MUNDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: CENÁRIOS PARA O SEMI-ÁRIDO Foto: cortesia de Antonio Nobre Carlos A Nobre Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE “A Desertificação é as Mudanças Climáticas Globais” Petrolina, 15 de April 2008 Desafios do Século XXI para a Humanidade MUDANÇAS AMBIENTAIS GLOBAIS INSEGURANÇA GUERRAS DEMOCRACIA EDUCAÇÃO POBREZA ÉTICA E JUSTIÇA ÁGUA FOME ENERGIA DOENÇAS EXTINÇÃO DE ESPÉCIES As concentrações atmosféricas de dióxido de carbon, metano e óxido nitroso aumentaram significativamente desde 1750 e agora excedem os valores da época pré-industrial determinados através da análise de testemunhos de gelo que cobrem milhares de anos … 75% of global emissions originte in cities! IPCC WGI 2007 Svante Arrhenius: A Primeira Previsão Climática " Arrhenius quantificou em 1896 as mudanças na temperatura (aprox. 5 C) que deveriam ser esperadas ao dobrar o CO2, baseado no conceito do efeito de glass bowl introduzido em 1824 por Joseph Fourier O Aquecimento é inequívoco! Aumento das temperaturas atmosféricas Aumento do nível do mar Reduções da neve no HN e os oceanos… e a alta atmosfera…. 1896: Arrhenius liga causa a efeito! Atribuição de Causa A maior parte do aumento observado nas temperaturas médias globais desde meados do Século XX é muito provavelmente (>90%) devido aos aumentos observados nos GEE antropogênicos Anthro+ Nat forcing TS-23 É possível parar o aquecimento global? Inércia nas interações carbonoclima-sistemas humanos Componentes • Reconhecimen to das mudanças climáticas • Negociações de Acordos • Implementação de Tecnologias • Inércias do sistemas Terra e Oceano Implicações • Comece já (ou o quanto antes) 5 Recent emissions Trajetória0das Emissões Globais de Combustíveis Fósseis Emissões1850 estão seguindo de2000 mais altas emissões! 1900 o cenário 1950 2050 2100 CO2 Emissions (GtC y-1) 10 9 8 7 Actual emissions: CDIAC Actual emissions: EIA 450ppm stabilisation 650ppm stabilisation A1FI A1B A1T A2 B1 B2 2006 B1 1,1%, A1B 1,7%, A2 1,8% A1FI 2,4% Observações 6 2000-2006 3,3% 5 1990 Taxa constantes de crescimento por 50 anos até 2050 1995 2000 2005 2010 Raupach et al. 2007, PNAS; Canadell et al. 2007, PNAS O tamanho do desafio GLOBAL de mitigar as emissões • Média global de emissões de CO2 per capita 1980 0,93 t C 1990 0,96 t C 1999 1,04 t C 2005 1,21 t C • Para estabilização em 550 ppm em 2050, deve-se reduzir as emissões de CO2 em aproximadamente 60% a 70% em relação ao presente • Para uma população estimada de 9 bilhões de pessoas em 2050, isto significa emissão per capita de 0,28 t C a 0,35 t C • Requer: RADICAL DESCARBONIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Emissões Per Capita de Dióxido de Carbono de Origem Fóssil CDIAC, 2006 Atualmente, Forçamento Radiativo médio de GEE (aquecimento) e aerossois (resfriamento) é de 1,6 W/m2 Forçamento Radiativo (W/ m2) 100 a >1000 anos 11, 80, >1000 anos 2 semanas 2 semanas IPCC 2007 WGI A Conexão entre Aquecimento Global e o Ciclo Hidrológico Seca Saturated Vapor Pressure Aquecimento Inundação t+20 t Temperatura Evaporação Capacidade de Reter Água Umidade Atmosférica Efeito Estufa Intensidade da Chuva Seca Inundação Temperature oF Created by: Gi-Hyeon Park Cortesia: S. Sarooshian, U. California-Irvine Regionally predictions generally suggest an increase in extreme rainfall 209 0 200 0 186 0 4-year event 12-year event 30-year event Increase of Natural Disasters in Latin America in the 20th Century Flood Number of Events Windstorm Earthquake Year Fonte: Charvériat, Céline. Natural disasters in Latin America and the Caribbean: an overview of risk.2000 S udes te da América do S ul: Aumento na intens idade e freqüência de dias com chuva intens a (1951-2000) Vazio de dados na Amazônia, Nordes te e partes do C entroOes te. ? Índice R 10 - Número de dias com chuva acima de 10 mm/dia Warm nights are increasing; cold nights decreasing 1979-2003 1951-1978 1901-1950 ⇐fewer more⇒ ⇐fewer more⇒ Frequency of occurrence of cold or warm temperatures for 202 global stations for 3 time periods: 1901 to 1950 (black), 1951 to 1978 (blue) and 1979 to 2003 (red). Secas estão aumentando em muitos lugares O mais sobre Diminuição de precipitação áreas continentaisimportante nos trópicos e padrão espacial subtrópicos, acentudas pelo do Índice de aumento da demanda atmosférica Severidade de com o aquecimento Seca de Palmer (PDSI) - 1900 a 2002. Componente da série temporar responde pela maior parte da tendência do PDSI. Vulnerabilidades Atuais dos Recursos Hídricos Indicador de Estrésse Hídrico: Razão Demanda/Disponibilidade Figura 3.2: Exemplos de vulnerabilidades atuais de recursos hídricos e de seu gerenciamento; as cores representam um mapa de estrésse hídrico baseado numa versão do modelo WaterGAP para 2005 (Alcamo et al., 2003a). IPCC 2007 O que são cenários climáticos? Um cenário climático é: “Uma descrição de um estado futuro do mundo, coerente, internamente consistente e plausível” Não é um prognóstico ou uma previsão É como uma série de imagens de como poderíamos ver o mundo no futuro Cortesia: T. Ambrizzi, USP É importante ter em mente que ….. cenários de emissões → resposta do ciclo de carbono → sensibilidade do clima global → cenários de mudança climática regional → categoria de possíveis impactos Cascata de incertezas na relação entre emissões e impactos Cortesia: T. Ambrizzi, USP É importante ter em mente que ….. cenários de emissões → resposta do ciclo de carbono → sensibilidade do clima global → cenários de mudança climática regional → categoria de possíveis impactos Cascata de incertezas na relação entre emissões e impactos É importante ter em mente que ….. cenários de emissões → resposta do ciclo de carbono → sensibilidade do clima global → cenários de mudança climática regional → categoria de possíveis impactos Cascata de incertezas na relação entre emissões e impactos O CLIMA GLOBAL NO SÉCULO 21 É importante ter em mente que ….. cenários de emissões → resposta do ciclo de carbono → sensibilidade do clima global → cenários de mudança climática regional → categoria de possíveis impactos v Cascata de incertezas na relação entre emissões e impactos Aquecimento Global Futuro Mudanças na Precipitação para 2090-2099 (% relativa a 1980-1999) para Cenário A1B Aumento das chuvas na Bacia do P rata no verão D iminuição das chuvas no B ras il no inverno Fonte: IPCC 2007 WGI Cenários Climáticos globais para América do Sul Projeções de anomalias de temperatura (mm/dia) para América do Sul para o período de 2090-2099 (Cenário B1) em relação ao período base de 1961-1990 para 15 diferentes modelos climáticos globais disponíveis através do IPCC. Cenários Climáticos globais para América do Sul Projeções de anomalias de temperatura (mm/dia) para América do Sul para o período de 2090-2099 (Cenário A2) em relação ao período base de 1961-1990 para 15 diferentes modelos climáticos globais disponíveis através do IPCC. Cenários Climáticos globais para América do Sul Projeções de anomalias de precipitação (mm/dia) para América do Sul para o período de 2090-2099 (Cenário B1) em relação ao período base de 1961-1990 para 15 diferentes modelos climáticos globais disponíveis através do IPCC. Cenários Climáticos globais para América do Sul Projeções de anomalias de precipitação (mm/dia) para América do Sul para o período de 2090-2099 (Cenário A2) em relação ao período base de 1961-1990 para 15 diferentes modelos climáticos globais disponíveis através do IPCC. É importante ter em mente que ….. cenários de emissões → resposta do ciclo de carbono → sensibilidade do clima global → cenários de mudança climática regional → categoria de possíveis impactos v Cascata de incertezas na relação entre emissões e impactos Mudanças Climáticas e Impactos na Redistribuição Potencial de Biomas na América do Sul: Ilustração para o Semi-Árido Caatinga Floresta Cerrado Mudanças de Biomas como resposta tanto à chuva como à temperatura! Projected distribution of natural biomes in South America for 2090-2099 from 15 AOGCMs for the A2 emissions scenarios, calculated by using CPTEC-INPE PVM. Salazar et al., 2007 Cenários de mudanças climáticas com alta resolução espacial estão sendo elaborados no Brasil e são ferramentas importantes para políticas públicas de adaptação às mudanças climáticas Cenários Regionais de Mudança Climática para a América do Sul para o final do Século XXI Projeto PROBIO-GOF UK-MCT (Marengo et al., 2007: conhecido como Relatório de Mudanças Climáticas do INPE) PROBIO-IPCC Modelos globais do IPCC TAR (HadCM3) Downscaling Modelo do IPCC: HadAMP3(Cox et al., 1999) Climatologia 1961-90 Climatologia modelo regional 1961-90 Modelos regionais RegCM3 HadRM3 Cenários IPCC A2, B2 Eta CCS Mapas de cenários de mudança climática (Regional multimodel ensemble) 2071-2100, A2, B2 Previsões de Mudanças de Vazões Anuais em 2050 para o Cenário A1B Diminução das Vazões no Nordeste Figura 3.4: Mudança da média do conjunto de 12 modelos climáticos para a vazão média anual (%), em 2050 para o cenário de emissões SERE A1B (Milly et al., 2005). Recarga = 5 a 20 mm/ano Diminuição da Recarga no NE Figura 3.5: Impacto simulado da mudança climática na média de longo-prazo da recarga de água subterrânea. Mudanças percentuais da média de 30 anos da recarga de água subterrânea entre 1961-1990 e 2041-2070, calculada pelo modelo hidrológico global WGHM, aplicando 4 diferentes cenários de mudanças climáticas (calculados pelos modelos ECHAM4 e HadCM3, cada um para dois cenários de meissões de gases de efeito estufa do IPCC, A2 e B2 (Döll and Flörke, 2005). “Num mundo desigual, as mudanças climáticas irão aumentar ainda mais as desigualdades” M. Parry, co-presidente do IPCC WGII O Brasil é país em desenvolvimento, (ainda) com altos índices de pobreza e desigualdade social, portanto, é potencialmente vulnerável às mudanças climáticas AGRICULTURA E SEGURANÇA ALIMENTAR • Nas áreas mais secas, a mudança climática é esperada levar a salinização e desertificação de terras agriculturáveis. • Projeta-se que a produtividade de algumas culturas agrícolas importantes irá decrescer, a produtividade pecuária declinar, com conseqüências adversas para a segurança alimentar. • Projeta-se que, nas zonas temperadas, a produção de soja pode crescer. ** N[13.4, 13.7] Impactos Severos nos Recursos Hídricos do Nordeste: tendência à “aridização” da região semi-árida do Nordeste até final do Século XXI Relevante ao: PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE À DESERTIFICAÇÃO E MITIGAÇÃO DOS EFEITOS DE SECA (PAN-Brasil) B alanço Hídrico no Nordes te 1961-1990 2071-2100 Maior Déficit Hídrico no Nordes te: Vulnerabilidade na ag ricultura! Fonte: Salati et al., 2007 Área de baixo risco Para produção de Algodão- 2007 Ilustração para uma cultura agrícola de importância econômica para o Nordeste Algodão Normal +1oC Algodão Ceará- Redução de área de baixo risco em função do aumento de temperatura Temp Área % - Normal 49.133 +1oC 34.277 -30 +3oC 14.399 -70 Fonte: E. Assad, EMBRAPA, 2007 +3oC Adaptação Perigo/Risco Exposição Capacidade Adaptativa Impacto Vulnerabilidade Conceito de Vulnerabilidade “É a exposição de indivíduos ou grupos ao estresse (mudanças inesperadas e rupturas nos sistemas de vida) resultante de mudanças sócio-ambientais.” (ADGER, 1999) Conceito de Vulnerabilidade “É a capacidade diferenciada de grupos e indivíduos de lidar com riscos ambientais, baseada em sua posição relativa nos mundos físico e social” (Dow, 1992) Cálculo do Índice de Vulnerabilidade Social O IVS é a média aritmética simples dos 5 índices por dimensão Com base nos critérios adotados, valores baixos de IVS estão associados a baixa vulnerabilidade. 1( IVS = 5 I DEMOG+ IRENDA + I EDUCA + I SANEA + ISAUDE ) onde: IDEMOG: Índice para Demografia IRENDA: Índice para Renda IEDUCA: Índice para Educação ISANEA: Índice para Saneamento ISAUDE: Índice para Saúde Confalonieri, 2007 RR AP AM PA MA CE RN PI PB PE TO AC AL BA RO SE MT DF Mapa do IVS nos Estados do Brasil MG GO MS ES SP RJ PR SC RS Confalonieri, 2007 IVG 0,133 - 0,141 0,142 - 0,239 0,240 - 0,339 0,340 - 0,481 0,482 - 0,643 Clima e Endemias Esquistossomose Isoterma de 22 C Dengue Cortesia: Christovam Barcellos, FIOCRUZ, 2008 o Leptospirose Baixa amplitude de temperatura Chuvas constantes Chuvas no verão Baixas temperaturas Arroz O Brasil é país em desenvolvimento, (ainda) com altos índices de pobreza e desigualdade social, portanto, é potencialmente vulnerável às mudanças climáticas • De todas as regiões no Brasil, o Nordeste é que apresenta a maior vulnerabilidade às mudanças climáticas no aspecto social, principalmente devido a potenciais impactos negativos nos recursos hídricos e agricultura de sequeiro. • Aumentar a capacidade adaptativa da sociedade e da economia regional às mudanças climáticas é imprescindível e urgente MUITO OBRIGADO!