VI COPEDI - Congresso Paulista de Educação Infantil e II Congresso Internacional de Educação Infantil EIXO 3 - Identidades e formação docente Relato de Prática COMO SER PROFESSOR DE BEBÊS E CRIANÇAS BEM PEQUENININHAS QUE PENSAM? A FORMAÇÃO COMO UM PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO INTELECTUAL: UM PASSO PARA A EDUCAÇÃO HUMANIZADORA Luci Aparecida Guidio Godinho RESUMO Como pensar em um processo de formação permanente de professores de crianças pequenas que pensam? Como considerar, no processo de formação permanente, o desafio de incorporar no planejamento da jornada educativa, aquilo que as crianças pensam, interrogam , falam sobre o mundo? Como concretizar nas ações pedagógicas, as concepções expressas no discurso e escritas no Projeto Político Pedagógico da unidade? Essas são algumas das inquietações que permeiam o presente relato de prática que busca discutir o processo de formação permanente em um Centro de Educação Infantil da cidade de São Paulo. O referido processo formativo envolve todos os seguimentos da unidade, famílias e comunidade, compreendendo a unidade educativa como um “lócus” privilegiado de formação permanente. A proposta apresentada busca promover uma formação critica que desvele as concepções que fundamentam a prática educativa, problematizando em que medida as mesmas são coerentes com as teorias explicitadas que pautam o Projeto Politico Pedagógico da unidade. Nessa perspectiva, compreende-se a importância de fomentar através da formação o processo de autonomia intelectual e autoria docente concernente, não só ao percurso de formação permanente, mas também ao planejamento da pratica educativa que dialeticamente visa construir uma proposta curricular que considere as crianças reais, sua cultura e história como elementos fundamentais do pensar sobre as práticas pedagógicas propostas. VI COPEDI - Congresso Paulista de Educação Infantil e II Congresso Internacional de Educação Infantil EIXO 3 - Identidades e formação docente Relato de Prática COMO SER PROFESSOR DE BEBÊS E CRIANÇAS BEM PEQUENININHAS QUE PENSAM? A FORMAÇÃO COMO UM PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO INTELECTUAL: UM PASSO PARA A EDUCAÇÃO HUMANIZADORA Luci Aparecida Guidio Godinho Motivação para iniciar a prática: “Conhecer, na dimensão humana, (...) não é o ato através do qual um sujeito, transformado em objeto, recebe, dócil e passivamente, os. conteúdos que outro lhe dá ou impõe. (...) O conhecimento, pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo requer sua ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica em invenção e em reinvenção. Reclama a reflexão crítica de cada um sobre o ato mesmo de conhecer, pelo qual se reconhece conhecendo e, ao reconhecer-se assim, percebe o ‘como’ de seu conhecer e os condicionamentos a que está submetido seu ato. (...) Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito, e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer” (FREIRE, 2002 p. 27). Imbuído do conceito de conhecimento, expresso na frase de Paulo Freire, o presente relato de prática, buscará traduzir uma proposta de formação coletiva e permanente realizada em um CEI da rede direta da cidade de São Paulo. Formação essa realizada não só com os professores da unidade, mas também com os profissionais do quadro de apoio, famílias e comunidade, Assim, a proposta política pedagógica apresentada, compreendida como um processo de formação permanente, dialógica e participativa, busca além de superar a dicotomia entre teoria e prática, construir práticas contextualizadas considerando a participação dos sujeitos, ou seja, crianças bem pequenininhas, incluindo os bebês. Bebês e crianças concebidos como seres que pensam, interagem, se relacionam com o mundo, sofrem suas interferências, produzem conhecimento e, portanto enquanto sujeitos históricos rompem com concepções que desconsideram as capacidades infantis. Bebês e crianças necessitam de professores que potencializem os processos de construção de conhecimento . Considera-se assim a importância de, a partir da reflexão crítica e problematização do trabalho pedagógico, dialeticamente, articular dimensões da realidade sócio cultural posta ou imposta pelos mecanismos de dominação advindos das experiências a qual somos submetidos, com o conhecimento cientifico, na constituição de um currículo critico a ser consolidado nas ações educativas. Compreendendo a formação como um processo que objetiva a emancipação intelectual dos sujeitos envolvidos, propomos um caminho de construção de conhecimento que seja coerente no tocante à metodologia, tanto do ponto de vista da formação do professor, como da formação das crianças a partir das necessidades apontadas pelos envolvidos, crianças e adultos. Tal formação pretende re-significar as práticas existentes, numa perspectiva que considere professores e crianças enquanto produtores de conhecimento, contrapondo-se a reprodução do que Paulo Freire chamou de educação bancária onde, [...] a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. Em lugar de comunicar-se, o educador faz comunicados e depósitos, que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção bancária da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem depósitos, guardá-los e arquivá-los. [...] na visão bancária da educação, o saber é uma doação dos que julgam sábios aos que julgam nada saber. (FREIRE, 1987 p. 58, grifos do autor) Compreende-se assim, que tanto do ponto de vista da construção da pedagogia da infância , quanto do ponto de vista das propostas de formação dos professores, há que se romper com essa perspectiva “bancária” que influenciou, e ainda influencia o cotidiano educativo. Tomando como foco a formação permanente dos professores pode-se notar historicamente a influencia de “pacotes” externos de formação, homogeneamente pré formatados que muitas vezes desconsideram as reais características das crianças, suas necessidades, cultura e conhecimentos, assim como a dos professores. Contrapondo-se a essa perspectiva, a proposta aqui apresentada busca fomentar a construção de uma educação humanizadora, pautada nos princípios de uma sociedade justa e solidária, construída coletivamente por homens, mulheres e neste caso, por bebês e crianças bem pequenininhas. Considerando esses pressupostos iniciais, algumas inquietações têm provocado esse movimento formativo , a saber: Como pensar em um processo de formação permanente de professores de crianças pequenas que pensam? Como considerar no processo de formação permanente o desafio de incorporar no planejamento da jornada educativa aquilo que as crianças pensam, interrogam , falam sobre o mundo? Como concretizar nas ações pedagógicas, as concepções expressas no discurso e escritas no Projeto Político Pedagógico da unidade? Projeto esse, construído coletivamente pelos professores que considera as crianças sujeitos de direitos , autônomos e críticos e objetiva construir através da educação uma sociedade mais humana e solidária. Enfim, a formação permanente pode fundamentar a construção de uma pedagogia da infância comprometida com a transformação social? Tais questões são reais e muitas vezes expressas pelas professoras, inquietadas pela compreensão do que, porque e para que ensinar, desejosas em consolidar na prática a criança enquanto participante ativa do planejamento. Sabemos que tais questões não possuem uma resposta previamente determinada, mas nos movem na busca de compreendê-las. Cabe considerar aqui, uma problemática que vem se agravando historicamente , que remete ao fato da formação inicial não dar conta de trabalhar com conhecimentos que possibilitem a compreensão da criança real, especialmente dos bebês reais , que vivem uma educação coletiva com outros tantos bebês e crianças. Crianças que vivem e atuam na sociedade como sujeitos históricos. Desta forma com vistas a qualificar a prática educativa, no sentido de materializar, em sua organização, a criança enquanto sujeito histórico e social, protagonista e produtor de conhecimento, propomos uma formação permanente, reflexiva onde crianças e educadores construam e ressignifiquem seus conhecimentos. Para romper com uma prática transmissiva e ou muitas vezes ingênua optamos por recorrer ao “diálogo” como principio e pressuposto para concretizar uma pedagogia formadora de sujeitos críticos e criadores . Diálogo como processo dialético-problematizador. Ou seja, através do diálogo podemos olhar o mundo e a nossa existência em sociedade como processo, algo em construção, como realidade inacabada e em constante transformação. Nessa perspectiva, o diálogo é a força que impulsiona o pensar critico-problematizador em relação à condição humana no mundo.(STRECK. REDIN, ZITKOSKI, 2009, p. 117) O que se pretendia com essa proposta: Na perspectiva apresentada, problematizar as práticas educativas, experienciando os desafios da reflexão sobre a prática, compartilhando vivências e socializando informações, tem como principais objetivos: Consolidar a unidade educativa como um “lócus” privilegiado de formação permanente; Envolver todos os seguimentos da unidade, famílias e comunidade no processo formativo; Promover uma formação critica que desvele as concepções que fundamentam a prática educativa, problematizando em que medida as mesmas são coerentes com as teorias que explicitamos e que pautam o Projeto Politico Pedagógico da unidade; Fomentar o processo de autonomia intelectual e autoria docente concernente ao processo de formação permanente e do planejamento da pratica educativa; Construir uma proposta curricular que considere as crianças reais, sua cultura e história como elementos fundamentais do pensar sobre as pratica pedagógicas propostas. Tais reflexões tem possibilitado provocar um processo reflexivo onde o estudo, a pesquisa e a problematização das práticas pedagógicas constituem elementos fundamentais da construção do conhecimento cientifico, por parte do educador. De acordo com Paulo Freire (1996, p. 38-39), [...] o saber que a prática docente espontânea ou quase espontânea, “desarmada”, indiscutivelmente produz é um saber ingênuo, um saber de experiência feito, a que falta a rigorosidade metódica que caracteriza a curiosidade epistemológica do sujeito. [...] O que se precisa é possibilitar que, voltando-se sobre si mesma, através da reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua, percebendo-se como tal, se vá tornando crítica. (FREIRE, 1996, p. 38-39) Caminhos percorridos: Esse percurso formativo tem se desafiado a concretizar uma metodologia formativa que implica em: - estudar a realidade conhecendo suas características sócio histórico e culturais, bem como as crianças com as quais trabalhamos, suas falas, desejos e necessidades; - Problematizar esse estudo da realidade e a fala das crianças, tendo como subsidio o conhecimento oriundo de diferentes áreas e ciências, buscando conteúdos específicos e cotejando as visões distintas, a fim de buscar as contradições existentes nas visões pré- concebidas, desmistificar estereótipos, desvelar conteúdos nem sempre explícitos, que permeiam a pratica educativa, com vistas a contribuir para compressão, ampliação e ressignificação dos nossos conhecimentos. - Construir práticas educativas pautadas nas discussões realizadas e nos conhecimentos científicos dela decorrentes, na tensão de buscar a coerência entre o que acreditamos e o que consolidados na pratica educativa, junto aos bebês e as crianças. Tais princípios metodológicos, pautam as diferentes temáticas que compõe a formação, oriundas da análise critica dos contextos educativos. Na sequencia será explicitado um recorte desse processo, que traduz o percurso formativo relativo à problematização sobre concepção de crianças e educador, realizado com o coletivo de profissionais da unidade. Cabe ressaltar que no presente ano a unidade recebeu mais de 50% de professores novos, oriundos de outras unidades educativas. Assim, se fez necessário discutir as concepções fundantes do Projeto Politico Pedagógico a fim de, mediante uma construção coletiva, traduzi-las em uma prática coerente. Para tanto, incialmente cada professor e os demais profissionais da unidade, registraram sua concepção de criança e professor de educação infantil, desvelando seus conceitos sobre esses atores do cenário educativo. A fim de problematizar os conceitos apresentados nos registros, realizamos com o grupo de educadores uma visita à comunidade, com vistas a conhecer “in loco” a realidade de vida das crianças, conversar com os moradores e compreender aspectos singulares da cultura e história local. Os conhecimentos advindos da pesquisa sobre a realidade da comunidade, que trouxeram dados valiosos sobre a criança e a infância real, histórica e socialmente localizadas, se articularam com conhecimentos oriundos de outras ciências como a Sociologia da Infância, a fim de ampliar as concepções inicialmente traduzidas pelas professoras e respaldar a construção de uma concepção de infância que fundamenta o Projeto Politico Pedagógico da unidade. Cabe nesse sentido ressaltar a importância desse movimento que considera a importância da pesquisa em relação à realidade, pois muitas vezes a teoria, padroniza uma concepção de criança que é abstrata, universal, homogenia e que portanto não traduz a criança real. Desse processo originou-se a seguinte concepção de criança e professor, construída de forma coletiva pelas professoras e demais profissionais do CEI, que compõe atualmente o projeto politico pedagógico da unidade: Concepção de criança/ Infância Acreditamos que as crianças, desde seu nascimento, são sujeitos de direitos, repletas de potencialidades. Consideramos que as crianças, incluindo os bebês são: curiosas, criativas, pensantes e ativas. São “atores sociais de pouca idade”, inseridas em um contexto sócio histórico e cultural que as marcam e as constituem, mas que também são constituídos por elas, pois as crianças, desde pequenininhas, também participam da construção histórica, e da sua história, como sujeitos ativos, protagonistas. Como co-construtora de seu processo de aprendizagens e produtora de cultura, advogamos a favor de uma criança que é altamente capaz de expressar seus desejos, ideias, hipóteses, teorias, através das diferentes linguagens, tendo o brincar como uma forma privilegiada de conhecer o mundo. Tendo, assim, o direito de ter suas diferenças respeitadas, sua voz escutada e considerada e liberdade para pensar , se expressar, decidir e fazer boas escolhas. Acreditamos que as crianças exercitam um papel transformador na sociedade , tendo os adultos o compromisso de garantir esses direitos. (Projeto Politico Pedagógico2012) Concepção de professor Na perspectiva de uma Educação Humanizadora, aquela que Paulo Freire definiu como norteadora de uma crença que é possível a produção da existência humana digna, justa e solidária, compreendese um professor aprendiz, crítico de sua própria prática, pesquisador da realidade em que estão imersas as crianças e os adultos, frutos de uma sociedade impregnada de desigualdades. Aprendiz, pesquisador e crítico porque entende que as transformações que almeja estão no diálogo que se finda entre teoria, prática e leitura de mundo. Mundo vivido que precisa ser desvelado, transformado! Um professor “sujeito-histórico” de uma realidade que precisa ser transformada e que por isso, através da reflexão crítica da construção de seu trabalho busca na realização da prática, elementos para a superação de si e da realidade. Professor que reconhece que o conhecimento não está pronto. E que esse deve vir de encontro as necessidade das crianças. Que por considerar a infância como uma importante fase da vida, cheia de possibilidades de aprendizagem, sabe que precisa ser autor de uma prática desafiadora, oportunizadora de um cotidiano rico de experiências que estabeleça principalmente através do respeito à fase de vida da criança, a coerência entre o discurso pedagógico e a prática apresentada. Que busca na construção de uma prática crítica, superar as contradições impostas pelos discursos dominantes, impregnados de uma cultura perversa que diminui o valor das pessoas e as tornam desiguais. Que percebe, nas especificidades da infância, a clareza das intenções de um a escola pensada para bebês e crianças bem pequenininhas. (Projeto Politico Pedagógico-2012) O desafio cotidiano que se faz presente, e permeia a trajetória da formação permanente, é o de consolidar essas concepções na prática educativa. Tarefa que sabemos, não é simples, mas que exige a constante reflexão critica sobre a prática educativa, percebendo suas contradições, limites e possibilidades de transformação. Compreendemos que essa discussão não se finda e não se restringe as professoras, mas também envolve todos os profissionais do CEI, que compreendemos como educadores, independente da função que realizam e os pais e a comunidade, especialmente durante os encontros com as famílias e nas Reuniões de Conselho de CEI. Desdobramento da experiência relatada: O percurso de formação explicitado, tem no decorrer do tempo evidenciado algumas modificações significativas na prática educativa, bem como na forma do professor pensar sobre ela. Nesse sentido, cabe ressaltar que a avaliação é entendida como processo (permanente) de construção, investigação e ressignificação da prática que tem indicadores e momentos privilegiados. Sobre as transformações observadas nessa trajetória cabe ressaltar: A presença significativa das argumentações e reflexões dos professores nos momentos coletivos de formação, exercitando o processo de problematização e reflexão critica sobre a prática educativa. Propostas de ação coletiva a partir das reflexões, traduzidas na construção de contextos educativos coerentes com a proposta de uma educação humanizadora. Mudanças cotidianas na organização e reorganização dos espaços e contextos educativos propostos à criança e comunidade, compreendendo estes como espaços privilegiados de escuta das crianças e da construção das culturas infantis Construção de registros sistematizados utilizando-se de várias linguagens; Elaboração do caderno de registros diários com o processo de organização do conhecimento; Ampliação do debate e da compreensão sobre a concepção de criança e educação infantil com os todos profissionais da unidade, e não só com os professores, bem como com as famílias e a comunidade, integrando todos na proposta pedagógica da unidade de forma efetiva. Alguns registros realizados pelos professores traduzem essas considerações, que passam não só pela construção de novos conhecimentos , mas também pela desconstrução de outros tantos que marcam a formação profissional: “A formação tem possibilitado que meu aprendizado seja constante. Além de renovar os meus conhecimentos, construo novos saberes e assim posso dinamizar minha prática pedagógica. Tive oportunidades de desconstruir conceitos e perceber que novos pensamentos vêm substitui-los ou renová-los, aprimorando e tornando permanente minha formação.” (Registro da professora M.H.M) A dialogicidade existente entre a teoria e pratica também é explicitada, como registrado nesse depoimento de uma professora da unidade narrando um dialogo com sua professora da faculdade: “A proposta de uma educação humanizada a me cativa , faz parecer um sonho que vimos na teoria da faculdade e agora se torna realidade. Comentei com a minha professora de Pratica de Ensino:” onde fui efetivada , a proposta é construir o conhecimento e para tanto usamos poucos materiais prontos. Temos que construir juntamente com a criança, conceitos que tenham valor significativo nas suas vidas , tornando a criança participe do processos educativo e dessa forma tornando-o mais humano.” ( Professora M. M) Ao iniciarmos a formação é proposta a constituição de um Portfólio Docente, onde as professoras registram seus processos de pesquisa, suas reflexões revelando as trajetórias de construção de conhecimento em articulação com o registro do processo de formação vivenciado e das ações realizadas com as crianças. Tal documentação tem nos permitido materializar o registro da mesma e reconhecer a emancipação intelectual de muitos para o alcance da autonomia de outros, neste caso de bebês e crianças bem pequenas. Seguem alguns registros que revelam tais considerações: “O projeto de formação permanente tem sustentado verdadeiramente as ações que vivencio com o grupo de crianças. Tudo se inicia quando saímos às ruas para conhecermos aspectos da comunidade, para a elaboração de um plano, que de fato, venha de encontro com as necessidades das crianças. Ao olhar para o meu plano ainda percebo ações desconectadas da realidade dos pequenos, penso que nesse aspecto ainda preciso melhorar.” (Registro da professora J.L) “Compreendi a importância do registro, registramos para historicizar algo e para fomentar uma reflexão critica sobre o nosso trabalho e transformá-lo. Registrando posso re-planejar minha ação pedagógica, movendo-me como ondas no mar, ensinando e aprendendo, num constante vai e vem formando um corpo no processo educativo. Preciso aprender a observar, a escutar e perguntar as crianças pequenas sobre elas e sobre o mundo. Preciso acatar e adentrar no mundo das crianças...e documentar” (Trecho do Portfólio da Professora M.C) Assim a prática formativa não se baseia em técnicas ou processos a serem “consumidos” pelos professores, mas em um espaço de aprendizagem que tem por objetivo principal a auto emancipação intelectual, através da qual podemos olhar de forma critica a prática construída, percebendo as incoerências e contradições nelas existentes, buscando aproxima-las das concepções defendidas. Processo esse que não é simples nem homogêneo, e que abraça o desafio permanente de lidar com as contradições e resistências inerentes ao processo educativo. Referencias Bibliográficas FARIA, Ana Lúcia Goulart de ; PALHARES, Maiana Silveira(Orgs.) . Educação Infantil pós-LDB: Rumos e Desafios. 2ª. ed. Campinas - SP: Editores Associados, 2000. v. 1. 111 MELLO, Suely – Linguagem, Consciência e Alienação: O óbvio como obstáculo ao desenvolvimento da consciência Crítica–UNSEP-Marília-2000. FREIRE, Paulo (1993). 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