comportamento de gramíneas forrageiras tropicais

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COMPORTAMENTO DE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS TROPICAIS
ISOLADAS E EM ASSOCIAÇÃO COM LEGUMINOSAS NA
REGIÃO NORTE-FLUMINENSE
SAMUEL OLIVEIRA DE SOUZA 1
JOSÉ SANTANA2
ALDO SHIMOYA 3
RESUMO – O experimento foi conduzido no município
de Campos dos Goytacazes - RJ, no período de s etembro
de 1994 a dezembro de 1995, e teve como objetivo obter
informações básicas sobre o comportamento das gramíneas Andropogon gayanus Kunth, Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf., Brachiaria humidicola (Rendle)
Schweick. (quicuio da amazônia), Setaria anceps Stapf.
ex Massey, Cynodon plectostachyus Pilger (capim estrela) e o híbrido Tangola, isolados e em associação com as
leguminosas Centrosema pubescens Benth, Glycine wightii (Wight & Arn.) Verdc. (soja perene) e Macroptilium atropurpureum Urb. (siratro), como forma de contribuir para obtenção de pastagens de maior persistência e
produtividade. Utilizou-se o delineamento experimental
em blocos ao acaso, com três repetições. Os tratamentos
foram dispostos em esquema de parcelas subdivididas,
nas quais foram alocadas as gramíneas, e nas subparcelas, as leguminosas. As características estudadas foram:
aspecto vegetativo, porcentagem de cobertura do solo,
produção de semente e teores médios de matéria seca e
proteína bruta. A Brachiaria brizantha, seguida da Setaria anceps, foram as mais indicadas para formação de
pastagens na região estudada. Dentre as leguminosas, a
Centrosema pubescens apresentou melhor comportamento quando associada às gramíneas. As gramíneas,
quando associadas às leguminosas, apresentaram melhores resultados em relação às gramíneas isoladas.
TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Gramíneas, leguminosas, forrageiras tropicais, consórcio, pastagem, matéria seca,
proteína bruta.
PERFORMANCE OF TROPICAL FORAGE GRASSES ISOLATED
AND IN COMBINATION WITH LEGUMES IN
NORTHERN RIO DE JANEIRO STATE
ABSTRACT – An experiment was conducted at Campos
Experimental Station, located in the city of Campos dos
Goytacazes, northern Rio de Janeiro State, during the
period of September of 1994 to December of 1995, aiming
to raise basic information about the performance and
behavior of some grasses such as, Andropogon
gayanus Kunth, Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf.
Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick. (quicuio da
amazonia), Setaria anceps Stapf. ex Massey, Cynodon
plectostachyus Pilger (capim-estrela) and the hybrid
Tangola, isolated or in combination with some legumes
such as Centrosema pubescens Benth, Glycine wightii
(Wight & Arn.) Verdc. (soja perene) and Macroptilium
atropurpureum Urb. (siratro), as a mean to contribute to
get pasture more persistent and with higher
productivity. The experimental design was a randomized
complete blocks with three repetitions. The treatments
were disposed in a split plot arrangement in such way
that the grasses were located in the plots and the
legumes in the subplots. The traits studied were:
vegetative growth, percent soil coverage, seed
production, percent dry
1. Zootecnista, M.Sc. EMBRAPA/PESAGRO-RIO - Estação Experimental de Campos, Av. Francisco Lamego, 134 Guarus - 28080-000 - Campos dos Goytacazes, RJ.
2. Médico Veterinário, PhD. PESAGRO-RIO/Estação Experimental de Campos.
1555
3. Engenheiro Agrônomo, Dr. Bolsista da FAPERJ – PESAGRO – Rio/Estação Experimental de Campos.
matter content and crude protein. Brachiaria brizantha,
followed by Setaria anceps, were the best indications
for pasture formation in the studied area. Among the
legumes, Centrosema pubescens showed best
performance when associated to grasses. Grasses when
associated to legumes, presented better results than the
single grasses.
INDEX TERMS: Grass, legumes, forage tropical, combination, pasture, dry matter, crude protein.
INTRODUÇÃO
A escassez de pasto na época da seca tem ocas ionado problemas sérios na região norte-fluminense,
causando graves prejuízos aos criadores de gado em
decorrência da redução na produção de leite e perda de
peso.
Nem sempre os criadores escolhem, na implantação das pastagens, as espécies e cultivares mais adaptadas para a região, mas seguem velhos costumes, o
que concorre para a má qualidade das pastagens durante
todo o ano.
As pastagens apresentam potencial de produção animal a baixo custo, quando utilizadas de forma eficiente, em condições mais favoráveis à sua expansão natural. A utilização de pastagens com alto valor nutritivo
é um dos fatores de maior importância para a redução de
custos na produção leiteira e pode ser obtida por meio
do melhoramento das mesmas, quer pela recuperação,
quer pela formação com a introdução de forrageiras potencialmente mais produtivas e associadas a leguminosas.
Existe um número relativamente alto de gramíneas
e leguminosas com potencial forrageiro, mas o sucesso
na utilização dessas espécies, na formação de pastagens
depende de uma série de fatores, envolvendo conhecimentos que permitam desde a escolha da espécie mais
apropriada às condições de solo e clima da região, até a
adoção de práticas de manejo que garantam o seu estabelecimento e a sua persistência, e maximizem a sua produtividade e seu valor nutritivo (Botrel, 1993).
De modo geral, a produtividade e o valor nutritivo das pastagens no Brasil são muito baixos, principalmente na época seca. A estratégia que tem sido indicada
pelos pesquisadores para melhorar esses parâmetros é,
entre outras, a introdução de leguminosas, o que, geralmente, requer a aplicação de fertilizantes, principalmente
fosfatados e, dependendo das espécies a serem introduzidas e do tipo de solo, a correção da acidez.
As leguminosas são, de modo geral, mais ricas
em proteína, cálcio e magnésio que as gramíneas e apresentam menor diminuição em seu valor nutritivo com o
avanço da idade, o que concorre para aumentar a produ-
tividade e o valor nutritivo das pastagens (Aronovich et
al., 1970). Ressalta-se, ainda, o benefício que a gramínea
consorciada recebe em decorrência da transferência de N
fixado via excreção direta de compostos nitrogenados
pelas raízes, por meio da senescência e queda de folhas
das leguminosas e das fezes e urina dos animais.
Avaliando o desempenho agronômico de capimelefante (Pennisetum purpureum Schum. cv. Cameron)
em cultivo puro, fertilizado com N ou em associação com
leguminosas no Estado de Rondônia, Costa (1995) observou que as associações com Centrosema macrocarpum Benth. CIAT 5065, Calopogonium mucunoides
Desv. cv. Comum, Desmodium ovalifolium Walp. CIAT
350, Pueraria phaseoloides Benth. CIAT 9900 e Centrosema pubescens CIAT 438 proporcionaram rendimentos
de MS e PB semelhantes aos obtidos com a gramínea
fertilizada com 100 kg/ha.ano de N.
Lourenço & Delistoianov, 1993 avaliando o desempenho de animais em pastagem de capim-colonião
exclusivo e consorciado com leguminosas, verificaram
que o ganho de peso vivo diário dos bovinos mantidos
em pastagem de capim-colonião exclusivo, adubado com
750 kg/ha. ano de N, foi semelhante ao ganho de peso
dos animais mantidos com capim-colonião consorciado
com as leguminosas Centrosema pubescens e Galactia
striata Urb. Já os bovinos mantidos em pasto de capimcolonião, com acesso ao banco de proteína de guandu,
ganharam 492 g/animal.dia, no primeiro ano, e 443
g/animal.dia, no segundo ano, e, sem o acesso ao banco
de proteína, o ganho foi de 455 g/animal.dia no primeiro
ano e 392 g/animal.dia no segundo ano.
Costa et al. (1998), objetivando selecionar, em
termos de produtividade, composição botânica, valor
nutritivo e persistência, as melhores consorciações de
Panicum maximumn Jacq. cv. Tobiatã com leguminosas
forrageiras tropicais, obtiveram no segundo ano de ensaio, em época seca, valores percentuais de leguminosas
que variaram de 6,9 a 27,1% para Centrosema pubescens
CIAT 438 e Centrosema acutifolium Benth. CIAT 5112,
respectivamente.
Buscando avaliar a adaptação e produção de 10
gramíneas e 15 leguminosas em 5 municípios na Colômbia, Sanchez et al. (1989) obtiveram melhores resultados
Ciênc. agrotec., Lavras. Edição Especial, p.1554-1561, dez., 2002
1556
para as gramíneas Brachiaria dictyoneura Stapf. CIAT
6133, Brachiaria brizantha CIAT 6387, Panicum maximum CIAT 622, Andropogon gayanus CIAT 6053, em
consórcio com as leguminosas Centrosema macrocarpum CIAT 5713, Centrosema brasilianum Benth. CIAT
5234 e Centrosema acutifolium.
Em cultivo puro e em consorciação com sete leguminosas forrageiras tropicais em Porto Velho, Rondônia, verificou-se que os teores de PB de B. humidicola
foram (P<0,05) afetados pelos diferentes tratamentos,
sendo verificados os maiores valores na sua consorciação com Centrosema pubescens CIAT 438 (8,9 %) e Stylosanthes capitata Vog. CIAT 1097 (8,5 %). Já as misturas Zornia latifolia Sm. CIAT 728 e Stylosanthes guianensis Swartz cv. Cook e Stilosanthes capitata CIAT
1019 e Pueraria phaseoloides CIAT 9900 resultaram em
teores de PB semelhantes (P>0,05) aos registrados com a
gramínea em cultivo puro, Go nçalves & Costa (1994).
Em São Paulo, Mattos & Werner (1979), durante
um período de avaliação de três anos, verificaram que a
consorciação de Panicum maximum + Galactia striata
resultou em acréscimos de 20 a 85 %, respectivamente na
produção MS, em comparação com a gramínea em cultivo puro fertilizada (75 kg /ha.ano de N) ou não com N.
Da mesma forma, Gomide et al. (1984) não detectaram diferenças significativas entre os rendimentos de forragem
registrados na consorciação de Hyparrhenia rufa Stapf.
com Neonotonia wightii (Arn.) J.A. Lackey e aqueles
obtidos com a gramínea pura fertilizada com 120 kg
/ha.ano de N.
Dependendo da espécie em consórcio, a altura
das pastagens deve ser mantida entre 30 e 50 cm, na época de maior crescimento das plantas, ao passo que na
época seca, quando ocorre um crescimento mais lento,
as pastagens podem ser mantidas a uma menor altura,
desde que haja uma boa cobertura do solo, para que seja
evitada a degradação das mesmas (Alvim, 1990).
Andrade & Ferreira (1981) encontraram em capimgordura, por ocasião do 3ª colheita, teores médios de PB
de 5,6; 4,8 e 4,3%, respectivamente, para os tratamentos
de consorciação, NPK e testemunha. Para o capimjaraguá, esses valores foram de 4,8; 4,9 e 4,2%, respectivamente.
Em ensaio conduzido por Costa (1993) no Campo
Experimental do Centro de Pesquisa Agroflorestal de
Rondônia, utilizando a Brachiaria brizantha cv. Marandu em cultivo puro e em associação com cinco leguminosas tropicais, obtiveram-se valores de PB variando de
8,94% (B. brizantha + Pueraria phaseoloides) a 9,55%
(B. brizantha + Stylosanthes guianensis). Entre as le-
guminosas, S. guianensis cv. Cook forneceu o maior teor
de PB (19,46 %).
Na prática, a utilização adequada das forrageiras
ocorre quando os teores mínimos de PB das pastagens
não são inferiores a 7-8 % na MS (Carnevali et al., 1970 e
Minson, 1981).
Realizou-se este trabalho com o objetivo de obter
informações sobre o comportamento de gramíneas forrageiras tropicais, isoladas e em associação com leguminosas, como forma de contribuir para maior persistência
e produtividade das pastagens na região nortefluminense.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no período de setembro de 1994 a dezembro de 1995, no município de
Campos dos Goytacazes, situado a 21o45'15"na região
norte-fluminense. O clima é quente e úmido, com precipitação anual de 900 a 1.100 mm, com estação seca bem definida (maio a setembro). A temperatura média anual é de
24,5oC e a umidade relativa do ar, em torno de 78% (Anuário..., 1999).
Foram avaliadas seis gramíneas forrageiras: Andropogon gayanus, Brachiaria brizantha, Brachiaria
humidicola (quicuio da Amazônia), Setaria anceps, Cynodon plectostachyus (capim-estrela) e híbrido tangola
e três leguminosas: Centrosema pubescens (centrosema), Glycine wightti (soja perene) e Macroptilium atrupurpureum (siratro). O delineamento experimental foi em
blocos ao acaso, com três repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema de parcelas subdivididas,
nas quais foram alocadas as gramíneas e nas subparcelas as gramíneas associadas com leguminosas. As parcelas foram de 32 m2 (8 x 4 m) e as subparcelas, de 8 m2
(4 x 2 m), estas com duas áreas úteis de 1 m2 (1 x 1 m),
sendo uma para avaliação das colheitas (determinação
de MS e PB) e outra para as avaliações mensais. A distância entre as parcelas foi de 2,0 m.
Nas parcelas adubadas, procedeu-se à adubação
conforme análise de solo, com 40 kg /ha de N, 80 kg/ha
de P2O5 e 20 kg/ha de K2O, tendo como fontes desses
nutrientes o sulfato de amônio, o superfosfato simples e
o cloreto de potássio, respectivamente. Nas subparcelas,
aplicou-se apenas o superfosfato simples. Fez-se calagem 60 dias antes do plantio, com 3,0 t/ha de calcário dolomítico, baseando-se na análise química de solo.
Realizaram-se, mensalmente, avaliações do aspecto vegetativo, porcentagem de cobertura do solo visualmente e produção de sementes, por meio de escalas de
Ciênc. agrotec., Lavras. Edição Especial, p.1554-1561, dez., 2002
1557
notas (1- péssimo, 2- ruim, 3- regular, 4- bom, 5- ótimo).
Para medir a produção de sementes, tomou-se por base o
momento em que cada espécie forrageira apresentava
cerca de 50% de sementes maduras, com o emprego de
um quadrado de 0,25 m de lado. Para determinação do
teor de MS e do teor de PB na MS das forrageiras, foram
efetuadas duas colheitas na época da seca e quatro colheitas na época das águas.
Para determinação da MS e PB, foram retiradas
amostras da forragem colhida e colocadas para secar em
estufa de circulação forçada a 55-65o C, até peso constante. As determinações dos teores de MS e PB foram
efetuadas de acordo com as técnicas da A.O.A.C., descritas por Horwitz (1975). A PB foi calculada pelo teor de
N total, utilizando-se o método de macro KJELDAHL.
As médias dos tratamentos foram comparadas
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto às características avaliadas visualmente
para as gramíneas isoladas, observou-se que a B. brizantha e C. plectostachyus superaram as demais quanto
ao aspecto vegetativo. A
B. brizantha apresentou
melhor cobertura do solo, e para produção de sementes,
destaque para B. brizantha, A. gayanus e S. anceps na
época seca (Quadro 1). As associações das gramíneas
com as leguminosas Macroptilium atropurpureum e
Centrosema pubescens foram as que apresentaram melhores aspectos vegetativos em relação aos demais tratamentos. Já com relação à porcentagem de cobertura, as
gramíneas isoladas, seguidas da associação da gramínea
mais Centrosema pubescens, foram as que apresentaram
melhores resultados.
No Quadro 2, encontram-se as médias das características do aspecto vegetativo, porcentagem de cobertura do solo e produção de sementes das espécies
forrageiras na época das águas, no período de outubro
de 1994 a março de 1995. Nota-se que a Brachiaria brizantha apresenta médias superiores em relação às outras
gramíneas quanto ao aspecto vegetativo e quanto à porcentagem de cobertura. Esses resultados foram semelhantes aos da época seca, porém com valores médios
maiores. Quanto à produção de sementes, a Setaria anceps foi a espécie que mostrou melhor resultado e, em
segundo lugar, a Brachiaria brizantha. A gramínea is olada e a gramínea em associação com a Centrosema pubescens foram as que apresentaram melhores aspectos
vegetativos. Já para porcentagem de cobertura, a gramínea em associação com a Centrosema pubescens, destacou-se em primeiro lugar, em segundo, a gramínea em
associação com a Macroptilium atropurpureum.
QUADRO 1 – Valores médios das características aspecto vegetativo, cobertura (%) e produção de sementes das
gramíneas isoladas e em associação com as leguminosas na época seca, Campos dos Goytacazes, RJ*. 1994/95.
Aspecto vegetativo
Cobertura
Produção de sementes
Gramíneas
G
SP
SI
CE
G
SP
SI
CE
G
SP
SI
CE
Andropogon gayanus
2
1
2
2
25
25
30
40
4
3
3
4
Setaria anceps
3
4
4
4
70
60
80
80
4
3
4
4
Brachiaria humidicola
2
2
3
3
70
70
70
80
2
2
3
2
Brachiaria brizantha
4
3
4
4
90
80
80
70
4
4
4
4
Cynodon plectostachyus
4
3
3
3
80
70
70
70
-
2
3
3
Híbrido “tangola”
3
2
3
3
70
60
50
60
-
2
2
2
* Médias de seis observações. 1 – péssimo, 2 – ruim, 3 – regular, 4 – bom, 5 - ótimo.
G – gramíneas, SP – soja perene + gramínea, SI – Macroptilium atropurpureum + gramínea, CE – Centrosema
pubescens + gramínea.
Ciênc. agrotec., Lavras. Edição Especial, p.1554-1561, dez., 2002
1558
De modo geral, ao se comparar as médias das características avaliadas visualmente na época seca e das
águas (Quadros 1 e 2), percebe-se que na época das águas o desemp enho tanto das gramíneas isoladas quanto das gramíneas em associação com as leguminosas foram superiores à época seca, inferindo-se que os genótipos comportaram-se de maneira diferenciada quando
submetidos a épocas diferentes.
Nos Quadros 3 e 4 são apresentadas as médias
de produção de matéria seca das gramíneas isoladas e
em associação com as leguminosas nas épocas seca e
das águas, respectivamente. Com relação às gramíneas
associadas com leguminosas, pode-se observar que a
Brachiaria brizantha e Setaria anceps foram superiores
(P<0,05) às demais gramíneas nas duas épocas de avaliação. Ao se comparar as médias de gramíneas isoladas e
em associação com leguminosas, em ambas as épocas,
constata-se que a gramínea em associação com a Centrosema pubescens foi superior aos tratamentos restantes, porém somente na época das águas foi evidenciada
diferença significativa (P<0,05).
Quanto ao teor de PB (Quadros 5 e 6), não foram
encontradas diferenças significativas entre as médias
das gramíneas, devendo-se ressaltar a performance da
Setaria anceps e Andropogon gayanus nas duas épocas. Ao se comparar as médias de gramíneas isoladas e
em associação nas duas épocas, pode-se notar que a
gramínea em associação com a Macroptilium atropurpureum apresentou um melhor desempenho, havendo
diferença estatística somente em relação à gramínea isolada.
QUADRO 2 – Valores médios das características do aspecto vegetativo, cobertura (%) e produção de sementes das
gramíneas isoladas e em associação com as leguminosas na época das águas, Campos dos Goytacazes, RJ*. 1994/95.
Aspecto vegetativo
Cobertura
Produção de sementes
G
SP
SI
CE
G
SP
SI
CE
G
SP
SI
CE
Andropogon gayanus
5
4
5
5
40
40
50
50
4
3
4
4
Setaria anceps
5
4
4
5
70
80
90
90
5
4
5
5
Brachiaria humidicola
4
3
4
4
90
80
80
90
3
2
2
3
Brachiaria brizantha
5
5
5
5
100
90
100
100
5
4
4
4
Cynodon plectostachyus
4
4
4
5
80
70
70
70
3
2
4
Híbrido “tangola”
4
3
4
3
80
70
80
80
3
3
3
* Médias de seis observações. 1 – péssimo, 2 – ruim, 3 – regular, 4 – bom, 5 - ótimo.
G – gramíneas, SP – soja perene + gramínea, SI – Macroptilium atropurpureum + gramínea, CE – Centrosema
pubescens + gramínea.
Gramíneas
QUADRO 3 – Produção média de MS (t/ha) das gramíneas isoladas e em associação com leguminosas na época seca, Campos dos Goytacazes, RJ*. 1994/95.
Associação gramíneas/leguminosas
Média
SP
SI
CE
Brachiaria brizantha
2,80
2,70
2,60
2,90
2,75 a
Setaria anceps
3,20
2,00
2,00
2,80
2,50 a
Híbrido “tangola”
1,30
1,40
1,60
2,00
1,57 b
Brachiaria humidicola
1,60
1,10
1,70
1,50
1,47 bc
Andropogon gayanus
1,00
1,20
1,10
1,50
1,20 bc
Cynodon plectostachyus
1,40
0,90
1,20
1,10
1,15 c
Média
1,88 A
1,55 A
1,70 A
1,96 A
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula e minúscula, respectivamente, na linha e coluna, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
*Média de duas colheitas.
Gramíneas
G
Ciênc. agrotec., Lavras. Edição Especial, p.1554-1561, dez., 2002
1559
G – gramíneas, SP – soja perene + gramínea, SI – Macroptilium atropurpureum + gramínea, CE – Centrosema
pubescens + gramínea.
QUADRO 4 – Produção média de MS (t/ha) das gramíneas isoladas e em associação com leguminosas na época das
águas, Campos dos Goytacazes, RJ*. 1994/95.
Associação gramíneas/leguminosas
Gramíneas
G
Média
SP
SI
CE
Brachiaria brizantha
6,00
5,80
5,50
6,00
5,82 a
Setaria anceps
5,30
3,80
4,00
5,80
4,72 a
Brachiaria humidicola
2,90
3,00
3,50
4,20
3,40 b
Andropogon gayanus
3,40
2,80
1,80
3,50
2,87 bc
Cynodon plectostachyus
2,30
2,50
2,80
3,00
2,65 bc
Híbrido “tangola”
2,10
1,80
2,50
2,60
2,25
3,66 AB
3,28 B
3,35 B
4,18 A
Média
c
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula e minúscula, respectivamente, na linha e coluna, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
*Média de quatro colheitas.
G – gramíneas, SP – soja perene + gramínea, SI – Macroptilium atropurpureum + gramínea, CE – Centrosema
pubescens + gramínea.
QUADRO 5 – Teor médio de PB (%) na MS das gramíneas isoladas e em associação com leguminosas na época da
seca, Campos dos Goytacazes, RJ*. 1994/95.
Associação
Gramíneas
G
gramíneas/leguminosas
Média
SP
SI
CE
Setaria anceps
4,5
6,0
6,5
7,2
6,0 a
Cynodon plectostachyus
4,8
6,4
6,8
6,0
6,0 a
Andropogon gayanus
4,7
6,0
6,0
6,9
5,9 a
Brachiaria brizantha
5,0
5,0
6,6
6,7
5,8 a
Brachiaria humidicola
4,8
5,2
6,0
5,9
5,5 a
Híbrido “tangola”
4,2
5,0
6,6
5,0
5,2 a
4,7 B
5,6 A
6,4 A
6,3 A
Média
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula e minúscula, respectivamente, na linha e coluna, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
*Média de duas colheitas.
Ciênc. agrotec., Lavras. Edição Especial, p.1554-1561, dez., 2002
1560
G – gramíneas, SP – soja perene + gramínea, SI – Macroptilium atropurpureum + gramínea, CE – Centrosema
pubescens + gramínea.
QUADRO 6 – Teor médio de PB (%) na MS das gramíneas isoladas e em associação com leguminosas na época das
águas, Campos dos Goytacazes, RJ*. 1994/95.
Gramíneas
G
Associação gramíneas/leguminosas
SP
SI
CE
Média
Andropogon gayanus
7,3
10,2
10,8
9,9
9,6 a
Setaria anceps
8,9
8,4
10,1
10,1
9,4 a
Híbrido “tangola”
6,6
10,2
9,9
10,0
9,2 a
Cynodon plectostachyus
7,5
10,0
9,3
10,0
9,2 a
Brachiaria brizantha
6,9
8,0
11,1
10,3
9,1 a
Brachiaria humidicola
6,5
8,7
8,4
9,4
8,2 a
7,3 B
9,2 A
9,9 A
9,9 A
Média
Médias seguidas da mesma letra maiúscula e minúscula, respectivamente, na linha e coluna, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
*Média de quatro colheitas.
G – gramíneas, SP – soja perene + gramínea, SI – Macroptilium atropurpureum + gramínea, CE – Centrosema
pubescens + gramínea.
CONCLUSÕES
Considerando-se o aspecto vegetativo, a porcentagem de cobertura e a produção de sementes, Brachiaria brizantha apresentou qualidades ideais para
pastagem na região norte-fluminense.
As gramíneas Brachiaria brizantha e Setaria
anceps, associadas à leguminosa Centrosema pubescens, mostraram-se mais compatíveis em rendimento de
forragem e cobertura do solo.
As gramíneas associadas forneceram uma mistura forrageira mais rica em proteína bruta que as gramíneas em cultivo puro.
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