Saúde O coração humano bombeia o sangue para todo o organismo, desde antes do nascimento até ao último momento da vida. De cada vez que o coração bate, ele é ativado de forma sincronizada por um estímulo elétrico. Esse estímulo é habitualmente regular, como a cadência de um pêndulo ou de um relógio. O indivíduo normal não apresenta sempre exatamente o mesmo ritmo. No dia-a-dia, em resposta às situações de stress ou esforço físico, esse estímulo elétrico torna-se mais frequente e o coração acelera. Por oposição, nos momentos de repouso como o sono, o coração abranda o seu ritmo. Quando há uma alteração patológica no ritmo cardíaco diz-se que o indivíduo sofre de Arritmia. Estas dividem-se em ritmos demasiado rápidos (Taquicárdia), demasiado lentos (Bradicárdia) e alterações na regularidade do estímulo elétrico (ritmo irregular). Há um tipo de Arritmia que afeta a maioria das pessoas e que geralmente não traz risco acrescido para a saúde: as Extrassístoles. Estas correspondem a um estímulo elétrico, geralmente único, que surge fora do seu tempo. Na maioria dos casos, o indivíduo não se apercebe do sucedido (é assintomática). Noutras vezes, pode surgir uma sensação de desconforto súbito no peito que alivia instantaneamente (cerca de um segundo de duração). Entre todas as outras formas de arritmia, há uma que preocupa particularmente os médicos: a Fibrilhação Auricular. Na Fibrilhação Auricular o ritmo cardíaco é completamente irregular. O próprio indivíduo ou o profissional de saúde pode desconfiar desta situação através da palpação do pulso ou da sensação de palpitações. Para confirmar a situação pode-se realizar um Eletrocardiograma. Arritmia Cardíaca A Fibrilhação Auricular deve ser rastreada regularmente na população idosa (onde é mais prevalente) porque se associada a um risco elevado de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Nos doentes com esta arritmia, as Aurículas, cavidades cardíacas que recebem o sangue proveniente das veias, deixam de contrair de forma eficaz. O sangue dentro das Aurículas fica relativamente estagnado e pode formar coágulos. Quando esses coágulos eventualmente se soltam da Aurícula esquerda para a circulação, eles podem ocluir uma artéria da circulação cerebral, originando um AVC. As consequências mais frequentes do AVC são a perda de força nos membros ou alterações na capacidade de falar. De modo a evitar estas consequências, os Médicos tentam em primeiro lugar prevenir o aparecimento da Arritmia, com o controlo da Pressão Arterial e com medicamentos Anti-Arrítmicos. Nos indivíduos que ainda assim desenvolvem esta Arritmia, o Médico pode recomendar Anti-Coagulantes, medicamentos que diminuem a probabilidade de se formarem coágulos dentro do coração. Neste caso, o acompanhamento médico regular é fundamental para avaliar a eficácia e a segurança da medicação, visto que esta se associa a um risco aumentado de hemorragia. Gonçalo Jácome Morgado Médico Interno de Cardiologia - Hospital Garcia de Orta Revisores Auditores OUTUBRO_DEZEMBRO 2013 75