O que são mapas conceituais1 ? De uma maneira ampla, mapas conceituais são apenas diagramas que indicam relações entre conceitos. Mais especificamente, podem ser interpretados como diagramas hierárquicos que procuram refletir a organização conceitual de uma disciplina ou parte dela. Ou seja, sua existência deriva da estrutura conceitual de uma disciplina. Em princípio, esses diagramas podem ter uma, duas ou mais dimensões. Mapas unidimensionais são apenas listas de conceitos que tendem a apresentar uma organização linear vertical. Embora simples, tais mapas dão apenas uma visão grosseira da estrutura conceitual de uma disciplina ou subdisciplina. Mapas bidimensionais tiram partido também da dimensão horizontal, permitindo, portanto, uma representação mais completa das relações entre os conceitos de uma disciplina. Obviamente, mapas com mais dimensões permitiriam uma representação ainda melhor dessas relações e possibilitariam a inclusão de outros fatores que afetam a estrutura conceitual de uma disciplina. Todavia, mapas bidimensionais são mais simples e mais familiares. Além disso, mapas com mais de três dimensões já seriam abstrações matemáticas, de limitada utilidade para fins instrucionais, ao invés de representações concretas de estruturas conceituais. Assim sendo, daqui para frente mapas conceituais devem ser entendidos como diagramas bidimensionais que procuram mostrar relações hierárquicas entre conceitos de uma disciplina e que derivam sua existência da própria estrutura conceitual da disciplina. Mapas conceituais podem ser traçados para toda uma disciplina, para uma subdisciplina, para um tópico específico de uma disciplina e assim por diante. Existem várias maneiras de traçar um mapa conceitual, ou seja, há diferentes modos de representar uma hierarquia conceitual em um diagrama. Além disso, mapas conceituais traçados por diferentes especialistas em uma mesma área de conhecimento, provavelmente, refletirão pequenas diferenças de compreensão e interpretação das relações entre conceitos chave dessa área. O ponto importante é que um mapa conceitual deve ser sempre visto como “um mapa conceitual”, não como “o mapa conceitual” de um determinado conjunto de conceitos. Isto é, qualquer mapa conceitual deve se visto apenas como uma das possíveis representações de uma certa estrutura conceitual. Uso dos mapas conceituais De um modo geral, mapas conceituais podem ser usados como instrumentos de ensino e/ou de aprendizagem. Além disso, podem também ser utilizados como auxiliares na análise e planejamento do currículo, particularmente na análise do conteúdo curricular. Todavia, em cada um desses usos, mapas conceituais podem ser sempre interpretados como instrumentos para “negociar significados”. Mapas conceituais como instrumentos didáticos Como instrumentos didáticos, os mapas conceituais podem ser usados para mostrar as relações hierárquicas entre os conceitos que estão sendo ensinados em uma aula, em uma unidade de estudo ou em um curso inteiro. Eles explicitam relações de subordinação e superordenação que possivelmente afetarão a aprendizagem de conceitos. São representações concisas das estruturas conceituais que estão sendo ensinadas e, como tal, provavelmente facilitarão a aprendizagem dessas estruturas. Contudo, contrariamente a textos e outros materiais instrucionais, mapas conceituais não dispensam explicações do professor. A natureza idiossincrática de um mapa conceitual, 1 Extraído do “Textos de apoio ao professor de Física n° 3, 1992 – Mapas conceituais no ensino da Física” de M. A. Moreira – Grupo de Ensino, Instituto de Física – UFRGS. 1 dada por quem faz o mapa (o professor, no caso), torna necessário que o professor guie o aluno através do mapa quando o utiliza como recurso instrucional. Além disso, apesar de que os mapas podem ser empregados para dar uma visão geral prévia do que vai ser estudado, eles devem ser usados preferentemente quando os alunos já têm uma verta noção do assunto. Um mapa conceitual possui características que o difere de outros diagramas (organogramas, fluxogramas, etc), e podem ser destacadas: Como o próprio nome sugere, é constituído por conceitos, deve-se evitar colocar nomes de autores, expressões matemáticas, etc. Os conectores que estabelecem as relações entre os conceitos, devem ser nomeados, de forma que a palavra ou frase (curta) possa representar a relação entre os conceitos interligados; Não é auto-explicativo, ou seja, um mapa conceitual deve ser acompanhado de uma explicação. O construtor do mapa deve apresentá-lo ou oferecer um texto explicativo do mesmo, explicitando e/ou justificando as relações e, quando for o caso, as não-relações. Ademais, a hierarquia conceitual pode assumir diversas formas de representação, sendo necessário que o autor do mapa também comente sobre o seu critério de classificações para representar os principais conceitos do mapa. Abaixo são apresentados alguns exemplos de mapas conceituais: Figura 1: Um mapa conceitual para a epistemologia de Gaston Bachelard. (Voltaire, 2005) Neste mapa conceitual, os conceitos-chave estão colocados dentro de elipses, enquanto que os demais são secundários. Todos os conectores estão nomeados e identificam as relações 2 de significado entre os conceitos do mapa. Considerando que um mapa conceitual não é auto-explicativo, seria necessário que fosse acompanhado de alguma explicação mais detalhada, caso fosse apresentado como instrumento didático, para que o leitor compreendesse tal exposição. Mesmo considerando que já tivesse algum conhecimento sobre a epistemologia bachelardiana, pois assim o construtor do mapa poderia explicar o porquê das relações entre os conceitos e, inclusive, alguma relação que não fez. Contudo, sua apresentação neste texto é meramente ilustrativa. A figura seguinte é outro exemplo de um mapa conceitual: Figura 2: Um mapa conceitual para a Mecânica Clássica não-relativística (Voltaire, 2004) Neste mapa, o conceito central está colocado em uma elipse. Considerando que os outros conceitos são todos subordinados a ele. É importante destacar que não há uma forma correta para dispor os conceitos em um mapa, como já foi mencionado, não existe “o mapa conceitual”, o construtor do mapa é livre para expor os conceitos na forma que lhe for mais conveniente e de acordo com sua compreensão. Além disso, a hierarquização conceitual não precisa partir, necessariamente, do topo do mapa, mas pode ter uma origem no seu centro, por exemplo. A escolha por caixas, elipses, formas para a inserção dos conceitos também é variável, podem ou não ser adotados. Devido a toda essa variabilidade, torna-se importante a discussão do mapa que foi apresentado, por exemplo, por um aluno. Pode ocorrer, portanto, a negociação de significados entre aluno e professor, o que torna possível avaliar o nível de entendimento do aluno em relação a determinado conteúdo. Na página seguinte, há outro exemplo de um mapa conceitual, mas utilizado para a organização de conteúdo: 3 Figura 3: Um mapa conceitual para o conteúdo de Eletromagnetismo (Moreira, 1977, 1979, 1983; Moreira e Buchweitz, 1987) 4 Este último exemplo, refere-se a um mapa sobre os conceitos do eletromagnetismo, elaborado por um professor do Instituto de Física da UFRGS. Este mapa foi traçado para que o próprio professor pudesse organizar a estrutura da disciplina, buscando a simetria entre as informações, a partir dos conceitos fundamentais colocados nas elipses centrais. Consiste em um mapa para organização de informações. Por isso, e por dominar a técnica dos mapas conceituais, o professor não nomeou os conectores e ainda adicionou as quatro equações de Maxwell. 5