ANÁLISE DA RESISTENCIA À FLEXÃO DE MATERIAIS PIEZELÉTRICOS (TITANOZIRCONATO DE CHUMBO – PZT) PELO MÉTODO DE WEIBULL Csillag, M.E.; Munhoz Jr., A.H. Departamento de Engenharia de Materiais - Universidade Presbiteriana Mackenzie RESUMO As cerâmicas piezelétricas, que transformam com precisão sinais mecânicos em elétricos (e vice-versa), tem aplicações em várias áreas industriais. A conversão de sinais deixa de ser precisa quando a energia mecânica aplicada se aproxima da resistência mecânica da peça em questão. O objetivo deste trabalho é medir a resistência mecânica de algumas amostras de cerâmica piezelétrica, em ensaios de resistência a flexão, e analisar os dados resultantes. Foram realizados ensaios com amostras de PZT produzidas para uso exclusivo deste trabalho pela “Ferroperm AS” da Dinamarca. Um tipo duro e um tipo mole de PZT foram analisados para peças com e sem polarização. Os lotes diferentes do mesmo tipo foram ensaiados para verificar se havia diferença entre os lotes. Utilizou-se para análise dos resultados o método estatístico de Weibull. Verificou-se que a cerâmica dura possui maior resistência a flexão do que a cerâmica mole. Comparando os dados das amostras com e sem polarização, verificou-se que as diferenças são pequenas. Também observou-se que os ensaios em três pontos forneceram resultados maiores do que os ensaios em quatro pontos. Não houve grande diferença nos resultados entre os lotes do mesmo tipo de cerâmica. PALAVRAS-CHAVE: PZT, piezeletricidade, Weibull INTRODUÇÃO Piezeletricidade é uma propriedade de certos materiais cerâmicos cristalinos. Quando uma pressão mecânica é aplicada em um desses materiais, a estrutura cristalina produz uma voltagem proporcional à pressão. Inversamente, quando um campo elétrico é aplicado, a estrutura cristalina muda, produzindo mudanças dimensionais no material. Além disso, se for aplicada uma voltagem alternada ao material, este vai vibrar, gerando assim ondas mecânicas CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08501 com a mesma freqüência da voltagem elétrica. De forma similar, se for aplicada uma vibração mecânica, uma carga de tamanho proporcional e mesma freqüência será gerada.1,2 Um material piezelétrico é assim capaz de desempenhar os papeis de elemento sensor, de elemento transmissor, ou ambos. Elementos piezelétricos são capazes de gerar voltagens muito altas, eles são eficientes e confiáveis.3 O efeito é praticamente linear, isto é, a polarização varia diretamente com a força aplicada, e o efeito é dependente da direção. Assim forças de tração e compressão vão gerar campos elétricos e conseqüentemente voltagens de polaridades opostas. Se um cristal é exposto à um campo elétrico, vai sofrer uma força elástica causando um aumento ou diminuição no comprimento, dependendo da polaridade do campo.4,5 As cerâmicas piezelétricas são materiais ferroelétricos policristalinos com a estrutura cristalina da perovskita. Para os PZT elas apresentam a estequiometria A2+B4+O (como no BaZrO3 e PbTiO3) no qual A denota um íon metálico bivalente grande tal como bário ou chumbo, e B denota um íon metálico tetravalente tal como titânio ou zircônio. Cerâmicas piezelétricas podem ser consideradas como uma massa de cristalitos minúsculos, sendo portanto um material policristalino. 4 A composição da cerâmica piezelétrica mais comum (PZT) é: Pb(Ti, Zr)O3, que é produzida a partir de oxido de chumbo, óxido de zircônio, óxido de titânio e aditivos. O material cerâmico PZT tem várias vantagens sobre os monocristais (quartzo, entre outros.), como maior sensibilidade (até cem vezes maior) e a possibilidade de fabricar peças numa grande variedade de formas e tamanhos. O PZT pode ainda ser polarizado em qualquer direção, enquanto os monocristais têm de ser cortados paralelamente a certas direções 1 cristalográficas, delimitando assim as formas geométricas possíveis. O ponto de Curie é a temperatura onde o material piezelétrico perde toda a polarização. Cada composição cerâmica tem o seu próprio ponto de Curie. Quando o elemento cerâmico é aquecido acima desta temperatura, todas as propriedades piezelétricas são perdidas. A estrutura cristalina do material passa por uma transformação na temperatura de Curie, da forma piezelétrica (não simétrica) a não-piezelétrica (simétrica). Na prática, a temperatura de operação deve ser substancialmente abaixo do ponto de Curie. A temperaturas elevadas, acelera-se o processo de envelhecimento, aumenta-se a perda elétrica, diminuí-se a eficiência 1,2 e o nível máximo de tensão seguro é reduzido. Para um material exibir o efeito piezelétrico, a estrutura cristalina não pode ter um centro de simetria. Uma força (de tração ou compressão) aplicada a tal cristal não simétrico CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08502 vai alterar a separação entre as posições das cargas positivas e negativas em cada célula unitária levando à uma polarização resultante na superfície cristalina. 4 Acima do ponto de Curie, esses cristalitos têm simetria cúbica simples. Esta estrutura é centrosimétrica com as posições das cargas positivas e negativas coincidindo, de tal forma que não há dipolos presentes no material (chamado comportamento paraelétrico). Abaixo do ponto de Curie, entretanto, os cristalitos ganham uma estrutura tetragonal na qual as posições de cargas positivas e negativas não coincidem mais. Nesta situação cada célula unitária têm um dipolo elétrico embutido, o qual pode ser revertido e também alterado para certas direções permitidas, pela aplicação de um campo elétrico. 4 Os dipolos não são orientados randomicamente através do material. Dipolos vizinhos se alinham uns com os outros para formar regiões com alinhamento local, conhecidos como domínios de Weiss. Assim, dentro de um domínio de Weiss todos os dipolos são alinhados, dando um momento dipolar resultante para o domínio, e conseqüentemente uma polarização resultante (momento dipolar por unidade de volume).4 A cerâmica pode ser transformada em piezelétrica em qualquer direção desejada, pelo tratamento de polarização que envolve expor o material a um campo elétrico forte numa temperatura um pouco abaixo do ponto de Curie. Quando o campo é retirado, os dipolos permanecem aproximadamente alinhados, fornecendo ao material cerâmico uma polarização resultante e uma deformação permanente (i.e. tornado-o anisotrópico). O tratamento de polarização geralmente é o tratamento final no processamento de componentes de cerâmica piezelétrica. 2,4 Todas as cerâmicas piezelétricas exibem histerese. Depois da remoção do campo elétrico, haverá uma polarização residual na cerâmica que é responsável pelas propriedades piezelétricas. A cerâmica resultante agora é anisotrópica e pode ser transformada novamente na sua condição não polarizada e isotrópica aumentando a temperatura acima do ponto de Curie. Depois da polarização também haverá um alongamento residual. 2,5 As cerâmicas piezelétricas são caracterizadas pelas propriedades elétricas, eletromecânicas e mecânicas. As propriedades elétricas utilizadas para descrever as cerâmicas piezelétricas são: constante dielétrica, perda dielétrica e ponto de Curie. As propriedades eletro-mecânicas que caracterizam as cerâmicas piezelétricas são: coeficiente de acoplamento, coeficiente de carga piezelétrica, coeficiente de voltagem piezelétrica e a constante de freqüência. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08503 As propriedades mecânicas que caracterizam as cerâmicas piezelétricas são: densidade, concordância (compliance) elástica e o fator mecânico de qualidade (QM). Também devem ser consideradas as propriedades de alongamento, tensão e envelhecimento da cerâmica piezelétrica. Cerâmicas piezelétricas são utilizadas em varias aplicações, por causa das boas propriedades tais como alta sensibilidade, facilidade de produção e a possibilidade de polarizar a cerâmica em qualquer direção. Os componentes piezelétricos não são capazes de funcionar sozinhos, mas precisam funcionar em um circuito. As quatro aplicações principais são: geradores, sensores, atuadores e transdutores. 3 Materiais cerâmicos podem estar limitados em aplicabilidade por causa das propriedades mecânicas, as quais em muitos aspectos são inferiores às dos metais. A 6 principal desvantagem é a fratura frágil com pouquíssima absorção de energia. Para a cerâmica piezelétrica, em alguns casos o valor da carga de ruptura é irrelevante, porque quando a peça se aproxima da tensão de ruptura, ela já perdeu as propriedades piezelétricas. Mas há casos onde, devido ao design e ao modo de operação de um componente, há regiões com alta tensão, principalmente nos contornos e nas superfícies, enquanto que no resto da peça a tensão sofrida ainda se encontra abaixo da carga de despolarização. Daí a importância de informações sobre a resistência mecânica das cerâmicas piezelétricas. 7 À temperatura ambiente, as cerâmicas sempre fraturam antes que uma deformação plástica possa ocorrer em resposta a uma tensão aplicada. O processo de fratura frágil consiste na formação e propagação de trincas através da seção transversal do material numa direção perpendicular à carga aplicada. O crescimento de trincas em cerâmicas cristalinas geralmente ocorre através dos grãos e ao longo de planos cristalográficos específicos, que são planos de alta densidade atômica.6 Os valores das cargas de fratura de materiais cerâmicos medidos em ensaios são substancialmente menores do que os valores previstos teoricamente a partir de forças de ligações interatômicas. A resistência real não alcança os valores teóricos porque a fratura de materiais frágeis não ocorre pela separação simultânea de várias ligações, mas, em vez disso, pela iniciação e propagação de uma trinca. 6, 8 A obtenção de informações sobre resistência mecânica das cerâmicas é menos simples do que no caso de materiais dúcteis. As cerâmicas são frágeis apresentando uma grande CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08504 dispersão dos valores da resistência mecânica (carga de ruptura) quando comparados com os materiais dúcteis. A previsão de fratura de materiais cerâmicos é baseada numa abordagem de probabilidades; o ensaio mecânico utilizado deve fornecer informações sobre a distribuição da carga de ruptura tanto quanto sobre a média dos valores. O método de Weibull tem sido utilizado com freqüência para descrever a variação estatística da resistência mecânica de cerâmicas. 7 MATERIAIS E MÉTODOS DE ANÁLISE Foram realizados testes de flexão de 3 e 4 pontos em cerâmica piezelétrica (PZT). As amostras dos corpos de prova foram fornecidas pela empresa Ferroperm, Dinamarca. Os corpos de prova foram ensaiados conforme a norma ASTM C 1161 – 94, e os resultados foram analisados utilizando-se o método estatístico de Weibull.9 Os corpos de prova foram fabricados com pressão uniaxial, 100 MPa, a partir de um pó seco por spray drying. Para a confecção dos corpos de prova utilizou-se polietileno glicol (PEG) como ligante do pó antes da conformação. A sinterização foi realizada a 1200-1300 o C/minuto utilizando uma razão de aquecimento de 5-10 oC/minuto*. O resfriamento foi realizado utilizando a máxima razão de resfriamento permitido pelo forno. As placas foram polidas e cortadas em corpos com as dimensões da configuração B da norma ASTM C 1161 – 94 mostradas na Tabela I. O objetivo deste trabalho é obter os dados de resistência mecânica a partir do módulo de ruptura e analisa-los pelo método de Weibull. Tabela I – Dimensões dos corpos de prova Largura (mm) Espessura (mm) Comprimento – mínimo (mm) 4,0 3,0 45 Os corpos de prova foram ensaiados numa máquina universal (Q TestTM), de ensaio. Na tabela II são listadas as séries de ensaios. * A empresa fornecedora não forneceu dados mais precisos sobre a sinterização CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08505 Tabela II - Séries de ensaio Série Lote Características Tipo de ensaio 1 Pz 2696 B1PA Sem eletrodos; sem polarização 3 pontos 2 Pz 2696 B1PA Sem eletrodos. Sem polarização 4 pontos 3 Pz 2696 B1PA Com eletrodos. Com polarização 3 pontos 4 Pz 2696 B1PA Com eletrodos. Com polarização 4 pontos 5 Pz 2713 C1 Sem eletrodos. Sem polarização 3 pontos 6 Pz 2713 C1 Sem eletrodos. Sem polarização 4 pontos 7 Pz 2713 D1 Sem eletrodos. Sem polarização 3 pontos 8 Pz 2713 D1 Sem eletrodos. Sem polarização 4 pontos 9 Pz 2713 B1PA Sem eletrodos. Sem polarização 3 pontos 10 Pz 2713 B1PA Sem eletrodos. Sem polarização 4 pontos 11 Pz 2713 B1PA Com eletrodos. Com polarização 3 pontos 12 Pz 2713 B1PA Com eletrodos. Com polarização 4 pontos As amostras das séries 5 a 10 possuem a mesma composição e o mesmo método de preparação, mas são de três lotes diferentes. Elas foram ensaiadas para verificar se existe reprodutibilidade dos dados obtidos para diferentes lotes. As amostras das series 5, 7 e 9 foram ensaiados com 3 pontos. As amostras da série 6 são iguais às da série 5 (pertencem ao mesmo lote), as da série 8 são iguais às da série 7 e as da série 10 são iguais as da série 9. Nessas séries (6, 8 e 10) foram feitos ensaios com 4 pontos. Para cada série foram feitos 15 ensaios de flexão de 3 pontos ou de 4 pontos. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08506 RESULTADOS E DISCUSSÃO A resistência à flexão e o módulo de Weibull foram determinados para as séries de ensaio e estão listadas na tabela III. A cerâmica Pz 2696 é cerâmica dura, enquanto a cerâmica Pz 2713 é a cerâmica mole. Tabela III – Resultados dos ensaios Série – lote Resistência a flexão Desvio** Carga de fratura Módulo de (MPa)* (MPa)*** Weibull 1 – Pz 2696 B1PA – 3P 100,89 12,85 103,52 20,38 2 – Pz 2696 B1PA – 4P 96,18 15,62 99,36 15,8 3 – Pz 2696 B1PA – 3P 107,03 13,62 109,35 20,25 4 – Pz 2696 B1PA – 4P 107,91 15,68 111,13 17,63 5 – Pz 2713 C1 – 3P 82,25 7,19 83,79 28,95 6 – Pz 2713 C1 – 4P 80,0 15,66 83,33 12,48 7 – Pz 2713 D1 – 3P 81,26 6,78 82,74 30,15 8 – Pz 2713 D1 – 4P 70,68 7,53 72,24 24,25 9 – Pz 2713 B1PA – 3P 89,38 7,51 91,00 29,78 10 – Pz 2713 B1PA – 4P 77,42 9,52 79,46 20,22 11 – Pz 2713 B1PA – 3P 85,21 6,28 86,60 33,66 12 – Pz 2713 B1PA – 4P 80,55 7,19 82,09 28,33 * média do módulo de ruptura a flexão de 15 ensaios; **para 15 ensaios (os valores do desvio são multiplicados por 2,145 para se obter 95% de confiança com grau de liberdade N = 14); ***carga de fratura (MRF) característica obtida do gráfico de Weibull. Esta legenda também se aplica para as próximas tabelas. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08507 Exemplos dos gráficos dos quais foram obtidos os módulos de Weibull e as cargas características são mostrados nas Figuras 1 – 2. 2,00 Probabilidade de fratura ln ln (1/(1-Pfi)) 1,00 0,00 4,45 4,50 4,55 4,60 4,65 4,70 4,75 -1,00 -2,00 m = 20,377 -3,00 -4,00 ln (carga de fratura) (MPa) Figura 1. Gráfico de Weibull da Série 1 [PZ 2696 B1PA – 3P (sem eletrodos e sem polarização)] 3,00 Probabilidade de fratura ln ln (1/(1-Pfi)) 2,00 1,00 0,00 4,40 -1,00 -2,00 4,45 4,50 4,55 4,60 4,65 4,70 4,75 m = 15,804 -3,00 -4,00 ln (carga de fratura) (MPa) Figura 2. Gráfico de Weibull da Série 2 [PZ 2696 B1PA – 4P (sem eletrodos e sem polarização)] CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08508 Quanto maiores os valores de módulo de Weibull maior a probabilidade da fratura ocorrer no valor de carga de fratura característica. Os valores dos módulos de Weibull obtidos (a maioria entre 20 e 30) a partir dos gráficos são altos, considerando que na literatura valores de 5 a 10 são apontados como normais para materiais de cerâmica fina. Essa baixa dispersão dos resultados, indicaria um alto grau de homogeneidade do material. Entretanto os corpos ensaiados possuem dimensões pequenas (0,4 x 0,3 x 4,5 cm) o que colabora para que a quantidade de defeitos (a partir dos quais a fratura ocorre) seja pequena. Comparação entre amostras de cerâmica dura e de cerâmica mole A tabela IV mostra a média dos resultados para a cerâmica dura Pz 2696 e para a cerâmica mole Pz 2713. Tabela IV – Comparação entre a cerâmica dura e a cerâmica mole Tipo de cerâmica Resistência a Desvio Carga de fratura Média dos flexão (MPa) (MPa) módulos de Weibull Pz 2696 (séries 1-4) 103 5,52 105,84 18,51 Pz 2713 (séries 9-12) 83,14 5,25 84,79 28,0 Desvio dos módulos 2,21 5,65 Comparação entre amostras com e sem polarização A tabela V mostra a média dos resultados para a cerâmica com e a cerâmica sem polarização. Tabela V – Comparação entre a cerâmica com e sem polarização Tipo de cerâmica Resistência Desvio Carga a fratura flexão (MPa) Com polarização cerâmica dura(séries 3-4) Com polarização cerâmica mole(séries 11-12) Sem polarização cerâmica dura (séries 1-2) Sem polarização cerâmica mole (séries 9-10) de Média dos Desvio dos módulos de módulos Weibull 107,47 0,62 110,24 18,94 1,85 82,88 3,3 84,35 30,99 3,77 98,54 3,33 101,44 18,09 3,23 83,4 8,46 85,23 25 6,76 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08509 Diferença entre ensaios com 3 e 4 pontos A tabela VI mostra a média dos resultados nos ensaios com 3 pontos e com 4 pontos. Tabela VI – Diferença entre ensaios com 3 e 4 pontos Tipo de ensaio resistência a Desvio Carga de fra- Média flexão (MPa) tura dos Desvio dos módulos de módulos Weibull 3 pontos (séries 91,00 10,61 92,83 27,19 5,57 85,46 13,83 87,94 19,78 5,78 1,3,5,7,9,11) 4 pontos (séries 2,4,6,8,10,12) CONCLUSÕES A cerâmica dura (PZ 2696) tem maior resistência à flexão do que cerâmica mole (PZ 2713). A média para os corpos da cerâmica dura é por volta de 100 MPa enquanto a média para os corpos da cerâmica mole é por volta de 80 MPa. As amostras com polarização deveriam ter menor resistência mecânica, porque elas têm uma tensão embutida devida ao alongamento residual na estrutura cristalina. Isso se mostra nas cerâmicas moles (PZ 2713), mas nas cerâmicas duras (PZ 2696) os resultados são invertidos (as amostras com polarização apresentam valores de resistência maior do que as sem polarização). Porém observa-se que as diferenças entre os resultados das cerâmicas com e sem polarização são relativamente pequenas, e podem ser devidas por exemplo a um erro experimental. Verificou-se que para os ensaios de 3 pontos, os resultados são maiores do que para os ensaios de 4 pontos. Isto está em acordo com dados publicados anteriormente por Price. 10 Os ensaios dos três lotes diferentes da mesma cerâmica, Pz 2713 (séries 5-10, todos sem polarização) mostram que as médias possuem valores próximos. A média desses valores é 80,17 com um desvio padrão de 3,81. Para cerâmica estas diferenças são razoáveis. Portanto, a partir dos resultados obtidos para amostras de lotes diferentes, podemos afirmar que a reprodutibilidade do processo de produção é razoável. Os módulos de Weibull altos obtidos nos ensaios indicam um alto grau de homogeneidade do material. Isso provavelmente se explica pelo fato de a empresa Ferroperm CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08510 usar um ligante muito mole, o PEG, para a conformação das peças. Assim o pó atomizado e granulado fica muito mole e mais fácil de compactar sem defeitos (granulados duros demais não se compactam suficientemente na prensagem, o que causa grandes poros que podem causar baixa resistência mecânica). Além disso é utilizado um pó com alto grau de pureza, o que minimiza poluentes químicos, que poderiam causar baixa resistência ou grande dispersão da qualidade da cerâmica. Para futuros estudos, uma análise fractrográfica das amostras poderia complementar e enriquecer as conclusões do presente trabalho. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à empresa Ferroperm AS, Dinarmarca, pelo fornecimento das amostras e material de suporte. REFERÊNCIAS 1 - FERROPERM; Piezoceramics; Catálogo, 1995 2 - MORGAN MATROC; Piezoelectric Ceramics, Data Book 3 - NISSEN, U., Ungermann C., A guideline to: Piezoelectric ceramics and their applications, 1997 4 WAANDERS J. W. (Philips Components, Eindhoven); Piezoelectric Ceramics; Properties and Applications 5 MORGAN MATROC; Piezoelectric Ceramic Products; Catálogo 6 CALLISTER, W.D, Materials Science and Engineering, John Wiley & Sons, Inc, 1994 7 CAIN, M.G., Stewart, M., Gee, M.G., Mechanical and Electric Strength Measurements for Piezoelectric Ceramics: Technical Measurement Notes, Report, 1998 8 CHIANG Y.M., Birnie D.P., Kingery W.D. Physical Ceramics, Principles for Ceramics Science and Engineering, John Wiley & Sons, 1997 9 WEIBULL, W.; SWEDEN, S. A statistical distribution function of wide applicability – J. of Applied Mech., 18(3),293, 1951 10 PRICE, W.M.; AUSTELL, S. Green Strength of ceramics: Techniques for measuring the tensile strength of unfired clays and ceramic bodies – Interceram, (3),p.197, 1974 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08511 ANALYSIS OF BEND STRENGTH TESTS OF PIEZOELECTRIC MATERIALS (LEAD TITANATE-LEAD ZIRCONATE SOLID SOLUTIONS – PZT) APPLYING THE WEIBULL METHOD ABSTRACT Piezoelectric ceramics, which transform with accuracy mechanical signals into electrical signals (and vice-versa), are being applied in a large variety of industries. The conversion of signals will cease to be accurate when the applied mechanical energy gets close to the mechanical strength of the component. The purpose of this study is to measure the mechanical strength of some samples of piezoelectric ceramics, and to analyze the resulting data. The samples were tested by bend strength tests. Samples of PZT (lead titanate- lead zirconate solid solutions) were tested. The samples were manufactured for the purpose of this work by “Ferroperm AS”, Denmark. A soft and a hard type of PZT were tested. The two types were tested with and without polarization. Different batches of the same type were tested to investigate any differences between the batches. The Weibull statistical method was applied to analyze the results. It showed that the hard ceramic has a higher flexural strength than the soft ceramic. Only small differences were observed by comparing the samples with and without polarization. Three-point bend strength tests gave higher results than the four-point bend strength tests. The differences between the batches of the same type of ceramic were small. KEYWORDS: PZT, piezoelectricity, Weibull CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 08512