(avc) portadoras da anemia falciforme (af)

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ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM CRIANÇAS SEQUELADAS
DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) PORTADORAS DA
ANEMIA FALCIFORME (AF)
RESUMO
1
1. Anna Paula Mascarenhas Portugal
2
2. Fernando Reis do Espírito Santo (Orientador)
Este estudo aborda sobre a AF que é uma doença crônica de origem genética
que se caracteriza pela falcização da hemoglobina, o que, conseqüentemente,
promove o aumento da viscosidade e a perda de flexibilidade das hemácias.
São essas mudanças físico-químicas que provocam eventos vaso-oclusivos e
hemolíticos em seus portadores, e que tornam a AF um dos mais importantes
fatores de risco para AVC isquêmico agudo em crianças. O AVC é uma
alteração da circulação cerebral que ocasiona um déficit transitório ou definitivo
no funcionamento de uma ou mais partes do cérebro apresentando o déficit
motor como um dos sintomas gerais. Não há um tratamento específico da AF,
no entanto, a fisioterapia tem se mostrado fundamental em muitas
complicações secundárias a AF, como no AVC. Esta pesquisa tem como
objetivo evidenciar, a partir da literatura, a atuação do fisioterapeuta em
crianças sequeladas de AVC portadoras da AF. O presente artigo foi realizado
através de uma pesquisa bibliográfica, e se caracteriza com uma pesquisa de
natureza qualitativa, exploratória. Os resultados nos mostram que o tratamento
de pessoas que sofreram um AVC, sobretudo portadores da anemia falciforme,
tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida. É de fundamental importância
a atuação do Fisioterapeuta, que possui uma gama de recursos eletrotermocinesioterápicos e de condicionamento físico para auxiliar no tratamento,
na prevenção das crises e na melhora geral de seu quadro físico e prática das
atividades da vida diária.
Palavras-chave: Anemia Falciforme. Acidente Vascular Cerebral. Fisioterapia.
1
Graduada em Fisioterapia – Faculdade Adventista de Fisioterapia (FAFIS); Pós-graduanda
em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal – Universidade Castelo Branco (UCB) e Atualiza
Associação Cultural.
2
Doutor em Educação e Professor da UFBA.
1. INTRODUÇÃO
- Apresentação do objeto de estudo:
A fisiopatologia da AF está fundamentada na polimerização da HbS. Sua
presença provoca alterações nas propriedades físico-químicas dos eritrócitos.
Quando a concentração de oxigênio sanguíneo cai, a molécula de HbS tornase tensa e as globinas β-S ficam mais próximas, formando assim, pontes
hidrofóbicas entre as moléculas de hemoglobina (tetrâmeros). A união de
vários tetrâmeros gera polímeros, que por sua vez, se precipitam no
citoplasma, alterando a morfologia do eritrócito para o formato de foice.
(SANTOS, 2010; PAULA, 2007).
Diante desse fenômeno de polimerização e falcização da hemoglobina, as
hemácias sofrem aumento da viscosidade e perdem flexibilidade, o que,
consequentemente, promove eventos vaso-oclusivos e hemolíticos. (PAULA,
2007).
Um artigo realizado pela ANIVSA verificou que a AF se originou na África e foi
trazida para o continente americano por causa da imigração forçada dos
escravos, atualmente essa doença tem acometido as pessoas do continente
europeu e em grande parte das regiões da Ásia. No Brasil a AF tem uma
distribuição mais heterogênea, e é mais freqüente em lugares onde a uma
grande proporção de indivíduos negros e pardos, mas também pode ocorrer
em indivíduos da raça branca devido à miscigenação. (ANVISA, 2002)
A maioria das complicações observadas na AF pode ser atribuída ao processo
de falcização e consequente vaso-oclusão; e seu impacto sobre vários órgãos.
As manifestações clínicas da AF variam acentuadamente quanto à gravidade e
à freqüência. Os sintomas mais agudos da doença ocorrem durante períodos
de exacerbação (crises episódicas), dentre elas encontramos: Crises
Dolorosas, Aplásica e do Seqüestro Esplênico; Síndrome Torácica Aguda
(STA); Priapismo; Dactilite Falcêmica (Síndrome mão-pé); Úlceras de pressão;
Icterícia; Infecção; Febre e o Acidente Vascular Cerebral (AVC). (VALENTE,
2007).
Costa (2009),1 afirma que o AVC é uma alteração da circulação cerebral que
ocasiona um déficit transitório ou definitivo no funcionamento de uma ou mais
partes do cérebro, podendo ser por meio isquêmico ou hemorrágico e
resultando em perda da função neurológica. A obstrução da macrocirculação
intracraniana por hemácias falcizadas tem um quadro clínico dependente da
área cerebral acometida, no entanto, apresenta como sintomas gerais a
cefaléia, convulsões, sonolência e déficits motores.
- Justificativa:
A AF apresenta ampla distribuição mundial, com prevalência elevada entre
populações afro-descendentes (AMORIM at al., 2004), sendo considerada um
problema de saúde pública. No Brasil, a estimativa é que aproximadamente “2
milhões de pessoas sejam portadoras do gene HbS, e mais de 8.000 afetados
com a forma homozigótica HbSS, a AF. Além disso, estima-se que surgem de
700 a 1000 casos novos por ano”. (ANVISA, 2002, p.10).
A Bahia é o estado Brasileiro que apresenta a maior prevalência para o gene
da hemoglobina S, responsável pela anemia falciforme, sendo estimada a
freqüência de 1/650 recém nascidos com doença falciforme (APAE, 2010).
Adorno et. al. (2005), estudando recém-nascidos de uma maternidade pública
em Salvador, demonstrou que o percentual de crianças nascidas com AF
chegou a 0,2%.
A anemia falciforme é um dos mais importantes fatores de risco para AVC
isquêmico agudo, com a taxa de incidência variando de acordo com a idade. A
incidência é de 0,13% em bebês menores de 2 anos, aumentando para 1% de
casos entre 2-5 anos e para 0,79% entre 6 e 9 anos. A incidência de AVC
isquêmico agudo em crianças com anemia falciforme pode ser até 280 vezes
mais alta do que na população pediátrica. (MEKITARIAN, 2009).
Segundo Mekitarian (2009), a incidência do AVE em crianças varia de dois a
oito casos em cada 100.000 crianças, de até 14 anos, por ano, incluindo
proporções similares de AVC isquêmico agudo e AVC hemorrágico. Excluindose o primeiro ano, essa taxa cai em 50%. Dados estadunidenses mostram que
3.000 crianças são afetadas por ano.
Considerando suas diversas manifestações clínicas, suas diferentes causas e o
baixo grau de suspeição para AVE em pediatria, esses dados podem
subestimar a verdadeira incidência de AVE nesse grupo. A recorrência de AVE
em crianças pode alcançar uma taxa de 20%, e, na presença de múltiplos
fatores de risco, pode chegar a 42%. (MEKITARIAN, 2009).
Diante destes dados que aumentam a cada ano, faz-se necessário estudos que
objetivem discriminar a linha terapêutica mais adequada para o tratamento de
crianças sequeladas de AVC portadoras da AF.
- Problema:
Não há um tratamento específico para a AF, assim, as medidas para diminuir
as conseqüências das crises de falcização e susceptibilidade às infecções
consistem na transfusão sanguínea, que tem sua indicação variante diante da
gravidade da anemia e dos sinais/sintomas apresentados pelo paciente; no
tratamento medicamentoso, que vêm sendo utilizado no sentido de diminuir a
polimerização da hemoglobina, dificultando a desidratação da hemácia, ou até
mesmo aumentando a concentração de HbF; e no transplante de medula
óssea, indicado à pacientes com complicações graves como AVC.
Além do tratamento convencional, a atuação da fisioterapia tem se mostrado
fundamental em muitas complicações secundárias a AF, principalmente no
AVC. Surge então, o problema que rege a produção deste estudo: “Como se dá
a atuação do fisioterapeuta em crianças sequeladas de AVC portadoras da
AF?”.
- Objetivo:
Evidenciar, a partir da literatura, a atuação do fisioterapeuta em crianças
sequeladas de AVC portadora da AF.
- Metodologia:
*Quanto a Natureza:
Para compreender esta temática será utilizada a abordagem qualitativa de
pesquisa. Segundo Apolinário (2004) a pesquisa qualitativa conceitua-se a
partir da modalidade de pesquisa, na qual os dados são coletados através de
interações sociais e analisados subjetivamente pelo pesquisador, ela preocupase com fenômenos, sendo que um fato, um observador, ou seja, o fenômeno é
a interpretação subjetiva do fato.
*Quanto ao Procedimento Técnico
O desenvolvimento desse estudo aconteceu através da Pesquisa bibliográfica,
a qual, segundo Gil (2002) é com base em material já elaborado, constituída
principalmente de livros e artigos científicos.
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia ser pesquisada diretamente.
O presente artigo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica, em que
foram utilizados livros de informativa e artigos científicos nos idiomas português
e inglês, publicados no período de 2000 à 2011, retirados das bases de dados:
Scielo, Lilacs, Bireme e Medline.
*Quanto aos objetivos:
Este estudo identifica fatores que determinam ou que contribuem para a
ocorrência dos fenômenos. Sendo assim, essa pesquisa é caracterizada como
explicativa, onde há um maior aprofundamento do conhecimento da realidade.
De acordo com Vergara (2000), a investigação explicativa tem como principal
objetivo tornar algo inteligível justificar-lhe os motivos. Visa, portanto esclarecer
quais fatores contribui de alguma forma, para a ocorrência de determinado
fenômeno. Por exemplo: a atuação fisioterapêutica em crianças sequeladas de
AVC e portadoras da AF.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Anemia Falciforme
A anemia falciforme é uma doença hemolítica congênita ou hereditária, na qual
ocorre a troca do ácido glutâmico por valina no 6º resíduo da cadeia beta da
hemoglobina. Essa relação dá origem a uma hemoglobina anormal, a
hemoglobina “S” (Hbs) (SILVA; MARQUES, 2007).
Segundo o Ministério da Saúde do Brasil em 2006, o gene da anemia
falciforme pode ser encontrado com frequência de 2% a 6% em indivíduos
residentes nas diferentes regiões do país, aumentando para 6% a 10% entre a
população afrodescendente brasileira. No Nordeste do Brasil, a prevalência do
gene é de 3%, chegando a 5,5% no Estado da Bahia. Devido a sua morbidade
e alto índice de mortalidade, tem sido apontada como uma questão de saúde
pública. A Organização Mundial de Saúde estima que, anualmente, nascem no
Brasil em média 2.500 crianças com doença falciforme, das quais 1.900 têm
anemia falciforme. Em Salvador, constatou-se que o traço falcêmico (HbAS) foi
encontrado com frequência de 7,6% a 15,9% nos afro-descendentes.
(GUIMARÃES; MIRANDA; TAVARES, 2009; SALVADOR, 2006; WATANABE
et al., 2008).
O agravamento do quadro clínico de boa parte das pessoas com anemia
falciforme perpassa as questões de desenvolvimento da doença. Ou seja, está
também relacionado com questões mais amplas, como o desconhecimento da
população em geral sobre a doença, a falta de assistência médica
especializada, e de políticas públicas voltadas a este público. Além disso, a AF
tem uma relação muito próxima com a questão socioeconômica da pessoa
afetada. Sobre isso, Cançado (2007) considera que no Brasil os estratos
populacionais afro-descendentes acumulam os piores indicadores de renda e
escolaridade, então, as variáveis pobreza e doença convergem perversa e
dramaticamente para compor um quadro sanitário, no qual muitos brasileiros
com AF falecem antes dos dez anos de idade.
As pessoas que são acometidas por esta doença estão sujeitas a uma série de
complicações, como crises vaso-oclusivas e anemia hemolítica crônica que
podem levar a maior susceptibilidade a infecções, acidente vascular cerebral,
insuficiência renal, insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar, além de
úlceras em membros inferiores de difícil cicatrização. (SERJEANT et al., 2004;
SMELTZER; BARE, 2005).
2.2 Acidente Vascular Cerebral
Dentre as complicações mais comuns aos portadores da AF, destaca-se o
Acidente Vascular Encefálico (AVE). Segundo Mekitaria e Carvalho (2009), o
AVE é caracterizado por manifestações clínicas e neurológicas de derrame,
combinadas com evidências radiológicas de isquemia ou infarto em um
determinado território arterial (acidente vascular cerebral isquêmico agudo) ou
hemorragia (acidente vascular cerebral hemorrágico). Os AVE podem ser
divididos em AVE neonatais, que incluem os períodos pré-natal, perinatal (entre
a 28ª semana de gestação e os 7 dias de vida) e neonatal (primeiro mês de
vida), e em AVE não-neonatal ou infantil (após 1 mês de idade).
Os fatores de risco incluem eventos isquêmicos transitórios prévios, alto fluxo
sanguíneo no Doppler transcraniano, hipertensão arterial, histórico de síndrome
torácica aguda, baixos níveis de hemoglobina e alta contagem de leucócitos,
com este último fator sendo relevante em casos de AVC hemorrágico em
crianças com anemia falciforme. (MEKITARIAN; CARVALHO, 2009).
2.3 Anemia Falciforme X Acidente Vascular Cerebral
Muitas crianças que apresentam AVC têm outra condição médica associada,
como disfunções cardíacas ou anemia falciforme, estando vulneráveis a efeitos
adversos durante toda a fase do desenvolvimento infantil. (ANDRADE, 2007).
Segundo Caridade (2007), Mekitarian (2009) e Silva (2003), as manifestações
neurológicas
são
geralmente
focais
e
podem
incluir
hemiparesia,
hemiparestesia, deficiência do campo visual, afasia e paralisia de nervos
cranianos. Sinais mais generalizados como coma e convulsões podem ocorrer.
Embora a recuperação possa ser completa em alguns casos, são freqüentes o
dano intelectual, seqüelas neurológicas graves e morte. A recidiva do acidente
vascular cerebral provoca danos maiores e aumenta a mortalidade.
O AVC em pacientes com AF é multifatorial, mas acontece essencialmente por
2 motivos: arteriopatia progressivamente oclusiva e obstrução dos pequenos
vasos por causa de rolhões de células falciformes, um alto risco individual pode
ser
identificado
por
estratégias
simples
bem estabelecidas
como
a
ultrassonografia com Doppler transcraniano e carotídeo-vertebral. (CARIDADE,
2007).
O paciente eritrofalcêmico que possuir um comprometimento do aparelho
locomotor sentirá dificuldades para deambular, correr, praticar esportes, enfim
ações
realizadas
normalmente
por
qualquer
pessoa
sadia.
Já
o
comprometimento do sistema cardiopulmonar irá influenciar, antes de mais
nada, em uma função vital para qualquer indivíduo, a sua respiração e a troca
dos gases inalados com o corpo, gerando dispnéia (falta de ar), cansaço em
atividades rotineiras. (SILVA, 2003).
Silva (2008) diz que a Anemia Falciforme permite à Fisioterapia uma
assistência rica em recursos e técnicas objetivando a promoção da reabilitação
osteomioarticular e cardiopulmonar no paciente, com a diminuição e melhora
das algias, melhora da amplitude articular global, prevenção de trofismos
musculares, recuperação da mobilidade dos tecidos moles, melhora da
resistência aos pequenos esforços e da capacidade pulmonar total, melhora da
dispnéia e conseqüente preparo para realizar as atividades da vida diária
(AVD’s) com disposição e saúde.
Com relação aos aspectos clínicos do AVC na infância, as sequelas
neuroanatômicas – que envolvem o crescimento e o desenvolvimento
encefálico da criança – mais frequentes são hemiplegia (paralisia parcial) e
outras alterações motoras, além de alterações sensoriais, perceptivas e
emocionais. Após o AVC, as crianças – assim como os pacientes adultos –
podem apresentar alterações motoras como fraqueza muscular, contrações
irregulares do músculo, padrões anormais de movimentação e perda de
condicionamento físico. A atuação do fisioterapeuta na terapêutica desta
patologia vem a contribuir e otimizar o prognóstico destes indivíduos,
melhorando assim a sua qualidade de vida, visto que esses déficits podem
limitar a capacidade de realizar tarefas funcionais, e a criança pode ter
dificuldades para andar, por exemplo. (ANDRADE, 2009).
É necessário realizar a implantação do Programa de Triagem Neonatal, através
dessa iniciativa foi possível identificar a população de pacientes com risco, para
estes serem receberem o tratamento profilático com o uso de penicilina e a
imunização especial com vacinação contra Streptococcus Pneumoniae,
Haemophilus Influenzae e Meningococcus meningitidis. Essas medidas básicas
de saúde públicas tiveram um impacto positivo no desfecho global dos
pacientes pediátricos com AF não nos EUA, mas também em todo o mundo.
(HANKINS, 2010; HASSELL, 2010; KING, 2007; RAHIMY, 2009)
Foi identificada a importância de se criar um programa responsável por
diagnosticar e tratar a AF de forma bem-sucedida, no contexto de uma
economia emergente, que exige esforços substanciais de seus organizadores e
apoio governamental prolongado. Mesmo com os obstáculos naturais para se
estabelecer essa infraestrutura médica, assim como o significativo baixo nível
socioeconômico da maioria dos pacientes, as mortes podem ser prevenidas e
os desfechos melhorados por meio dessas medidas. A experiência no Brasil
pode servir como exemplo para outros países, em situação socioeconômica
semelhante. Com profissionais de saúde responsáveis, o tratamento da AF
conseguiu vencer um longo caminho, apesar de ainda não ter alcançado metas
de excelência em cuidados médicos para todos os pacientes com AF, a estrada
para diante pode ser seguida com sucesso. (HANKINS, 2010; QUINN, 2010)
Segundo Mekitarian (2009), as medidas terapêuticas inicias para AVE
pediátrico são similares àquelas adotadas em crianças com AF, com especial
atenção para a correção de desidratação, hipoxemia e hipotensão.
Através de um plano de exercícios e atividades, diferenciado a cada pessoa
portadora, priorizam-se exercícios de conservação de energia, a fim de
aumentar o condicionamento físico e diminuir a fadiga com os esforços. Para
isto, são orientados os familiares e comunidade sobre a importância de fazer
exercício físico, assim como seus limites ao paciente. A realização de
atividades físicas adequadas e fisioterapia respiratória com exercícios de
estimulação ventilatória e fortalecimento dos músculos que auxiliam a
respiração melhoram e muito a qualidade de vida destes doentes.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo conclui que o tratamento de pessoas que sofreram um AVC,
sobretudo portadores da anemia falciforme, tem o objetivo de melhorar a
qualidade de vida. Os exercícios terapêuticos (cinesioterapia) promovem a
reeducação do controle motor e permitem ao paciente se movimentar da forma
mais eficiente possível. O movimento funcional minimiza o gasto energético,
previne o surgimento de deformidades e reduz a dor.
Segundo alguns autores, aqui pesquisados, o sucesso terapêutico da AF
depende, em grande parte, da autoestima do paciente e, independentemente
da idade, a qualidade de vida pode ser afetada pela ansiedade relacionada ao
futuro.
Mesmo com o alto risco de complicações fatais no início da vida, as taxas de
mortalidade de pacientes com AF reduziram significativamente nas 4 últimas
décadas, essa diminuição relativa ocorreu nos primeiros 5 anos de vida, com
uma mudança contínua em relação à mortalidade mais tardia. Essa importante
probabilidade relacionada ao aumento da sobrevida entre crianças pode ser
atribuída a medidas simples, como diagnóstico precoce, seguido de tratamento
profilático e orientações antecipadas, incluindo assim, o plano terapêutico
fisioterápico. Essas medidas básicas de saúde públicas tiveram um impacto
positivo no desfecho global dos pacientes pediátricos sequelados de AVC e
portadores da AF em todo o mundo. (HANKINS, 2010; HASSELL, 2010).
Foi constatado neste estudo que na reabilitação fisioterapêutica, serão
adequadas toda e qualquer técnica e recurso eletro-termoterápico que
promovam analgesia, diminuição dos sinais flogísticos, melhora da circulação
sanguínea, prevenção de rigidez articular e o aumento do metabolismo como: a
Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS), o Ondas Curtas (OC), o
Infra Vermelho (IV) e o Forno de Bier. Além disso, é importante associar
técnicas de cinesioterapia passiva, ativo-assistida e ativa, e técnicas de
propriocepção e reeducação respiratória, além de um trabalho aeróbio de baixa
carga, como bicicleta ergométrica, caminhadas ou natação, para condicioná-lo
fisicamente. (SILVA, 2003).
Para isso, o paciente deve contar com o apoio de seus familiares evitando uma
superproteção maléfica, compreensão e o esclarecimento da sociedade sobre
a patologia, não discriminando, nem excluindo-o de atividades da vida diária,
como o lazer e os esportes e, por fim, a fundamental atuação do
Fisioterapeuta, que possui uma gama de recursos eletro-termocinesioterápicos
e de condicionamento físico para auxiliar no tratamento, na prevenção das
crises e na melhora geral de seu quadro físico e prática das atividades da vida
diária.
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5 ABSTRACT
The AF is a chronic of genetic origin that is characterized by sickling of
hemoglobin, which in turn, promotes the increase of viscosity and loss of
flexibility of red blood cells. These are physical and chemical changes that
cause vaso-occlusive events in their hemolytic and carries, and make the AF a
major risk factor for acute ischemic stroke in children. Stroke is a change in the
cerebral circulation which causes a transient or permanent deficits in the
functioning of one or more parts of the brain presenting as a motor deficit of the
general symptoms. There is no specific treatment of AF, however, physical
therapy has been shown to be essential in many complications secondary to
AF, as in stroke. Therefore, this study aims to highlight general, from the
literature, the role of the physicaltherapist sequelae of stroke in children
suffering from AF. This article was accomplished through a literature search,
and is characterized with a qualitative research for a exploratory purposes. The
treatment of people who suffered a stroke, especially patients with sickle cell
anemia, aims to improve the quality of life. It is a critical to the role of the
physiotherapist, which has a range of features and electrothermkinesiotherapics fitness to assist in the treatment, prevention of crises and
improving your overall physical condition an practice activities of daily living.
Keywords: Sickle Cell Anemia. Stroke. Physical Therapy.
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