Prevalência dos Tipos de Fissuras em Pacientes atendidos

Propaganda
Prevalência dos Tipos de Fissuras em Pacientes atendidos no Centro de
Fissurados Labiopalatal (CEFIL) do Hospital Municipal Nossa Senhora do
Loreto no Rio de Janeiro.
Cruz, Ana Cláudia( Ortodontista- Coordenadora do CEFIL-HMNSLoreto); Esposito, Ana Carolina(
Médica Geneticista-HMNSLoreto); Rechia, Giancarlo(Cirurgião plástico); Zanini, Luiz Sérgio
(C.Plástico-Chefe da C. Plástica HMNSLoreto)
As fissuras labiopalatais representam a anomalia congênita mais frequente na
face, e as múltiplas alterações anatômicas envolvidas despertam interesse científico e
enfoque terapêutico multidisciplinar. 1
Essas malformações acometem o terço médio da face, sendo ocasionadas pela
não fusão dos processos nasais e maxilares, durante a sexta e a décima semana de vida
intra-uterina 2.
Com relação à etiologia, fatores genéticos e ou ambientais podem estar
envolvidos. A grande maioria dos casos (70%) é atribuída a fatores ambientais que
atingem a mãe no primeiro trimestre da gestação. Esses casos portanto são passíveis
de prevenção. Os mais comuns são: anemia e nutrição deficiente, uso de drogas,
cigarro, alguns medicamentos e bebidas alcoólicas. Nos outros 30% dos casos, as
deformidades são devidas à transmissão genética. Na presença de uma predisposição
genética, fatores ambientais podem precipitar o surgimento da patologia.
As fissuras labiais ou labiopalatais são etiologicamente distintas das fissuras
palatais isoladas, sendo essas mais frequentemente associadas a quadros sindrômicos
do que as primeiras.1
Estudos epidemiológicos têm sido realizados em todo o mundo, e têm
mostrado que a prevalência de fissuras labiopalatinas varia muito em relação aos
países, sendo de apenas 1,07%, no Japão, e de 4,3%, em Taiwan 3,4. No Brasil, estudos
recentes apontam que a sua ocorrência seja de uma para cada 650 indivíduos nascidos
vivos.
Como o diagnóstico pode ser feito através do exame de ultrassonografia
morfológica, é de extrema importância o encaminhamento da gestante para os
Centros de Tratamento especializados ,para que possam receber a orientação precoce
sobre a patologia e o tratamento.
O CEFIL- Centro de tratamento de Fissuras Labiopalatinas, é um serviço do
Hospital Nossa Senhora do Loreto, que foi criado oficialmente no ano de 1985 e
credenciado pelo Ministério da Saúde em Dezembro de 2000 para o atendimento da
alta complexidade.
É composto por uma equipe multidisciplinar, especializada no tratamento das fendas
lábio palatais e suas implicações estéticas, funcionais e psicológicas.
A equipe é composta por profissionais de várias especialidades, sendo o tripé
fundamental para o tratamento, as clínicas de cirurgia-plástica, odontologia e
fonoaudiologia. Conta ainda com várias outras especialidades e serviços, que dão
suporte no atendimento ao portador de fenda: Pediatria, Genética médica, Nutrição,
Terapia ocupacional, Fisioterapia, Terapia Alternativa, Dermatologia, Hematologia,
Saúde Mental (Psicologia), Anestesiologia, Cirurgia Pediátrica, Otorrinolaringologia,
Cardiologia, Audiologia,Enfermagem e Serviço Social.
A criança portadora de fenda labiopalatina apresenta logo ao nascimento, pequenas
diferenciações em seu trato, que exigem orientação especializada aos pais e à equipe
médica.
Logo ao nascimento, e após o diagnóstico positivo de fenda, o aleitamento materno
deve ser estimulado no Hospital de origem, antes de se proceder a sondagem. Caso
não seja possível, o indicado é coletar o leite materno e oferecê-lo em mamadeira com
o paciente na posição vertical, evitando assim regurgitações e aspirações.
Se a sucção nutritiva não puder ser estabelecida, deverá ser então introduzida a sonda
para as primeiras alimentações e estimulada a sucção não nutritiva. A partir de então,
deverá ser encaminhado ao CEFIL para os procedimentos específicos.
Todos os bebês recém –natos deverão vir acompanhados de enfermagem e médico
pediatra.
Um estudo retrospectivo foi realizado para identificar todos os pacientes com
diagnóstico de fissura labial, palatal ou labiopalatal que foram atendidos pela primeira
vez no CEFIL no período de julho de 2008 a janeiro de 2012.
As variáveis estudadas foram a idade do paciente na primeira consulta, sexo,
tipo de fissura, historia familiar de fissura e parentesco, intercorrências durante os
primeiro trimestre de gestação, o uso de álcool, drogas, fumo, anemia, vômitos, perda
de peso, vacinação para rubéola, uso de medicamentos, idade da mãe ao engravidar,
patologias da mãe, realização de pré-natal e prematuridade.
Uma amostra de 526 crianças foi selecionada e as deformidades foram
categorizadas baseando-se na classificação de Spina, tendo como ponto de referência
o forame incisivo.
O resultado do estudo determinou que a fissura palatal isolada ocorre em
40,3% dos casos. As Fissuras labiais isoladas encontradas em 23,8% dos casos, sendo
unilateral em 19,4%, bilateral 3% e mediana em 0,8%. As fissura labiopalatais
corresponderam a 35,9% , sendo bilateral em 10,9% do casos e unilateral em 25%.
FENDA
PALATAL
A prevalência da fissura palatal isolada por sexo foi de 44% de homens e 56%
de mulheres. A fissura labial apresentou 54% de homens e 46% de mulheres. E a
fissura labiopalatal 62% de homens e 38% de mulheres .
Fenda Palatal
Fenda Labial
feminino
Feminin
o
Fenda Labiopalatal
Feminio
Variáveis com ocorrência no primeiro trimestre da gestação apresentaram a
seguinte prevalência: vômitos presente em 41% dos casos , anemia em 38%, uso de
drogas em 4,8%, álcool em 23%, remédios 5%, tentativa de aborto 3,5%, vacinação
para rubéola 11%, fumo em 15,7% e perda de peso em 31% dos casos.
Antecedentes familiares de fissura labiopalatal presentes em 27% das fissuras,
sendo 32% nas fissuras labiopalatais, 24% na palatal e 22% na labial, o parentesco
materno presente em 40,3%, paterno em 42,4 e em ambos 17,4%.
As patologias associadas ao pacientes fissurados estiveram presentes em 16%
dos casos, sendo que na fissura palatal isolada 23%, labial 12% e labiopalatal 11%.
Prematuridade presente em 13% dos casos. Doenças da mãe em 21%,
problemas gestacionais 32%. Pré-natal realizado em 97% dos casos.
A idade do paciente na primeira consulta no CEFIL foi em 77% dos casos inferior
a 6 meses ,de 6 meses a 1 ano 8%, entre 1 e 5 anos foi de 4,4% entre 5 a 15 de 7,5% e
maiores de 15 anos 2%.
A idade da mãe variou de 10 a 43 anos, sendo que menores de 15 anos
representaram 5,6%, de 15 a 20anos 19,3%, de 20 a 35anos 64,6 % e maiores de 35
anos 10,5%.,
Os achados servem como parâmetro para levantar questões sobre como estão
sendo tratados os referidos fissurados, bem como mensurar uma realidade local. Os
resultados encontrados foram de acordo com a literatura mundial que considera que
fatores genéticos e mesológicos estejam envolvidos na gênese da fissura e corroboram
que as fissuras labiopalatais e labiais são entidade distinta das fissuras palatais.
REFERÊNCIAS
1.Mélega, JM. Cirurgia Plástica Fundamentos e Arte – Cirurgia Reparadora de Cabeça e
Pescoço, 1 ed, São Paulo: MEDSI,2002.
2. Carreirão S, Lessa S, Zanini AS. Embriologia da face. In: Tratamento das fissuras
labiopalatinas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Revinter;1996. p.1-12.
3. Souza JMP, Buchalla CM, Laurenti R. Estudo da morbidade e da mortalidade
perinatal em maternidades. III. Anomalias congênitas em nascidos vivos. Rev Saúde
Pública. 1987;21:5-12.
4. Nagem Filho H, Moraes N, Rocha RGF. Contribuição para o estudo da prevalência
das más formações congênitas lábio-palatais na população escolar de Bauru. Rev Fac
Odontol São Paulo. 1968;6:111-28.
Download