Curso de Biomedicina Artigo de Revisão A Acupuntura no tratamento da depressão Káritha Alves do Nascimento¹,Jacqueline Coimbra Gonçalves2 1 Aluna do Curso de Biomedicina 2 Professora Mestre do Curso de Biomedicina Resumo A depressão é um transtorno de humor, também denominada como transtorno unipolar, que acomete varia pessoas no mundo, causada por uma complexa interação entre os fatores orgânicos, psicológicos, ambientais e espirituais. A acupuntura é um conjunto de conhecimentos teórico-empiricos da medicina tradicional chinesa que visa à terapia e a cura das doenças através das aplicações de agulhas e demoxas, alem de outras técnicas. Na acupuntura a concepção dos Canais de Energia (meridianos) e dos pontos de acupuntura, o diagnostico energéticos e os tratamentos baseiam-se nos conceitos do Yin e Yang, dos cinco elementos, do QI (energia), do Xue (sangue), e da teoria do Zang Fu (órgão/víscera).Este artigo aborda o tema sobre acupuntura no tratamento da depressão. Falando sobre a depressão, a fisiopatologia da depressão, a medicina tradicional chinesa, explicando a parte de yin e yang, abordando os principais assuntos sobre a acupuntura e dentro desse assunto também será abordado como a depressão é vista na medicina tradicional chinesa. O objetivo desse trabalho é demonstrar como a acupuntura auxilia no tratamento dos transtornos de humor unipolares. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em diferentes bases de dados:Pubmed, Lilacs, Scielo e Google acadêmico. Constatou-se que a acupuntura é uma alternativa terapêutica eficaz no tratamento de transtornos de humor e que a procura dessa forma de tratamento vem crescendo cada dia mais. Palavras-chave: transtornos de humor, medicina tradicional chinesa, depressão Abstract This article discusses the topic of acupuncture in the treatment of depression. Talking about depression, the pathophysiology of depression, traditional Chinese medicine, explaining part of yin and yang, addressing the main issues on acupuncture and within this topic will also be addressed as depression is seen in traditional Chinese medicine. The aim of this study is to demonstrate how acupuncture helps in the treatment of unipolar mood disorders. a literature search was conducted in different databases in order to verify how acupuncture can help treat depression. It wasfoundthat acupuncture is an effective therapeutic alternative in the treatment of mood disorders and that demand this form of treatment is growing every day. Contato: [email protected] Introdução A depressão é um transtorno de humor, também denominada de transtorno unipolar, que acomete diversas pessoas no mundo (Holmes, 1997). Esse transtorno está relacionado a sentimentos normais de tristeza, contudo quando há uma reação exacerbada ou mesmo quando ela ocorre sem a presença de um estímulo tornase uma patologia que merece atenção e tratamento (Wakefieldetal, 2007; Belmaker e Galila, 2008). Pode-se dizer então que a depressão é um transtorno mental, causado por uma complexa interação entre fatores orgânicos, psicológicos,ambientais e espirituais, caracterizado por angústia, rebaixamento do humor e pela perda de interesse, prazer e energia diante da vida (Teodoro, 2010). De acordo com Holmes (1997) a depressão pode ser dividida em dois grandes grupos: depressão com retardo e depressão agitada. A primeira, mais comum, caracteriza-se por um comportamento mais calmo com movimentos corporais reduzidos e lentos, os pacientes com esse tipo de distúrbio apresentam fala arrastada e monótona. Enquanto na depressão agitadaos pacientes são incapazes de permanecer parados, andando muito de um lado para o outro etorcendo as mãos, freqüentemente é confundida com ansiedade ou mania, contudo na depressão o paciente encontra-se sempre angustiado. O diagnóstico da depressão é basicamente clínico e exige um profissional experiente, pois é frequentemente confundida com outros transtornos mentais. Alguns sinais que auxiliam no diagnóstico da depressão são anedomia, variações de peso,perda de energia,sentimento de culpa,idéias negativas, pensamentos suicidas e solidão (Blocetal, 2001) Podem-se classificar os sintomas da depressão em motores, somáticos, cognitivos e de humor. Os sintomas motores auxiliam a classificar a depressão em retardada e agitada. Os sintomas somáticos são aqueles que afetam fisicamente o corpo do paciente produzindo alterações de sono, apetite, impulso sexual e até mesmo diminuição dos linfócitos (Bondy, 2010). Baixa auto-estima, pessimismo, redução de motivação, generalização de atitudes negativas, exageros na seriedade dos problemas, processos de pensamentos mais lentos e auto percepções negativas são os sete sintomas cognitivos da depressão. Os sintomas de humor são caracterizados por tristeza, angústia, melancolia e abandono (Bondy, 2010). Apesar de causar danos ao paciente e à sua qualidade de vida, a depressão vem sendo subtratada e subdiagnosticada (Flecketal, 2009). Cerca de 30 a 60% dos casos de depressão não são detectados pelos clínicos em cuidados primários. Consequentemente o paciente não recebe o tratamento correto aumentando os índices de morbi-mortalidade dessa patologia (Johnson et al, 1992; Rostet al, 1998). Sabe-se que a depressão é o transtorno de humor mais frequente em diferentes países ocidentais, sendo a prevalência em mulheres duas a três vezes maiores que em homens. Estima-se que a prevalência mundial anual da depressão varie de 3 a 11% (Flecketal, 2009). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 350 milhões de pessoas são afetadas pela depressão no mundo todo. O objetivo da presente revisão é demonstrar como a acupuntura pode auxiliar no tratamento dos transtornos de humor unipolares. Material e Métodos Para a elaboração do presente artigo, foi feito levantamento bibliográfico nos portais de busca Pubmed, Lilacs, Scielo, Google acadêmico e livros, utilizando-se as seguintes palavras chaves: depressão, fisiopatologia da depressão, historia da depressão, acupuntura, historia da acupuntura e medicina tradicional chinesa. Fisiopatologia da Depressão Uma das dificuldades encontradas no tratamento da depressão é que embora sejam conhecidas áreas cerebrais que regulem as emoções, o conhecimento dos circuitos neurais presentes nessas áreas e como eles influenciam o humor ainda é precário. Essa condição é bem diferente de outras doenças que afetam o SNC, as quais já possuem áreas anatômicas bem definidas e elucidadas, como a doença de Parkinson e Alzheimer (Nestleretal, 2002). Estudos por ressonância magnética funcional de pacientes depressivos permitiram conhecer diversas regiões cerebrais responsáveis por mediar os sintomas da depressão como córtex pré frontal, cingulado, amigdala, hipocampo, estriado e tálamo (Drevets, 2001; Liotti e Mayberg, 2001) O conhecimento da função normal dessas regiões cerebrais pode sugerir o envolvimento delas na depressão explicando alguns dos sintomas da doença. O neocortex e o hipocampo estão envolvidos com aspectos cognitivos da depressão como problemas de memória, sentimentos de culpa e suicídio. O estriado e a amigdala estão envolvidos com a memória emocional o que pode resultar em anedonia e ansiedade, comuns em muitos pacientes com depressão. Acredita-se que o hipotálamo pode estar envolvido com os distúrbios do sono que afetam os pacientes nessa doença. Como a depressão não se caracteriza por sintomas isolados, acredita-se que essas regiões cerebrais operam interagindo em um circuito resultando em todas as características clínicas da doença (Nestleretal, 2002). A depressão vista como um distúrbio químico é causado pela diminuição dos neurotransmissores, principalmente serotoninérgica, noradrenérgica edopaminérgica. A serotonina atua no cérebro regulando o humor, apetite, sono, temperatura corporal e o ritmo cardíaco A noradrenalina, produzida na glândula adrenal, é um dos principais neurotransmissores do sistema nervoso parassimpático e também funciona como hormônio do estresse, enquanto a dopamina que também é produzida na glândula adrenal tem diversas funções no SNC, como o automatismo, regulação do sono, recompensa, produção de leite, comportamento, motivação, ansiedade, aprendizagem e atenção. Os neurotransmissores são armazenados em vesículas neuronais, quando ocorre a liberação desta vesícula, elas caem na fenda sináptica, reagindo diretamente com o receptor encontrados nos neurônios seguintes. Alguns desses neurotransmissores podem ser reaproveitados pelo próprio neurônio que os liberou, ou vai ser armazenada novamente nas vesículas neuronais recém sintetizadas. A outra parte dos neurotransmissores pode ser metabolizada ou destruída por enzimas e seus produtos eliminados no organismo. Tratamentos convencionais Os tratamentos convencionais da depressão são os antidepressivos, cada antidepressivos tem sua eficácia e suas funções para o tratamento da depressão. Alguns fatores devem ser considerados quando se inicia a terapêutica farmacológica da depressão como: efeitos colaterais de longo ou curto prazo, subtipo clínico da depressão, custo e disponibilidade dos antidepressivos específicos, antecedentes de parentes em primeiro grau que tenham respondido a uma medicação (Michael Bauer 2009). Segundo Ricardo Moreno 1999, os antidepressivos podem ser classificados de acordo com suas propriedades farmacológicas ou suas estruturas químicas em antidepressivos tricíclicos (ADT), inibidores da monoamina oxidase (IMAO) e inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) (BRATS, 2012). Os ADT são classificados como fármacos heterocíclicos, no Brasil são registrados como amitriptilina, clomepramina, imipramina, maprótilina e nortriptilina (BRATS, 2012). Seu mecanismo de ação reduz a capacitação de serotonina (5-HT), norepinefrina (NE) e em menor proporção dopamina (DA) aumentando a disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica, e também agem bloqueando os receptores histaminérgicos, alfa-adrenergicos e muscarénicos (BONDY, 2002). Alguns ADT possuem predominância da atividade serotoninérgica (como imipramina, clomepramina e amitriptilina) e outros noradrenégicos (como mopratilina, desipramina e nortriptilina) (BRATS, 2012). Os IMAO bloqueiam a enzima monoaminooxidase, que destrói os neurotransmissores que fica dentro dos neurônios, sendo uma conseqüência liberando mais na fenda sináptica (Clayton, 2011). Ele também e responsável pela degradação de 5-HT (serotomina) a NE (norepinefrina) e a DA (dopamina). A MAO ela tem duas formas isoenzimas, que e a MAOa que ela e responsável pela metabolizar a 5-HT e a NA, e a MAOb (feniletilamina) juntamente com a MAOa degrada a DA (dopamina) (BRATS. 2011). Segundo Ricardo Moreno (1999) os ISRS inibem de forma potente e seletiva, compartilhando o principal mecanismo de ação, eles são marcados como diferença no perfil farmacocinético e farmacodinâmico. Os antidepressivos dessa classe são os citolopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina e a sertralina, a sertralina e a paroxetina são as mais potentes dessa classe. Inibem também a recaptação de 5HT na fenda sináptica, ela aumenta a disponabilidade da monoanaina, não exercem a ação sobre a NA e a DA (BRATS, 012). Além da terapia farmacológica o paciente em tratamento da depressão também necessita de acompanhamento psicológico e psicoterapia (Roberta, 2011). Medicina Tradicional Chinesa A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é o conjunto de conhecimentos formado pela fisiologia, semiologia, propedêutica, diagnostico e tratamento em todas suas formas e técnicas (acupuntura, Moxabustão, ventosas, Sangrias, eletroestimulo entre outros) (Luiz, 2007). A Medicina Chinesa mesmo originada há milhares de anos atrás e amadurecida centenas de anosa.C., pode diagnosticar e tratar com sucesso os problemas de saúde gerados pelo estilo de vida do século XX, o qual se encontra anos-luz distante da sociedade em que viviam os antigos camponeses, na qual a Medicina Chinesa se originou (Basto 2015). A MTC chegou ao Brasil em 1812 juntamente com os imigrantes chineses no Rio de Janeiro, contudo somente um século depois a acupuntura chegou ao país. No final da década de 50 Frederico Spath fundou em conjunto com outros médicos a Sociedade Brasileira de Acupuntura e Medicina Oriental, introduzindo no Brasil essa técnica milenar que desde 2006 vem sendo empregada com sucesso no SUS auxiliando no tratamento de diversas doenças (CAA, 2010). A Acupuntura é o conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da medicina chinesa tradicional que visa à terapia e a cura das doenças através da aplicação de agulhas e demoxas, além de outras técnicas (DR. TOM SINTAN WEN, 1985). Na Acupuntura, a concepção dos Canais de Energia (Meridianos) e dos Pontos de Acupuntura, o diagnóstico energético e o tratamento baseiam-se nos conceitos do Yin e do Yang; dos Cinco Elementos; do Qi (Energia); do Xue (Sangue) e da Teoria dos Zang Fu (Órgãos/Vísceras) (PCRF, 2010). A palavra acupuntura deriva do latim (Acus, agulha; punctura, punção, espetadela) e foi introduzida na Europa pelos missionários jesuítas que viram praticar o método durante sua estada na China, há três séculos. Em chinês, o processo se chama Tchen-tziú (em japonês: Shinkiú) que significa literalmente: agulha e moxa (Sussmann, 1971). Trata-se de uma técnica da medicina tradicional chinesa (MTC), cuja finalidade é compreender e tratar doenças, através de uma visão integradora do corpo e a mente (Sissmann, 1971). A acupuntura vem destacando-se por oferecer um tratamento rápido e eficaz, sem efeitos colaterais e praticamente indolores, além de tornar-se famosa por tratar a dor. Hoje, isso é explicado de forma científica pelas ações de alguns peptídeos endógenos, como endorfinas e encefálinas, liberadosno organismo com as aplicações das agulhas (Chenggu 2006). A acupuntura não esta voltada diretamente para os agentes agressores externos e, por isso, seu tratamento não visa apenas a tratar o local comprometido no corpo, mas age sobre todo o sistema nervoso, estimulando o mecanismo de compensação equilíbrio em todo o corpo, para com isso sanar a doença (Pereira, 2006) O tratamento dos desequilíbrios mentais e emocionais é justificado pela alteração bioquímica de neurotransmissores, como a serotonina, entre outros. Assim, a Acupuntura possui a finalidade de restaurar, promover e equilibrar as funções energéticas dos tecidos e órgãos, melhorando a circulação sanguínea, aumentando a imunidade, e trazendo bem-estar físico e mental (CAA, 2010). Yin e Yang Segundo Coutino (2015) o conceito de Yin e Yang e provavelmente o mais importante da Teoria Medicina Chinesa. Podemos dizer que toda a filosofia medica chinesa, patologia e os tratamentos podem, em ultima analise ser reduzidos a uma visão do Yin e Yang. A origem do conceito Yin e Yang muito provavelmente nasceram da observação atenta do ciclo da natureza. Os chineses antigos observaram o dia e a noite, as estações do ano, o ciclo de vida do ser humano e,a partir dessa ideia, desenvolveu o principio do Yin e Yang (Coutino, 2015). Segundo o ator Auteroche (1992) o Yin e Yang são opostos, apesar de ser oposto apresenta o estagio da transformação. Nada é 100% Yin ou 100%Yang, sendo que tal elemento pertence a Yin e Yang. Maciocia (1996) comenta que o Yin e Yang são essencialmente uma expressão de uma alternância de dois estágios oposto no tempo. Exemplo: dia se transforma em noite, frio se transforma em calor. Portanto cada fenômeno pode pertencer ao Yin e Yang mais sempre conterá a semente do estagio opostos em si mesmo. Segundo Coutino (2015) pode-se dizer que a Medicina Chinesa como um todo, pode ser reduzida a teoria básica e fundamental do Yin e Yang. Todo o processo fisiológico e todo sistema ou sinal podem ser analisados sob a ótica da teoria do Yin e Yang. Todo o tratamento pode ser enfocado nestas quatro estratégias: Tonificar o Yang Tonificar o Yin Eliminar o excesso de Yang Eliminar o excesso de Yin Yin e Yang e a estrutura corporal Segundo Sussmann (1971) cada parte do corpo apresenta um caráter preponderamente Yin ou Yang, muito importante na pratica clinica. Como regras gerais, estes são as características para as varias estruturas corpóreas: A tabela mostra quais são as partes do corpo que fica no Yang e Yin (Sussmann 1971) Yang Costela Cabeça Acima da cintura Órgãos Yang Função dos órgãos Yin Frente (abdome e tórax) Corpo Abaixo da cintura Órgãos Yin Estrutura dos órgãos As costas são o local onde todos os meridianos Yang fluem apresenta uma função de proteger o organismo de fatores patogênico exteriores. À frente (abdome e tórax) e o local a onde os meridianos Yin influem, apresenta a função de nutrir os organismo, eles são freqüentemente utilizados para tonificar o Yin. A cabeça e o lugar onde todos os meridianos Yang terminam ou começam: todos encontram-se e fluem mutuamente na cabeça, em circunstancia patológica, ocorrerão rubor facial e hiperemia da conjuntiva. A cabeça também é afetada pelos fatores patogênicos Yang tals como vento, calor de verão. O resto do corpo pertence ao Yin, sendo facilmente afetado pelos fatores patogênicos Yin, tais como frio e umidade (Sussmann, 1971). A área acima da cintura pertence ao Yang, sendo facilmente afetadas pelos fatores patogênicos, tais como o vento, a parte abaixo da cintura pertence ao Yin, sendo facilmente afetado pelo fator patogênico Yin, tais como a umidade (Coutino, 2015). Conceito da depressão Tradicional Chinesa na Medicina A Medicina Tradicional Chinesa considera o corpo humano um conjunto orgânico íntegro de forma e Shen. O Shen é um termo genérico de todas as atividades vitais do corpo humano, incluindo o ânimo, o pensamento, além das atividades intelectuais. Portanto o Shen em equilíbrio representa a boa saúde, a felicidade e a vida. Qualquer dano ou excessivo estímulo emocional pode prejudicar a saúde tanto a nível físico quando a nível espiritual, provocando enfermidades (ROSS, 1994). Segundo a MTC as doenças mentais são resultado do desequilíbrio energético em diversos órgãos e vísceras. Os principais responsáveis por desencadear esse desequilíbrio e que devem ser o alvo no tratamento das doenças mentais com acupuntura são: o coração (Xin), o sangue (Xue), o fígado (Gan), o pulmão (Fei), a vesícula biliar (Dan), o estômago (Wei), o baço e o pâncreas (Pi) (ROSS, 1994). Adisfunção de qualquer um desses órgãos exerce influência negativa nas atividades mentais. A anormalidade das atividades e funções de outras vísceras e órgãos influi nas atividades mentais, influência que necessariamente se produz através do coração e do cérebro (ROSS, 1994). A depressão normalmente está associada com deficiência, quando simplesmente não existe energia suficiente para sentimentos positivos, ou com estagnação, quando existe energia, mas o fluxo de energia e das emoções está bloqueado. A deficiência também pode estar associada com o excesso, como na depressão maníaca, ou com a irregularidade, como no caso da depressão acompanhada de ansiedade. (ROSS, 2003). Classificação dos 5 principais tipos de depressão na medicina tradicional chinesa. A MTC classifica a depressão em cinco tipos, relacionando-os aos cinco elementos, são eles: água, fogo, terra, metal e madeira (Ross, 1994). A depressão água é caracterizada por medo e fobia que podem não ter causa aparente, Esse medo fica claro em situações de risco reduzido, onde somente aquele indivíduo hesita em encarar a tal situação. Para tratá-la deve-se fortalecer e harmonizar o elemento água estimulando (Taguchi, 2008) A depressão terra é um resultante da desarmonia do intelecto. Quando a energia do Baço-Pâncreas é insuficiente ocorre o descontrole do intelecto, destruindo a calma e a claridade dos pensamentos. Os pacientes nesse estado tendem a desconectar-se da matriz emocional do elemento terra e podem tornar-se antipáticos, preocupados demais com os problemas alheios e com grande dificuldade de refletir sobre os seus próprios problemas e necessidades. O tratamento dela e fortalecer e harmonizar o elemento terra (Taguchi, 2008) A depressão fogo envolve problemas afetivos ligados a rejeição e desapontamentos em relacionamentos interpessoais: alegria, amor e Razão compõem a base da matriz emocional do coração chamada de Shen. O Shen é responsável pelo sentido inato da harmonia e da perfeição. O Coração é o juiz supremo o tratamento dela e restaurar o Shen, tonificar e relaxar o coração, equilibrar a razão (Taguchi, 2008) A depressão metal geralmente é decorrente de perdas materiais, a tristeza e a do Pulmão: A matriz emocional do elemento Metal. A característica do paciente depressivo metal, o indivíduo geralmente está ou sente-se de alguma forma, desprotegido. A falta de proteção que gera a depressão metal é relacionada a aspectos físicos e materiais. O tratamento dela é reforçar o Qipulmão; cuidar das defesas e da Alimentação (Taguchi, 2008) A depressão madeira geralmente é provocada por excesso de tensão e pressão. Ela fica evidente em situações de stress prolongado e também no fracasso. As características básicas do Houn, matriz emocional elemento Madeira são a Movimentação e a Liberdade. A depressão Madeira é causada pela estagnação do Qi no Fígado. O tratamento dela e escoar e reforçar o Qi do Fígado e liberar a tensão (Taguchi, 2008) Na imagem a seguir mostra os pontos a onde a acupuntura ira equilibrar e ajudar no tratamento dos tipos de depressão (Taguchi, 2008). Acupuntura e depressão Acerca do tratamento da depressão com acupuntura, Kaplan, Sadock e Grebb (2003, p.945) comentam que diversos investigadores americanos têm relatado que a acupuntura é um tratamento eficaz para alguns pacientes com depressão ou dependência química (por ex., nicotina, cafeína, cocaína, heroína). Embora seja difícil abordar esses tratamentos orientais com uma mentalidade ocidental, é também verdade que a história demonstra que muitos remédios antigos têm uma firme base biológica. Buscando avaliar a eficácia da acupuntura como adjuvante ao tratamento farmacológico, Roschke e colaboradores (2000, p.73-81) realizaram um estudo em que 70 pacientes foram testados quanto à eficácia no tratamento de depressão, sendo um grupo somente com uso de antidepressivo tetracíclico e outro grupo fazendo uso de antidepressivos e acupuntura. Obtiveram como resultado um melhor curso terapêutico no tratamento combinado de droga e acupuntura. Indo além, existem evidências de que acupuntura possa ser tão eficiente quanto amitriptilina no tratamento da depressão, com a vantagem de, além de reduzir distúrbios cognitivos, distúrbios do sono e sentimento de desespero, apresenta uma melhor eficácia no que se refere à redução de somatização acompanhada de ansiedade, quando comparada à amitriptilina (YANG, et al, 1994, p.014). Segundo Requena (1990) a acupuntura tem sido confirmado em vários estudos, ainda que na literatura cientifica medica existe um certo questionamento e algumas duvidas com relação ao efeito no mecanismo de ação exata da acupuntura sobre o sintoma depressivo. Considerações finais Este trabalho objetivou a analise sobre como a acupuntura auxilia no tratamento da depressão, através de um levantamento bibliográfico. A acupuntura tem enfrentado ainda muitos desafios, mas cada dia esse tratamento vem crescendo, auxiliando e ajudando no tratamento de pessoas com depressão, desde os casos mais simples aos mais complexos. Vale ressaltar que a medicina tradicional chinesa especificamente a acupuntura é uma forma de tratamento que tem demonstrado grandes benefícios a saúde como um todo que representa para o tratamento da depressão, melhorando assim a qualidade de vida de quem se utiliza dessas técnicas. Compreendendo a importância da geração de conhecimentos mais aprofundados sobre este tema, sugerese também a realização de novas pesquisas que apontem competências relevantes ao procedimento da acupuntura para o tratamento da depressão. Agradecimentos Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser presente na minha vida, me guiando nesse caminho, e sem ele não teria forças para essa longa jornada, ao meu pai Waldemir e a minha mãe Rosemilia e aos meus irmãos. Agradeço a minha querida e amável orientadora Jacqueline, que com paciência e fôlego, conseguiu corrigir os meus textinhos em azul e por ser uma excelente professora e profissional, a qual me espelha, ela que sempre me incentivava não deixava desistir quando me desesperava, sei que sem ela não iria conseguir terminar. Quero agradecer ao meu noivo Igor e amigos que sempre me ajudava de alguma forma, me apoiando, me incentivando e me dando broncas nos momentos precisos. Não podendo de deixar de agradecer pelos meus colegas de turma, que juntos conseguimos passar por todos os obstáculos e fases nesse decorrer de curso de mãos dadas e bravamente. Agradeço aos meus queridos professores, porque sem eles não seriamos quem somos hoje, não teríamos outros pensamentos, outras formas de ver a vida. Obrigada por cada paciência e incentivos que nos dava para crescermos como profissionais. Agradeço também a minha Tia Auzira e meus primos Aparecida e Kadson que abriram as porta da sua casa para ficarem nos tempo de estagio, me dando forças e muito carinho. Referências LIMA, Darlan de Almeida, Vale, Lizieh Florência, Silva Emanuelle Eudeilene. O Estigma da depressão no fenômeno social da doença mental. Produzido em 14/04/1014. GREINERT, Bruna RafaeleMilhorini, MILANI, Rute Grossi. Depressão-Pós-parto: uma compreensão psicossocial. Psicol.teor.prat vol1 no.1 São Paulo abril de 2013. ARRAIS, Alessandra da Rocha, MOURÃO, Mariana Alves, FRAGALLE, Barbara. O pré-natal psicológico como programa de prevenção a depressão pos-parto. Saúdesoc. Vol.23 no.1 São Paulo Janeiro/Março 2014. BONDY, Brigitta. Fisiopatologia da depressão e mecanismos de tratamento. 2010. HASLER, Gregor. Fisiopatologia da depressão: nos ter qualquer sólido evidência de interesse para os medicos?. Hospital Universitario de Psiquiatria de Berna, 2010. PEREIRA, Francisco Antonio de Oliveira, Evidência cientifica da ação da acupuntura. Campo dos Goytacazes, 2007. PEREIRA, Francisco Antonio de Oliveira. Abordagem cientifica da acupuntura. Campo dos Goytacazes 2006. SILVA, Andre Luiz Picolli. A psique e a acupuntura.São Paulo 2006. TAVARES, Leandro AnselinoTodesqui. A depressão como “mal-estar” contemporânio.Editor Unesp, 2010. TAGUCHI, Cristina Pinheiro. A depressão tratada pela medicina Tradicional Chinesa. Psicologa e acupunturista, 2008. SISSMANN., David Junior. O que e acupuntura?2 ed. 1971 ANDREI. Edmund. O diagnostico na Medicina Chinesa. Editor LTDA. 2 ed. São Paulo 1992. MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da Medicina Chinesa. Editor ROCA, 1996. MUSASH, Miyamoro. O livro dos cinco elemento. 1 ed. Editor associada, 1985. CAMPIGLIA, Helena. Psique e Medicina Tradicional Chinesa. Editor ROCA, 2004. CHENGGU, Ye. Tratamento das doenças mentais por acupuntura e Moxabustao. Editor ROCA, 2006. TEODORO, Wagner Luiz Garcia. Depressão corpo, mente e alma. 3 ed. Uberlandia, 2009 AFONSO, L A, Contribuição da acupuntura no tratamento da depressão. Univ. Mogi das Cruzes, 2009. BRATS, boletim Brasileiro de Avaliação de tecnologia em saúde. Antidepressivos no transtorno Depressivo Maior em adultos. Março 2012. ANDRADE, Rosângela, SILVA, Aderbal Ferreira, MORREIRA, Frederico Neiva, SANTOS, Helisbetânia Paulo Souza, DANTAS, Heloiza Ferreira. How The Neurotransmitters act in the depression. 2009 BONDY, Brigitta.Pathophysiology of depression and mechanisms of treatment. 2002. CARDOSO, Luciana Roberta Donala. depression.Psicol.Argun. Curitiba. 2011. Behavioral Psychotberapy in the treatment of HASLER, Gregor. Phathopysiology of depression: do we haver any solid evidence of interest to clinicians?.Worl Psychiatry. 2010. JOHNSON J, WEISSMAN MM, KLERMAN GL. Service utilization and social morbidity associated with depressivesymptoms in the community. JAMA.1992;267(11):1478-83. ROST K, ZHANG M, FORTNEY J,SMITH J, COYNE J, SMITH GR Jr. Persistently poor outcomes of undetected major depression in primary care.GenHosp Psychiatry. 1998;20(1):12-20. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs369/en/ acessado em 10/06/2016 COUTINHO, Bernardo Diniz, DULCETTI, Perola GorettiSichero. The Yin and Yang movement in the cosmology of chinese medicine. Saude-manguinhos. V22. Rio de Janeiro. 2010 CAA, Comissao assessora de acupuntura. Acupuntura. São Paulo, 2010. http://www.progresso.com.br/especiais/d-mais/acupuntura-ajuda-tratar-depressaoacessado 18/06/2016 CHEN, J. K. Acupuncture and Herbs in the Treatment of Neurodegenerative Disorders: Alzheimer's Disease, Stroke and Parkinson's Disease. Medical Acupunture,1(11), 1999. Mac Donald A. Acupuncture: From ancient art to modern medicine.AllenandUnwin. London. 1982 CHUNCAI, ZHOU. Clássico de Medicina do Imperador Amarelo – Tratado sobre a saúde e a vida longa. Ed. Roca 2003. Requena, Y. Acupuntura e Psicologia. São Paulo: Andrei, 1990. HOLMES, David S. Psicologia dos transtornos mentais. 2º edição 1997 e reimpressão 2007.