Consumo de sucos e refrigerantes: um risco maior para crianças e

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Consumo de sucos e refrigerantes: um risco maior para crianças e adolescentes
São centenas de produtos líquidos com rótulos pouco elucidativos, escritos em letra miúda, com
ingredientes difíceis de serem compreendidos até pelos profissionais da área de Nutrição. Expostas
a essa carga de líquidos de sabor doce, pessoas de todas as idades passaram a mudar seus hábitos,
incorporando calorias, açúcares e adoçantes, em volumes jamais pensados. Resultado: as silhuetas
saltaram para graus variáveis de sobrepeso e obesidade.
“Nesse contexto, a excessiva ingestão de alimentos líquidos industrializados e de sabor doce, passou
a figurar entre as principais causas de obesidade em todo o mundo, principalmente entre crianças e
adolescentes, que passaram a se hidratar essencialmente por meio destes alimentos,abandonando
definitivanente a água”, explica a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro
Integrado de Terapia Nutricional.
Crianças e adolescentes são o principal alvo da indústria de alimentos, pois eles são os maiores
consumidores das bebidas doces. Nos últimos 10 anos, o consumo de refrigerantes pelas crianças
quase dobrou nos Estados Unidos. Os adolescentes (garotos) tomam em média, de três a quatro
latas por dia, 10% deles chegam a ingerir sete ou mais latas. A média para as meninas adolescentes
é maior que duas latas diárias, sendo que 10% delas chegam a beber mais de cinco latas ao dia.
“Do ponto de vista nutricional, os refrigerantes são verdadeiramente calorias vazias, ou seja, não
conseguem agregar à saúde das crianças e adolescentes - seus maiores consumidores - nenhum
nutriente importante e adequado às necessidades nutricionais de crescimento e desenvolvimento”,
defende a nutricionista do Citen, Amanda Epifânio.
Refrigerantes fortificados
Para tentar se adequar à essa constante crítica dos profissionais de Nutrição e para conquistar
definitivamente os pais, que ainda resistem em incorporar refrigerantes às refeições dos filhos, a
indústria alimentícia apresentou-nos uma novidade: passou a incorporar vitaminas e minerais aos
seus produtos.
“Entretanto, a suposta adição de nutrientes não faz dessas bebidas alimentos saudáveis que possam
substituir alimentos naturais. A quantidade de micronutrientes adicionada aos mesmos não atende
às necessidades das crianças e adolescentes. E os refrigerantes continuam agregando sódio,
açúcares e adoçantes artificiais, em quantidades que arriscam a saúde de seus consumidores”,
destaca a endocrinologista Ellen Paiva.
Do ponto de vista de calorias, as bebidas incorporadas às refeições diárias passaram definitivamente
a fazer parte da nossa alimentação. “Em todas as refeições, desde o café da manhã, passando pelos
lanches escolares, até o jantar, lá estão elas: as bebidas doces, disfarçadas pelo puro néctar das
frutas, pelas qualidades da soja e até mesmo pelos micronutrientes dos refrigerantes, aumentando
as calorias das refeições às custas de grandes quantidades de açúcares”, explica Amanda Epifânio.
Se considerarmos que muitas crianças consomem um copo de refrigerante ou suco, em todas as
refeições ou lanches (cinco copos ao dia), elas terão, em média, 550 calorias adicionadas às suas
refeições, o que representa o valor calórico de uma refeição a mais durante o dia.
“Muitas mães se enganam ao supor que seus filhos comem de maneira mais saudável ao substituir
os refrigerantes por sucos artificiais de frutas ou soja, pois esses dois últimos, muitas vezes, são
mais calóricos do que os próprios refrigerantes, não preservam as propriedades nutricionais das
frutas, e contém quantidades de sódio, corantes e conservantes muito semelhantes aos
refrigerantes”, explica a nutricionista do Citen.
Ameaça à saúde
“Do ponto de vista da saúde, causa-nos muita preocupação o volume de adoçantes artificiais
ingeridos precocemente e em quantidades muito superiores às recomendações dos órgãos de
vigilância dos alimentos e dos profissionais de Nutrição. Isso ocorre quando optamos pelas opções
lights dessas bebidas, na tentativa de prevenir ou até mesmo tratar a obesidade infantil”, alerta a
endocrinologista Ellen Paiva.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, determinou a redução da concentração de dois
adoçantes nas bebidas lights e diets: a sacarina e o ciclamato, principalmente pelo teor de sódio que
estas substâncias agregam à bebidas. As empresas contam com três anos para se adequarem à
nova legislação. O prazo final para implementação das modificações termina em março de 2011.
“Mesmo com a nova legislação, a ingestão de bebidas lights e diets, em grandes volumes,
continuará ultrapassando facilmente as recomendações de segurança do consumo dos adoçantes
artificiais, tendo em vista o fato de que muitos outros alimentos também se utilizam dos adoçantes
para reduzirem açúcares e calorias”, informa Amanda Epifânio, nutricionista do Citen.
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