ANOS 60, O AVANÇO DA CONTRACULTURA E A INFLUÊNCIA DO ROCK NO MOVIMENTO HIPPIE Luana Caroline Sossmeier - UNIOESTE1 Larissa Cristina Parizotto - UNIOESTE2 A palavra movimento quer dizer ação de se deslocar, agitação produzida por uma multidão, movimento acelerado ou variado. Dessa forma, esse trabalho tem como finalidade apresentar a forma como o Movimento Hippie foi fortemente influenciado pela Contracultura, pelas raízes do Rock e por essa agitação dos jovens nos anos 60. Os movimentos sociais estão presentes em nossa sociedade, cada um em sua época histórica. Embora o movimento hippie seja considerado revolucionário e não um movimento social propriamente dito acaba se relacionando com algumas características dos movimentos sociais. Uma dessas características refere-se ao fato do movimento partir para a prática, não ficando apenas na teoria. Atua como um despertar da consciência nas pessoas da sociedade capitalista. No que diz respeito ao fato de não ser considerado um movimento social a autora Maria da Glória Gohn diz que “Interesses comuns de um grupo são componentes de um movimento, mas não bastam para caracterizá-lo como tal. Primeiro porque a ação de um grupo de pessoas tem de ser qualificada por uma série de parâmetros para ser um movimento social” (GOHN, p.245, 2006). Assim, o movimento hippie é caracterizado como revolucionário e conflitante. O movimento revolucionário contracultural teve seu início no final dos anos 50 e no começo dos anos 60 com os chamados beatniks3. Assim como essa geração a contracultura buscava desmistificar o sistema que alienava e ampliava o consumo e o individualismo. 1 [email protected] [email protected] 3 O termo beat refere-se à Geração Beat, mais tarde batizada de beatnik, referindo se a juventude dos EUA. 2 A Geração Beat, que deu origem aos beatniks, ficou marcada como um movimento literário por um grupo de jovens intelectuais que não concordava com o modo de vida da sociedade capitalista em que viviam. Com o intuito de se expressarem livremente começaram a escrever e a compor sem moderação. Na maioria das vezes eram movidos por drogas e álcool. Cinco foram os principais escritores dessa geração: Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, Lawrence Ferlinghetti e Gregory Corso. O poeta que mais se destacou foi Allen, que nasceu em Newwark, Nova Jersey. Desde pequeno ele era complicado, foi uma criança tímida e sempre teve que lutar para lidar com as suas diferenças e poder compreender o que acontecia em seu interior. Na escola Ginsberg se encontrou com a poesia onde passou a se expressar e compreender melhor a si mesmo. Ingressou à Universidade de Columbia onde encontrou os amigos que levavam uma vida parecida com a sua, jovens delinqüentes igualmente viciados em drogas, sexo e literatura. Nessa época também começou a freqüentar bares gays e descobriu seus interesses homossexuais. Allen Ginsberg foi um dos poetas norte-americanos de maior influencia na segunda metade do século XX, encabeçou o movimento Hippie na série revoluções rebeldes da geração beat, assumindo seu estilo de vida louco e excêntrico. Começou a ficar famoso no inicio dos anos 60, quando ajudou Thimothy Leary a divulgar o psicodélico LSD e começa a participar de vários eventos do movimento hippie. Suas obras tinham os traços da revolução, eram obras que rompiam com toda a formalidade poética da sociedade, apresentavam a liberdade de expressão e uma nova perspectiva da relação entre a poesia e o mundo. Eram poesias consideradas pornográficas que relatavam a loucura da vida, o homossexualismo e a contracultura. Seus relatos eram sobre sexo explícito e espiritualidade, mas nunca deixando de lado o senso crítico e revolucionário. Sua obra mais famosa foi Uivo (Howl) publicado em 1956, foi o livro de poesia mais vendido dos Estados Unidos, conquistando milhares de leitores. Logo em seguida publicou várias outras obras de sucesso como Kaddish onde ele escreve sobre a loucura de sua mãe e outras obras como Empty (1961), Ankor Wat (1968), The Yage Lotters (1963), Gay Sunshine Interview (1974), entre outras tantas obras de prosa e poesia. Allen Ginsberg influenciou vários músicos e compositores como Jim Morrison do grupo The Doors, The Clash e no Brasil o maior fã de Allen foi o cantor e compositor Cazuza que o cita na música “Só as mães São felizes”. Nos anos 60 a contracultura atinge seu auge buscando contestar o comportamento social e a cultura da época. Em síntese era contra o establishment, que designa as classes dominantes que exercem poder sobre as relações políticas, econômicas e culturais presentes numa sociedade. A contracultura também foi um movimento sócio-cultural, que tinha como objetivo um estilo de vida antimaterialista questionando os valores vigentes e propondo um abandono as tradições do capitalismo. Desse modo podemos dizer que a Contracultura serviu de base para o Movimento Hippie e que eles dessa forma a representavam. No livro A Contracultura (1969) do autor Theodore Roszak há referências sobre o poeta Allen Ginsberg, já citado. Ele diz: Mais do que um poeta, ele se tornou, para os jovens rebeldes dos Estados Unidos e para muitos da Europa, o catequizador errante cujos poemas são apenas uma maneira subsidiária de divulgar a nova consciência que ele corporifica e as técnicas para seu cultivo. Ginsberg não precisa sequer de ler seus versos em sessões de poesia e em demonstrações; basta que compareça e estará feita sua declaração incisiva sobre a rebeldia da juventude. Os cabelos, a barba, a roupa, o sorriso malicioso, a total ausência de formalidade, simulação ou atitude defensiva...são mais que suficientes para torná-lo modelo de vida contracultural. (ROSZAK, 1972, p.135) Roszak (1969) observa ainda, que os integrantes desses movimentos eram em geral jovens, ele traz o fato de que no ano de 1969 pouco mais de 50% da população era composta por jovens com menos de 25 anos, aliás, as universidades estavam se expandindo e se tornava cada vez mais normal o ingresso no ensino superior e a identidade dos jovens como universitários. “(...) o campus mistura calouros de dezessete, dezoito anos, com estudantes formados, já em seus vinte e tantos” (ROSZAK, 1972, p.39). O interessante é que acadêmicos formandos possuíam um caráter de liderança, o que auxiliou na potencialidade dos movimentos da época, sendo estudantis ou revolucionários. Portanto se as teorias já haviam sido pensadas por adultos, hoje estariam sendo exercidas pelos jovens, em geral pelos filhos da elite. Numa emergência histórica de proporção absolutamente sem precedentes, somos aquele estranho animal cultural cujo impulso biológico para a sobrevivência expressa-se através das gerações. São os jovens, que chegam com olhos capazes de enxergar o óbvio, que devem refazer a cultura letal de seus antecedentes, e que devem refazê-la numa pressa desesperada. (ROSZAK, 1972, p.59) Embora o movimento hippie tenha conquistado milhares de adeptos e estivesse crescendo, sua base não era de fato sólida, isto é, não havia uma organização adequada em que o movimento pudesse se sustentar. Suas características se restringem a uma liderança informal composta pelo próprio conjunto de pessoas; não possuíam hierarquia, cargos a serem ocupados ou políticas que dividissem funções e tarefas. O autoritarismo era uma forma de governo questionada por eles, sendo que tinham como ideologia a paz e o amor lembrados até os dias de hoje. Com relação aos opositores, os capitalistas conservadores atacavam os hippies pela mídia os chamando de vagabundos, pois viviam com roupas rasgadas e em efeito de alucinógenos, acabavam sendo vistos como marginais. Algumas questões influenciaram e intensificaram o movimento, uma delas foi a morte do pastor protestante Martin Luther King, que defendia a não violência e era contra o racismo. Porém um dos principais acontecimentos e considerado ponto culminante do movimento foi a Guerra do Vietnã (1959), onde o país foi dividido em duas partes. A parte sul pertencia ao governo capitalista de Ngo Dinh-Diem e a parte norte ao governo socialista de Ho Chin Minh. A partir desse conflito os EUA tomaram a decisão de entrada na guerra em apoio à parte sul enviando dinheiro e armamentos. Como houve divergências políticas a parte sul atacou a base norte por anos, no entanto eles não tinham o conhecimento geográfico da região, o que resultou em um milhão de soldados mortos, mais os mutilados e feridos. Nesse período podemos reconhecer a forte presença dos movimentos pacifistas. Os hippies assim como outros iam às ruas em prol da retirada dos EUA na guerra, em 1969 mais de 250 mil pessoas foram ás ruas num protesto em Washington, levavam cartazes escritos, fazendo seu pedido: “Make Love, Not War” (Faça Amor, Não Guerra). A guerra só teve fim em 1975 com a derrota do lado norte-americano. Falar do movimento contracultural envolve falar do Rock que acompanhou a contracultura nesse período histórico e que mostrou de forma expressiva seus mais conhecidos nomes. Nos anos 60 o rock contava com suas raízes nos EUA, porém já não pulsava mais como antes, foi nessa mesma época que a juventude do Reino Unido começou a ser influenciada e os jovens ansiavam por uma renovação. Foi então que The Beatles e The Rolling Stones marcaram a reinvenção do rock. No início os Beatles faziam suas letras de forma mais ingênua, enquanto The Rolling Stones já demonstravam sua postura rebelde e crítica. Um exemplo foi a música “Street Fightin Man”, onde Mick Jagger e Keith Richards falam sobre os protestos ocorridos na Guerra do Vietnã, esse caráter é facilmente identificado nos versos “Hey! Think the time is right for a palace revolution” (Hei, Acho que é a hora certa para uma revolução palaciana) ou “(...) the time is right for fighting in the street” (é a hora certa para lutar na rua”. O subgênero do rock que se desenvolveu e marcou esse período foi o rock psicodélico, que apresenta como característica as experiências com alucinógenos misturados a efeitos eletrônicos, improvisações musicais e o uso de instrumentos exóticos da música indiana. Pode se dizer que seu objetivo musical seria “curtir a viagem” com as substâncias que deixavam todos em estado de euforia. Sobre os instrumentos era típico o uso de teclados, guitarras elétricas com vários efeitos, instrumentos eletrônicos e efeitos sonoros como vozes rindo em partes repentinas da música. O conteúdo das musicas geralmente referenciava se as drogas e a seu uso, dessa forma eram inspiradas em viagens surreais alucinantes. A banda Pink Floyd apresenta grande destaque nessa fase do rock, principalmente em seu álbum The Wall, onde a banda apresente elementos característicos desse subgênero que é o rock psicodélico. Talvez a palavra que melhor caracterize a Psicodelia vivida no momento fosse experimentação. Isso se deve ao fato da descoberta do LSD. Roszak (1972) diz que se procurarmos as figuras que mais contribuíram para elevar as experiências psicodélicas, Timothy Leary, já citado anteriormente, poderia ficar com a coroa. Leary, assim como os integrantes da Geração Beat, exerceu influência sobre os jovens com sua defesa das propriedades terapêuticas e espirituais do LSD. Espiritual, pois Leary se converteu e “alicerçou o fascínio psicodélico das gerações jovens num contexto religioso” (ROSZAK, 1972, p.170). Não há como falar do rock nos anos 60 sem falar do maior evento característico do rock’n roll: o Woodstock. O evento ocorreu durante os dias 15, 16 e 17 de 1969 em uma fazenda na cidade de Bethel, em Nova York nos EUA. O cartaz de convite para o evento tinha como título "Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música". No ínicio o festival estava marcado para acontecer na cidade de Woodstock, porém os moradores da cidade não aceitaram que o evento acontecesse no local. Após esse acontecimento um fazendeiro da cidade rural de Bethel, que ficava apenas a uma hora e meia de Woodstock chamado Max Yasgur permitiu que o festival fosse em sua propriedade, embora muitas pessoas tenham criticado o fazendeiro ele mesmo afirmou que "a distância entre as gerações teria que ser encurtada, nós, as pessoas mais velhas, deveríamos fazer mais do que tínhamos feito até aquele momento". No ano de 1970 foi lançado um documentário sobre o Woodstock, onde o fazendeiro Max Yasgur aparece fazendo um discurso para a multidão e diz: Eu sou um fazendeiro. Não sei falar para um grupo de vinte pessoas, quanto mais para uma multidão como essa. Mas eu acho que vocês provaram algo ao mundo, não apenas à cidade de Bethel, ou ao Condado de Sullivan ou ao estado de Nova York; vocês provaram algo ao mundo inteiro. Esta é a maior multidão que já se reuniu em algum lugar. Nós não tínhamos idéia da quantidade de gente que acabou vindo para cá e por causa disso vocês tiveram algumas necessidades como falta de água e comida. Os seus produtores tiveram um trabalho colossal para cuidar de vocês e de tudo por aqui e eles apreciariam o seu muito obrigado. Mas acima disso, vocês provaram ao mundo que meio milhão de meninos - e eu os chamo de meninos porque tenho filhos mais velhos que vocês - meio milhão de jovens podem reunir-se e ter três dias de diversão e música, e mais nada além de diversão e música. Deus os abençoe por isso!4 O número de pessoas esperadas para o evento era de 200 mil pessoas e os ingressos que foram vendidos antecipadamente eram em torno de 18 a 24 dólares, no entanto reuniram cerca de 500 mil pessoas durante esses três dias de paz amor e rock’n roll, que acabaram derrubando as cercas transformando o evento em um festival gratuito. O evento aconteceu como uma grande comunidade hippie, as pessoas dormiam, se alimentavam e curtiam as bandas que se apresentavam no local. O fato de meio milhão de pessoas ter contemplado esse evento chocou a população, nunca na história haviam visto algo tão amplo. O evento trouxe vários nomes importantes da música, dentre eles estão Janis Joplin, The Who, Jimi Hendrix, Jefferson Airplane, Sweetwater, Creedence Clearwater Revival e Joe Cocker. Alguns convites para participar do evento foram recusados, dentre eles: Bob Dylan, The Doors, The Beatles, Led Zeppelin, The Byrds, entre outros. A forma como o evento apresentou músicas, drogas, sexo livre, cenas de nudismo e rock’n roll o caracterizou como um confronto ao establishment, afinal opositores ao movimento eram conservadores, com costumes e valores tradicionais. Embora tenha chovido no 2º dia do evento o clima não foi motivo para acabar com a diversão, as pessoas escorregaram na lama e brincaram muito. No total compareceram ao festival 32 atrações entre artistas e bandas. O mais interessante do evento é que não houve pânico nem violência, inclusive as mães levaram seus filhos pequenos ao festival. Durante o Woodstock morreram três pessoas, porém uma foi por overdose de heroína, outra teve uma crise aguda de apendicite e a terceira adormeceu depois do evento e foi atropelada por um trator da fazenda. Outros eventos importantes também ocorrerem como o nascimento de duas crianças. Havia no lugar cerca de 70 médicos, 36 enfermeiras e 600 policias contratados e voluntários que optaram por fechar os olhos as cenas de sexo livre e consumo de drogas no local. Alguns músicos marcaram Woodstock e fizeram com que suas presenças se transformassem em lendas do rock. Dentre eles: Jimi Hendrix, que encerrou o festival é considerado um dos principais participantes do evento, tocou músicas como "Purple Haze", "Foxy Lady" e "Voodoo Child", além de ter improvisado vários solos com sua guitarra, inclusive o hino nacional americano "Star Spangled Banner". A cantora Janis Joplin, símbolo da geração contracultural também marcou presença, tocou um repertório incluindo suas melhores músicas: "Piece Of My Heart" e "Summertime". A banda Jefferson Airplane se 4 Discurso de Max Yasgur em 17 de agosto de 1969, apresentado no filme Woodstock, dirigido por Michael Wadleigh. apresentou no evento com os hits "Somebody To Love" e "White Rabbit", ambas as músicas foram inspiradas no livro "Alice no País das Maravilhas". O cantor inglês Joe Cocker foi ao evento de helicóptero para não ter problemas com o congestionamento e cantou músicas do seu disco "With a Little Help from My Friends", música que os Beatles autorizaram J. Cocker a regravar, assim como outras canções. Também cantou duas músicas do cantor Bob Dylan, "Just Like a Woman" e "I Shall Be Released". A banda inglesa The Who teve sua formação no ano de 1964 e em 1969 estava em seu auge, quando tocaram no Woodstock um total de 25 músicas incluindo clássicos do rock, a banda ficou conhecida por destruir os instrumentos musicais ao final dos shows. O guitarrista Carlos Santana estava no início da carreira quando se apresentou no Woodstock, embora novo na carreira foi um dos mais surpreendentes músicos do evento. Até hoje o mexicano Santana é considerado o precursor do rock latino. Uma outra característica também foi enraizada pelo rock: a moda. É comum na sociedade de hoje sermos influenciados pelas formas de nos vestir de músicos e pessoas que fazem sucesso. Nos anos 60 os integrantes das bandas de rock tinham em seu estilo calças de boca de sino ou patchwork, algumas camisas eram tingidas, usavam vestidos longos, óculos redondinhos, havia também peças de roupa de aspiração indiana, além dos cabelos armados, com franjas ou black power5. A geração dos jovens foi marcada não apenas por uma forma de agir ou pensar, mas também de vestir se num visual desarrumado e imponente. É vital a forma como Woodstock se tornou o marco da música e do movimento contracultural dos anos 60. De acordo com o jornalista Carlos Lungaretti (2009) o amor livre, a convivência harmoniosa, o culto à natureza, o visual desarrumado, a substituição de laços familiares por comunidades e o desprezo as regras e aos valores da sociedade são características da contracultura, características essas que os jovens da época absorveram e tornaram estilo de vida. No ano de 2007 foi criada a produção americana do filme "Across The Universe" da cineasta Julie Taymor, descrevendo os anos 60 com as músicas dos Beatles. A turbulência desse período é apresentava no filme com os conflitos e os protestos da Guerra do Vietnã. Diante das cenas do filme percebemos como a música e um tempo histórico podem estar relacionados. Os conflitos podem ser identificados no filme em alguns momentos. Na música Let it Be podemos perceber que a letra fala dos tempos difíceis e das chances de esperança, carros e 5 Black Power é um movimento entre pessoas negras, especialmente nos EUA, onde há ênfase no orgulho racial. Muitas pessoas assimilam o black power apenas ao estilo de cabelo, no entanto essa característica faz parte de um movimento histórico por trás da expressão. estabelecimentos aparecem sendo queimados, pessoas correndo desesperadas, soldados armados e uma pessoa sendo morta. Outro ponto importante é quando o personagem Max (Joe Anderson) é convocado para servir a guerra e o pôster do Tio Sam, personagem símbolo dos EUA ganha vida e canta a música I Want You dizendo: “Eu quero você, Eu quero você tanto”, que além de impor um comportamento aos jovens os trata como meros pedaços de carne, tanto que nessa mesma cena Max aparece sendo emplastificado e com um carimbo. O filme também apresenta a forma como as passeatas pacíficas aconteceram. Durante o protesto as pessoas vão às ruas com cartazes pedindo paz e que a guerra tivesse um fim. O acadêmico Lucas Gomes do curso de Rádio e Tv da Faculdade Cásper Líbero-SP fez uma análise do filme “Across The Universe” e afirma que uma das cenas principais do filme é quando Max está na guerra e seu amigo Jude (Jim Sturgess) começa a cantar “Strawberry Fields Forever”, que é uma metáfora da Guerra do Vietnã, durante as cenas Jude pega morangos que estão em uma tigela e os prende em linhas com tachinhas, o suco da fruta escorre pela parede representando o sangue das mortes ocasionadas pela guerra. A música Dear Prudence também presente no filme retrata a personagem Prudence (T. V. Carpio), que é homossexual e passa por descobertas sobre sua existência. A homossexualidade tem sido discutida nos dias de hoje e causado muita polêmica, agora imaginem nos anos 60, quando a sociedade era conservadora e qualquer manifestação contracultural era vista como algo que não estava de acordo com os padrões da época. Com base em músicas e no filme “Across The Universe” observamos a forma como os movimentos foram impulsionados. Os músicos faziam uso de alucinógenos, tinham ações rebeldes e faziam alusão ás guerras e conflitos usando letras das músicas. Podemos dizer que o rock foi associado ao modelo rebelde político dos anos 60, com uma vontade imensa de renovação na sociedade. Os jovens estavam inconformados e em sua melhor inspiração associaram a realidade às composições musicais. O ano de 1960 ficou marcado como o início de uma geração preocupada com um novo padrão de comportamento e de organização, contrário aos ideais que a sociedade capitalista impunha. Os Beatles, The Rolling Stones, The Who, entre outras bandas despertaram o rock na Inglaterra, já Bob Dylan, Jimi Hnedrix, Janis Joplin, Santana marcam o cenário norte-americano. A década ficou marcada pelo surgimento de bandas influentes, como The Jacson 5 e The Doors. No Brasil surge o movimento da Tropicália principalmente por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto, além do gênero musical da MPB. A geração jovem foi marcada pelo rock e por sua influência no movimento da Contracultura. Seu ideal era mudar a consciência das pessoas sobre o sistema vigente. De qualquer forma, o período que foi considerado utópico nos deixou um legado o qual nos parece estar sendo vivido nos dias de hoje. Mulheres têm conquistado seu espaço, homossexuais estão lutando por seus direitos e acadêmicos buscam compreender a sociedade com base em pesquisas e em seus olhares críticos. O que nos é ofertado por esses movimentos e por essa forma expressiva que foi o rock nos anos 60 é com certeza a percepção da realidade em que estamos inseridos. Vivemos num mundo tecnocrático, consumista e individualista, mas que através de buscas e reflexões nos mostra como não ser Another brick in the wall6. Referência Bibliográfica ROSZAK, Theodore. A contracultura. 2ª ed, Petrópolis – RJ. Editora Vozes LTDA, 1972. GOHN, Maria da Glória. Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos, 5ª ed. São Paulo: Loyola, 2006. BONA, R. J. The Beatles e Cinema Intertextualidade no filme Across The Universe. Disponível em <http://www.academia.edu/2950522/THE_BEATLES_E_CINEMA_INTERTEXTUALIDA DE_NO_FILME_ACROSS_THE_UNIVERSE>. Acesso em 20 de Jul de 2013. GOMES, L. Across The Universe: uma análise fílmica. Disponível em <http://www.casperlibero.edu.br/noticias/index.php/2012/08/31/across-the-universe:-umaanalise-filmica,n=8518.html>. Acesso em 23 de Jul de 2013. LUNGARETTI, C. O legado de Woodstock. Disponível em <http://www.consciencia.net/olegado-de-woodstock/>. Acesso em 23 de Jul de 2013. INFO Guerra ESCOLA. do Vietnã. Disponível em <http://www.infoescola.com/historia/guerra-do-vietna/>. Acesso em 23 de Jul de 2013. HEGENBERG, I. Contracultura e arte dos anos 60. 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Acesso em 18 de Agos de 2013. Referência Filmográfica ACROSS THE UNIVERSE. Direção: Julie Taymor. Estados Unidos: Columbia Pictures,Revolution Studios, 2007. 133 min, son., color., 1 DVD