar os braços para trás e entrelaçar os dedos na nuca; dobrar o joelho esquerdo com mais força e tentar encostar o cotovelo direito neste joelho.Em seguida alternar o joelho direito contra o cotovelo esquerdo. Tempo 3 a 5 segundos cada movimento. Fazer 10 vezes de cada lado (FERRARETO, 2002). FIGURA11 - JOELHOOPOSTONO COTOVELO . Rotação da coluna lombar Deitar, dobrar ambas as coxas até 90 graus sobre o tronco dobrando ao mesmo tempo os joelhos; em seguida executar a rotação de ambas as coxas para --- 19 um dos lados, encostar a coxa inferior no tapete e forçar a superior no sentido de tocar o tapete um pouco mais acima da coxa inferior. Manter sempre os ombros e a parte superior do tronco em contato com o tapete e na posição horizontal. Repetir o mesmo movimento do outro lado. Observar que se está executando um movimento de rotação da coluna lombar enquanto a coluna torácica e a cervical são mantidas no plano horizontal. Este exercício é importante e altamente eficiente, pois, aumenta a flexibilidade muscular, movimenta os discos e as facetas articulares. Esta maior flexibilidade da coluna previne os "maus jeitos" que podem surgir quando inadvertidamente realiza-se movimentos bruscos. Este exercício e o exercício n01e 5 são fundamentais para o bom desempenho da sua coluna durante as atividades da vida diária (FERRARETO, 2002). FIGURA 12 - ROTAÇÃO DA COLUNA LOMBAR . Rotação com contração lateral Este exercício é uma complementação do exercício nO 8. Executar o - -- -- 20 exercício nO8 e permanecer na posição de rotação; a partir daí tentar contrair a musculatura lateral do tronco do lado mais alto e com o braço do mesmo lado tente alcançar o joelho. Demorar nesta contração de 2 a 3 segundos. Fazer de 5 a 10 vezes cada lado. Repetir o mesmo movimento do outro lado. Exercícios para fortalecer a musculatura posterior da região lombar e forçar ainda mais o estiramento da musculatura flexora dos joelhos (FERRARETO, 2002). FIGURA 13 - ROTAÇÃO COM CONTRAÇÃO LATERAL . Extensão máxima do joelho Deitar ainda em decúbito dorsal, fazer uma flexão da coxa de um dos lados até 90 graus e ao mesmo tempo esticar ao máximo o joelho do mesmo lado, de maneira que ele fique no mesmo eixo da coxa. Em seguida, com as 2 mãos, abraçar a coxa e fazer um movimento forçado da mesma em direção ao tronco, mantendo sempre o joelho em extensão. Executar o mesmo movimento do outro lado.Tempo: 2 a 5 segundos em cada movimento.Um complemento deste exercício é de ao mesmo tempo em que se força a coxa em direção ao tronco tentar contrair a musculatura abdominal, levando o tronco em direção à coxa. Este movimento gera uma potente contração da musculatura abdominal, fortalecendo o colete abdominal dinâmico (FERRARETO, 2002). --- - -- - 21 FIGURA 14- EXTENSÃO MÁXIMA DO JOELHO . Alongamento do membro Deitar em decúbito dorsal executar com um dos membros um movimento equivalente ao de alongar este membro de maneira que se alguém olhar os membros um vai parecer mais longo que o outro. Repetir o movimento do outro lado. Ao fazer este movimento estará abaixando a bacia daquele lado e estirando a musculatura lateral do abdômen o que é muito bom para as facetas e discos intervetrebrais e fôramen de conjugação (FERRARETO, 2002). FIGURA 15 - ALONGAMENTO DO MEMBRO ,. - - 22 . Extensão das coxas Este exercício é realizado em decúbito ventral.Colocar um travesseiro tipo almofada sob o abdômen e tentar elevar uma das coxas a alguns centímetros acima do plano do tapete. (Este movimento se chama extensão das coxas). Repetir o movimento com a outra coxa. Durante o movimento haverá uma forte contração da musculatura lombar posterior. Cuidado. Este exercício às vezes causa dor. Se este for o caso abandonar imediatamente. Não insistir (FERRARETO, 2002). FIGURA 16 - EXTENSÃO DAS COXAS ~--. Exercício em dorso de gato Apoiar os joelhos e as mãos no solo, procurar arquear as costas como um gato e ao mesmo tempo contrair a musculatura abdominal e erguer a cabeça olhando para o teto. Você sentirá um estiramento da musculatura de todo o dorso. FIGURA 17 - EXERCíCIO EM DORSO DE GATO - - -- 23 . Báscula de bacia em pé Este exercício é equivalente ao exercício nO1, realizado na posição de pé. Posicionar o corpo de pé com as costas próximas a uma parede, e a partir daí dobrar os joelhos em aproximadamente 5 a 10 graus e contrair a musculatura abdominal forçando a coluna lombar contra a parede ao mesmo tempo em que a bacia também é rodada para cima e para trás.(O movimentoé o mesmofeito na posiçãodeitada)(FERRARETO,2002). FIGURA 18 - BÁSCULA DE BACIA EM PÉ -- - --- 24 Em ambos há uma retificação da lordose lombar o que é saudável para a coluna.Quando se estiver familiarizado com o exercício não será necessário se encostar em uma parede, basta contrair a musculatura abdominal e forçar a rotação da bacia para trás. Com o tempo e com a prática o exercício poderá ser realizado durante qualquer atividade. (Quando atingir este estágio a dedicação à coluna não passará mais do que 20 minutos por dia e estará sem dor. Para executar este exercício de pé é fundamental que tenha-se uma potente musculatura da região anterior da coxa. O músculo desta região chama-se quadríceps e é o músculo da coxa que mais se desenvolve nos atletas (FERRARETO, 2002). -- -- - _d 3 __ .__________ CAsuíSTICA E MÉTODOS Este trabalho que é observacional descritivo do tipo relato de caso, teve como proposta de tratamento a aplicação de um programa fisioterapêutico em um paciente de 52 anos, sexo masculino, portador de lombalgia postural. Foi desenvolvido na Clínica de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), no período de agosto e setembro de 2002, com 3 sessões fisioterapêuticas semanais, cada uma com duração de 50 minutos. Em cada sessão foram utilizados recursos como eletroterapia com TENS Burst (freqüência de 5 Hz, largura de pulso de 150 microsegundos, tetrapolar, lombar, na região da dor) para analgesia da dor crônica, cinesioterapia com alongamentos de MMII (músculos: quadríceps, ísquio-tibiais, tríceps sural, quadrado lombar, porção lombar dos paravertebrais), fortalecimento de ísquio-tibiais, com caneleiras de 4 Kg e paciente em decúbito ventral realizando a flexão dos joelhos (3 X 12) e exercícios abdominais para reto abdominal e oblíquos ( 3 X 30) e no final do tratamento (3 X 40). Paciente no início relatava dor escala 5, localizada em região lombar e com aparecimento após 20 minutos na postura em pé (sic). Deitado, a dor era referida somente à palpação da musculatura lombar. Com teste especial de Laségue positivo à 30° (referindo dor por encurtamento dos músculos ísquio-tibiais). É importante frisar que a dor relatada é somente lombar e, apesar de crônica, não irradiava para membros inferiores, excluindo-se assim as possibilidades de diagnostico para lombociatalgia e excluindose também as suas causas não-comuns às da lombalgia postural por desequilíbrio muscular. O teste de flexão em pé, "tentando alcançar os artelhos" demonstrou compensação postural através da curvatura excessiva da coluna dorsal. Na avaliação postural, o paciente mostra leve protusão de ombros, leve hiperlordose lombar, anteroversão pélvica, abdômen flácido e protuso. Paciente sedentário há 8 anos, não etilista e não tabagista. Nega antecedentes familiares portadores de lombalgia. Utiliza Voltaren (Diclofenaco potássico) quando há crises dolorosas, por conta própria, 1 comprimido 1 x ao dia. - - - - - -- - _ __h ____ _ _ _____ ______ __ __ __ _ __ 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Foram realizadas 10 sessões de fisioterapia com esse paciente e pôde ser observada uma grande melhora do quadro álgico (diminuído para grau 2 na escala de dor, ou sem dor nenhuma), ganho na amplitude de movimento do teste de Laségue de 30° para 50° (flexão com extensão de joelho). O TENS Burst foi utilizado por sua indicação à dores crônicas, trazendo uma analgesia prolongada ao paciente que realizava dessa maneira as sessões sem referir dor. O programa de tratamento trouxe ao paciente maior consciência corporal, por se tratar, há 8 anos de um sedentário, dessa forma, houve boa evolução no sentido de execução correta dos exercícios, nos quais o paciente apresentava dificuldade no início do tratamento.. Esse fator trouxe ao paciente maior motivação à prática dos alongamentos e exercícios. A orientação ao paciente sobre a retificação da lombar nas suas atividades de vida diária foram de extrema importância para a boa evolução deste paciente. -- - - - - -- - ..- -- - --. -- 29 5 DISCUSSÃO No paciente em questão, foi realizado um protocolo que, através de alongamentos e fortalecimentos específicos trouxessem a pelve, antes anterovertida, de volta ao seu alinhamento normal, diminuindo assim a hiperlordose lombar. Com o fortalecimento dos músculos reto abdominal, oblíquos e ísquio-tibiais e o alongamento dos músculos da região lombar e quadríceps há o reequilíbrio dos grupos musculares inicialmente em desequilíbrio causado pela vida sedentária do paciente que teve a sua musculatura abdominal e de ísquio-tibiais enfraquecida enquanto a lombar e o quadríceps passavam a ser os principais antigravitacionais, dando assim uma biomecânica favorável à anteroversão pélvica e ao aumento da curvatura lordótica lombar, acarretando em lombalgia crônica. Esta, mais tarde poderia evoluir mais tarde, caso não tratada para artrose, hérnia de disco, lombociatalgia, etc. Há literaturas, como FERRARETO (2002), que prescrevem o fortalecimento do músculo quadríceps como parte inicial do tratamento da lombalgia. Neste caso, fortalecendo-se ainda mais o músculo quadríceps teríamos uma acentuação no desequilíbrio muscular já existente, trazendo uma pelve mais anterovertida e, conseqüentemente, uma maior hiperlordose lombar, aumentando o quadro álgico da lombalgia e caminhando para o agravamento da patologia. Possivelmente, o fortalecimento do músculo quadríceps possa ser prescrito em casos de lombalgia em que este, hiperalongado e fraco esteja causando um desequilíbrio muscular que acarreta lombalgia de alguma forma, mas não eram estas as condições e nem o objetivo neste relato de caso aqui em estudo. - - ------ -- - 34 Sedentário ( )S ( )N ( )S ( )N Freqüência Atividade Física: Medicamentos Nome: Nome: Dose Dose - Outros: CLASSIFICAÇÃO DA DOR: a) Gradual b) Localização: c) Caráter d) Irradiação ( )S ( )N Local: e) Ao movimento ( )S ( )N Descrever f) Ao repouso ( )S ( )N g) Climática ( ) Repentino Aguda ( ( ) Frio Crônica ) ( ( ) ( ) ) Calor Descrever: Escala de DOR: 1 234 567 8 9 Exame Físico (continuação) Inspeção: (através de visão): -- - -- -- 36 36 Grau de torça Músculo ou grupo muscular Teste de Encurtamento Encurtamento Músculo ou grupo muscular D Vista anterior Cabeça Ombros Linha Mamilar Triângulo Tales ElAS Joelhos Rodada Inclinada Normal Elevado Alinhados Elevada Alinhada Aumentado Simétricos Elevada Alinhadas valgo Varo Normal Patelas Convergente Divergente Normal Aduzidos Abduzidos Pés D E Vista posterior cabeça ombros âng. Int. Escápula escápulas Triangulo Tales EIPS Pregas glúteas pregas poplíteas calcâneo Vista Lateral anteriorizada normal Cabeça Ombros protraídos normal conti n uação ) Coluna Cervical -- - -- - hiperlordose retificada Coluna vertebral I E D rodada inclinada normal elevado alinhados elevada alinhadas alada aduzida abduzida normal aumentado simétricos elevada alinhadas elevada alinhadas elevada alinhadas varo valgo normal alinhada escoliose 37 normal fletido Cotovelo hiperestend. normal Linha toráxica hipercifose normal anterovertida retrovertida normal Pelve Coluna Lombar hiperlordose retificada normal fletidos Joelho Ângulo tibio-társico Pés hiperestend. normal aumentado diminuído normal cavo plano normal Observação -- - - - - - - ---