UMA ANÁLISE DOS DICIONÁRIOS DO TIPO 2 Sheila de Carvalho

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UMA ANÁLISE DOS DICIONÁRIOS DO TIPO 2
Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves – UNESP- [email protected]
Claudia Zavaglia- UNESP- [email protected]
1. INTRODUÇÃO
O ano de 2001 foi um marco importante para a Lexicografia no Brasil, uma vez que
constatamos ter sido a partir dele que o Ministério da Educação e Cultura (MEC), por meio do
Programa Nacional do Livro Didático (PNDL-2006) passou a analisar e a selecionar
dicionários que seriam distribuídos a todas as escolas do país. Certamente, antes disso, não
podemos registrar a existência de uma crítica lexicográfica constante e sistemática, como
essa.
Os parâmetros utilizados pelo MEC são refinados e repensados a cada ano e, como
consequência, temos obras lexicográficas cada vez mais adequadas aos objetivos propostos.
Em 2001, por exemplo, elas eram de um tipo único e continham de 15 a 35 mil verbetes. Dos
apresentados naquele ano, um total de 23 dicionários, 11 foram considerados inadequados. Já
em 2005, segundo o MEC, eles receberam outro tipo de classificação e passaram a ser
denominados dicionários do tipo 1, tipo 2 e 3.
Para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o dicionário classificado
como tipo 1 apresenta entre 3.000 e 10.000 verbetes e uma proposta lexicográfica adequada à
introdução do alfabetizando ao gênero dicionário. Os do tipo 2 (nosso objeto de análise) têm
um número mínimo de 3.500 e máximo de 10.000 verbetes e uma proposta lexicográfica
adequada a alunos em fase de consolidação do domínio da escrita. Os chamados dicionários
do tipo 3 apresentam um número entre 19.000 e 35.000 verbetes, além de uma proposta
lexicográfica orientada pelas características de um dicionário padrão.
Sem dúvida, essa classificação representa um avanço. De um lado, ela reconhece
diferentes públicos e, consequentemente, diferentes usuários, de outro, os dicionários
classificados como “escolares” agora recebem uma avaliação constante. Não questionaremos
os parâmetros utilizados pelo MEC, mas sim a (in)adequação das propostas dos dicionários do
tipo 2 às necessidades dos seus usuários. Para tanto, faremos uma análise da macro e da
microestrutura dessas obras.
2. SUBSÍDIOS TEÓRICOS
Fomos buscar na Lexicologia – estudo científico do léxico e na Lexicografia –
atividade que visa à produção de dicionários, os constructos teóricos necessários à nossa
explanação.
Decerto, o número de palavras-entrada não é o único critério a ser utilizado na
classificação de uma obra dita escolar. Estamos certos de que não há critérios homogêneos de
classificação dessas obras lexicográficas, tampouco padrões rígidos e pré-estabelecidos. Sem
dúvida, as tipologias apresentadas são variadas e, não pretendemos, nesse momento,
prescindir de uma ou outra, mas, sim, elucidá-las no sentido de evidenciar todas as suas
possíveis contribuições.
Iniciaremos nossas reflexões citando a classificação proposta por Biderman. Segundo
a autora, o número de entradas pode ser um dos possíveis critérios a serem utilizados e os
“tesouros” que contém entre 100 e 500 mil palavras são considerados os repositórios maiores
de uma língua. (BIDERMAN, 1984, p. 19).
Biderman explica que esses “tesouros” podem estar subdivididos em dicionários
padrão, por exemplo, que contém entre 50 e 70 mil palavras, dicionários escolares que
apresentam em torno de 25 mil palavras e infantis entre 5 e 10 mil palavras. (1984, p. 35)
Além dos dicionários padrão, escolar, infantil, Biderman (1984, p.23) considera outros
tipos de obras: os históricos, os do tipo especial, os dicionários ideológicos ou analógicos, os
de termos médicos, de termos da informática, dicionários inversos ou grafêmicos, glossários e
enciclopédias.
Outras classificações são propostas: segundo Rey-Debove (1970, p.21), por exemplo,
o ponto de partida é a separação entre as enciclopédias e dicionários técnico-científicos de um
lado e os dicionários linguísticos de outro.
Quemada (1967, p.29) faz uma classificação bastante ampla considerando o número
de línguas, a finalidade da obra, entre outros. Já Haensch (1982, p.95), assim como Rey
Debove, acredita ser a classificação tipológica uma árdua tarefa. Para o referido autor, para se
fazer uma descrição tipológica seriam necessários levantar pontos como a história da
lexicografia, os trabalhos lexicográficos existentes, bem como os critérios teórico-lingüísticos.
O critério mais indicado de classificação, segundo Haensch, são os critérios práticos, ou seja,
aqueles que consideram formato e extensão, caráter lingüístico, enciclopédico ou misto,
sistema lingüístico, número de línguas, finalidades específicas, entre outros. (1982, p.102)
Diferentemente dos critérios apontados até o momento, Hausmann (1989, p.221) se baseia
em dicotomias básicas e complementares. As complementares, segundo o autor, subdividem
os dicionários em sintagmáticos, paradigmáticos, de palavras marcadas diassistematicamente,
inventários léxicos especiais, específicos, didáticos e para grupos específicos de usuários
enquanto as dicotomias básicas subdividem as obras em dicionários sincrônicos ou
diacrônicos, histórico ou contemporâneo, filológico ou lingüístico, de língua geral ou
regional, abrangente ou seletivo, de língua comum ou de especialidade, de língua comum ou
de idioleto e geral ou especial.
Ao buscar uma síntese das diferentes classificações apresentadas pelos autores, podemos
perceber que não há homogeneidade de classificação, tampouco um lugar exclusivo reservado
aos dicionários escolares.
Assim sendo, consideraremos o ano de 2006 como sendo um importante marco para a
produção lexicográfica escolar no Brasil e, no âmbito desse trabalho, tomaremos a divisão
proposta pelo MEC naquela época em dicionários do tipo 1, tipo 2 e 3. Nosso objeto de
análise está centrado nos do tipo 2.
Caracterização
dos tipos de
Dicionários
Dicionários do
tipo 1
mínimo de 1000,
máximo de 3000
verbetes;
proposta
lexicográfica
adequada à
introdução do
alfabetizando ao
gênero dicionário.
Dicionários do
tipo 2
Dicionários do tipo 3
mínimo de 3.500,
máximo de 10.000
verbetes;
proposta
lexicográfica
adequada a alunos
em
fase
de
consolidação
do
domínio da escrita
mínimo de 19.000 e
máximo de 35.000 verbetes;
proposta lexicográfica
orientada pelas
características de um
dicionário padrão, porém
adequada a alunos das
últimas séries do primeiro
segmento do Ensino
Fundamental.
Quadro 1: Classificação dos dicionários pelo MEC-PNLD-2006
Público-alvo
Acervos
Turmas em fase de
alfabetização
Turmas em processo de
desenvolvimento da língua
escrita
Acervo 1 Composto por
dicionários de Tipo 1 e
Tipo 2
Acervo 2 Composto por
dicionários de Tipo 2 e
Tipo 3
Ensino
Fundamental
de oito anos
Ensino
Fundamental
de nove anos
1ª e 2ª séries
1º ao 3º ano
3ª e 4ª séries
4º e 5º anos
Quadro 2: Classificação dos dicionários pelo MEC-PNLD-2006
3. METODOLOGIA
Como metodologia para exemplificar nossas análises, adotamos o seguinte critério:
selecionamos as obras do tipo 2 indicadas e analisadas pelo MEC, dispostas no endereço
eletrônico http://portal.mec.gov.br/seb a saber: (i) Dicionário Escolar da Língua Portuguesa
Ilustrado com a Turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo Caldas Aulete, editora Nova Fronteira,
2005; (ii) Dicionário Ilustrado de Português de Maria Tereza Biderman, editora Ática; 2004 e
(iii) Dicionário da Língua Portuguesa ilustrado, editora Saraiva Júnior, 2005.
Em seguida, fizemos uma análise da macro e da microestrutura dessas obras,
procurando elucidar quais os elementos que as compõem, bem como suas semelhanças e/ou
diferenças. Tentaremos responder às seguintes perguntas: os dicionários do tipo 2 apresentam
propostas adequadas às necessidades dos seus usuários, ou seja, alunos em fase de
consolidação da escrita? Como se constrói a macro e a microestrutura dessas obras?
Importante citar que macroestrutura, segundo Welker (2004, p.81), “vem sendo
empregado em dois sentidos”: ou fazendo referência como a “forma em que o corpo do
dicionário é organizado” ou como “o conjunto das entradas” (fr. Macrostructure) (ReyDebove, 1970, p.21). No âmbito desse trabalho, entenderemos por macroestrutura a primeira
acepção citada por Welker, ou seja, sempre fazendo referência como a forma em que o corpo
do dicionário é organizado. Dessa forma, consideraremos macroestrutura todas as partes que
compõem um dicionário, menos o corpo do dicionário, ou seja, os verbetes, as definições
propriamente ditas.
Desejável também elucidar o que vem a ser microestrutura, e para tanto citaremos
Baldinger (1960, p.524) apud Welker (2004, p.107) “a microestrutura responde à pergunta
sobre as diversas acepções da palavra.”
Seguem abaixo as análises das respectivas macroestruturas feitas sob a forma de
resumo.
4. ANÁLISE DA MACROESTRUTURA
4.1 DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA ILUSTRADO COM A
TURMA DO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO-CALDAS AULETE
Esse dicionário faz uso de uma linguagem bastante informal e não faz referência clara
aos critérios utilizados para a seleção dos vocábulos (mais de 7 mil palavras, entre verbetes,
derivadas e locuções). As definições são elucidativas a partir de seu próprio enunciado,
apresentando-se mais explicações em nível coloquial.
Tem um total de 496 páginas e ao contrário do que normalmente encontramos ao final
dessas obras lexicográficas (listas de animais, fauna, flora, vozes dos animais, capitas, entre
outros) não possui qualquer apêndice ou anexo.
O autor não informa a fonte da letra utilizada. A mancha-gráfica é organizada em
colunas e os verbetes são individualizados. São duas as palavras-guia em cada página, que
aparecem lado a lado no início da primeira coluna. O dicionário é ricamente ilustrado.
Apresenta um total de 662 desenhos e fotos. As ilustrações não têm legenda, porém sempre
aparecem junto aos verbetes. Em relação à formatação gráfica há um ótimo aproveitamento de
espaço disponível e uma interação entre texto e ilustrações, sem prejuízo de legibilidade.
A obra não apresenta um guia de orientação ao professor. Traz apenas “Como usar
este dicionário”, dirigido ao usuário. Todos os verbetes apresentam divisão silábica, separados
por ponto.
O dicionário traz informações relacionadas à pronúncia. Os verbos têm um tratamento
especial, são apresentadas diferentes regências. Os estrangeirismos são marcados por um sinal
especial [⊗], muitas locuções e expressões idiomáticas também são assinaladas [∞] e
definidas. A obra não faz referência explícita ao tratamento dado aos regionalismos,
entretanto explica se determinada palavra pertence a alguma região específica.
Há muitos exemplos, explicações sobre gírias, explicações suplementares (sinônimos,
antônimos, parônimos) e informações relativas às locuções e expressões idiomáticas além de
contemplar diferentes classes gramaticais.
É uma obra colorida, de aspecto visual bastante atrativo ao público em questão.
4.2. DICIONÁRIO ILUSTRADO DE PORTUGUÊS- MARIA TEREZA C.
BIDERMAN
Essa obra apresenta no prefácio (p.8) as informações sobre a seleção vocabular.
Segundo a autora, foi realizada uma pesquisa sobre um corpus do Português Brasileiro
Contemporâneo de 6 milhões de palavras, que contempla variadas modalidades de gêneros,
sendo 5 milhões relacionadas à língua escrita e o restante associado à língua falada. Após esse
procedimento, a seleção foi confrontada com um número expressivo de livros escolares de 1ª
a 4ª série, ampliando o universo tratado para cerca de 5 mil vocábulos.
A obra não informa a fonte da letra utilizada e não possui guia de orientação ao
professor. A mancha-gráfica é organizada em colunas e os verbetes são individualizados. O
dicionário apresenta as palavras-guia no início de cada coluna. Todas as ilustrações têm
legenda.
O dicionário traz uma lista de abreviaturas e símbolos. Na página 13, em uma
linguagem bastante simples, iniciam-se os verbetes e, na página 325, os anexos: “Mapa do
mundo, Bandeira dos países, Mapa do Brasil, Bandeiras dos estados brasileiros, Categorias
gramaticais, Origem das palavras, Libras, Animais, Medidas, Figuras Geométricas, Numerais
e Tempo”.
Os verbetes, grafados na cor azul, contemplam diferentes classes gramaticais e são
apresentados divididos em sílabas e separados por hífen. São explicitados os tratamentos
dados aos homônimos, ou seja, diferentes entradas numeradas seguindo critérios de
diversidade semântica e a léxico-gramatical.
Os verbos não tratam de informações sobre a transitividade. Interessante citar que, na
opinião da autora, os conceitos relativos à transitividade são difíceis para esse nível de ensino
e o perfil do usuário desta obra. Para ela o importante é que o leitor aprenda e saiba
reconhecer as funções básicas de um verbo.
A obra trata dos sinônimos, antônimos e estrangeirismos. Informa aos seus usuários
que relação aos sinônimos e antônimos, as suas inclusões permitem estabelecer relações de
semelhanças e diferenças entre os vocábulos; em relação aos estrangeirismos que alguns
foram incluídos, entretanto não faz referência aos critérios que foram utilizados.
Quanto às expressões idiomáticas, Biderman afirma que a inclusão foi feita apenas
quando o uso corrente aconselha. A obra traz ainda indicação da pronúncia, palavras
compostas, plurais e não informa sobre o tratamento dados aos regionalismos.
Observa-se cuidado lexicográfico na construção da obra.
4.3 DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA ILUSTRADO- SARAIVA JÚNIOR
O Dicionário da Língua Portuguesa ilustrado, editora Saraiva Júnior, 2005 em formato
menor do que os apresentados (20 x 14 cm) anteriormente traz na capa inicial uma série de
informações, entre elas: quantidade de verbetes (mais de 7000), impressão em destaque
colorido, marca alfabética impressa nas laterais, mais de 350 imagens e ilustrações didáticas
etc. Interessante citar que não foi informado aos leitores como se deu a seleção desses
verbetes.
A obra apresenta uma lista de abreviaturas e não informa a fonte da letra utilizada. A
mancha-gráfica é organizada em colunas e os verbetes são individualizados. São duas as
palavras-guia em cada página, que aparecem no início de cada coluna. Todas as ilustrações
têm legenda e são de boa qualidade, entretanto questionamos algumas posições e se realmente
são condizentes ao público em questão.
Vários apêndices e anexos são propostos: “Conjugação verbal, Respostas das
Adivinhas, Coletivo, Algarismos Arábicos e Romanos, Números Cardinais e Ordinais,
Estados, Capitais e Adjetivos Pátrios, Países, Capitais e Adjetivos Pátrios, Bandeiras e
Mundo.”
O texto “Apresentação do dicionário” é disposto em forma de verbetes. Várias
informações estão presentes nesse texto: “Trava-línguas”, que é, para o autor, um exercício
fonético, “Adivinhas”, num total de 20, um recurso para verificar se a definição do vocábulo
foi realmente compreendida, “Provérbios”, “Poemas”, “Faça você mesmo” em que o autor
apresenta sugestões de atividades, “Você sabia” com diversas curiosidades, “Brincadeiras e
cantigas de rodas.” Todas essas informações aparecem acompanhadas de ilustrações.
Após a Apresentação do dicionário, na página 4, o autor apresenta “Como consultar
este dicionário da Língua Portuguesa?” com informações relativas ao tratamento dado aos
sinônimos, antônimos, indicação de pronúncia, entre outras.
O dicionário da Língua Portuguesa Saraiva Júnior apresenta seus verbetes em letra
minúscula, cor azul, seguidos da divisão silábica entre parênteses, separados por ponto. No
caso dos monossílabos, a palavra é repetida.
Após a separação silábica, a obra apresenta a indicação da pronúncia e a indicação da
categoria gramatical. O dicionário contempla diversas classes gramaticais.
No verbete também encontramos exemplos, segundo o autor, usados para auxiliar o
aluno na compreensão e alguns superlativos absolutos sintéticos, quando irregulares ou
duvidosos.
Os homônimos não constituem entradas independentes e, em relação os regionalismos,
a obra não explicita como foram tratados. Cita apenas que eles são palavras ou locuções
usadas em determinadas regiões do país.
De acordo com o autor, apenas as expressões idiomáticas mais comuns é que foram
citadas. Já as locuções aparecem no verbete em destaque colorido.
As palavras estrangeiras, recentes ou não, são apresentadas em itálico e com a
indicação da língua de origem.
Os verbos apresentam a transitividade e as irregularidades estão indicadas no final do
verbete. A expressão – “Conjuga-se como” é usada como referência quando determinado
verbo serve de referência, além da expressão “V conjug.” nos casos em que a conjugação
do verbo estiver no anexo final.
Em uma linguagem bastante simples, o dicionário em questão traz também
informações relativas à indicação da área do conhecimento a que determinadas palavras
pertencem, palavras da vida moderna, plurais irregulares e femininos duvidosos, propriedades
morfossintáticas, tais como a indicação de gênero do substantivo e do adjetivo, indicação de
diferentes níveis de formalidade e aumentativos.
Iniciamos nossas análises fazendo referência à composição e aos aspectos relevantes
da macroestrutura dos dicionários do tipo 2, considerados escolares.
Apresentaremos, a seguir, os quadros que resumem as informações relativas à
microestrutura das obras analisadas. Obviamente as informações não constam em todos os
verbetes. De cada dicionário analisado, selecionaremos aleatoriamente 2 entradas (nome e
verbo) privilegiando aquelas que apresentam o maior número de informações possível.
5. ANÁLISE DA MICROESTRUTURA
5.1. DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA ILUSTRADO COM A
TURMA DO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO- CALDAS AULETE
As informações que compõem o verbete do Dicionário escolar da Língua Portuguesa,
Caldas Aulete podem ser assim esquematizadas:
ENTRADA = divisão silábica + sílaba tônica + categoria gramatical + gênero + transitividade
+ definição + exemplos + locuções e expressões idiomáticas + indicação de contexto+
pronúncia + sinônimos + informações adicionais + derivadas + mudança de classe +
subentrada+ índice + barra de abreviações.
Exemplos:
5.2. DICIONÁRIO ILUSTRADO DE PORTUGUÊS DE MARIA TEREZA C.
BIDERMAN
As informações que compõem os verbetes do Dicionário ilustrado de Português
podem ser assim esquematizadas:
ENTRADA = categoria gramatical + gênero + divisão silábica + sílaba tônica + definição +
exemplo + palavras compostas + expressões idiomáticas + sinônimos + antônimos + plural +
gênero + remissão + nota gramatical.
Exemplos:
5.3. DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA ILUSTRADO SARAIVA JÚNIOR
As informações que compõem o verbete no Dicionário ilustrado de Português Saraiva
Júnior podem ser assim esquematizadas:
ENTRADA = divisão silábica + sílaba tônica +indicação de pronúncia + categoria gramatical
+ gênero + transitividade + definição + exemplo + plural irregular superlativo absoluto
sintético + antônimos + conjugação verbal + marca de uso + sinônimos + antônimos +
remissão.
Exemplos:
Transcritas as informações e os exemplos pertinentes ao que denominamos
microestrutura, vale ressaltar que temos informações comuns e informações contrastantes.
São elas:
a) Comuns: divisão silábica, sílaba tônica, categoria gramatical, gênero, definição,
exemplo.
b) Contrastantes: locuções e expressões idiomáticas, indicação de contexto, pronúncia,
sinônimos, antônimos, informações adicionais, derivadas, mudança de classe, subentrada,
índice, barra de abreviações, palavras compostas, plural, gênero, remissão, nota gramatical,
conjugação verbal, marcas de uso e remissão.
Vale ressaltar que as obras são destinadas ao mesmo púbico, ou seja, alunos em fase
de consolidação do domínio da escrita. Sem dúvida, a diversidade de construção é aspecto
extremamente relevante na confecção desses dicionários. A nosso ver todas as informações
tratadas têm importância, porém uma análise criteriosa poderia nos auxiliar na seleção de
critérios úteis na classificação dessas obras em escolares.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que o dicionário pode ser um instrumento útil na sala de aula. Sem
dúvida, ele é um produto importante no processo de ensino e aprendizagem. Uma escolha
adequada, além de motivar e enriquecer esse processo, esclarece, elucida e explica aspectos
importantes da língua. A nosso ver, a escolha do dicionário adequado pode servir não somente
na busca de definições, mas também para se refletir sobre questões significativas do idioma.
Dessa forma, nossa intenção não é deixar a impressão de que os dicionários analisados não
têm o seu devido valor. Ao contrário, gostaríamos de poder contribuir para o seu
aperfeiçoamento e sua melhora.
Numa avaliação geral podemos depreender que o primeiro passo na tentativa de
adequá-los a faixa etária a que são destinados foi feito e que muitos aspectos já foram
reelaborados. Porém, acreditamos que há muito ainda a se fazer.
Estamos certos de que um tratamento regular e homogêneo em toda a obra e os
esclarecimentos necessários ao usuário na parte introdutória das obras são aspectos
imprescindíveis que poderiam resolver vários problemas no contexto escolar, entretanto não
são os únicos.
Retomemos a afirmação de Welker (2004, p.80) de que os textos que compõem a
macroestrutura dos dicionários “não têm posição fixa, a não ser o prefácio e a introdução, que
devem preceder a nomenclatura.” Concordamos com essa afirmação, porém nossas reflexões
nos levaram a crer que é de extrema importância que as necessidades dos consulentes sejam
levadas em consideração na composição dessa macroestrutura, incluindo, inclusive, a ordem
em que aparecem nos dicionários.
Assim concluímos que diante da falta de parâmetros definitórios claros para se
demarcar a qualidade de um dicionário escolar, registramos nossas breves considerações no
intuito de colaborar nas discussões acerca do assunto, bem como contribuir para a construção
de novas reflexões.
5. REFERÊNCIAS
AULETE, Caldas. Dicionário escolar da Língua Portuguesa ilustrado com a turma do Sítio
do Pica-Pau Amarelo. Editor: Paulo Geiger. Ilustração: Traviatta Produções Artísticas. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2005. 496 p.
BIDERMAN, Maria Teresa. A Ciência da Lexicografia. Alfa 28 (supl.): 1-26. 1984.
______. O dicionário padrão da língua. Alfa 28 (supl.): 27-43. 1984.
______. Dicionário ilustrado de Português. São Paulo: Ática, 2004. 343 p.
HAENSCH, Günther. Tipología de las obras lexicográficas. In: Haensch, G.et. al. (ed), 95187.1982.
HAUSMANN, F.J. “Por une historie de la métalexicographie” In.F. Hausmann et al (Eds.)
Wörterbücher Ein internationales Handbusch zur Lexikographie, I, Berlin-New York, W. de
Gruyter, pp.216-224, 1989.
Programa Nacional de avaliação do livro didático – PNLD 2006. Disponível em:
ftp://ftp.fnde.gov.br/web/livro_didatico/edital_pnld_dicionario_2006.pdf. Acesso em 25
out.2009.
QUEMADA, B. Les dictionnaires du français moderne, 1539-1863. Etude de leur histoire,
leurs types et leurs méthodes. Paris: Didier. 1967.
REY-DEBOVE, J. Le domaine du dictionnaire. In. Rey-Debove, J. (ed.), 3-34. 1970.
SARAIVA JÚNIOR. Dicionário da Língua Portuguesa ilustrado. São Paulo: Saraiva, 2005.
482 p.
WELKER, H.A. Dicionários: uma pequena introdução à lexicografia. 2.ed. Brasília:
Thesaurus, 2004. 301p.
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