1 PRODUTIVISMO E PACTO SOCIAL: CONCEPÇÕES DA UNESCO PARA A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL (1980) Angela Galizzi Vieira Gomide Universidade Estadual de Londrina [email protected] Palavras-chave: Política e história da educação. Formação de professores. UNESCO. INTRODUÇÃO Produtivismo e pacto social: contradições presentes nas políticas para a educação, na formação de professores e nas recomendações da UNESCO para a década de 1980. Considerada como fator de desenvolvimento, a concepção produtivista de educação formou trabalhadores e os inseriu no mercado produtivo urbano e industrial, articulada ao capitalismo internacional e às exigências de modernização, cujos fundamentos se reportaram ao tecnicismo educacional e aos ideais da teoria do capital humano dos anos de 1970. Reforçou a dimensão econômica desenvolvimentista, pragmática e utilitarista. A educação e a formação de professores desse momento histórico estreitaram relações com o Estado autoritário e ditatorial, cujas concepções refletiram os interesses hegemônicos da época e articularam-nas ao contexto econômico capitalista internacional. Na compreensão de Hilsdorf (2007) as reformas educativas (1970) isolaram a educação do contexto sociopolítico, enfraqueceram o movimento de participação popular e ainda despolitizaram a sociedade. Em contraposição, a educação para o pacto social focalizou uma “ação eminentemente democrática, tratada dentro de uma perspectiva ampla e global requerida pela sociedade” (BRASIL, 1985). O Brasil da Nova República assumiu o compromisso de construir a democracia e promover o desenvolvimento com justiça. Projetou uma sociedade pautada em princípios da social democracia visando a construção de um pacto social, entendido como um processo de negociação entre o Estado e a sociedade para obter resultados políticos significativos ao bem comum. Denominada de Nova República, foi considerada um momento de “transição democrática”, ou seja, de “[...] passagem de um momento político (autoritário) para outro (democrático)” (VIEIRA, 2008, p. 20), que culminou com a aprovação da Nova Carta Constitucional (1988), após os debates na sociedade e entre os participantes da Assembleia Constituinte. Relevante para a definição dos rumos democráticos tomados no país, a Constituição (1988) avançou em relação às anteriores. Depois de anos de cerceamento 2 político e de ditadura militar, superou o projeto autoritário instaurado no país desde 1964, apontando para a redemocratização do Estado brasileiro. Definiu garantias constitucionais, principalmente as referentes aos direitos fundamentais, como a cidadania, a liberdade e a democracia. Considerou a educação como um direito social por ter, “como base o primado do trabalho e, como objetivo, o bem-estar e a justiça sociais” (BRASIL, 1988, art. 139). Entendida como “direito de todos e dever do Estado e da família”, propôs que a educação fosse “promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205). No campo político, o Brasil da década de 1980 transitou entre o governo militar de Figueiredo (1979-1985) e a eleição de Tancredo Neves. Figueiredo enfrentou a crise econômica resultante do esgotamento do milagre econômico, evidenciado pelo aumento da inflação, do choque do petróleo, da elevação geral dos preços e do agravamento da balança de pagamentos. Trabalhou com políticas em favor da anistia, o que favoreceu o retorno dos exilados políticos ao Brasil. Aprovou a Nova Lei Orgânica dos Partidos, extinguiu os dois partidos políticos até então vigentes e possibilitou o surgimento de novos, destacando-se o Partido dos Trabalhadores (PT). Esse surgimento, “[...] decorrente do processo de organização política das classes trabalhadoras”, representou “[...] um marco histórico de caráter político para as classes trabalhadoras” (SILVA, 2006). A transição do regime militar para a “Nova República” evidenciou as manifestações da sociedade civil em defesa da democratização e da eleição direta para presidente da República, no chamado movimento pelas “Diretas já”. Apesar das eleições diretas não haverem sido aprovadas em 1984, Tancredo Neves e José Sarney foram eleitos pelo voto indireto, em 15 de janeiro de 1985, no sistema eleitoral imposto pelo regime autoritário. Tancredo Neves atendia às exigências do povo brasileiro como o candidato da conciliação entre as forças militares e as democráticas. Entretanto, não chegou a governar o país, pois faleceu antes de tomar posse, devido às complicações em seu estado de saúde. A transição para um governo democrático ocorreu então com a entrada do vice-presidente, José Sarney, no comando da nação. O governo Sarney (1985-1990) inspirou-se no pensamento e na figura democrática de Tancredo Neves. Cumpriu um governo de transição democrática, cujo ponto alto foi o respeito pelas liberdades públicas. Manteve o SNI (Serviço Nacional de Informação), restabeleceu as eleições diretas para a presidência da República, aprovou o direito de voto dos 3 analfabetos, legalizou os partidos políticos e elegeu uma Assembleia Constituinte, encarregada de elaborar uma nova constituição para o país. Considerada, no campo econômico, como uma década perdida, reconhecemos que para o campo social, cultural e educativo, foi revelador de novas concepções, rupturas, contradições e ações. Houve a criação da Associação Nacional de Educação (ANDE), da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) e do Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES), além de outras entidades que representaram os professores em suas lutas e reivindicações. Saviani (2007) alertou para a ausência de medidas efetivas para a política educacional dos anos de 1980. No entanto, destacou a intensa mobilização da sociedade civil no campo educacional, presente nas discussões das instituições acima apontadas, na Assembleia Constituinte, no “Dia D” de Debates sobre a Educação e no protagonismo dos emissários brasileiros nas Conferências Internacionais da UNESCO, realizadas na América Latina. Analisando as fontes primárias desse momento histórico, identificamos o I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República 1986-1989 (I PND/NR) e o Programa “Educação para Todos: caminho para a mudança” (1985). Os documentos resultantes do “Projeto Principal de Educação para Todos na América Latina e no Caribe – 1980-1990” também se constituíram em fontes primárias dessa pesquisa, cujas concepções revelaram o protagonismo do Brasil na América Latina ao propor uma educação de qualidade para todos. Destacamos as Conferências Internacionais que aconteceram em Quito (1981), no México (1984) e em Bogotá (1987). Abordaremos, a seguir, as principais orientações desses documentos, de modo a articular as informações e apreender os seus significados para a educação e a formação de professores no Brasil na década de 1980. Educação para Todos: política educacional do Brasil nos anos de 1980 As concepções constitutivas das políticas educacionais da Nova República estão presentes no I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República (I PND/NR), elaborado no governo de José Sarney, numa menção aos objetivos contemplados por Tancredo Neves de “[...] mudar a vida política, econômica e social do país” (BRASIL, 1986, p. 1). Suas orientações indicaram a retomada do desenvolvimento econômico, com clara orientação social, pautando-se no lema ‘democracia e justiça social’. O combate à pobreza foi preocupação central do plano, que sugeriu: implantar programas sociais que reduzissem os problemas com saúde, alimentação e habitação dos brasileiros; incentivar a iniciativa privada 4 a retomar o crescimento econômico e, ainda, redirecionar a ação do Estado para suas funções tradicionais ligadas à prestação dos serviços públicos essenciais. Definido como um “plano de reformas, de crescimento econômico e de combate à pobreza”, seguiu uma “clara orientação social” (BRASIL, 1986, p. 9). Na compreensão de Silva (2006, p. 23) sobressaiu “[...] a mudança do discurso em direção a uma nova forma de manutenção da hegemonia, por conseguinte, da dominação”, em razão do novo pensamento reportar-se à concepção de “democracia e justiça social”, em substituição à “ordem e desenvolvimento” disseminada na ditadura militar. As diretrizes para a educação integraram o capítulo “Desenvolvimento Social” e objetivaram Universalizar o ensino de 1º grau; melhorar e ampliar o ensino de 2º grau; redimensionar as modalidades supletiva e especial de ensino; integrar a educação física e o desporto no processo educacional; utilizar recursos tecnológicos para fins educativos e, finalmente, redefinir as competências institucionais no exercício dos encargos públicos. (BRASIL, 1986, p. 65). Tendo como principal diretriz política “[...] assegurar acesso de todos ao ensino de boa qualidade, notadamente, o básico, enquanto direito social”, o I PND/NR definiu oito programas que deveriam ser adotados com o objetivo de suprir as deficiências da educação brasileira. São eles: Educação para Todos; Melhoria do Ensino de 2º grau; Ensino Supletivo e Educação Especial; Nova Universidade; Desporto e Cidadania; Novas Tecnologias Educacionais e Descentralização e Participação (BRASIL, 1986, p. 65-70). Para enfrentar a carência de “[...] programas de formação e aperfeiçoamento do magistério e de cursos de habilitação para professores leigos” (BRASIL, 1986, p. 60), o I Plano não apresentou nenhum programa específico. Justificou essa carência como resultante das “precárias condições de trabalho”, nas quais predominam “turmas excessivamente numerosas” e mestres sobrecarregados pelo desenvolvimento de atividades “que geralmente obrigam ultrapassar o tempo de trabalho remunerado” (BRASIL, 1986, p. 60). Por outro lado, cada um dos programas definidos indicou ações de formação e valorização dos professores e dos profissionais da educação relacionadas à questão salarial, à promoção por mérito e desempenho, à utilização de meios tecnológicos e à articulação conjunta de ações entre a universidade e os sistemas de ensino de 1º e 2º grau. Cobrou um padrão mais elevado de desempenho acadêmico por parte dos professores que, nesse momento, realizavam a formação inicial em cursos técnicos de 2º grau, numa Habilitação para o exercício do Magistério. Um dos programas sugeridos no I PND/NR (1986-1989) referiu-se à “Educação para Todos”. Questionamos: Qual é o significado de “Educação para Todos” nesse Programa? Que 5 relação apresentou com o documento “Educação para Todos: caminho para mudança”, divulgado em 1985, no governo Sarney? Qual a relação desses dois programas com o “Educação para Todos”: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, aprovado na Conferência Mundial de Educação, realizada em Jomtien (UNESCO, 1990)? Entre os oito programas definidos no I PND/NR (1986-1989), “Educação para Todos” constituiu um deles. Apoiado em estatísticas sobre o fracasso educacional, o analfabetismo, a repetência e a evasão escolar, o Programa foi elaborado objetivando alcançar a “[...] universalização do ingresso e permanência da criança de 7 a 14 anos na escola de 1º grau” (BRASIL, 1986, p. 65). Nesse documento, o termo “todos” refere-se às crianças brasileiras na faixa etária de 7 a 14 anos, com escolaridade relativa ao ensino de 1º grau, organizado de acordo com a Lei 5692/71. Visando universalizar esse atendimento escolar, o I PND-NR reconheceu a necessidade de construir, reformar ou ampliar o espaço físico das escolas no Brasil. Admitiu a necessidade de uma “[...] política nacional de formação e aperfeiçoamento do magistério, capaz de contribuir para aperfeiçoar a qualificação dos professores, sua valorização social e profissional e dignificar a carreira docente” (BRASIL, 1986, p. 65). No âmbito didático, apontou para a redefinição dos currículos, de modo a garantir um conjunto mínimo de conteúdo a todas as crianças do país. Incentivou a adoção de outras medidas que reforçassem a permanência das crianças na escola, tais como: merenda escolar, livros e material escolar aos alunos da rede pública de 1º grau. Para os mais desfavorecidos, o programa sugeriu ainda a concessão de bolsas de estudo (BRASIL, 1986, p. 66). Trouxe as marcas da transição democrática vivida na Nova República. Elaborado pelo Ministério do Planejamento, fez parte do conjunto de reformas para a educação e o desenvolvimento social. Também indicou diretrizes para a retomada do desenvolvimento; o desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia; a cultura; a política ambiental; o desenvolvimento regional e urbano; as Forças Armadas e as relações exteriores. No entanto, em 1985, o Brasil, já havia lançado o documento “Educação para Todos: caminho para a Mudança”, do Ministério da Educação. Produzido pelo Ministério da Educação, direcionou-se para a área educativa, como uma proposta política da Nova República, em resposta aos anseios nacionais que exigiam a construção da “democracia e a promoção do desenvolvimento com justiça”. Entre as principais orientações derivadas do documento “Educação para Todos: caminho para a Mudança”, apontamos a concepção de educação, de perspectiva democrática considerada no conjunto das políticas sociais e, 6 portanto, não podendo ser resolvida com “ações isoladas” (BRASIL, 1985, p. 1). A concepção de ‘educação básica’ foi entendida como aquela que possibilita [...] a leitura, a escrita e a compreensão da língua nacional, o domínio dos símbolos e operações matemáticas básicas, bem como o domínio dos códigos sociais e outras informações indispensáveis ao posicionamento crítico do indivíduo face a sua realidade (BRASIL, 1985, p. 4). Foi entendida também como aquela que “[...] extrapola os limites de ação meramente escolar” e estende seu alcance para “[...] outros segmentos da população brasileira que “[...] não tiveram acesso à escolarização pelo ensino regular ou dela ficaram alijados prematuramente”. (BRASIL, 1985, p. 4). Nessas condições, houve uma ampliação da compreensão de educação para os jovens e os adultos. Entre as maiores dificuldades educacionais enfrentadas no Brasil nessa época, apontou: a) Falta de uma consciência nacional sobre a importância político social da educação; b) baixa produtividade do ensino; c) aviltamento da carreira do magistério; d) inexistência de um adequado fluxo de recursos financeiros para educação básica; e) insuficiência e má distribuição espacial de vagas nas escolas. (BRASIL, 1985, p. 5-7). Para superá-las, chamou a sociedade a comprometer-se com um “plano de educação”, que contemplasse a “[...] universalização da educação básica, atentando-se para a qualidade do ensino e para a mobilização e participação da sociedade” (BRASIL, 1985, p. 7). E, ainda, que alcançasse os objetivos, no que diz respeito à: [...] estimulação da consciência nacional quanto à importância político-social da educação; a melhoria da produtividade da educação básica; a valorização do magistério; regularização e expansão do fluxo de recursos para financiamento da educação básica e ampliação das oportunidades de acesso e retorno à escola de 1º grau (BRASIL, 1985, p. 8-9). Com relação à formação de professores, ressaltamos a pretensão de garantir “um piso salarial condigno para os professores em efetivo exercício na sala de aula” e estabelecer normas de “recrutamento e seleção democrática e de planos de carreira que valorizem o mérito e a experiência”. Para a formação inicial, sugeriu rever os programas de formação de professores, visando aperfeiçoar o magistério, mediante ações que envolvessem desde o “ensino a distância até o treinamento em serviço” (BRASIL, 1985, p. 9). Como estratégias de ação para alcançar tais objetivos, o documento destacou a “flexibilidade e operacionalidade”, a “mobilização social”, a “articulação entre o governo e a sociedade” e o “programa de ação 7 imediata”. Este último recebeu maior empenho, por visar a valorização do magistério na educação básica, a ampliação das oportunidades de acesso, o retorno à escola de 1º grau e a assistência ao aluno carente, mediante o fornecimento do livro e material didático e da merenda escolar (BRASIL, 1985, p.10-12). O “Aperfeiçoamento dos docentes e a capacitação e qualificação dos leigos”; “os Planos de Carreira do Magistério Estadual e Municipal”, bem como a “complementação salarial aos professores de 1º grau, de modo a lhes propiciar retribuição não inferior ao salário mínimo vigente”, foram as estratégias defendidas nesse documento, considerado como um plano pioneiro para a universalização da educação básica no Brasil, na década de 1980. É importante salientar que o Programa “Educação para Todos” instigou a reflexão sobre a educação em nível nacional no chamado “Dia D de Debate sobre a Educação”, realizado em 18 de setembro de 1985. A reflexão realizada nas escolas reafirmou os ‘velhos’ problemas enfrentados pelo governo: a valorização do professor mediante o recebimento de um salário justo e a necessidade de uma formação adequada que eliminasse a figura do professor leigo e o apadrinhamento para o ingresso na carreira docente. Por outro lado, as reflexões do “Dia D” apontaram para a necessidade de investir na “capacitação profissional através de cursos, treinamentos descentralizados, apoio técnico adequado às suas reais necessidades” (BRASIL, 1985, p. 34). Alguns relatórios sugeriram a capacitação dos professores em nível universitário. No entanto, o documento defendeu que em “longo prazo”, a formação do professor deveria ser “corrigida através da universalização do ensino de Segundo Grau, com ênfase aos cursos de habilitação para o magistério, onde são preparados os professores de Primeiro Grau” (BRASIL, 1985, p. 34) e concluiu: É impossível pensar em mudanças qualitativas sem a existência de um professor competente, que domine os conteúdos a serem transmitidos e as formas de estabelecer ligações entre estes conteúdos e a realidade do aluno. Para isso, ele deve ter acesso a uma boa formação, incentivos à progressão funcional e salários adequados. Mas, acima de tudo, deve assumir um compromisso efetivo com os alunos da maioria da população, a quem vem sendo sistematicamente negado o direito constitucional à educação básica. O “Dia D” refletiu sobre a educação numa dimensão social. Envolveu a comunidade escolar, os pais, os alunos e os professores na compreensão sobre “a escola que temos e a escola que queremos”, considerando uma “educação para a mudança”, propícia ao momento histórico de construção de uma sociedade democrática. Contou com o apoio dos meios de comunicação de massa, da imprensa, da divulgação de panfletos, folhetos e até mesmo da literatura de cordel, procurando motivar e envolver a sociedade na participação democrática 8 sobre a educação naquele momento. Para um país que vivia o período de transição da ditadura para a democracia, a oportunidade para a discussão dos novos rumos da educação abriu caminhos para o exercício crítico e para a construção de espaços de cidadania na busca de soluções conjuntas para os problemas enfrentados no Brasil. Corroboramos Coelho (1990, p. 57-58) ao expressar: “[...] sendo a educação uma ação humana e historicamente construída pelos homens, esta poderá ser refeita a qualquer momento, transformando-se numa realidade concreta a ser efetivamente alcançada pela grande maioria”. Entre a Lei 5692/71 e o documento “Educação para Todos”, sobre a questão da formação do professor, reconhecemos os limites impostos pela primeira e a inconsistência política do segundo. Este defendeu a mudança e a melhoria da formação do professor, mas não definiu quais seriam as estratégias políticas. Chamou a sociedade a participar e responsabilizou os estados e os municípios trabalharem no alcance dos objetivos propostos. A educação no Brasil, na década de 1970 reforçou a dimensão produtivista, técnica e pragmática, sem instrumentos cognitivos suficientes para compreender ou questionar a realidade social. A escola direcionou seu papel social à preparação de indivíduos para ocupar seu lugar na divisão social do trabalho, inculcando a ideologia burguesa, baseada na ordem, na obediência, na competitividade e no mérito. Os professores realizaram a formação inicial numa habilitação técnica, enquanto os pedagogos formavam-se no curso de Pedagogia, fragmentado em distintas especializações. Na “Nova República”, a educação foi concebida para alcançar o desenvolvimento, com justiça social, ou seja, [...] “como instrumento de transformação da realidade social” (COELHO, 1990, p.55). Pela sua relação com o momento de transição gradual e progressivo, a “[...] educação nela produzida não constitui um fato pronto e acabado, mas um processo que está se fazendo historicamente” (COELHO, 1990, p.51). Inspirada nos princípios do liberalismo econômico depositou nos alunos a responsabilidade pela superação das dificuldades e nos professores a necessidade de trabalhar com maior dedicação e comprometimento. No entanto, numa sociedade marcada pela forte concentração de renda e injustiça social, esses princípios apenas reforçaram o “[...] projeto burguês de sociedade, em que se privilegiou os grupos política e economicamente mais fortes, em detrimento da maioria da população” (COELHO,1990, p. 56). Projeto Principal de Educação na América Latina: as concepções da UNESCO Na década de 1980, a UNESCO articulou-se ao projeto de educação tecnicista, hegemônico para a sociedade da época. Seus documentos revelaram as contradições e a 9 necessidade de formação de novos consensos, visando adaptar-se à sociedade em transição. Com Coombs (1976) a educação direcionou-se para a vertente produtivista, economicista e tecnicista. Por outro lado, com Faure (1981), houve incentivo para a educação permanente, de modo a estendê-la ao “longo da vida”, sem restringi-la ao ambiente escolar. Com relação ao Projeto Principal de Educação para a América Latina e o Caribe PPE, foi compreendido pela UNESCO como um marco norteador para o desenvolvimento educacional dos países latino-americanos na década de 1980, cujo maior desafio seria [...] expandir a educação à maioria da população, dando prioridade ao atendimento dos grupos mais desfavorecidos e vulneráveis: pobreza crítica, indígenas, analfabetos de 15 anos ou mais, jovens e crianças do meio rural, menores de 6 anos em situação desfavoráveis e crianças com necessidades especiais de aprendizagem (UNESCO, 1998, p. 23). Suas linhas básicas de ação incentivaram a melhorar a escolaridade da população escolar e adulta, objetivando o “[...] atendimento aos setores mais vulneráveis e buscando a articulação da educação e a cultura, a educação e o trabalho, a educação formal e a educação não-formal” (UNESCO, 1998, p. 23). Na primeira reunião do PPE (Quito,1981) foram definidos os seguintes objetivos: a) garantir e oferecer, até o final de 1999, uma educação geral mínima de 8 a 10 anos a todas as crianças em idade escolar; b) eliminar o analfabetismo até o final do século e desenvolver e ampliar os serviços educacionais para adultos; c) melhorar a qualidade e a eficiência dos sistemas educacionais através das reformas necessárias (UNESCO, 1981). Sugeriu destinar 7% ou 8% do PIB para a educação e estabeleceu como principal desafio para o ensino expandir a educação para a maioria da população da América Latina, numa política de educação permanente, universalização da educação básica, superação do analfabetismo e melhoria da qualidade da educação. Sugeriu também renovar os sistemas de formação e capacitação dos professores, dos dirigentes administrativos e da supervisão pedagógica, bem como adaptar os conteúdos e estruturas às necessidades dos indivíduos e da comunidade, procurando capacitar os quadros dirigentes para assumir as novas tarefas e responsabilidades que lhes estavam sendo exigidas em atendimento ao desenvolvimento econômico e social. A reunião realizada no México (1984) analisou os altos índices estatísticos do analfabetismo, da repetência e da reprovação dos alunos matriculados na escola formal nos países da América Latina. Visando alcançar o objetivo proposto em 1981, essa reunião focalizou a educação de jovens e adultos, no sentido de articular orientações sobre o processo de ensino e aprendizagem, duração dos estudos, planejamento e avaliação dessa modalidade 10 de ensino. O plano de ação proveniente dessa reunião sugeriu um programa de “capacitação e aperfeiçoamento de pessoal”, direcionado aos professores que, nessa oportunidade, foram considerados essenciais pelo seu “caráter multiplicador” e por serem entendidos como “chave de efeito multiplicador”. Considerada prioridade, a capacitação dos professores deveria respeitar as seguintes categorias: a) professores responsáveis pela educação básica e professores, cujos alunos apresentem dificuldades de aprendizagem ou são de áreas menos favorecidas; b) professores responsáveis pela capacitação ou treinamento de educadores para programas de alfabetização ou de alfabetização de adultos; c) professores responsáveis pela capacitação e aperfeiçoamento do pessoal administrativo, da área de planejamento, administração e supervisão da educação; d) finalmente, professores responsáveis pela pesquisa na área educativa. Em 1987, a UNESCO realizou a Conferência de Bogotá, na qual os países membros analisaram o papel da educação diante da crise que afetava de forma generalizada, a sociedade. Devido aos altos índices de repetência, evasão e fracasso escolar, os emissários na reunião do PPE centralizaram as orientações na universalização da educação básica com duração de 8 a 10 anos, respeitando-se as diferenças existentes em cada país, numa clara alusão aos ideais apontados pelo Brasil em seu programa Educação para Todos (1985). A reunião assumiu o desafio de “[...] definir o papel da educação em relação a políticas de desenvolvimento para superar a pobreza, salientando o papel protagonista do setor público em educação, como dinamizador das iniciativas e dos esforços do conjunto da sociedade (UNESCO, 1987, p.25). A educação, na concepção da UNESCO e dos países integrantes do PPE, passou a ser considerada estratégia para superação da pobreza, admitindo-se para tanto o princípio da igualdade de oportunidades “tanto no acesso quanto na permanência no sistema” (UNESCO, 1998, p.25). Foi enfatizada a questão democrática, necessária para a tomada de decisões na área educacional bem como a necessidade de “elevar a condição profissional dos docentes” visto que a “qualidade da educação está estreitamente vinculada a uma melhor formação dos docentes” (UNESCO, 1998, p.26). Na análise de Noma (2011, p. 123), o Projeto Principal de Educação para a América Latina e o Caribe foi um dos esforços mais importantes para o desenvolvimento da educação na região latino-americana e caribenha, porquanto “[...] forneceu resposta a demandas surgidas com as transformações produtivas e o desenvolvimento econômico e social, na transição dos anos oitenta para os noventa e durante a década de 1990”. Se, no âmbito das políticas sociais da década de 1980, a educação foi redirecionada para a reversão da pobreza, a prioridade dada aos professores e à sua capacitação foi apontada 11 como solução para os problemas políticos, econômicos e sociais evidenciados no Brasil e na América Latina. O direcionamento aos professores, no intuito de reverter os problemas educacionais, nortearia as políticas para o “protagonismo docente”, defendido pela UNESCO, no âmbito do Projeto Regional de Educação para a América Latina e Caribe (PRELAC, 2005). Articulando o estudo dos documentos brasileiros da década de 1980, ou seja, o Programa “Educação para Todos” e o I Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação da Nova República, evidenciamos uma estreita relação entre eles e as recomendações da UNESCO, no âmbito do PPE. O envolvimento da sociedade civil nas discussões da nova Constituição brasileira e nos Planos de “Educação para Todos” suscitou questionamentos em nível nacional, cujos direcionamentos integraram os Programas “Educação para Todos” disseminados no Brasil em 1985 e 1986 e apresentados nas Conferências Internacionais de Educação, promovidas pela UNESCO na América Latina. Destacamos que “Educação para Todos: caminho para mudança” (BRASIL, 1985) foi uma proposta do Ministério da Educação para o enfretamento dos severos problemas na área educativa. No Brasil, foi disseminado com maior empenho na região nordeste, acompanhado de discursos e debates sobre a relevância da educação. Incorporado ao I Plano Nacional da Nova República (BRASIL, 1986), elaborado pelo Ministério do Planejamento, o Programa “Educação para Todos” foi considerado uma das linhas programáticas da política educacional da Nova República que buscou assegurar “[...] acesso de todos ao ensino de boa qualidade, notadamente o básico, enquanto direito social”. Visando a “[...] universalização do ingresso e a permanência da criança de 7 a 14 anos na escola de 1º grau”, sugeriu a aplicação de medidas estruturais, pedagógicas e administrativas, bem como a “[...] definição de política nacional de formação dos professores, sua valorização social e profissional e [a dignificação da] carreira docente” (BRASIL, 1986, p.65). O “Relatório Nacional 1986-1989”, sobre o “Desenvolvimento da Educação 19861989” no Brasil, foi elaborado pelo MEC, que analisou as diretrizes e estratégias da política educacional brasileira nesse período. Foi apresentado na Conferência Internacional de Educação (Genebra, 1989) reafirmando que “[...] as orientações expressas no I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República”, foram definidas no sentido de “[...] assegurar educação para todos, em nível de ensino de 1º grau e de superar as deficiências, quantitativas e qualitativas, que permeiam todos os níveis de ensino, do pré-escolar à universidade” (BRASIL, 1989, p.19). Enfatizou o esforço brasileiro para “universalizar o acesso e a permanência das crianças de 7 a 14 anos na escola de 1º grau” e “revitalizar o 12 ensino das escolas normais” para a formação de professores, de modo a ajustar a oferta de educação técnica às demandas objetivas do processo de desenvolvimento. Com sua efetiva participação no Projeto Principal de Educação da América Latina, afirmamos que o Brasil, junto aos países latino-americanos e à UNESCO, articulou concepções numa dinâmica integradora e dialética. O Brasil admitiu a cooperação e a interferência da UNESCO em suas políticas educativas, ao afirmar: No âmbito da UNESCO, a cooperação vem sendo concentrada no marco do Projeto Principal de Educação para a América Latina e o Caribe, através da participação brasileira nas atividades regionais promovidas pela Organização e do apoio desta as atividades nacionais. Com o apoio técnico e financeiro da UNESCO, o Ministério da Educação promoveu, em Brasília, no mês de maio de 1987, o Seminário Regional sobre Alternativas de Alfabetização na América Latina e no Caribe, que contou com a participação de especialistas da Argentina, Costa Rica, Cuba, México, Nicarágua, Peru e Brasil. (BRASIL, 1989, p.54). Contudo, nas Conferências Internacionais de Educação promovidas pela UNESCO, por meio do Projeto Principal de Educação na América Latina, o Brasil apresentou o plano educativo brasileiro para a universalização da “educação para todos”. Revelou os anseios do povo brasileiro pela democratização da educação, até então considerada elitista e direcionada para uma parcela restrita da população. Destacou o empenho do governo brasileiro em defender políticas para universalizar o acesso à escola, vencer o analfabetismo, elevar o padrão de qualidade na educação e reverter a situação de pobreza. Com estas evidências, não se pode falar da interferência direta da UNESCO nas orientações políticas para a educação. Conforme apontamos, o Programa “Educação para Todos” foi gestado no Brasil, aceito e transformado em consenso na América Latina e, em 1990, foi resignificado e lançado pela UNESCO, na Conferência Mundial de Educação para Todos. Nesta Conferência, organizada com o apoio do Banco Mundial (BIRD), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os representantes de 150 países aceitaram e aprovaram a “Declaração Mundial sobre a Educação para Todos” e seu respectivo “Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem” (UNESCO, Jomtien, 1990). Na concepção de Sander (2008) “a adoção do Projeto Principal da UNESCO significou que a América Latina assumiu o compromisso de promover uma educação de qualidade para todos, dez anos antes da Conferência de Jomtien (1990). Os documentos “Educação para Todos” lançados no Brasil no período da Nova República, evidenciaram o protagonismo brasileiro em direcionar o desenvolvimento para a dimensão social, quando expressou que “[...] um plano de educação básica brasileira deveria “[...] resultar em um pacto 13 entre o Estado e a sociedade” (BRASIL, 1985, p. 4) ou mesmo quando sugeriu um “[...] plano de reformas, crescimento econômico e combate à pobreza” com “clara orientação social” (BRASIL, 1986, p. 9). A análise de Silva (2006, p. 23) confirmou essa posição, ao apontar para “[...] uma mudança do discurso em direção a uma nova forma de manutenção da hegemonia e, por conseguinte, da dominação”, cuja tônica de “ordem e desenvolvimento”, no período da ditadura militar, passou para “democracia e justiça social”, como forma de resgate da dívida social. Contudo, na década de 1990, as estratégias para globalização e mundialização do capital invadiram os países periféricos, impondo nova organização econômica e social, organização no papel do Estado e, consequentemente, na educação. A Conferência Mundial sobre Educação para Todos (JOMTIEN, 1990) refletiu esta ordem e impôs ao mundo a forma neoliberal de pensar e gestar a educação, definida pela diminuição do papel do Estado e ampliação da participação da sociedade como suporte para a formulação de políticas públicas. O “Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem” (NEBA) centralizou-se na educação básica, considerada condição para o desenvolvimento e o crescimento econômico dos países do terceiro mundo. Estendeu a responsabilidade da educação para a família, a comunidade e os meios de comunicação. Reforçou a promoção da equidade, deu maior atenção à aprendizagem e à formação de valores e atitudes, alheio às problemáticas sociais, às ideologias e às contradições e, por isso, submisso ao capital. No que se refere à formação de professores, Jomtien (1990) efetivou um discurso sobre a importância dos professores no projeto de educação para todos, não no sentido da qualidade e da aprendizagem, mas no sentido da conformação social e da inculcação de valores ideológicos, necessários à aquisição de competências básicas para o trabalho, conforme apontaram Evangelista e Shiroma (2007). Incentivou a sociedade civil, as organizações não governamentais e os meios de comunicação a ocupar os espaços lacunares da educação, da escola e do professor, mediante o desenvolvimento de ações voluntárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS As ideias apontadas aqui foram mais bem trabalhadas na tese de Doutorado que defendemos em 2112, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Fazem parte de um estudo bibliográfico e documental que, na dimensão materialista histórica, procurou articular a análise das recomendações expressas nos documentos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para a América Latina e Caribe de 1945 a 1990, com as políticas para a educação e a formação de professores implementadas no Brasil. 14 Neste texto, evidenciamos a década de 1980, pela relevância e originalidade dos conhecimentos apreendidos nos documentos do Brasil na Nova República. Estes documentos expressaram o desejo de construção de uma sociedade pautada na democracia e no pacto social. Defenderam a impossibilidade de se resolver a questão educacional em ações isoladas, que dispersassem a mobilização da sociedade. Para tanto, incentivaram a construção de um plano de educação básica brasileira, numa dimensão política e social, resultante de um pacto social entre o Estado e a sociedade (BRASIL, 1985). A UNESCO, como um laboratório de ideias, apropriou-se do plano de educação básica brasileira e alinhou-o aos seus próprios interesses. Utilizou um discurso genérico e exógeno para resolver o problema da educação nos países periféricos, aprovando um plano voltado para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem (Jomtien, 1990). Também não desvelou a lógica contraditória do modelo econômico estrutural que lhe sustenta e solicita orientações. Ao contrário: entre concepções contraditórias ou adaptadas, rupturas ou continuísmos, as recomendações aprovadas para a educação nesse momento histórico confirmaram seu fim último de assegurar a continuidade e a autoconservação do modelo econômico, na medida em que reproduzem as condições necessárias à manutenção das relações hegemônicas, declaradas em favor do capital, conforme observou Cury (1995). Acreditamos que discursos e recomendações exógenos não superam os problemas gerados pela ordem capitalista hegemônica, posto que esses problemas têm origem nas raízes estruturais engendradas na relação entre o capital e o trabalho. Entendemos que a educação e as políticas para formação de professores precisam ser concebidas com autonomia e em articulação as demais ações políticas, econômicas e sociais de cada país, vinculados a outro projeto societário. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Educação para todos: caminho para mudança. Brasília, 1985. ______. I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República - 1986-1989. Brasília, 1986. ______. Constituição (1988). Constituição Federal do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em:<www.senado.gov.br>. Acesso: em 14 fev. 2008. COELHO, Maria Cândida de Pádua. A Educação Brasileira na Nova República. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 4, n. 8, p. 51-59, jan./jun., 1990. COOMBS, Philip H. 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