Receita Federal Prof. João Bolognesi Português Regência 1. (ESAF) “Entretanto, tal mudança obedece a certas coordenadas que começam a ser pensadas já na antiga Grécia, que novamente se relacionam com a questão da verdade.” Tanto a supressão da preposição no termo “a certas coordenadas” como sua substituição por às preservam as relações de sentido e respeitam as regras de regência verbal. 2. (ESAF) “O final do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças na história do pensamento e da técnica.” A retirada da preposição a antes de “um processo” preservaria a correção gramatical da oração, mas alteraria o sentido do verbo assistir e, conseqüentemente, prejudicaria a coerência textual. 3. (ESAF) “O Brasil assistiu, estarrecido, no outro lado do mundo, a uma invasão no Oriente Médio promovida pela dupla Bush/Blair.” A preposição “a” em “a uma invasão” caracteriza a escrita formal, culta e, geralmente, é dispensada se usado um estilo menos formal. 4. (CESPE) No sentido de fazer ou realizar algo, o verbo “proceder” admite dois empregos, de acordo com a norma culta: “proceder à busca” e “proceder a busca”, sem alteração de sentido. 5. (CESPE) Na frase “basta lembrar a fúria de Aquiles” pode-se alterar a regência da forma verbal de “lembrar a” para “lembrar da”, sem se desrespeitarem as normas da escrita culta. 6. (CESPE) “...porque podemos aspirar a uma Vida Boa” No sentido em que está empregado, o verbo “aspirar” torna opcional o uso de crase no “a” que o segue. 7. (ESAF) “Uma dessas hipóteses é justamente não comunicar aos demais associados a cessão das cotas.” O verbo comunicar está empregado erradamente, pois exige objeto direto de pessoa e indireto de coisa: comunicar alguém de/sobre/acerca de alguma coisa. 8. (ESAF) Os agentes econômicos relacionam-se em suas operações de compra, venda e troca de mercadorias e serviços, de modo que, a cada fato econômico, seja ele de simples circulação, de transformação ou de consumo, corresponde, ao menos, uma operação de natureza monetária realizada junto a um intermediário financeiro Em “a cada fato econômico” (linha 2) a presença da preposição “a” justifica-se pela regência da palavra “corresponde” (linha 3). 9. (CESPE) “A liberdade identificou-se com a idéia de consumo.” A supressão do pronome átono na forma verbal “identificou-se” manteria o mesmo nível de formalidade de linguagem e a mesma regência verbal. 10. (CESPE) Na frase “basta lembrar a fúria de Aquiles” pode-se alterar a regência da forma verbal de “lembrar a” para “lembrar da”, sem se desrespeitarem as normas da escrita culta. 11. (ESAF) Identifique a falha. Atualizada 08/07/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 1 Receita Federal Prof. João Bolognesi Português Além de contribuir na campanha de revitalização da arrecadação de tributos e contribuições federais, o programa facilita os contribuintes o cumprimento de suas obrigações. 12. (ESAF) Identifique a falha. Respeitado esse princípio, os caminhos do capital e do capitalismo têm sido extremamente ecléticos, cabendo, portanto, os governos, em primeiro lugar definir suas prioridades, objetivos e políticas e, em segundo lugar, mantê-las através do tempo para então conquistar a famosa “credibilidade”. 13. (ESAF) Identifique a falha. Os fatores que acarretaram na maior credibilidade ao sistema de punição da sociedade ainda encontram resistência e incitam a lutas. LHE x O Identifique a falha. 14. (ESAF) O problema atual dos direitos do homem não é mais justificar-lhes. 15. (ESAF) A exposição faz parte do Programa Sebrae de Artesanato, que quer profissionalizar a atividade, dando-lhe tratamento empresarial e tornando-lhe um negócio rentável pela capacitação dos artesãos e seu aperfeiçoamento técnico. 16. (ESAF) No estado de alienação, o agente da violência não tem consciência da qualidade violenta de seus atos. Se o possível objeto da violência nada tem a oferecê-lo, então não conta como pessoa humana e pouco importa o que venha a sofrer. CRASE Identifique a falha. 17. (ESAF) Os principais focos de incerteza em relação às perspectivas para a taxa de inflação nos próximos anos referemse a evolução do preço internacional do petróleo. 18. (ESAF) No encontro, foram definidos a missão do Banco, seus macroprocessos e os objetivos estratégicos para o horizonte de três anos, além das diretrizes balizadoras das ações para assegurar à estabilidade do poder de compra da moeda nacional. 19. (ESAF) Identifique o erro de regência. Assim, esse fundo constitui um instrumento para a implementação de uma política redistributiva, que objetiva corrigir às desigualdades regionais e sociais. ONDE Exemplos de alternativas com o uso errado da palavra “onde”. 20. (VUNESP) O quarto aonde você está é do Lucas (o correto é “onde”). 2 Atualizada 08/07/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Receita Federal Prof. João Bolognesi Português 21. (FCC) Vivemos uma época onde o homem possui grandes dificuldades para viver em paz (o correto é “em que” ou “na qual”). 22. (ESAF) Indo de trem, entra-se na cidade atravessando o Ribeirão do Carmo, mas a estrada de rodagem penetra nela pelo alto de São Pedro, aonde está a igreja do mesmo nome, hoje contígua à residência episcopal (o correto é “onde”). Gabarito 1. errado (obedecer exige preposição “a” e “certas” é pronome indefinido, o que repele o artigo; conclui-se que ambas as propostas –suprimir a preposição e a inserir artigo– estão erradas. 2. correto 3. correto 4. errado 5. errado 6. errado 7. errado 8. correto 9. errado (identificar-se com algo = VTI / identificar algo = VTD) 10. errado (lembrar-se de algo = VTI / lembrar algo = VTD) 11. facilita aos contribuintes o cumprimento 12. cabendo, portanto, aos governos 13. acarretaram a maior (acarretar é VTD) 14. o correto é “justificá-los”, pois justificar é VTD 15. o correto é “tornando-a”, pois tornar é VTD + predicativo do objeto 16. o correto é “nada tem a oferecer-lhe” (nada tem a oferecer ao agente da violência) 17. referem-se à evolução (referir-se é VTI) 18. assegurar a estabilidade (assegurar é VTD) 19. corrigir as desigualdades (corrigir é VTD) 20. onde você está (está EM algum lugar) 21. época em que / na qual 22. onde está a igreja (está EM algum lugar) Atualizada 08/07/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 3 Receita Federal Prof. João Bolognesi Português Verbo chamar: um arroz-de-festa Nas antigas e tradicionais festas portuguesas, os anfitriões sempre ofereciam aos convidados um prato de arroz doce, chamado arroz de festa, ou seja, em festa boa o arroz doce não podia faltar. Do doce ao convidado, o sentido se deslocou. Hoje ser um arroz-de-festa designa (com claro sentido pejorativo) a pessoa que é vista em todo evento social, que não perde nenhum casamento, aniversário, festa, inauguração, ou seja, está em todas. O verbo chamar é, devido à sua freqüência nos concursos públicos, um típico arroz-de-festa, pois, sem nenhuma cerimônia, mais cedo ou mais tarde, ei-lo bem diante de nossas incertezas. Ele não tem um sentido único; ao contrário, é muito rico de sentidos e de construções, mas merece mais atenção um uso em especial, tendo em vista que tal uso permite quatro possibilidades de combinação, todas completamente corretas. No sentido de “dar nome, apelidar, tachar, qualificar”, o verbo chamar normalmente trará um objeto (que é a pessoa ou a coisa nomeada, apelidada) e um predicativo do objeto (que é o atributo dado para a pessoa ou a coisa). Até aí tudo bem, pois são muitos os verbos que trazem essa possibilidade de montagem. O problema inicia-se quando verificamos o que a tradição gramatical reservou a esse verbo. Ele pode ser usado com preposição ou não, tanto no objeto como no predicativo do objeto. Dessa forma, temos duas situações facultativas: - o objeto indiferentemente pode ser direto ou indireto com a preposição a; - o predicativo também pode vir sem preposição ou com a preposição de. Vamos observar um exemplo: . objeto direto e predicativo (sem preposição): Eles chamam o problema (objeto direto) efeito estufa (predicativo). Eles o chamam efeito estufa. . objeto direto e predicativo (com preposição): Eles chamam o problema (objeto direto) de efeito estufa (predicativo). Eles o chamam de efeito estufa. . objeto indireto e predicativo (sem preposição): Eles chamam ao problema (objeto indireto) efeito estufa (predicativo). Eles lhe chamam efeito estufa. . objeto indireto e predicativo (com preposição): Eles chamam ao problema (objeto indireto) de efeito estufa (predicativo). Eles lhe chamam de efeito estufa. Diante dessa abundância de formas e possibilidades, isso se transforma em matéria-prima de alta qualidade para ser usada em provas. Não se pode esquecer de que o sentido é a referência primeira para organizar o estudo desse verbo, visto que as quatro possibilidades só ocorrem quando chamar traz o sentido de nomear, apelidar. Confira uma seleção de questões de concursos (trechos adaptados). 4 Atualizada 08/07/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Receita Federal Prof. João Bolognesi Português 1. (ESAF) Avalie se o trecho está correto. Ao político depreciado, chama-se maquiavélico. 2. (ESAF) Avalie se o trecho está correto. A marcha da civilização é caracterizada, exatamente, por semelhantes situações, a que genericamente podemos chamar de modernizações. 3. (CESPE) “Acredito que existe algo que podemos chamar de progresso histórico”. Não é adequado, por provocar erro gramatical, inserir a preposição “a” antes de “que podemos chamar”. 4. (ESAF) “Uma vez formados, seriam automaticamente chamados de ‘doutor’ e teriam um salário de classe média para o resto da vida” A regência do verbo chamar empregada no texto é considerada coloquial. A gramática ortodoxa recomenda, como mais formal, o emprego desse verbo como transitivo direto. 5. (ESAF) A oração “...que Maxwell chama sobrenatural...” pode também ser expressa “...que Maxwell chama de sobrenatural...”. 6. (FAPEU) Verifique se regência verbal corresponde ao português padrão. O verbo chamar admite várias redações, pelas possibilidades de inversão do predicativo, como em: chamo certos crimes de hediondo; chamo a certos crimes hediondo, chamo a certos crimes de hediondo e chamo certos crimes hediondos. 7. (MP-SC) Avalie a alternativa. A oração “Chamei Fernando de deslumbrado” também pode ser expressa assim: “Chamei a Fernando de deslumbrado” e “Chamei a Fernando deslumbrado”. 8. (ESAF) Avalie a correção do trecho destacado. É esta situação, ou melhor, são as várias cambiantes de situação existentes no diálogo, na conversação, no trato familiar, que determinam o uso dessas expressões concisas, alheias, talvez, à parte informativa, mas capazes de conseguir intuitos que palavras formais não conseguiram. Chamemos-lhes expressões de situação. (Manuel Said Ali; com adaptações) Gabarito 1- correto 2- correto 3-errado 4-errado 5-correto 6- correto 7- correto 8- correto Atualizada 08/07/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 5 Receita Federal Prof. João Bolognesi Português O verbo “tratar” As provas de língua portuguesa têm trabalhado alguns temas de forma recorrente. Devido à insistência, seria imprudente o aluno que não os estudasse, que não os entendesse e dominasse. Essa recorrência, porém, nem sempre é notada, pois, entretido entre tantas matérias, passa despercebida ao aluno a observação de que tal questão tenha caído tantas vezes. E o pior: com grande potencial de cair novamente. Nas provas, o verbo tratar tem gerado variadas questões e isso permite fechar o foco em seus problemas. Interessa para a nossa análise o verbo tratar com o sentido de “discorrer sobre um assunto, versar sobre algo, ter por assunto”, situação em que pode ser usado com objeto indireto introduzido pela preposição “de”: Os estudos tratam do efeito estufa. Na palestra, ele tratava da nova fase econômica brasileira. As suas divagações trataram apenas de coisas impossíveis. A primeira estrutura que merece destaque é a do sujeito indeterminado com o pronome “se”, ou seja, com o índice de indeterminação do sujeito. Nesse caso, sai o sujeito da frase, entra o pronome “se” e o verbo deve ficar no singular: Trata-se do efeito estufa. Tratava-se da nova fase econômica brasileira. Tratou-se apenas de coisas impossíveis. Nas provas dos concursos, atenção total à concordância verbal, pois nessa estrutura de indeterminação do sujeito o verbo tem de ficar no singular, regra nem sempre acatada pelas questões. Confira: (ESAF) Tratam-se de possibilidades. (correto no singular: “Trata-se”) (ESAF) Segundo alguns pensadores modernos, não se tratam de projeções utópicas os empreendimentos culturais e sociais. (correto no singular: “não se trata”) (VUNESP) Trataram-se de assuntos pouco usuais. (correto no singular: “Tratou-se”) (CESPE) Tratam-se de brutais aumentos de produção. (correto no singular: “Trata-se”) (CESPE) Mantêm-se a coerência textual e a correção gramatical ao se substituir “Trata-se de nosso patrimônio lingüístico” por “Tratam-se de nossas línguas e idiomas nacionais”. (errado) (CESPE) “Trata-se de um monumento de erudição, pleno de conhecimento de história”. Ao se substituir “um monumento de erudição, pleno” por “reflexões eruditas, plenas de”, a forma verbal “Trata-se” deve ser flexionada em número. (errado) (CESPE) Com relação à representação do sujeito da oração, no segmento “em se tratando de fato” , o sujeito é indeterminado, diferentemente do que ocorre no segmento “estabelecer-se sinonímia”, em que o sujeito é “sinonímia”. (correto) 6 Atualizada 08/07/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Receita Federal Prof. João Bolognesi Português Outra questão “freguês” nas provas refere-se a uma falha de montagem, em que se usa o índice de indeterminação do sujeito “se”, mas se mantém o sujeito, ou seja, simultaneamente há o sujeito e a indeterminação do sujeito, algo incoerente e errado. Tal desvio gramatical não se vê em outros verbos, por isso foque especificamente em “tratar”.Acompanhe algumas questões retiradas de provas, todas elas com falha, pois trazem ao mesmo tempo o sujeito e o índice de indeterminação do sujeito. Para simplificar a análise, sublinho o sujeito e o índice “se”: (ESAF) Trata-se a reforma de recuperar ou ampliar a receita pública. (ESAF) A questão da guerra fiscal trata-se de um fenômeno. (ESAF) A guerra não se trata de um jogo de soma positiva. (ESAF) Trata-se o interrogatório de uma prática regulamentada, que obedece a procedimento bem definido. (ESAF) Esta revolução trata-se de uma mudança radical de mentalidade. (ESAF) Trata-se a questão de afastar da análise as interferências ideológicas (CESPE) Segundo o texto, ‘biomonitoramento biológico’ trata-se de um método de classificação das águas de rios, córregos e lagos com base na fauna. (FCC) “...os seres caçados pelo czar tratavam-se de homens.” (ESAF) “Como todo mundo sabe, trata-se de uma história em que pessoas conseguem descobrir uma verdade que coloca em questão a própria soberania do soberano.” O segmento “trata-se de uma história em que pessoas” estaria igualmente correto se assim estivesse escrito: “trata-se a história de pessoas que...”. (errado) Para sanar essas construções com falha, deve-se optar entre usar ou o sujeito ou o índice de indeterminação do sujeito. Usar ambos na mesma frase é errado. Não generalize tal desvio para outros verbos, pois o problema dá-se somente com o verbo tratar. Essa noção estudada revela um vício de linguagem bem contemporâneo, que os concursos acabam registrando em suas questões. E outro detalhe: por se tratar de vício, é muito comum ocorrer na vida prática, nos textos da vida acadêmica e profissional. Entre a virtude e o pecado, pelo menos no idioma é mais fácil alcançar bons costumes. Atualizada 08/07/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 7