Risco ocupacional: discussão sobre a assistência de enfermagem

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RELATO DE PESQUISA/RESEARCH REPORTS
ISSN 2176-9095
Science in Health
jan-abr 2015; 6(1): 30-9
RISCO OCUPACIONAL: DISCUSSÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO
PACIENTE TABAGISTA NO SETOR DE PSIQUIATRIA
OCCUPATIONAL HAZARD: DISCUSSION ON THE NURSING CARE PATIENT IN
PSYCHIATRY SMOKER UNIT
Leila Maria Claudino Lage 1
Denise Botelho Pontes 2
Sandra Maria da Penha Conceição 3
Daniela Madr�ga 4
Mar�a Moraes Dias 5
RESU MO
Introdução: Desastrosas são as consequências do fumo do tabaco no organismo humano. A maioria dos pacientes internados em Unidade de Psiquiatria faz uso excessivo do fumo devido à ansiedade inerente às suas patologias e a inalação dessas
fumaças pelo profissional que dele cuida impõe danos à sua saúde. A fumaça inalada pelos fumantes passivos é responsável
por grande parte das doenças tabaco-relacionadas, em particular o câncer de pulmão1. Os componentes da fase gasosa que
produzem patologias são o monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, amônia, nitrosamidas voláteis,
cianeto de hidrogênio, compostos voláteis contendo enxofre, hidrocarbonetos voláteis, alcoóis, aldeídos e cetonas2. Objetivo: Descrever riscos da inalação passiva dos efeitos do tabaco na saúde do profissional que presta assistência a pacientes
fumantes do setor de psiquiatria e propor prevenção. Metodologia: Revisão integrativa da Literatura compilada de 2001
até 2014. Critérios de inclusão: artigos Brasileiros e Internacionais na íntegra. Foram utilizados 23 artigos. Conclusão: O
tabaco afeta os profissionais que prestam assistência a pacientes fumantes do setor de psiquiatria, que fazem uso do mesmo
como parte do tratamento. Essa fumaça no ambiente de trabalho atinge o profissional e é necessária a prevenção dos efeitos
dessa exposição. A fumaça de nicotina com 0,5 µm no ambiente somente conseguirá ser filtrada através da Máscara N95; que
deverá ser o Equipamento de Proteção Individual (EPI) de eleição.
Palavras-chave: Assistência de Enfermagem • Profissional de Saúde • Tabaco.
ABST R ACT
Introduction: Disastrous are the consequences of tobacco smoke on the human body. Most patients in Psychiatric Unit
make excessive use of tobacco due to anxiety inherent to their condition and the inhalation of these fumes by the professional
who takes care of them, imposes harm to his health. The smoke inhaled by passive smokers is responsible for much of the tobacco-related diseases, particularly lung cancer1. The gas phase components are conditions that produce carbon monoxide,
carbon dioxide, nitrogen oxides, ammonia, volatile nitrosamides, hydrogen cyanide, sulfur-containing volatile compounds,
volatile hydrocarbons, alcohols, aldehydes and ketones2. Objective: To describe risks of passive inhalation of tobacco health
effects of the professional who assists the smokers psychiatric unit and to propose prevention. Methodology: Integrative
review of the Literature compiled from 2001 to 2014. Inclusion criteria: Brazilian and International articles in full. 23
articles were used. Conclusion: Tobacco affects professionals who provide assistance to smokers sector psychiatric; which
make use of it as part of the treatment. This smoke in the workplace reaches the professional and it is necessary to prevent
the effects of such exposure. The smoke nicotine to 0.5 microns in the environment got to be filtered only through Máscara
N95; that should be the choice of Personal Protective Equipment (PPI).
Key words: Nursing Care • Health Professional • Tobacco.
1 Enfer�eira, Mest�e em Enfer�agem no Processo de Cuidar pelo Cent�o Universitário São, Camilo SP. Especialização em Enfer�agem do Trabalho pela UNIFESP-SP, Enfer�eira Médico-Cir�rgica pela EEWB-MG, Licenciat�ra em Enfer�agem pela Fac. de Enfer�agem e Obstet�ícia Integ�adas de Guar�lhos-SP, Docente no SENAC, SP. E-mail: [email protected].
2 Enfer�eira/Professora no Curso Superior em Enfer�agem na Univ. Ourinhos; Mest�e em Enfer�agem no Processo de Cuidar pelo Cent�o Universitário São Camilo, SP; Especialização em
Cent�o Cir�rgico pela Sociedade Bras. de Enfer�agem em Cent�o Cir�rgico; Enfer�eira da Santa Casa de Misericórdia de Ourinhos. E-mail: denise64botelho@hot�ail.com
3 Enfer�eira/Professora no curso Superior em enfer�agem na UNIESP-SP, UNIBAN-SP e UNITALO-SP, Especialista em Educação em Saúde USP/FIOCRUZ – SP; Aprimoramento em Saúde
Pública-UNIFESP/SP, Graduação em Enfer�agem Obstét�ica pela Universidade São Camilo, SP; MBA Gestão em Saúde pela UNINOVE SP; Mest�anda em Ciências da Saúde e em Saúde Mental
CEDEP/IAMSPE. E-mail: [email protected]
4 Enfer�eira/Docente do SENAC-VP - SP, Enfer�eira do Cent�o Cir�rgico do Hospital São José – Beneficência Por��g�esa, SP, Especialista em Cent�o Cir�rgico pela UNIFESP-SP. E-mail: madr�[email protected]
5 Educadora e Fisioterapeuta. Especialização em Ginástica Cor�etiva, UNIFMU, SP, especialista em Fisiologia do Exercício UNIFESP, SP, Docente no SENAC, SP e no Espaço Oriente - SP
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INTRODUÇÃO
Brasil têm surtido efeito em pequena parte da população. Nelas os usos de drogas são preconizadas
e estão associadas ao tratamento da cessação de
fumar. No entanto, não há políticas ou Programas
Preventivos implantados para profissionais “fumantes passivos” de Clínicas Psiquiátricas; sendo necessária maior conscientização desses riscos, discussões e preconizações a respeito.
As políticas governamentais e empresariais antitabagistas do Brasil emergem para a erradicação
do fumo nos diversos seguimentos, mas não se vê
sucesso e atuação nesse sentido em relação à prevenção da saúde dos profissionais que trabalham
nos setores de internação de pacientes psiquiátricos
e que cuidam daqueles que possuem, em sua conduta terapêutica, a permissão do uso de cigarros de
tabaco por longos períodos do dia.
Para que esses processos e políticas antitabagistas atuem como fator de prevenção na saúde do
trabalhador nas empresas é essencial que as superintendências e diretorias desenvolvam programas
antitabagistas no sentido de atender às exposições
dos mesmos como “fumantes passivos” locados em
unidades de psiquiatrias que permitem o uso do cigarro por parte do tratamento, cabendo ao responsável pela empresa fornecer o EPI adequado para a
proteção desses trabalhadores.
A permissão do fumo como parte da terapia
para tratamentos de diversas patologias, nesses casos, torna-se grande preocupação para os profissionais dos SESMETs, responsáveis pelo controle da
saúde dos trabalhadores expostos aos riscos inerentes à fumaça do tabaco nesse processo de cuidar.
Nas clínicas psiquiátricas a exposição aos riscos
provenientes da fumaça dos cigarros compostos
pelo Tabaco estão ligados à assimilação de substâncias por parte desses profissionais que se comportam como “fumantes passivos” por longos períodos
de tempo no exercício da profissão.
Enfermeiros do Trabalho e Médicos do Trabalho nos SESMETs dessas empresas deverão estar
imbuídos nessa missão preventiva. E essa necessidade é premente.
Uma política antitabagista deve iniciar com um
planejamento elaborado por uma equipe multiprofissional composta por Médico do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de enfermagem do trabalho, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeuta e,
para que um acompanhamento integral e efetivo do
profissional seja implementado, este deve atuar no
esclarecimento do paciente psiquiátrico e de seus
familiares, explicando-lhes a particularidade do
uso de EPIs por parte do trabalhador quando do
tratamento, para se evitar má interpretação desse
uso no exercício da profissão e preconceitos familiares nesses casos.
Os termos tabacum e tabaco vêm do nome de
um tipo de junco vazado que era usado pelos nativos americanos para inalar o fumo. Nicotina
vem do nome de um médico francês, Jean Nicot
(1530-1600), que introduziu a planta com sucesso
na França. Nicot estudou a fundo os efeitos da nicotina e a recomendava como uma substância que
“curava-tudo”.
A fumaça do cigarro é composta de duas fases: a particulada (condensada) e a fase gasosa3. Os
componentes da fase gasosa que produzem efeitos
indesejáveis na saúde são o monóxido de carbono,
dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, amônia,
nitrosamidas voláteis, cianeto de hidrogênio, compostos voláteis contendo enxofre, hidrocarbonetos
voláteis, alcoóis, aldeídos e cetonas2.
Planejar e controlar programas preventivos antitabagistas nas empresas faz-se necessário. Os profissionais de saúde são fontes de conscientização,
atuando como multiplicadores das ações de prevenção nos seus postos de trabalho. Adquirem, em sua
As atuais políticas antitabagistas adotadas no
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formação profissional, conhecimentos e habilidades técnicas e científicas para desempenhar ações
educativas que promovam e apoiem a cessação de
fumar, sendo também capazes de promover medidas legislativas e econômicas para se obter controle
do tabaco 4.
como parte do tratamento, incentivando o uso de
EPI – Máscara N95 – por parte do Profissional.
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Doentes mentais, geralmente, fumam muito e
essa terapêutica é parte do tratamento para amenizar ansiedades. Nos esquizofrênicos é alta a prevalência de fumantes pesados, atingindo 60% a 90%
(ou até mais) dos casos. Os esquizofrênicos têm
maior dificuldade em abandonar o tabaco. Neles,
são altíssimos os índices de recaídas2.
PROPOSTAS PARA AS EMPRESAS HOSPITALARES
As propostas antitabagistas nas Empresas deverão ser elaboradas por profissionais do SESMET da
empresa e deverão ser divulgadas por meio de carta de intenções ou e-mails internos para que todos
os trabalhadores do hospital tomem conhecimento
e entendam os objetivos da prevenção na saúde do
Trabalhador nesses casos.
Os profissionais de saúde se expõem facilmente ao risco passivo de contaminação pelo cigarro
quando estão nos ambientes terapêuticos de psiquiatria, por prestarem assistência nas 24 horas do
dia, em turnos.
Para garantir que o Programa Preventivo atenda
aos interesses dos diversos profissionais da Empresa
hospitalar, costuma-se recomendar a formação de
uma Comissão Preventiva do Tabaco. Essa comissão estará opinando junto ao Serviço Especializado
em Engenharia, Segurança e Medicina do Trabalho – SESMET e deverá imbuir-se da importância
de reuniões com frequência mínima de uma vez ao
mês, captando opiniões, observações e sugestões
dos representantes dos diversos setores e controlando riscos inerentes ao ambiente e hábitos dos
fumantes ali localizados.
JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa visa contribuir com empresas hospitalares e ambientes de tratamentos psiquiátricos no sentido de minimizar os efeitos da fumaça do tabaco na saúde dos profissionais que atuam
com pacientes que necessitam de terapêutica associada ao uso de cigarros.
MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de revisão integrativa elaborada com
base em literaturas Latino-Americanas compiladas entre 2001 até 2014. Critérios de inclusão:
foram utilizados 23 artigos Brasileiros e internacionais na íntegra. Os descritores que embasaram
esta pesquisa foram: Assistência de Enfermagem,
Profissional de Saúde, Tabaco. Os levantamentos
bibliográficos e discernimentos literários foram
realizados no período de março a julho de 2013.
OBJETIVO GERAL
Descrever riscos da inalação passiva da fumaça do tabaco na saúde do profissional de saúde que
presta assistência a pacientes tabagistas do setor de
psiquiatria.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
PATOLOGIAS ASSOCIADAS À INALAÇÃO
DO TABACO
Sugerir a viabilização de Programa Preventivo Antitabagista direcionado aos Profissionais que
prestam assistência a pacientes psiquiátricos que
possuem em seus tratamentos terapêuticas a permissão do uso de cigarros compostos pelo tabaco
A nicotina, ao se ligar a receptores nicotínicos
da acetilcolina (nAChR) presentes em células endoteliais, estimula a síntese de moléculas angiogê-
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nicas envolvidas na proliferação endotelial, contribuindo para a aterogênese e disfunções vasculares
em fumantes5.
as regiões, gangrena das extremidades (doença de
Reynaud), impotência, doenças coronárias, angina
do peito, infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais2, 5, 10.
A nicotina é alcaloide vegetal e sua fonte principal é a planta do tabaco. É sintetizada nas raízes,
subindo pelo caule até as folhas. Nas mais altas e
nas áreas próximas ao talo, armazenam-se as maiores concentrações. Todavia, o conteúdo de nicotina
varia com os tipos da planta2.
A prevenção de patologias como Doenças coronarianas e Acidente Vascular Cerebral nos profissionais, também deve ser relevantemente considerada11.
A prevalência do tabagismo é maior entre pacientes psiquiátricos em relação à população e os fumantes apresentam, proporcionalmente, histórico de
vida marcado por abuso e dependência de álcool e
drogas, agorafobia, entre outras desordens psiquiátricas diversas, em relação aos não fumantes12.
O consumo de tabaco é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer de
pulmão. De acordo com a última revisão conduzida
pela Agência Internacional de Pesquisas em Câncer
(International Agency for Research on Cancer - IARC),
Parte E do Volume 100 das Monografias da IARC
(não publicada), sobem a 20 os tumores malignos
associados com o tabagismo6. Há outros tipos de
câncer que estão relacionados ao fumo, como câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, estômago,
pâncreas, rim, ureter e bexiga7.
Os medicamentos considerados como 1ª linha
no tratamento da dependência à nicotina e utilizados no Brasil são: Terapia de Reposição de Nicotina, através do adesivo transdérmico e goma de
mascar e o cloridrato de bupropiona13.
VACINA ANTITABACO
O tabagismo é uma doença epidêmica resultante da dependência de nicotina e classificado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) no grupo
dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas, na Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) (OMS, 1997). Essa dependência faz
com que os fumantes se exponham continuamente
a cerca de 4.720 substâncias tóxicas, o que resulta
em 50 tipos de doenças8.
A Vacina antitabaco Nic-Vax, ainda em testes
laboratoriais em ratos, tem a pretensão de viabilizar uma prevenção vacinal capaz de provocar no
ser humano a erradicação do hábito de fumar. Um
estudo multicêntrico, randomizado controlado,
que avaliou a segurança e imunogenicidade da vacina nicotino-conjugada em 68 fumantes, evidenciou que é segura, bem tolerada e de alto índice de
abstinência na dose de 200 mcg. O grupo recebeu
doses de 50, 100 ou 200 mcg ou placebo, através
de injeções no dia 0, 28, 56 e 182 e monitorizados
por um período de 38 semanas. Os resultados evidenciaram que a vacina é segura, foi bem tolerada e
com alto nível de abstinência na dose de 200 mcg14.
Dos 85% de mortes atribuídas ao DPOC motivadas pelo consumo do tabaco, 20% apresentam
enfisema pulmonar e bronquite crônica, cujo quadro secretivo inflama ainda mais os bronquíolos;
apertando-os, aumentando a produção de muco.
Obstruídas as vias aéreas, não há ação eficaz dos
cílios respiratórios9.
Pesquisadores da Food and Drug Administration e da Faculdade de Medicina da Universidade
de Houston – Clear Lake, com suporte financeiro
do Nacional Institute on Drug Abuse, nos EUA,
trabalham para avaliar os efeitos da denominada
“Vacina Nic-Vax”, que revela ser capaz de prevenir
São consequências diretas da nicotina: hipertensão, aterosclerose, espaçamentos da parede das
artérias e sua obliteração, provocando, conforme
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a dependência da nicotina em ratos.
vezes superior entre homens (14,1%) quando o percentual é comparado com o das mulheres (6,1%).
Essa frequência de fumantes passivos no local de
trabalho se manteve relativamente estável entre
18 e 54 anos de idade, declinando após os 65 anos
de idade. Entre homens, a frequência de fumantes
passivos no local de trabalho diminuiu substancialmente com o nível de escolaridade, não havendo,
entre mulheres, variações importantes segundo os
anos de estudo17.
A ação dessa vacina estimula a produção de anticorpos que “capturam” a nicotina antes que chegue
ao cérebro, evitando o impacto nos centros nervosos, diminuindo o desejo de fumar. O mecanismo de
ação da Nic-Vax baseia-se no fato de que a nicotina
tem baixo peso molecular. Ligando-se a uma proteína de peso molecular elevado, pode ser captada por
anticorpos ainda na circulação sanguínea, antes que
chegue ao cérebro. Desse modo, não há liberação de
dopamina e outros hormônios psicoativos. Não surgindo o estado prazeroso, o fumar torna-se insípido2
O tratamento do tabagismo é altamente custo-efetivo, mesmo quando produz abstinência sustentada para uma minoria dos fumantes tratados. Mesmo o aconselhamento clínico breve apresenta razão
de custo-efetividade melhor que a do tratamento da
hipertensão, dislipidemia, ou outras intervenções
preventivas, como as mamografias periódicas. O
tratamento do tabagismo tem sido referido como
o ‘padrão-ouro’ do custo-efetividade nos cuidados
em saúde no Brasil, havendo um Programa de Tratamento do Tabagismo oferecido no SUS, avançado, que merece melhor financiamento e condições
para sua ampliação18. Na tabela a seguir, especificamos o percentual de fumantes por região do Brasil.
ESTATÍSTICAS RELACIONADAS À CONTAMINAÇÃO DE PESSOAS PELO HÁBITO DE
FUMAR NICOTINA
Se o consumo de produtos de tabaco se mantiver, estima-se 10 milhões de mortes por ano no
mundo até 2020. No Brasil, um terço da população
adulta fuma; sendo 16,7 milhões de homens e 11,2
milhões de mulheres. Estimam-se 200 mil óbitos
anuais relacionados ao fumo no Brasil15.
Na população brasileira com 15 anos ou mais,
17,5% são usuários de algum tipo de tabaco, percentual equivalente a cerca de 25 milhões de pessoas. A maior parte dos usuários consume produtos
de tabaco fumado (17,2%), sendo 65% mais homens do que mulheres fumantes10, 16.
Comentario: Maior índice foi verificado entre
jovens da região Sul e Norte na faixa de 12 a 17
anos.
POLUIÇÃO
(PTA)
Estudo realizado em 27 cidades do Brasil comprovou que a frequência de fumantes passivos no
local de trabalho foi de 9,8%, sendo cerca de duas
12 a 17 anos
18 a 34 anos
25 a 34 anos
Região Norte
IC 95%
9,1-11,3
3,2-9,6
5,5-10,7
Nordeste
IC 95%
5,2-7,9
*
*
AMBIENTAL
A Poluição Tabagística Ambiental é um sério
Tabela 1. Percentual Ponderado e Prevalência de Fumantes por Regiões no Brasil, 2010.
Região
Região
Idade
TABAGÍSTICA
Sudeste
IC95%
6,1-8,0
*
*
Região
Região
Sul
IC95%
10,2-14,1
*
*
Centro-oeste
IC95%
6,4-8,6
*
*
Fonte: MS/SVS/CGDANT – VIGITEL – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Inquérito Telefônico, 2010 - IC 95% - Inter�alo de Confiança (α = 0,05)). *Nº de
casos menor que 15 – insuficiente para deter�inar estimativa aceitável9.
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problema nos dias atuais e, para controlá-la, necessitamos de medidas conjuntas com profissionais Engenheiros do Trabalho e Técnicos de Seguranças do
Trabalho, Enfermeiros do Trabalho e Médicos do
Trabalho nos SESMETs das empresas, no sentido
de intervir nos ambientes que possuem fumantes.
dio das partículas é de aproximadamente 0,5 µm20.
A nicotina do tabaco é reforçador positivo no
ser humano e induz sensibilização comportamental que é mediada por suas ações agudas no sistema
dopaminérgico mesolímbico, devido à exposição
prolongada à droga. Além disso, a nicotina exerce ações específicas sobre outros sistemas neurotransmissores, que dão origem à síndrome de
abstinência. O tabagismo também está associado
a um aumento no desenvolvimento de uma série
de patologias, como câncer, doenças coronárias,
pulmonares, dentre outras21.
A concentração dos vários componentes do
cigarro de tabaco em um espaço interior depende do
número de fumadores e do seu padrão de fumar, o
volume do espaço, a taxa de ventilação e a eficácia da
distribuição do ar, a taxa de remoção de partículas
do ar interior pelos purificadores do ar, por deposição de partículas sobre as superfícies e a adsorção de
superfície e reemissão de componentes gasosos. As
medições de componentes individuais são de especificidade variável e nenhuma isoladamente é considerada como indicador da toxicidade potencial de
PTA em uma concentração particular. Portanto, as
medidas de vários substitutos têm sido usadas como
indicadores da concentração da mistura para fins de
investigação e de saúde pública. Essas medidas incluem mensurações de partículas inaláveis em suspensão (RSP), nicotina, benzeno, solanesol, piridina
3-etenil (3-EP) e monóxido de carbono e marcadores biológicos também devem ser usados19.
As doenças derivadas da inalação contínua de
fumaças do tabaco são classificadas como carcinógenas do Grupo 1, não havendo um nível seguro de
exposição a elas. Abrir janelas ou arejar o ambiente
não resolve esse problema, pois nenhuma tecnologia de engenharia de ventilação atual é capaz de
controlar os riscos impostos pela exposição a esse
tipo de poluição ― a Poluição Tabagística Ambiental (PTA); apenas reduzem e controlam questões
de conforto relacionadas ao odor e à irritação sensorial, o que não é o suficiente para reduzir o risco
a zero. Um nível de ventilação como o de um furacão seria necessário19.
Comentário: A composição da fumaça do cigarro na zona de queima (aceso) é alta. Quando o ar
é sugado para dentro do cigarro a temperatura da
zona de queima alcança aproximadamente 884ºC;
quando não está sendo sugado, essa temperatura
alcança 835ºC. Nas temperaturas citadas ocorrem
reações pirolíticas extensivas. Alguns dos muitos
componentes do tabaco são estáveis o suficiente
para sofrerem destilação e não se modificarem,
porém muitos outros sofrem várias reações envolvendo oxidação, desidrogenação, quebra, rearranjo e condensação. A fumaça do cigarro de alcatrão
é uma mistura heterogênea de gases, vapores e
partículas líquidas. Quando inalada, a fumaça é um
aerossol concentrado com milhões ou bilhões de
partículas por centímetro cúbico. O tamanho mé-
Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes
de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são
capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
O fumo passivo representa ameaça real e significativa à saúde pública. Países ligados à OMS obrigam-se
a adotar e a implementar medidas que possibilitem a
proteção contra a exposição à fumaça do tabaco em
locais públicos fechados e locais de trabalho22.
PROPOSTA: PROCESSO DO CUIDAR DO
PACIENTE PSIQUIÁTRICO FUMANTE PELO
PROFISSIONAL DE SAÚDE UTILIZANDO-SE
DO EPI MÁSCARA N95
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A Máscara N95 possui 95% de eficiência de filtração de partículas maiores que 0,3µm e seu uso
é indicado visando a proteção contra doenças por
transmissão aérea (ex. tuberculose, varicela, sarampo e SARG). É considerada semidescartável
por permitir o seu uso por mais de uma ocasião,
mas deve ser individualizada, podendo ser guardada, para um próximo uso, em locais definidos pelo
seu serviço/setor. Para a guarda, deve ser acondicionada em um saco de papel que tenha sido previamente furado com uma tampa da caneta. Sacos
plásticos sem furos devem ser abolidos, pois podem
permitir a umidade da máscara, funcionando como
meio de proliferação de microrganismos como os
fungos. Não deve ser dobrada ou amassada, para
não prejudicar a filtração. O profissional deve avaliar sua adequada adaptação à face, a elasticidade
de suas alças e fixação à cabeça. Deverá ter selo
NIOSH (National Institute for Occupational Safety
and Health) ou a sigla PFF2 (Peça Facial Filtrante)
para poder ser considerada efetiva e segura. A máscara conhecida como N95 refere-se a uma classificação de filtro para aerossóis adotada nos EUA e
equivale, no Brasil, à PFF2 ou ao EPR do tipo peça
semifacial com filtro P2, pois ambos apresentam o
mesmo nível de proteção23.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
paciente psiquiátrico fumante. A poluição tabagística ambiental (PTA) é um sério problema nesses
ambientes e, para controlá-la, necessitamos de medidas conjuntas dos SESMETs das empresas para
prevenção dos riscos.
Os riscos a que estão expostos os trabalhadores que atuam com pacientes fumantes em clínicas psiquiátricas, sem se valerem do uso do EPI
Máscara N95 durante o processo de cuidar, são
grandes. Deve o Estado, o Empresariado e profissionais dos SESMETs atuarem com ações coletivas
ou individuais, munidos de informações científicas
sobre os malefícios do tabaco aos trabalhadores dos
setores de psiquiatria e possibilitar acessibilidade
na aquisição do EPI Máscara N95, controlando o
ambiente de trabalho, educando o paciente e seus
familiares para a aceitação do profissional que atuará ao seu lado munido de máscara, uma vez que
essa conduta poderá ser motivo de rejeição e preconceito.
Sugerimos uma atuação preventiva no controle da saúde dos trabalhadores nessas unidades psiquiátricas, introduzindo máscaras N95 capazes de
filtrar a nicotina em tamanhos milesimais, para
protegê-los.
Propomos a criação de um Programa Preventivo Antitabagista nessas clínicas psiquiátricas capaz de nortear a atuação do profissional de saúde
quanto à prevenção da inalação passiva da fumaça
do tabaco no cuidar de pacientes fumantes; sugerindo-se a elaboração de protocolos específicos. É
de conhecimento científico que a fumaça de nicotina com 0,5 µm em seu meio, somente consegue
ser filtrada através da Máscara N95, que deverá ser
o EPI de eleição nesses casos.
CONCLUSÃO
O tabaco afeta o profissional de saúde indiretamente quando ele está prestando assistência ao
CRONOGRAMA DE PESQUISA
MÊS
Fases/Ações
Levantamento bibliográfico
Exec. Programa Preventivo
Discussões e Conclusões
MAR
X
X
ABR
X
X
MAI
X
X
JUN
XX
XX
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
X
X
SIGLAS
OMS Organização Mundial de Saúde
DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
TGI Trato Gastro-intestinal
PFF2 Peça Facial Filtrante
INCA Instituto Nacional de Câncer
PTA Poluição Tabagista Ambiental
MS Ministério da Saúde
SESMET – Serviço de Segurança e Medicina do
Trabalho
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
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