unidade de queimados: a escuta do psicólogo e a (re) construção

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UNIDADE DE QUEIMADOS: A ESCUTA DO PSICÓLOGO E A (RE) CONSTRUÇÃO DE UMA
TRAMA DE SENTIDOS.
ANA PAULA KNACKFUSS FREITAS SILVEIRA
Centro Universitário Franciscano/Santa Maria/RS/Brasil
[email protected]
CAMILA DOS SANTOS GONÇALVES
Centro Universitário Franciscano/Santa Maria/RS/Brasil
[email protected]
INTRODUÇÃO
Ao longo dos últimos anos vários estudos têm apontado algumas questões fundamentais
que envolvem a prática, o ensino e a pesquisa do psicólogo que atua em instituições de saúde,
especificamente em hospitais (CHIATTONE, 2000). Segundo Spink (2007) as mudanças
recentes na forma de inserção dos psicólogos na saúde e a abertura de novos campos de
atuação têm introduzido transformações qualitativas na prática que requerem, por sua vez,
novas perspectivas teóricas. Neste sentido, a expansão e a inserção do psicólogo nos mais
diversos campos de atuação, como no âmbito hospitalar, requerem maiores aprofundamentos
acerca das intervenções a serem desenvolvidas conforme a particularidade de cada contexto.
Tratando-se disto, pode-se dizer que pesquisas envolvendo as intervenções do psicólogo
em contextos de cuidado ao paciente com queimaduras, ainda são pouco exploradas. Muitas
das pesquisas levantadas para o presente estudo, que abordam a temática envolvendo
queimaduras, referem-se especialmente a outras áreas de saberes, como Enfermagem,
Medicina, Fisioterapia, Nutrição, Terapia Ocupacional entre outros. Com menor frequência
foram encontradas as pesquisas que abordaram as intervenções dos psicólogos acerca desta
temática.
O sujeito acometido pela queimadura se vê, repentinamente, enfrentando a dor, a
hospitalização e o comprometimento de suas funções vitais. De maneira geral, a hospitalização
acontece de forma rápida e imprevisível, não havendo tempo para que o indivíduo e seus
familiares se preparem para uma internação hospitalar, como usualmente pode ocorrer na
situação de outras doenças (CARVALHO E ROSSI, 2006).
Neste sentido, o presente trabalho buscou compreender as contribuições da intervenção do
profissional de Psicologia frente ao paciente com queimadura. Além disso, abordar as
implicações da hospitalização e reabilitação do paciente no psiquismo do sujeito acometido
pela queimadura.
MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com base na análise da observação participante e
do diário de campo produzido durante estágio extracurricular na Unidade de Queimados de um
hospital público, localizado na capital do estado do Rio Grande do Sul.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para falarmos de queimaduras, é necessário reconhecer que a pele é o maior e mais
exposto órgão do corpo humano, sendo assim, mais vulnerável a lesões. Embora seja o órgão
que ocupa a maior extensão do corpo, em geral, não prestamos muita atenção à pele. A
atenção se volta quando esta se modifica como nos casos de queimadura (MENEZES e
SILVA, 1988; NEVES, 2003).
Responsável pela sensação, proteção, termo regulação e secreção, a pele é um
revestimento elástico que protege o homem do meio ambiente contra a passagem de agentes
físicos e químicos e impede a perda excessiva de água e eletrólitos. Tanto no bebê como no
adulto, é o principal órgão de percepção permitindo a transmissão de sensações físicas e
emocionais (RIBEIRO E FERRANTI, 2005; BITELMAN, 2003).
Para Franulic e Gonzáles (2000) sofrer uma queimadura altera de algum modo o transcurso
biográfico de um indivíduo. Os autores trazem que podem ser afetados: o equilíbrio psicológico,
a capacidade de adaptação biológica, bem como a vida sexual, a imagem corporal, e
autoestima.
Segundo Werneck et al. (1995), a experiência é vivida geralmente de um modo traumático,
porque o tratamento envolve dores excruciantes, angústia, internação longa e frequentes
readmissões para intervenções cirúrgicas reconstrutoras das cicatrizes. Com relação à
hospitalização Jeammet e Consoli (2000), colocam que a mesma possui condições suficientes
para induzir um efeito de estresse e de desorganização do controle emocional do paciente.
Situações de inquietação sobre a natureza da afecção, o distanciamento da família e
precipitação num mundo desconhecido, além das repercussões dos efeitos físicos que podem
ser desencadeados, muitas vezes são geradores de angústia nos pacientes.
Para Angerami-Camon (2002), durante a hospitalização o paciente vivencia um
processo de despersonalização. Somado a isto, determinadas práticas são consideradas ainda
mais agressivas pela maneira como são conduzidas dentro do âmbito hospitalar. Durante a
internação, o paciente é incluído em uma rotina hospitalar que agrega horários e diversos
procedimentos - e, por vezes, pode ser invadido em sua privacidade e intimidade.Neste
sentido, fica evidenciado nos trechos apontados anteriormente no que se refere aos
procedimentos realizados, como os banhos e desbridamentos, onde o paciente poderá
encontrar-se estigmatizado na situação de paciente, pela própria passividade frente aos
procedimentos nos quais é submetido, tendo que ficar desprovido de seus pertences, ficar
despido na frente de outras pessoas, ficar afastado da família e de sua vida social; “deixa de
ter o seu próprio nome e passa a ter um número de leito, ou então alguém portador de
determinada patologia.” (pg. 16), assim como é evidenciado no trecho a seguir:
“(...). Aqui, agente sabe o nome de todos os pacientes, e agente chama sempre pelo nome‟ –
Embora a técnica tenha falado isto, percebi em muitas ocasiões que entre a equipe eles
referem-se ao paciente do „414‟ ou o „3 do 418‟. Além disso, percebi que alguns referem-se ao
paciente, de acordo com o tipo de queimadura que ele sofreu: „chegou um grande queimado‟,
„chegou um de 2º grau profundo‟. (...)”. (Diário de campo, 25/07/2012)
Neste sentido, ao trabalhar no sentido de diminuir os processos de despersonalização no
âmbito hospitalar, o psicólogo estará ajudando na humanização do hospital, pois seguramente
esse processo é um dos maiores aniquiladores da dignidade existencial da pessoa
hospitalizada (ANGERAMI-CAMON, 2002).
Além do processo de despersonalização, outro ponto a ser destacado e levado em
consideração nas intervenções do psicólogo com os pacientes queimados é questão da dor.
Seja física ou emocional, a dor é constante e acompanha o paciente durante o período de
hospitalização. Neste sentido, percebe-se a importância de um espaço de escuta a estes
pacientes, uma vez que a dor é uma experiência pessoal e subjetiva e só a conhecemos a
partir da comunicação daquele que a sofre assim como colocam Sasdelli e Miranda (2001).
Para os mesmos autores, a dor funciona como um processo de alarme, indicando que algo não
está bem no organismo. Sendo assim, é pertinente que o psicólogo esteja atento às questões
prévias à hospitalização no que se refere à história pessoal anterior, e que as intervenções
proporcionem um espaço para que o paciente fale,ressignificando assim à experiência da
hospitalização e a experiência da dor:
“(...) Ao acompanhar o procedimento de desbridamento através do vidro que separava o bloco
cirúrgico da sala de recuperação, percebi que o modo como é realizado explica a dor física explica a dor sentida pelos pacientes, pois realmente é um procedimento muito agressivo à
pele (...) de alguma maneira, isso pode explicar as manifestações psíquicas que podem ocorrer
nos pacientes, pois, por mais que os pacientes estejam anestesiados (no corpo), de alguma
forma tudo o que é feito, até mesmo dito e não dito fica registrado na pele do paciente. Ele não
sente, mas sente. Ou seja, de alguma forma o que acontece com e na sua pele, pode registrarse no psíquico. (...)”. (Diário de campo, 20/07/2012).
As impressões surgidas pelas observações remeteram à busca de uma compreensão no
que se refere às questões trazidas no fragmento acima do diário de campo, relacionadas aos
registros no psiquismo dos pacientes, ao passar por procedimentos agressivos à pele. Como
explicitado anteriormente, a pele, ao mesmo tempo intimamente privada e notavelmente
pública, é a interface final entre o eu e o outro – entre nosso ser interior e o mundo externo
(BITELMAN, 2003). Cada um de nós é capaz de viver, uma dor intensa e durável que pode
desorganizar o aparelho psíquico, ameaçar a integração psíquica no corpo, afetar a
capacidade de desejar e a capacidade de pensar (ANZIEU, 1989). No caso dos pacientes
queimados, podemos pensar que estas questões ficam ainda mais exacerbadas, uma vez que,
a queimadura é considerada traumática e o súbito momento do acontecido não permite a
assimilação psíquica no paciente (LAPORTE e LEORNARDI, 2010).
“(...). O paciente falou que estava psicologicamente abalado, pois às vezes quando estava
dormindo ou estava pegando no sono, acordava no susto, suado, tendo pesadelos. Ele
associou isto ao fato de que, o acidente que provocou suas queimaduras ocorreu quando ele
teria colocado fogo em uma latinha, pegou no sono e acordou em chamas. (...)”. (Diário de
campo, 17/07/2012).
Em “A interpretação dos Sonhos”, Freud (1996) traz questões referentes aos sonhos de
angústia, em que estes podem adquirir significados novos, que são inclusive consonantes com
a visão médica do que ela define como pesadelo ou transtorno de angústia ligada ao
sonho.Para Coutinho (2009) sob a ótica psicanalítica, o sonho de angústia talvez possa ser
definido como aquele cujo conteúdo manifesto ou latente provoca o súbito despertar por uma
crise de angústia, comumente associada a manifestações corporais.
Neste sentido, o psicólogo deve estar atendo a todas as manifestações – conscientes e
inconscientes – do paciente, para que proporcione um espaço de escuta para a amenização do
possível sofrimento ocasionado pela queimadura e consequente hospitalização. Ao
proporcionar um espaço de escuta, o psicólogo favorece o estabelecimento do que Anzieu
(1989) chama de “piel de palabras”, onde o reestabelecimento da capacidade de se comunicar
com o outro (e consigo mesmo) permitem que o paciente reconstrua um Eu-Pele suficiente
para que sua pele, apesar das feridas físicas, possa conter assim os afetos dolorosos. O autor
ainda coloca que a “piel de palavras” que é tecida entre o paciente e um interlocutor
compreensivo, pode reestabelecer simbolicamente uma pele psíquica continente, apta a fazer
mais tolerável à dor de uma ferida da pele real.
Outro ponto a ser levantado é que, além de “marcas” no psiquismo do sujeito, o mesmo
se encontra marcado por feridas, e na maioria das vezes, encontrar-se-á marcado por
cicatrizes na pele. Embora a questão da dor tiver sido mais evidenciada nos relatos dos
pacientes, a preocupação com a imagem corporal e com as consequências da queimadura
foram marcantes nas falas de alguns pacientes, inclusive na fala de alguns profissionais, assim
como é ilustrado nos trechos abaixo:
“(...). No atendimento com o paciente Y. este me perguntou como estava o seu rosto. Enquanto
ele falava comigo, olhava para as suas mãos – que estavam bem queimadas – até que falou
„Eu tô horrível né? Meu rosto deve tá muito feio‟ (...)”. (Diário de campo, 17/07/2012).
“(...). Tu vê só esse menino aqui do 413, (referindo-se ao leito do paciente), 19 anos, tava
ajudando o pai a mexer no carro e explodiu o cano da gasolina no rosto dele. Uma judiaria, um
guri bonito, jovem, com namorada, corre o risco de ficar com o rosto deformado e ter que
passar por várias cirurgias plásticas pra corrigir (...)”. (Diário de campo, 27/07/2012).
Segundo Schilder (1999) a constituição da imagem do nosso corpo é realizada através da
inclusão de partes do corpo de outros, como seus gestos, atitudes e posturas; dependendo
ainda da forma como estas outras pessoas tratam do nosso corpo. Assim, com o passar do
tempo, o conhecimento de outros e novos ambientes, oportuniza a partir da imitação e da
observação, criar, e constantemente reorganizar a própria imagem corporal, sendo o esquema
corpóreo não só estipulado por imagens, mas principalmente por contato, por relações. Neste
sentido, pode-se pensar, a partir dos fragmentos do diário de campo que em função da
queimadura, as possíveis cicatrizes poderão afetar a imagem que o paciente tem de seu corpo
e de si mesmo, sendo eminente a demanda de reorganização de sua imagem corporal
realizada a partir de sua relação com seu corpo e o ambiente, e sua relação e contato com o
outro e como o outro o vê.
A partir das questões analisadas a partir das observações e registros do diário de campo,
fica evidenciada a importância da intervenção do psicólogo dentro dos contextos de cuidado ao
paciente com queimadura, uma vez que este acontecimento é mobilizador para o paciente,
mas também pela família e pela equipe de cuidado. Isto porque tanto a família do paciente
quanto a equipe acabam “sentindo na pele” os reflexos dos procedimentos como as limitações,
necessidades de reconstruções, e sofrimento geradas pelas queimaduras.
CONCLUSÕES
A partir do presente escuto, pode-se perceber que os pacientes que sofreram queimaduras
necessitam de um espaço em que possam transformar a sua dor em palavras, atribuindo uma
rede de sentidos que contribua para o nascimento de “novas peles”. Além de uma dor física, é
uma dor que afeta a constituição do sujeito, sendo a compreensão deste, pautada em sua
subjetividade e em sua história de vida. Neste sentido, a escuta do psicólogo, como
instrumento de intervenção, é pautado na possibilidade de proporcionar um espaço para que o
paciente construa e reconstrua uma noção de continuidade. O estabelecimento deuma “piel de
palabras”, tecida entre o paciente e um interlocutor compreensivo, pode reestabelecer
simbolicamente uma pele psíquica continente, apta a tornar mais tolerável a dor de uma ferida
da pele física. Deste modo, através da presença de alguém que não rejeita o corpo marcado e
ao mesmo tempo não o „agride‟ com os procedimentos, mas que se ocupa das necessidades
psíquicas dos pacientes faz com que a escuta acabe por disponibilizar a este encontro o
reestabelecimento da disposição de se comunicar consigo mesmo e com o outro. Através da
fala, há o fortalecimento da integridade da subjetividade do paciente, apesar das „feridas‟
ocasionadas pela queimadura.
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BURNS UNIT : LISTENING AND A PSYCHOLOGIST ( RE ) CONSTRUCTION OF A PLOT
FOR DIRECTIONS
ABSTRACT
The subject affected by the burn is seen suddenly experiencing pain, hospitalization, and the
commitment of its vital functions. Besides the process of depersonalization, the issue of pain,
whether physical or emotional, is constant and follows the patient during hospitalization. To
understand the contributions of the intervention of psychologist towards the patient with burns,
in addition to addressing the implications of the patient's hospitalization and rehabilitation in the
psyche of the individual affected by the burn. The method consists of an analysis of participant
observation and field diary records produced during extracurricular internship at the Burns Unit
of a public hospital, located in the state capital of Rio Grande do Sul. The results indicate that
listening to the psychologist as an instrument intervention, is founded on the ability to provide a
space for the patient to build and rebuild a sense of continuity. The establishment of a "piel de
palabras", woven between the patient and a sympathetic interlocutor, can symbolically
reestablish a continent psychic skin, able to make more tolerable the pain of a wound physical
skin.
Keywords: Burn Unit, Health Psychology, Psychological adaptation.
RÉSUMÉ
Le sujetatteintpar la brûlureestconsidéréeconnaîtsoudainunedouleur, unehospitalisation, et
l'engagement de sesfonctionsvitales. Outre le processus de dépersonnalisation, la question de
la douleur, qu'ellesoit physique ouémotionnel, estconstante et suit le patient pendant
l'hospitalisation. Destiné à comprendre les contributions de l'intervention de la
psychologieprofessionnellevers le patient avec des brûlures, en plus d'aborder les
conséquences de l'hospitalisationet de réadaptation du patient dans la psyché de
l'individuaffectépar la brûlure. La méthode consiste en une analyse de l'observation participante
etchampjournaldocumentsproduitsaucours de stageparascolaireau Service desBrûlés
d'unhôpitalpublic, situédanslacapitale de l'Etat de Rio Grande do Sul. Lesrésultatsindiquent que
l'écoute de lapsychologuecommeuninstrumentintervention, est fondéesurlacapacité de fournirun
espace pourlepatient à construire et reconstruireunsentiment de continuité. La mise en place
d'un "piel de palabras", tissé entre le patient et un interlocuteursympathique,
peutsymboliquementrétablirunepeaupsychique continent, en mesure de faire plus supportable
la douleurd'unepeau physique de la plaie.
Motsclés: unitédesgrandsbrûlés, psychologie de lasanté, l'adaptationpsychologique.
RESUMEN
El sujetoafectado por laquemadura se ve de repente experimenta dolor, lahospitalización, y
elcompromiso de sus funciones vitales. Ademásdelproceso de despersonalización, el tema
deldolor, yasea físico o emocional, es constante y sigue al paciente durante lahospitalización.
Dirigido a comprenderlascontribuciones de laintervención de lapsicologíaprofesionalhaciael
paciente conquemaduras, además de abordar lasimplicaciones de lahospitalización y
larehabilitacióndel paciente enla psique de la persona afectada por laquemadura. El método
consiste enunanálisis de los registros de observación participante y eldiario de campo
producidos durante prácticas extracurriculares enlaUnidad de Quemados de un hospital
público, ubicadoenla capital del estado de Rio Grande do Sul. Los resultados indican que
laescucha de la psicóloga como instrumento intervención, se basaenlacapacidad de
proporcionar unespacio para el paciente para construir y reconstruir un sentido de continuidad.
El establecimiento de una "piel de palabras", tejida entre el paciente y un interlocutor simpático,
simbólicamentepuederestablecer una piel psíquica continente, capaz de hacer más
tolerableeldolor de una herida física de lapiel.
Palabras clave: Unidad de Quemados, Psicología de laSalud, laadaptación psicológica.
UNIDADE DE QUEIMADOS: A ESCUTA DO PSICÓLOGO E A (RE) CONSTRUÇÃO DE UMA
TRAMA DE SENTIDOS.
RESUMO
O sujeito acometido pela queimadura se vê, repentinamente, enfrentando a dor, a
hospitalização e o comprometimento de suas funções vitais. Além do processo de
despersonalização, a questão da dor, seja física ou emocional, é constante e acompanha o
paciente durante o período de hospitalização. Objetivou-se compreender as contribuições da
intervenção do profissional de Psicologia frente ao paciente com queimadura, além de abordar
as implicações da hospitalização e reabilitação do paciente no psiquismo do sujeito acometido
pela queimadura. O método consiste na análise da observação participante e dos registros de
diário de campo produzido durante estágio extracurricular na Unidade de Queimados de um
hospital público, localizado na capital do estado do Rio Grande do Sul. Os resultados apontam
que a escuta do psicólogo, como instrumento de intervenção, é pautado na possibilidade de
proporcionar um espaço para que o paciente construa e reconstrua uma noção de
continuidade. O estabelecimento de uma “piel de palabras”, tecida entre o paciente e um
interlocutor compreensivo, pode reestabelecer simbolicamente uma pele psíquica continente,
apta a tornar mais tolerável a dor de uma ferida da pele física.
Palavras Chave: Unidade de Queimados, Psicologia em Saúde, adaptação psicológica.
_____________________________
Ana Paula Knackfuss Freitas Silveira
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