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O Estado do Maranhão. São Luís, 5 de outubro de 2014 - DOMINGO
3
PERFIL
Márcio Glamm Vianna, músico
Fotos/Paulo Soares
“Sempre soube
que queria viver
da música”
Guitarrista da banda Púrpura Ink, Márcio
Glamm Vianna começou a tocar o
instrumento na adolescência, mas
a paixão pelo rock veio desde a infância
i
Gisele Carvalho
Da equipe de O Estado
NOME COMPLETO
Márcio Rodrigues de Maya
Vianna
C
om quase 10 anos de carreira profissional, Márcio
Glamm Vianna é um dos
mais conceituados guitarristas do
Maranhão. O menino que cresceu em meio a atores e compositores se apaixonou pela música
logo cedo, conquistou seu espaço no cenário local em um ritmo
que ainda é pouco explorado no
estado e já prepara o lançamento
do primeiro CD da banda da qual
é integrante, a Púrpura Ink.
Já são quatro anos de Púrpura
Ink. Ao lado dos outros integrantes, Seth Bass (baixista), E.J (vocalista), Derick (baterista) e Chris
Wiesen (guitarrista), Márcio
Glamm toca em bares da capital
e em cidades do interior e agora
o grupo visa um salto na carreira
com o lançamento de um disco,
que deverá acontecer em janeiro
de 2015.
Além dos projetos com a Púrpura Ink, ele tem ainda um projeto paralelo, a Márcio Glamm e
Banda, que faz covers e tributos a
várias bandas de rock. Além de integrar os dois grupos, ele ainda dá
aulas particulares de guitarra, tem
um estúdio de ensaios e trabalha
em uma loja de instrumentos
musicais.
Com tanta dedicação ao mundo da música, o nome do guitarrista já é referência no assunto no
estado. Para chegar a esse nível,
foram vários anos tocando e se especializando, mesmo que em algumas épocas fosse por pouca remuneração financeira e mais por
paixão.
Dedicação - Para Márcio, tudo
começou em casa com a influência dos pais. A mãe, Rosenilde Rodrigues Ferreira, é arte-educadora e atriz e já realizou projetos voltados para a música. Já o pai de
criação é Chico Maranhão, co-
“
Em alguns
momentos,
já passou a
ideia pela
cabeça de
desistir e
seguir outro
rumo. Mas
a música é
minha vida”
RAIO-X
NASCIMENTO
18 de julho de 1985
NATURALIDADE
Brasília
PROFISSÃO
Músico
FILIAÇÃO
Rosenilde Rodrigues Ferreira
Miguel Jerônimo de Maya
Vianna
FILHOS
Não tem
QUALIDADE
Ser centrado e responsável
DEFEITO
Ser impaciente em alguns
momentos. Criar muitas
expectativas em relação a
algumas coisas.
ALEGRIA
Poder fazer o que gosta
TRISTEZA
Viver em um mundo injusto
Márcio Glamm é um dos guitarristas mais conceituados de São Luís
nhecido compositor maranhense. Além disso, ele é neto de um
militar da aeronáutica que era
maestro e ainda sobrinho de um
renomado guitarrista e violonista brasiliense, Toninho Maya.
Ainda criança, era comum
que ele acompanhasse os shows
do pai. Como os pais recebiam
amigos compositores e atores em
sua casa, o filho cresceu até os 14
anos em São Paulo nesse meio
artístico.
Foi ainda na infância que mostrou interesse em seguir os passos
dos pais. Nessa época, dois episódios chamaram bastante atenção
de sua mãe. O primeiro foi quan-
do a avó de Márcio pôs para tocar
uma música de igreja e ele cantou
afinado toda a música. Aos 4 anos,
a mãe escutava uma música da
banda de rock irlandesa U2 e ao
tentar trocar o disco por outro, o
filho a repreendeu dizendo que
deixasse o disco continuar tocando.
O interesse por tocar um instrumento veio depois de iniciar o
tratamento para a diabetes tipo 1
e depois de ir a um show de Iron
Maiden, uma de suas referências
musicais, assim como Led Zeppelin, Black Sabbath e Mettalica.
A primeira guitarra foi o presente
de aniversário de 15 anos.
SAUDADE
Da irmã que mora na Austrália,
do pai biológico e do pai de
criação Chico Maranhão
PLANOS
Continuar tocando rock
O pai, que sempre foi ligado à
cultura popular, reclamava um
pouco da escolha do filho pelo
rock, mas sempre o incentivou a
estudar guitarra. "Como eu não
tinha pedal, que é o equipamento que faz o som da guitarra distorcer, eu tinha que aumentar
muito o volume para conseguir o
som. Por isso, ele reclamava um
pouco", lembra.
Profissional - Quando teve que
se mudar de São Paulo para São
Músico está prestes a se formar no curso de Música da UFMA
Luís, ele conta que ficou muito
chateado por ter de mudar para
uma cidade onde os shows de
rock eram tão escassos. Mas pouco tempo depois de ter mudado
para a cidade, ele foi uma das pessoas que contribuíram para a mudança desse cenário musical da
capital maranhense.
Até chegar à Púrpura Ink e a
Márcio Glamm e Banda, o músico passou por diversos grupos. O
primeiro deles foi a Banda Lothus,
que era composta por ele e colegas de escola e tocava em festas escolares e feiras. Assim como esse
grupo, ele passou por muitos outros. Alguns que duravam apenas
dois meses. "Até então, a gente não
tinha retorno financeiro com as
bandas e eu percebia que os outros integrantes não tinham interesse em seguir carreira. A banda
era só uma brincadeira. Mas para
mim era diferente. Por isso, eu passei por tantas bandas procurando
o lugar certo", comenta.
O primeiro trabalho profissional foi na Banda Cruz de Metal
em 2005, mas como queria po-
tencializar sua carreira, ele pretendia fazer um curso superior.
Até então, o curso visado ainda
não havia sido implantando em
São Luís. Márcio Glamm até tentou ingressar no curso de Engenharia Elétrica vislumbrando trabalhar posteriormente com a parte elétrica de um estúdio de música. Mas, dois anos depois disso,
ele conseguiu ingressar na primeira turma do curso de Música, que
foi implantado na Universidade
Federal do Maranhão (UFMA) e
teve certeza de que sua escolha
pela música estava correta. "Foi
diferente entrar na academia, mas
foi muito bom porque comecei a
ter contato com músicos de outros ritmos e sempre tentei unir a
teoria e a prática para não ficar
preso apenas ao que eu já sabia",
destaca o músico.
Prestes a concluir seu curso, ele
toca diversos projetos e ainda tem
um sonho: viajar com sua banda
fazendo rock pela Europa e nos
Estados Unidos, lugares em que
ele considera que o ritmo tem
mais espaço.
Música ajudou no tratamento contra a diabetes
Márcio com a mãe,
Rose Ferreira, que o
influenciou a gostar
de rock
Mais do que uma paixão, o
rock ajudou Márcio Glamm em
um dos momentos mais difíceis para ele e para sua família. Ao ser diagnosticado com
diabetes do tipo 1 quando tinha apenas 12 anos, ele viu
na música um ponto de apoio
para estabilizar a doença e se
acostumar com o novo estilo
de vida que teria de adotar
por causa da sua saúde.
A história de Márcio com a
música é anterior à descoberta da doença, graças à influência dos pais, mas foi durante o tratamento da doença
que ele mostrou um maior interesse pelos instrumentos,
principalmente, pela guitarra.
Na rua do hospital em que fazia o tratamento de saúde, o
Instituto da Criança de São
Paulo, havia várias lojas de
instrumentos musicais que
chamavam bastante a atenção
dele.
O músico lembra que era
rotina ele sair do hospital
acompanhado da mãe e ficar
observando as guitarras expostas nas vitrines. Com o
passar do tempo, ele aprendeu todos os nomes de guitarras. Pouco tempo depois, começou a frequentar galerias
de rock e passou a deixar o
cabelo crescer. Depois de ir a
um show de Iron Maiden, se
interessou por tocar guitarra
e começou a fazer aulas.
Para ele, ter esse contato
mais próximo com a música o
ajudou a lidar de uma forma
melhor com a doença e ainda
trouxe outros benefícios. "Ajudou bastante com a criatividade e melhorou muito a minha
timidez também", destaca o
guitarrista.
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