imunomodulação promovida pelo transplante de células tronco

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Layla Testa Galindo
IMUNOMODULAÇÃO PROMOVIDA PELO
TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO
MESENQUIMAIS DERIVADAS DA MEDULA ÓSSEA EM
LESÕES NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo - Escola
Paulista
de
Medicina,
para
obtenção do Título de Mestre em
Ciências.
São Paulo
2011
Layla Testa Galindo
IMUNOMODULAÇÃO PROMOVIDA PELO
TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO
MESENQUIMAIS DERIVADAS DA MEDULA ÓSSEA EM
LESÕES NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Tese apresentada à Universidade Federal de
São Paulo - Escola Paulista de Medicina, para
obtenção do Título de Mestre em Ciências pelo
programa
de
Pós-Graduação
em
Biologia
Molecular.
Orientadora: Profª. Drª. Marimélia Porcionatto
Co-orientador: Prof. Dr. Niels Olsen S. Câmara
São Paulo
2011
Galindo, Layla Testa
Imunomodulação promovida pelo transplante de células tronco
mesenquimais derivadas de medula óssea em lesões no sistema nervoso
central/Layla Testa Galindo--São Paulo, 2011.
xiv, 96 f.
Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de
Medicina. Programa de Pós-graduação Biologia Molecular
Título em inglês: Immunomodulation promoted by bone marrow derived
mesechymal stem cells transplanted in central nervous system injuries
1. Lesão no SNC; 2.Neuroinflamação; 3.Citocinas; 4. Imunomodulação; 5.
Células tronco mesenquimais; 6. Células tronco neurais
À memória do meu avô Aleno, aos meus pais Carlos
e Margarete e à minha irmã Isis, por todo amor, apoio,
incentivo e confiança que sempre depositaram em mim e por
todas as oportunidades que me proporcionaram.
iv
Ao Henrique, meu grande amor e amigo, por todo amor
carinho, companheirismo, compreensão e apoio. Obrigada por
fazer parte da minha vida.
v
Agradecimentos
À minha orientadora Profa. Dra. Marimélia Porcionatto, sou grata pela orientação, pela
atenção, amizade, paciência e além de tudo por me dar a chance de aprender cada vez
mais.
Ao meu co-orientador Prof. Dr. Niels Olsen Saraiva Câmara, pela ajuda e colaboração
neste trabalho.
À Profa. Dra. Helena Bonciani Nader, pela oportunidade para a realização deste trabalho.
À Ana Paula, Carol Ariza, Carol Mônaco, Marcella, Thaís Filippo, Paulo Henrique, Bruno
Gui Mi Ko, Renata, Richelli e Carol Meloni, pela grande ajuda, amizade, ensinamentos e
risadas que tornaram o dia a dia no laboratório muito mais agradável.
À Patricia Semedo, ao Cassiano Oliveira e Gabriela Filoso Barnabé pela ajuda, sem a
qual não seria possível completar esse trabalho.
Aos amigos e colegas da disciplina de Biologia Molecular da UNIFESP, pelo
companheirismo e convivência durante esses anos.
Aos demais professores e funcionários da disciplina de Biologia Molecular e do biotério
do Infar da UNIFESP, por terem, de alguma forma, contribuído para a realização deste
trabalho.
Aos meus pais, Carlos e Margarete e à minha irmã Isis pelo constante incentivo, carinho
e por sempre acreditarem em mim.
À tia Mary, tio Ulisses, Patrícia, Márcia, Priscila, João, à pequena Giovana, Rose, Raquel
e à toda minha família pelo incentivo e carinho.
Às minhas grandes companheiras Larissa (Mam´s), Larissa (Dutra), e ao companheiro
Gustavo (Babito), pela amizade e apoio incondicionais.
Às minhas grandes amigas Alice (Desdém), Ana Rachel (Tiazoca), Bianca (Vomets),
Danielle (Xan), Lílian (Ofurô), Natália (Disin), pela amizade e reencontros inesquecíveis.
À Lídia, velha amiga, por sempre estar a postos quando preciso de uma palavra, um
ombro ou um oi.
Muito Obrigada.
vi
Este trabalho foi realizado com apoio financeiro da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP/ Processo 2008/07570-9) e do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
vii
“Quando achamos que temos todas as respostas, vem a
vida e muda todas as perguntas.”
(Luis Fernando Veríssimo)
viii
SUMÁRIO
1.
2
3
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................1
1.1
Resposta inflamatória no sistema nervoso central e seus mediadores ................1
1.2
Citocinas no SNC ................................................................................................4
1.3
Células tronco mesenquimais secretam fatores ativos em reações inflamatórias 6
1.4
Neurogênese e células tronco neurais endógenas ............................................10
OBJETIVOS .............................................................................................................16
2.1
Geral..................................................................................................................16
2.2
Objetivos específicos .........................................................................................16
MATERIAL E MÉTODOS .........................................................................................18
3.1
Animais..............................................................................................................18
3.2
Obtenção e cultivo das CTMs ............................................................................18
3.3
Diferenciação das CTMs de camundongos........................................................19
3.3.1
Diferenciação adipogênica..........................................................................19
3.3.2
Diferenciação osteogênica..........................................................................20
3.4
Obtenção e cultivo das CTNs ............................................................................21
3.5
Medida da viabilidade celular pela dosagem da atividade de desidrogenase
mitocondrial (método do MTT)......................................................................................22
4
3.6
Ensaio de apoptose (TUNEL) ............................................................................22
3.7
Imunofluorescência ............................................................................................23
3.8
Citometria de Fluxo ............................................................................................24
3.9
Produção de lesão no SNC nos animais de experimentação e injeção de CTMs
25
3.10
Análise dos transcritos gênicos..........................................................................26
3.10.1
Extração do RNA dos tecidos dissecados e das células .............................26
3.10.2
Síntese do DNA complementar...................................................................27
3.10.3
PCR em tempo real (qPCR) .......................................................................27
3.11
Análise de citocinas por Multiplex ......................................................................29
3.12
Análise estatística ..............................................................................................30
RESULTADOS .........................................................................................................32
4.1
Isolamento e cultivo de células tronco mesenquimais derivadas de medula óssea
de camundongos ..........................................................................................................32
4.2
Ensaios de diferenciação ...................................................................................32
4.3
Isolamento e cultivo de CTNs derivadas da SVZ de camundongos ...................34
4.4
Efeitos das citocinas secretadas por CTMs sobre a sobrevivência, proliferação e
diferenciação de CTNs in vitro......................................................................................34
ix
4.4.1
Expressão de citocinas por CTMs de origem adulta ...................................34
4.4.2
Sobrevivência de CTNs ..............................................................................36
4.4.3
Proliferação de CTNs .................................................................................38
4.4.4
Diferenciação de CTNs ...............................................................................40
4.5
Efeito do transplante de CTMs adultas em modelo de lesão traumática no SNC
de camundongo ...........................................................................................................42
4.6
Efeito do transplante de CTMs local sobre a resposta inflamatória sistêmica ....47
5
DISCUSSÃO ............................................................................................................51
6
CONCLUSÃO...........................................................................................................58
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................60
x
Lista de Figuras
Figura 1: Neurogênese na zona subventricular. ................................................................... 12
Figura 2: Coordenadas das lesões......................................................................................... 25
Figura 3: CTMs derivadas de medula óssea ......................................................................... 32
Figura 4: Diferenciação adipogênica das CTM ..................................................................... 33
Figura 5: Diferenciação osteogênica das CTMs. .................................................................. 33
Figura 6: CTNs derivadas da SVZ de camundongos ........................................................... 34
Figura 7: Expressão de citocinas por CTMs de origem adulta ............................................ 36
Figura 8: Viabilidade das CTNs cultivadas com meio condicionado por CTMs ................. 37
Figura 9: Ensaio de apoptose das CTNs cultivadas com meio condicionado por CTMs. . 38
Figura 10: Meio condicionado por CTMs estimula proliferação de CTNs in vitro
(citometria de fluxo)................................................................................................................... 39
Figura 11: Meio condicionado por CTMs estimula proliferação de CTNs in vitro
(imunofluorescência)................................................................................................................. 39
Figura 12: Expressão gênica por CTNs. ................................................................................ 41
Figura 13: Expressão de IL-6 e TNF-α 24 horas após lesão traumática, transplantados ou
não com CTMs. ......................................................................................................................... 43
Figura 14: Expressão de IL-10 e IL-4 24 horas após lesão traumática, transplantados ou
não com CTMs.. ........................................................................................................................ 45
Figura 15: Expressão de IL-6 e TNF-α 30 dias após lesão traumática, transplantados ou
não com CTMs. ......................................................................................................................... 47
Figura 16: Quantificação de citocinas no soro dos animais 24 horas após lesão
traumática, transplantados ou não com CTMs. ...................................................................... 48
Figura 17: Quantificação de quimiocinas no soro dos animais 24 horas e 30 dias após
lesão traumática, transplantados ou não com CTMs............................................................. 49
xi
Lista de Abreviaturas
ANOVA
Análise de Variância
BDNF
Brain-Derived Neurotrophic Factor
BrdU
5-bromo-2’-deoxiuridina
CC
Corpo caloso
CEP
Comitê de Ética em Pesquisa
cDNA
DNA complementar
CTMs
Células Tronco Mesenquimais
CTNs
Células Tronco Neurais
CXCL12
Quimiocina
CXCR4
Receptor de CXCL12
DAPI
4’-6-Diamidino-2-fenilindol
Dcx
Doublecortin
DMEM
Dulbecco´s Modified Eagle Medium
DMSO
Dimetilsulfóxido
DNA
Ácido desoxirribonucleico
dNTP
Desoxinucleotídeo trifosfato
DV
Eixo Dorso-Ventral
EDTA
Ácido etilenodiamino tetra-acético
EGF
Epidermal Growth Factor
FGF
Fibroblast Growth Factor
g
Gravidade
GFAP
Glial Acidic Fibrillary Protein
HEPES
ácido N-2-hidroxietilpiperazina-N-2-etano-sulfônico
HGF
Hepatocyte Growth Factor
IDO
2, 3 (indolamina 2, 3 deoxigenase),
IFNγ
Interferon-γ
IL-1
Interleucina-1
IL-6
Interleucina-6
LB
Lamina Basal
LV
Lateral ventricle
MTT
NeuN
Brometo de 3,-(4,5-dimetiltiazol-2yl)- 2,5 difeniltetrazolio
Neuron-Specific Nuclear Protein
NK
Células Natural Killer
xii
NO
Óxido nítrico
pb
pares de bases
PBS
Tampão Salina Fosfato
PCR
Reação em Cadeia da Polimerase
PFA
Paraformoldeído
PSA-NCAM
Poly-Sialated Neural Cell Adhesion Molecule
RMS
Rostral Migratory Stream
RNA
Ácido Ribonucléico
RT-PCR
Reverse transcription polymerase chain reaction
SDF-1
Stromal-Derived Factor-1
SFB
Soro Fetal Bovino
SGZ
Subgranular Zone
Shh
Sonic Hedgehog
SNC
Sistema Nervoso Central
SOX2
SRY bom2, sex determining region Y-2
SVZ
Subventricular Zone
TAE
Tampão Tris-acetato 40mM; EDTA 1mM
TCE
Traumatismo Crânio Encefálico
TGFα
Transforming Growth Factor α
TGFβ
Transforming Growth Factor β
TNFα
Tumor Necrosis Factor α
TUNEL
Terminal deoxynucleotidiltransferase (TdT)- mediated dUTP nick
and labeling
VEGF
Vascular Endothelial Growth Factor
β-tubulina III
Classe III β-tubulina
μ
Micromêtro
xiii
Resumo
Lesões no sistema nervoso central (SNC) levam a permeabilidade da barreira
hematoencefálica, o que permite a entrada de células do sistema imune e a ativação das
células da glia, principalmente microglia e astrócitos. Esse processo desencadeia a
secreção de mediadores inflamatórios por essas células. As citocinas são as principais
moléculas da resposta neuroinflamatória e são críticas para a regulação desta resposta,
exercendo uma variedade de ações no SNC. Células tronco mesenquimais (CTMs), que
possuem potencial proliferativo e são capazes de originar linhagens celulares distintas e
especializadas,
também
secretam
essas
moléculas,
caracterizando
um
poder
imunomodulador. As CTMs, particularmente as derivadas da medula óssea, promovem o
reparo tecidual pela secreção de fatores que aumentam a regeneração do tecido,
estimulando proliferação, migração e diferenciação de progenitores endógenos
encontrados na maioria dos tecidos, diminuindo a resposta imune e inflamatória e a
apoptose. A habilidade de essas células alterarem o microambiente através de sua
influência trófica pode contribuir mais significativamente para o reparo do tecido que a
transdiferenciação. Nossa hipótese é que as citocinas secretadas pelas CTMs poderiam
participar da atração de células tronco neurais endógenas para um local de lesão no
SNC, criando um microambiente favorável para essas células. Tendo isso em vista, esta
tese teve como objetivo estudar os efeitos dos fatores secretados pelas CTMs sobre
células tronco neurais (CTNs) in vitro, e analisar a expressão de citocinas por CTMs in
vivo em um modelo de lesão traumática no SNC. Primeiramente, avaliamos os efeitos
dos fatores secretados pelas CTMs sobre apoptose, proliferação e diferenciação de
CTNs adultas derivadas da zona subventricular e cultivadas como neuroesferas. Para
isso, cultivamos as neuroesferas em meio condicionado por CTMs derivadas de medula
óssea. Além disso, foram realizadas lesões no córtex motor primário dos animais,
seguidas da injeção de CTMs no local da lesão. Nossos resultados indicam que os
fatores secretados pelas CTMs não induzem nem previnem a apoptose das CTNs,
aumentam a proliferação dessas células e induzem maior expressão do gene GFAP in
vitro, o que indicaria uma tendência a diferenciação em astrócitos. Nos experimentos in
vivo, nossos resultados mostram que a injeção das CTMs em um modelo de lesão aguda
no SNC diminui a expressão de citocinas pró-inflamatórias no tecido lesado, indicando
que os fatores solúveis secretados por CTMs podem modular a inflamação no local
lesado, o que pode ser interessante para a criação de um microambiente favorável para
CTNs endógenas e conseqüentemente para o reparo do tecido lesado.
xiv
Introdução
Introdução
1. INTRODUÇÃO
1.1
Resposta inflamatória no sistema nervoso central e seus mediadores
A inflamação foi primeiramente descrita pelo anatomista romano Celsus e
caracterizada por calor, rubor, tumor e dor (para revisão, vide (Rock & Kono, 2008).
Evolutivamente, a resposta inflamatória tem como função combater parasitas,
microorganismos e manter a homeostase tecidual, esta resposta também pode levar a
lesões secundárias no tecido e pode estar envolvida com doenças autoimunes e
isquemias (Cederberg & Siesjo, 2010). Na maioria dos tecidos, incluindo o sistema
nervoso central (SNC), a reação inflamatória é ativada tanto após trauma como após
isquemia e pode causar tanto o agravamento como a melhora do tecido danificado,
dependendo do tipo de tecido envolvido e do tipo de lesão.
Por muitos anos, o SNC foi considerado um local imunologicamente privilegiado,
por não ser susceptível nem contribuir para o processo inflamatório causado por lesões
ou infecções (Allan & Rothwell, 2003), ou por ter uma resposta imune limitada, diferente
dos outros sistemas (Zipp & Aktas, 2006). Hoje, sabe-se que o cérebro é um órgão
imunologicamente ativo, conectado diretamente com os sistemas imune e endócrino
(Farooqui et al., 2007). O SNC responde a estímulos de inflamação periférica, regula
muitos aspectos da resposta inflamatória de fase aguda e possui resposta inflamatória
local, o que parece contribuir com a fisiopatologia das doenças cerebrais agudas e
crônicas (Lucas et al., 2006). Embora previamente relatada como deletéria para o cérebro
lesado, a inflamação no tecido cerebral pode trazer benefícios se for controlada e se
ocorrer por um período de tempo definido. Por outro lado, se a reposta inflamatória for
sustentada por um longo período de tempo ou se for excessiva, a inflamação passa a ser
causa de patologias (Ziebell & Morganti-Kossmann, 2010).
Em termos gerais, a neurodegeneração aguda está relacionada com condições
clínicas em que neurônios são danificados rapidamente e, geralmente, morrem devido a
um dano repentino, como traumas na cabeça, derrames, hemorragia cerebral ou
subaracnóidea e isquemia cerebral (Allan & Rothwell, 2001). A neuroinflamação aguda
desenvolve-se rapidamente e, geralmente, apresenta quadros de dor (Farooqui et al.,
2007). A neuroinflamação aguda pode também ser considerada um mecanismo protetor,
porque isola o tecido neural danificado da área não afetada, destrói as células que
tenham morrido por conta da lesão inicial e repara a matriz extracelular (Correale & Villa,
2004), resultando em uma resposta adaptativa necessária para o retorno ao estado
normal (Guyon et al., 2008). A neuroinflamação crônica difere da aguda por estar abaixo
1
Introdução
do limiar da dor. Como resultado, o sistema imune continua a atacar ao nível celular e,
quando prolongada ou inapropriada, a inflamação pode ser prejudicial e causar sérios
danos ao tecido, levando a uma patologia mais grave (Guyon et al., 2008; Simi et al.,
2007).
A infiltração de células no cérebro em resposta a infecções, inflamações e lesões
agudas é mais fraca e mais demorada que em outros tecidos (Lucas et al., 2006). Porém,
quando há o rompimento da barreira hematoencefálica no período agudo da lesão, ocorre
influxo de neutrófilos, monócitos e linfócitos circulantes no local lesado, afetando
diretamente a sobrevivência e morte neuronais (Morganti-Kossmann et al., 2007). O
acúmulo de células do sistema imune no parênquima foi relatado em modelos animais e
de pacientes com trauma cerebral (Morganti-Kossmann et al., 2002). Essas células
ativadas secretam mediadores como prostaglandinas, radicais livres, fatores do
complemento e citocinas pró-inflamatórias que por sua vez induzem a expressão de
quimiocinas e moléculas de adesão celular e mobilizam mais células do sistema imune e
glia para o local lesado (Werner & Engelhard, 2007). Portanto, após um trauma no
cérebro, a resposta inflamatória é caracterizada basicamente por ativação glial,
recrutamento de leucócitos, aumento da expressão e secreção de mediadores como
citocinas e quimiocinas. Com o tempo, a produção subseqüente de mediadores
antiinflamatórios suprime a ativação imune humoral e celular. Além da infiltração de
células sangüíneas, a ativação da microglia residente tem uma importância significativa
no cérebro lesado (Ziebell & Morganti-Kossmann, 2010).
Antes caracterizadas como mero sistema de suporte de neurônios, as células da
glia atualmente são reconhecidas como elementos moduladores fundamentais da
resposta imune no SNC (Farooqui et al., 2007). A maioria das células do tecido cerebral,
incluindo microglia, astrócitos, neurônios e oligodendrócitos, participa da resposta
inflamatória no cérebro, mas em geral, a resposta é caracterizada, principalmente, pela
ativação da microglia e de astrócitos (Hanisch, 2002). A microglia representa 20% das
células da glia (Kreutzberg, 1996). São células fagocíticas da família dos monócitos e
macrófagos, respondem rapidamente ao estímulo patogênico como forma de proteger o
cérebro e secretam várias moléculas inflamatórias, particularmente, as citocinas,
principais efetores na cascata inflamatória (Hanisch, 2002). A principal função da
microglia é remover debris de células, processo necessário para atenuar a resposta
inflamatória e promover o remodelamento tecidual. Porém a microglia também secreta
moléculas neurotóxicas, como glutamato e espécies reativas de oxigênio e nitrogênio,
que podem exacerbar a morte neuronal (Kreutzberg, 1996). Os astrócitos participam de
uma variedade de processos fisiológicos e fisiopatológicos e, em colaboração com as
2
Introdução
células da microglia, monitoram e mantêm a homeostase e o microambiente favorável
para a sobrevivência dos neurônios (Kempermann & Neumann, 2003).
Os astrócitos presentes na região da lesão desempenham dois papeis diferentes.
Por um lado, inibem a regeneração devido à formação de uma cicatriz glial pela secreção
de moléculas inibitórias do crescimento axonal (Sofroniew, 2009). Por outro lado, a
presença dos astrócitos em torno da lesão provê um ambiente favorável devido à
liberação de fatores neurotróficos que promovem o reparo do tecido e a neurogênese.
Quando a glia reativa é seletivamente removida em modelo experimental animal, a
degeneração secundária é exacerbada (Faulkner et al., 2004). A cicatriz glial tem por
função reparar a barreira hematoencefálica, prevenir infiltração de leucócitos e
estabelecer uma barreira entre a região da lesão e o resto do SNC, ainda não danificado,
impedindo maiores danos. Assim, embora as células da cicatriz glial produzam moléculas
inibitórias da regeneração do SNC, a formação da cicatriz glial pode ser encarada como
um mecanismo protetor.
A maioria dos mediadores inflamatórios tem relativamente pouca ação no tecido
nervoso saudável e é expressa em níveis baixos ou em níveis não detectáveis (Lucas et
al., 2006). No entanto, estas moléculas inflamatórias são induzidas rapidamente em
resposta à lesão no tecido e exercem funções diversas (Rothwell & Luheshi, 2000). As
citocinas são os principais mediadores da resposta neuroinflamatória (Simi et al., 2007) e
são críticas para a regulação da inflamação, uma vez que desempenham importante
papel na resposta celular neural em infecções e lesões no cérebro (Lucas et al., 2006).A
inflamação induz rápida expressão de mediadores inflamatórios produzidos e secretados
pela microglia e pelos astrócitos, como as citocinas inflamatórias IL-1β e α, IL-3, -6, TNFα (do inglês tumor necrosis factor alpha), TGFβ e α (do inglês transforming growth factor)
(Farooqui et al., 2007), quimiocinas e prostaglandinas, que aumentam a expressão de
moléculas de adesão e aumentam a permeabilidade da barreira hematoencefálica, o que
facilita a invasão de células periféricas e induz a liberação de moléculas potencialmente
tóxicas (Lucas et al., 2006; Simi et al., 2007).
A incapacidade das fibras nervosas regenerarem leva à morte do corpo celular
correspondente. Além disso, fibras não danificadas nas regiões próximas aos axônios
lesados são afetadas pelo espalhamento lateral da lesão e sofrem degeneração
secundária (Yoles & Schwartz, 1998a). A degeneração secundária parece ser mediada
por agentes como glutamato (Yoles & Schwartz, 1998b), radicais livres ou mediadores de
toxicidade, alguns dos quais relacionados exclusivamente com lesão axonal do SNC e
não com lesão direta aos corpos celulares (Bazan et al., 1995). A maioria da população
de neurônios e glia localizados na lesão morrem devido ao rompimento das membranas
3
Introdução
celulares ou como conseqüência da isquemia causada pela ruptura vascular. A morte
celular maciça na fase secundária ocorre por apoptose e necrose, afetando todas as
células nervosas. Estudos investigando alternativas terapêuticas para neuroproteção
estão em expansão, tendo como foco principal a intervenção farmacológica, objetivando
manipular os processos de lesão secundária e com isso melhorar o prognóstico dos
pacientes
com
traumatismo
crânio-encefálico
(TCE).
Alguns
agentes
atenuam
neurotoxicidade e morte celular secundária em modelos animais de derrame, lesão
traumática cerebral e espinal, porém em humanos os testes são inconclusivos (Ziebell &
Morganti-Kossmann, 2010).
Na última década muitos grupos focaram no desenvolvimento de novas terapias
com alvo na inflamação. Foi testado, para modelos de lesão traumática, o uso de
canabinóides (Shohami et al., 1997), corticosteróides, interrompido devido à alta
mortalidade (Edwards et al., 2005), antiinflamatórios não-esteroidais (Bye et al., 2007),
ibuprofeno, benéfico para modelo animal transgênico de Alzheimer, reduzindo a formação
das placas β-amilóides associado a redução de mediadores inflamatórios (Townsend &
Pratico, 2005), porém não conferiu neuroproteção em lesão traumática e o tratamento
crônico conferiu perdas cognitivas em ratos com TCE (Browne et al., 2006).
1.2
Citocinas no SNC
As citocinas constituem um grupo diverso de proteínas e, geralmente, são
associadas à inflamação, ativação imune e morte ou diferenciação celular. Esse grupo
inclui interleucinas (IL), originalmente identificadas como produtos de leucócitos (Allan &
Rothwell, 2001); interferons (IFN), sendo que as isoformas alfa e beta promovem a
resistência à replicação viral nas células (Akbar et al., 2000) e a isoforma gama,
produzida por células do sistema imune, tem ação sobre as células tronco mesenquimais
(Krampera et al., 2006); fatores de necrose tumoral (TNF); quimiocinas, caracterizadas
como um pequeno grupo de mediadores inflamatórios, secretadas por células da glia e
neurônios e conhecidas como proteínas que estimulam a motilidade de leucócitos
(Bajetto et al., 2001) também com importância na embriogênese e na homeostase
(Ziebell & Morganti-Kossmann, 2010); e, por fim, fatores de crescimento (Allan &
Rothwell, 2001). Liberadas por sinalização autócrina ou parácrina, estas proteínas
regulam o crescimento, a sobrevivência e a diferenciação de vários tipos celulares
(Hanisch, 2002). Muitos de seus receptores têm sido descritos no tecido nervoso e entre
eles estão os receptores de TNF-α, IFNγ, IL-1, -2, -3, -4, -6, -10, -12, -15 e -18 e TGFβ
(Szelenyi, 2001).
4
Introdução
Apesar de possuírem ações diversas, a maioria das citocinas, como outros
mediadores inflamatórios, tem pouca ou nenhuma função em tecidos saudáveis, porém
são induzidas rapidamente em resposta à lesão tecidual, infecção ou inflamação (Allan &
Rothwell, 2001). Considerando as propriedades funcionais das citocinas, pode-se dizer
que, quando derivadas de neurônios, estão predominantemente envolvidas com
comunicação celular, ativando as demais células neurais, enquanto que quando
derivadas da glia, fazem a mediação de crescimento, sobrevivência e reparo neuronais,
mas também podem levar a alterações patológicas crônicas associadas com algumas
doenças neurodegenerativas (Ziebell & Morganti-Kossmann, 2010). Por isso, este grupo
de proteínas tem sido definido como mediador e modulador de diversas formas de
neurodegeneração por exercer uma variedade de ações no SNC (Allan & Rothwell,
2001).
Citocinas específicas e fatores de crescimento como interleucinas, TNF, NGF (do
inglês nerve growth factor) e TGF foram implicados na cascata inflamatória póstraumática. Foram relatadas alterações nas concentrações sistêmicas e intratecais de IL1, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12, TNF e TGF em pacientes com traumatismo grave e aumento da
expressão de RNAm e das concentrações de diversas dessas citocinas foram
encontradas no período agudo pós traumático em lesões experimentais em ratos
(Lenzlinger et al., 2001)
As citocinas geralmente são liberadas alguns minutos após a lesão, pois estão
armazenadas intracelularmente como proteínas precursoras que eventualmente podem
sofrer modificações e se tornarem moléculas ativas (Morganti-Kossmann et al., 2002).
Ainda que de forma exemplificada, podem ser divididas e definidas como mediadores
pró-inflamatórios, por exemplo, IL-1, TNF-α e IL-6, que promovem alterações nos
neurônios antes que ocorra a morte celular; geralmente são as primeiras a sofrer
upregulation após a lesão e induzem a síntese de citocinas antiinflamatórias, como por
exemplo IL-10 e TGFβ, que mantêm a homeostase do SNC e garantem a viabilidade
celular inibindo respostas inflamatórias (Szelenyi, 2001), neurotrofinas e fatores de
crescimento que promovem a sobrevivência neuronal (Du & Dreyfus, 2002). Isso gera um
feedback auto-regulatório, restabelecendo a resposta imunológica local (MorgantiKossmann et al., 2002).
Estudos do papel das citocinas após uma lesão aguda têm gerado resultados
conflitantes, havendo tanto relatos de que sua ação contribuiria para os mecanismos de
reparo quanto exacerbaria a fisiopatologia do trauma. As citocinas pró-inflamatórias,
assim como o óxido nítrico, os radicais livres e as proteases, todos produzidos pela
microglia, possuem efeitos neurotóxicos (Raivich et al., 1999), enquanto que as citocinas
5
Introdução
antiinflamatórias e os fatores neurotróficos são responsáveis pela neuroproteção (Allan &
Rothwell, 2003). Porém, sobreposições significativas de funções ocorrem entre diferentes
citocinas e, portanto, existem redundâncias consideráveis. Devido ao papel dúbio dessas
proteínas, pode-se concluir que existem efeitos benéficos como promover diferenciação e
sobrevivência neuronais e induzir fatores neurotróficos. Camundongos nocaute para
citocinas vão a óbito após TCE experimental e camundongos nocaute para receptores de
citocinas apresentam aumento da lesão tecidual após TCE experimental. Altos níveis de
citocinas medidos após TCE foram associados com a lesão tecidual, edema, rompimento
da barreira hematoencefálica, morte neuronal e déficits neurológicos (MorgantiKossmann et al., 2002). Além disso, o papel de uma citocina em particular pode mudar de
acordo com o estágio da lesão, ou seja, se a expressão ocorre logo após a lesão, isto
contribui com o andamento da patologia, porém, se a expressão é tardia, colabora com o
reparo e recuperação do tecido (Allan & Rothwell, 2003). Por exemplo, o caso da IL-6,
uma citocina pleiotrópica, envolvida em diversos processos fisiológicos e patológicos, que
pode desempenhar efeito pró ou antiinflamatório, dependendo do microambiente em que
se encontra (Kamimura et al., 2003).
Outro aspecto interessante é a relação entre a inflamação e a morte neuronal que,
apesar das melhoras neurológicas dos pacientes, é um processo progressivo que dura
muito tempo após o TCE. Estudos in vitro indicam que as citocinas não causam a morte
neuronal diretamente, mas aumentam a expressão de moléculas como Fas e Fas-ligante,
que estão associadas a apoptose. Essas e outras moléculas pró e anti apoptóticas foram
encontradas no cérebro de humanos e ratos após TCE (Lenzlinger et al., 2002).
Em vista disso, pode-se dizer que a conseqüência final, em termos de viabilidade
neuronal, da resposta à lesão no SNC dependerá tanto do tipo de citocina expressa como
das outras moléculas secretadas pela glia em resposta a estas (Allan & Rothwell, 2003).
1.3
Células tronco mesenquimais secretam fatores ativos em reações
inflamatórias
Por definição, as células tronco são células indiferenciadas que, ao se dividir,
geram células-filhas semelhantes a elas, processo denominado de auto-renovação ou
geram células-filhas diferentes, caracterizando uma divisão assimétrica, propriedade
importante das células tronco, que define sua multipotencialidade e permite que sejam
originados diferentes tipos celulares especializados por divisões sucessivas (Bedada et
al., 2006). A classificação das células tronco é feita com base no seu potencial de
diferenciação, podendo ser totipotentes, pluripotentes, multipotentes, oligopotentes e
6
Introdução
unipotentes (Wagers & Weissman, 2004). Células tronco adultas são responsáveis pela
homeostase e integridade do tecido e têm sido descritas em muitos tecidos adultos, como
cérebro, coração, pulmões, rins e baço, no entanto, a fonte de células tronco adultas
melhor caracterizada é a medula óssea (Salem & Thiemermann, 2010). A medula óssea
contém populações celulares heterogêneas, incluindo células tronco hematopoiéticas,
macrófagos, eritrócitos, fibroblastos, adipócitos e células endoteliais. A outra porção
celular é denominada
células tronco
não hematopoiéticas, as células tronco
mesenquimais (CTMs), que representam 0,001 - 0,01% do total de células da medula
óssea (Uccelli et al., 2006).
As CTMs foram originalmente isoladas da medula óssea por Friedenstein e
colaboradores cerca de 40 anos atrás (Friedenstein et al., 1968) e foram denominadas
unidades formadoras de colônias de fibroblastos (CFU-F), o termo mesenquimal surgiu
em meados dos anos 90 (Caplan, 1991). Estas células possuem a capacidade de autorenovação e multipotencialidade e podem diferenciar-se em células de linhagem
mesodérmica como osso, cartilagem e gordura (Si et al., 2010). Porém, segundo dados
da literatura, as CTMs também são capazes de se diferenciar em células musculares
(Kurpinski et al., 2010), nervosas (Wislet-Gendebien et al., 2005), hepáticas (Tao et al.,
2009), renais (Singaravelu & Padanilam, 2009), pulmonares, do trato gastrointestinal,
pele (Krause et al., 2001) e miocárdio (Jackson et al., 2001). Assim como as células
tronco hematopoiéticas, a diferenciação das CTMs envolve vários estágios controlados
por fatores bioativos encontrados no microambiente local ou fornecidos por cultura de
células ex vivo.(Caplan & Dennis, 2006). Não há um marcador específico para CTMs, os
critérios utilizados pela International Society for Cellular Therapy (ISCT) são: aderência
ao plástico; expressão de CD73, CD90 e CD105; ausência de CD14, CD19, CD31, CD34,
CD45 e HLA-DR; capacidade de diferenciação em osteoblastos, condrócitos e adipócitos;
e funções imunomodulatórias (Horwitz et al., 2005).
Fora a medula óssea, as CTMs são encontradas em quase todos os tecidos e
órgãos como o tecido adiposo, periósteo, membrana sinovial, fluido sinovial, músculo,
derme, dente de leite, cartilagem articular, sangue de cordão umbilical e tecido
perivascular (pericitos) (Bianco et al., 2008; Feng et al., 2010; Phinney & Prockop, 2007).
Quando comparadas com outras linhagens de células tronco, como as embrionárias,
hematopoiéticas e neurais, as mesenquimais de medula óssea possuem vantagens,
como fácil acesso para o isolamento, grande potencial de expansão em cultura, o que
permite a manutenção do seu estado indiferenciado por longo período (Meirelles Lda &
Nardi, 2009), plasticidade, que permite que respondam a diversos estímulos intra e
extracelulares (Bedada et al., 2006), propriedades imunossupressoras e inexistência de
7
Introdução
problemas éticos na sua utilização em terapia celular, tornando-as as mais utilizadas
entre as células tronco adultas e reforçando sua utilização como uma terapia biológica
com várias aplicações clínicas (Salem & Thiemermann, 2010).
Muitas evidências indicam que as CTMs possuem potencial imunomodulatório,
propriedades antiinflamatórias e efeitos tróficos (Nauta & Fibbe, 2007). Estas
características fazem das CTMs boas candidatas para engenharia tecidual, medicina
regenerativa e tratamento de doenças autoimune. Estudos têm demonstrado que os
efeitos terapêuticos desempenhados pela CTMs são devido ao seu potencial de modular
o microambiente local, ativar progenitores endógenos e secretar vários fatores e não
devido a sua capacidade de diferenciar em outros tipos celulares (Zhang et al., 2007).
Atualmente, os efeitos tróficos das CTMs têm sido reportados em vários modelos
de doenças, como queimaduras, infarto do miocárdio, mal de Parkinson, entre outras (Si
et al., 2010). Os efeitos desses fatores secretados pelas CTMs podem ser diretos,
indiretos ou ambos. Os sinais diretos são desencadeados via sinalização intracelular,
enquanto que os indiretos, também denominados tróficos, fazem com que outras células
na redondeza também secretem fatores biologicamente ativos (Caplan & Dennis, 2006).
Portanto, estas células indiferenciadas podem ter funções distintas, como
a
transdiferenciação, ou seja, a substituição de células danificadas ou mortas no tecido ou
ter efeito parácrino nas células da vizinhança, sem gerar novos fenótipos mesenquimais
diferenciados, auxiliando a célula que está em processo de morte e estimulando as
células endógenas (Caplan, 2007), sendo esta última a hipótese mais aceita atualmente,
ou seja, as CTMs influenciam a regeneração de células ou tecidos pelo efeito dos fatores
bioativos por elas secretados (Caplan & Dennis, 2006; McFarlin et al., 2006).
O mecanismo de secreção parácrino das CTMs caracteriza seu poder
imunomodulatório via supressão da resposta imune, pela inibição da proliferação de
células T, B, células natural killer (NK) e células apresentadoras de antígenos. Alguns dos
fatores secretados pelas CTMs com propriedades imunomodulatórias são TGF–β, IDO 2,
3 (indolamina 2, 3 deoxigenase), HGF (hepatocyte growth factor), prostaglandina E2,
heme-oxigenase e óxido nítrico (NO) (Salem & Thiemermann, 2010).
McFarlin e colaboradores (2006) relataram essas funções distintas das CTMs
derivadas de medula óssea em feridas realizadas na pele de ratos. Primeiro, esses
autores evidenciaram que as CTMs teriam a capacidade de secretar uma variedade de
fatores de crescimento e citocinas, constitutivamente ou sob estimulação, que seriam
relevantes para o reparo do tecido e regeneração. A produção desses mediadores
solúveis seria importante para complementar os fatores de crescimento e citocinas
produzidos endogenamente e que regulam processos celulares como quimiotaxia,
8
Introdução
proliferação celular, sinalização celular, formação de matriz extracelular e angiogênese. A
segunda possibilidade está relacionada com a grande plasticidade e habilidade das
CTMs diferenciarem-se em uma variedade de tipos celulares e se integrar ao tecido.
As CTMs produzem citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento, como IL-6,
IL-7, IL-8, IL-11, IL-12, IL-14, IL-15, LIF (leukemia inhibitory factor), G-CSF (granulocyte
colony stimulating factor), GM-CSF (granulocyte macrophage colony-stimulating factor),
SCF (stem cell factor), M-CSF (macrophage colony-stimulating factor) e flk-3L (fms like
tyrosine kinase-3 ligand). Também expressam receptores de citocinas como IL-1R, IL-3R,
IL-4R, IL-6R e IL-7R. Quando induzidas, também expressam altos níveis de quimiocinas
leucocitárias, como CXCL9, CXCL10 e CXCL11 (Kode et al., 2009). Majumdar e
colaboradores (2000) demonstraram a expressão de genes de citocinas e de fatores de
crescimento por CTMs derivadas de medula óssea e investigaram a modulação da
expressão de citocinas que ocorre durante a diferenciação osteogênica e de estroma.
Estas células expressaram constitutivamente RNAm para IL-6, IL-11, LIF, M-CSF e SCF.
Quando estimuladas com IL-1α, as CTMs apresentaram aumento na expressão de IL-6,
IL-11 e LIF, e passaram a expressar níveis detectáveis de G-CSF e GM-CSF. Quando
cultivadas em meio osteogênico, as células diferenciaram-se em células da linhagem
osteogênica e houve diminuição nos níveis de IL-6, IL-11 e LIF, porém a expressão de MCSF e SCF não sofreu alteração e a de G-CSF e GM-CSF permaneceu indetectável.
Outros estudos utilizaram CTMs humanas ou de animais em modelos animais
para tratar infarto cardíaco (Shake et al., 2002), derrame (Li et al., 2005), regeneração de
menisco (Murphy et al., 2003) e secção da medula espinal (Keilhoff et al., 2006). O
mecanismo envolvido em todos esses casos parece ser sempre o mesmo: as células
tronco secretam fatores bioativos que inibem a cicatrização, inibem a apoptose,
estimulam a angiogênese e estimulam a proliferação de células progenitoras intrínsecas
do tecido (Caplan, 2007; Caplan & Dennis, 2006).
As CTMs também podem migrar para o tecido lesado ou inflamado e lá exercer
seu efeito terapêutico. O aumento da concentração de quimiocinas inflamatórias na
região lesada é o principal mediador do tráfego de CTMs para a lesão, uma vez que
essas células expressam muitos receptores para quimiocinas em sua superfície. A
quimiocina CXCL12 e seu receptor CXCR4 é a mais estudada nesse processo (Bhakta et
al., 2006). A administração sistêmica de CTMs humanas foi bem sucedida em várias
doenças como diabetes (Lee et al., 2006), lesões renais e cerebrais(Chamberlain et al.,
2007; Joyce et al., 2010; McTaggart & Atkinson, 2007); osteogenesis imperfecta (Horwitz
et al., 2001) e infarto do miocárdio (Brooke et al., 2007). Apesar do sucesso da aplicação
das células sistemicamente, poucas células atingem o local lesado (Marino et al., 2008)
9
Introdução
sendo que a hipótese mais aceita é que as células fiquem aprisionadas no pulmão
(Abdallah & Kassem, 2008). Porém o fato de que poucas células permanecem no local
lesado condiz com a hipótese de que não ocorre transdiferenciação e sim, que a
atividade trófica exercida por essas células altera o microambiente tecidual, levando à
regeneração local (Ohishi & Schipani, 2010).
Embora vários estudos mostrem o efeito de citocinas na estimulação de células
tronco endógenas derivadas de diversos tecidos, tanto in vitro quanto in vivo (Majumdar
et al., 2000; McFarlin et al., 2006; Zhang et al., 2010), pouco se sabe a respeito da
expressão e atuação de citocinas expressas por células tronco transplantadas em lesões
do SNC. Resultados da literatura mostram que, in vitro, TNF-α induz a proliferação de
células tronco neurais via sinalização por NF-κB (Widera et al., 2006). Além de estimular
a proliferação, TNF-α aumenta a gliogênese, enquanto IL-6 estimula a neurogênese a
partir de CTNs em cultura (Johansson et al., 2008). Outra citocina, IFNγ aumenta, in vitro,
a quantidade de neurônios gerados a partir de células tronco neurais derivadas do
estriado quando comparado com culturas não tratadas com a citocina (Johansson et al.,
2008).
1.4
Neurogênese e células tronco neurais endógenas
Em 1913, Santiago Ramon y Cajal concluiu que no SNC adulto, as vias neuronais
eram fixas e imutáveis. Desde então, a incapacidade do cérebro adulto gerar novos
neurônios após o nascimento tornou-se um dogma na neurociência por quase um século.
Já nas décadas de 70 e 80, com o surgimento da microscopia eletrônica, estudos
demonstraram que a neurogênese ocorre em discretas áreas do cérebro de ratos adultos
(Barber, 1982; Kaplan & Hinds, 1977). Finalmente, nos anos 90, a introdução do uso da
bromodeoxiuridina (BrdU) para análises de proliferação celular revolucionou as pesquisas
sobre a neurogênese no adulto, possibilitando a identificação de regiões proliferativas,
inclusive em primatas humanos e não humanos (del Rio & Soriano, 1989). A confirmação
de que a neurogênese ocorre no cérebro adulto resultou em importantes implicações
para a compreensão do desenvolvimento encefálico e o seu funcionamento, bem como,
para o uso de terapias em doenças neurológicas (Vandenbosch et al., 2009). Ficou
demonstrado que, assim como na fase embrionária, na fase adulta o cérebro também
apresenta células tronco neurais e neuroprogenitores (Basak & Taylor, 2009).
A neurogênese no adulto é evolucionariamente conservada em vertebrados,
(Kaneko & Sawamoto, 2009) e é caracterizada por gerar novos neurônios a partir de
células tronco neurais localizadas em regiões restritas, que migram para seu destino final,
10
Introdução
onde exercem sua função (Kojima et al., 2010). No cérebro do roedor adulto, células
tronco neurais (CTNs) estão concentradas na zona subventricular (subventricular zone,
SVZ) da parede do ventrículo lateral e na zona subgranular (subgranular zone, SGZ) no
giro denteado do hipocampo (Alvarez-Buylla & Lim, 2004). Há quatro tipos celulares na
SVZ: as células ependimais (1), que contornam a superfície do ventrículo lateral, são
ciliadas e expressam vários fatores que sustentam a proliferação e diferenciação das
CTNs; as células astrócitos-like (2), verdadeiras células tronco neurais, GFAP (glial
fibrilary acidic protein) positivas, que tem potencial de auto-renovação, apresentam taxa
de proliferação lenta e dão origem às células amplificadoras transitórias (3), que
proliferam rapidamente, são GFAP negativas e originam neurônios imaturos, os
neuroblastos (4), células migratórias, Dcx (doublecortin) positivas, que migram para seu
lugar definitivo no SNC (Kaneko & Sawamoto, 2009; Nam et al., 2007) (figura 1a e b). A
vasculatura também é muito importante no nicho neurogênico por levar hormônios e
fatores de crescimento que modulam a neurogênese (Shen et al., 2008).
Os processos biológicos que compõem a neurogênese podem ser divididos em
três: proliferação, migração e diferenciação, sendo que cada processo ocorre em um
local determinado que possui um conjunto próprio de relações celulares e interações
moleculares. A proliferação ocorre ao longo das paredes laterais dos ventrículos laterais
(Alvarez-Buylla & Lim, 2004). A migração, ou seja, a decisão do destino das CTNs da
SVZ é determinada por interações moleculares de células progenitoras neurais vizinhas,
os astrócitos e, provavelmente, também por células endoteliais e é sinalizada via
epinefrina, notch, Wnt, Sonic hedgehog (Shh) entre outros (Conover et al., 2000;
Riquelme et al., 2008).
A migração é um passo essencial na neurogênese do cérebro adulto (Okano &
Sawamoto, 2008). Por toda a vida adulta, células geradas na SVZ atravessam uma longa
distância tangencialmente, em corrente, pela corrente migratória rostral (RMS, rostral
migratory stream) para o bulbo olfatório, onde as células se diferenciam em
interneurônios e se integram à circuitaria neuronal olfatória (Alvarez-Buylla & Lim, 2004)
(figura 1c). Células no giro denteado nascem localmente na base da SGZ e migram uma
curta distância para integrar o giro denteado nas funções de aprendizagem e memória
(Kaneko & Sawamoto, 2009).
11
Introdução
Figura 1: Neurogênese na zona subventricular. (A) representação de secção coronal do
encéfalo adulto, localização e estrutura da SVZ. A SVZ está localizada na parede do ventrículo
lateral e é constituída de quatro tipos celulares: células ependimais (roxo), astrócitos-like (azul),
células amplificadoras transitórias (verde), neuroblastos (vermelho). Vaso sangüíneo (rosa). (B)
produção de neurônios na SVZ: astrócitos-like, células tronco neurais, com potencial de autorenovação (azul) dão origem às células amplificadoras transitórias (verde) que por sua vez
originam os neuroblastos (vermelho). (C) migração de neuroblastos pela corrente migratória rostral
(RMS, rostral migratory stream) para o bulbo olfatório. OB (bulbo olfatório). Figura modificada de
Kaneko et al., 2009
A migração dos neuroblastos durante o período de desenvolvimento do SNC é
caracterizada como migração gliofílica (Lois et al., 1996; Wichterle et al., 1997), ou seja,
os neurobastos utilizam a glia radial como suporte para a migração. Vários fatores
realizam a mediação desse processo no córtex cerebral, como Rho GTPases,
semaforinas-neuropilinas, neuregulinas, PSA-NCAM (Polysialic acid-neural cell adhesion
molecule) e proteoglicanos de condroitim sulfato (Gerhardt et al., 2004; Gu et al., 2009;
Kriegstein & Noctor, 2004). Na corrente migratória rostral, os neuroblastos sofrem
modificações no citoesqueleto, mediadas por Cdk5 (ciclina dependente de kinase 5)
(Hirota et al., 2007), possuem um processo anterior e um posterior, formam agregados de
células alongadas, classificadas como “corrente” e, dessa forma, deslizam uns sobre os
outros, o que caracteriza uma migração homofílica, além disso, são envoltos por
astrócitos, havendo a formação de um tubo glial em direção ao bulbo olfatório (figura 1c).
A molécula de adesão PSA-NCAM e β1-integrina expressas na superfície dos
neuroblastos (Murase & Horwitz, 2002), metaloproteinases de matriz produzidas pelos
neuroblastos e moléculas de matriz extracelular incluindo tenascina-C, proteoglicanos e
12
Introdução
lamininas estão envolvidas na migração de neuroblastos pela corrente migratória rostral.
Estas células também são guiadas por outras moléculas, como netrina1 (Murase &
Horwitz, 2002), prokineticina 2 (Ng et al., 2005), GDNF (glial cell-line derived neurotrophic
factor) e BDNF (brain-derived neurotrophic factor), que atraem as células para o bulbo
olfatório.
Lesões alteram a fisiologia cerebral causando alterações inclusive no padrão
normal da neurogênese no cérebro adulto. Após uma lesão no SNC, ocorre estimulação
da proliferação celular na SVZ, migração em corrente dos progenitores neuronais para a
área lesada e redução da migração das células da SVZ para o bulbo olfatório (Ohab &
Carmichael, 2008). O reconhecimento de sinais atrativos provenientes da lesão pelas
CTNs e a migração dessas células para o local lesado devem contribuir para o processo
de regeneração neuronal do SNC (Armstrong & Barker, 2001). Basicamente, o processo
inflamatório age na área neurogênica do cérebro, altera o microambiente das CTNs e
influencia em seu destino. Os processos envolvidos na neurogênese no adulto, ou seja,
proliferação, migração e diferenciação são alteradas pelos mediadores inflamatórios.
Uma resposta imune descontrolada prejudica a sobrevivência e proliferação dos
progenitores neurais e bloqueia o processo de reparo. Contudo, a ativação controlada da
microglia e de algumas moléculas inflamatórias são pró-neurogênicas e com isso, ajudam
a promover a recuperação (Das & Basu, 2008).
Sabe-se que durante a formação da corrente de migração, as células mudam
ativamente suas direções de movimento estendendo e retraindo seu processo anterior, o
que sugere que os neuroblastos interagem ativamente com o microambiente para
alcançar a área lesada por múltiplas rotas migratórias (Zhang et al., 2009). No entanto,
muitos mecanismos ainda são desconhecidos. Da mesma forma que nem todos os
fatores que atraem as células da SVZ para a região de lesão são conhecidos (Zhang et
al., 2004), os mecanismos pelos quais a lesão recruta essas células e os sinais que
estimulam a proliferação e a diferenciação das células precursoras neurais na SVZ após
uma lesão também permanecem desconhecidos (Ohab & Carmichael, 2008). O que se
sabe, é que a lesão aumenta a expressão, na SVZ, de genes que fazem parte de funções
comuns na sinalização e regulação da transcrição da angiogênese e neurogênese, como
por exemplo, NCAM, tenascina, FGF, EGF, vimentina, Notch, Olig1, Sox3 (Liu et al.,
2007).
Um fator que limita o processo neurogênico após um processo lesivo no cérebro é
a baixa taxa de sobrevivência dos progenitores neurais que chegam à lesão devido ao
ambiente hostil que encontram, ambiente gerado pelos mediadores inflamatórios
secretados pelas células do sistema imune que infiltram no cérebro e pelos elementos
13
Introdução
secretados pelas células da glia. Alguns estudos evidenciam que a ativação aguda das
cascatas pró-inflamatórias locais ou sistêmicas tem efeito negativo na neurogênese no
adulto (Molina-Holgado & Molina-Holgado, 2010). Dados indicam que a proliferação de
CTNs foi significativamente reduzida quando essas células foram cultivadas com meio
condicionado por microglia ativada e isso não aconteceu quando o meio foi condicionado
por microglia não ativada (Rock et al., 2004). Acredita-se que este efeito pode ter sido
mediado por citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias como IL-1β, TNF-α, IL-6, IL-18,
MCP-1 e espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Porém outros estudos sugerem que
a microglia ativada nem sempre é prejudicial para a neurogênese, na verdade, sob certas
condições elas podem ser benéficas (Ekdahl et al., 2009). Citocinas antiinflamatórias
como IL-4, IFN-γ, TGF-β1 e a pró-inflamatória TNF-α, quando agindo em seu receptor
TNFR2, podem promover diferenciação neuronal, e pró-inflamatórias como IL-1, IL-6, e
TNF-α agindo no receptor TNFR1, tendem a diminuir esse processo (Mathieu et al., 2010;
Widera et al., 2006).
Com base nessas informações, nossa hipótese é que, além dos efeitos anti e próinflamatórios desencadeados pela secreção de citocinas pelas CTMs, essas citocinas
poderiam proporcionar um ambiente favorável à sobrevivência, proliferação e
diferenciação desses progenitores no local lesado.
14
Objetivos
Objetivos
2
2.1
OBJETIVOS
Geral
Estudar a ação parácrina de citocinas secretadas por CTMs derivadas de medula
óssea de camundongos adultos sobre a proliferação, sobrevivência e diferenciação de
CTNs e a imunomodulação por CTMs.
2.2
Objetivos específicos
1. Análise in vitro da expressão de citocinas por CTMs, não diferenciadas, derivadas
de medula óssea de camundongos adultos.
2. Estudo dos efeitos das citocinas secretadas por CTMs sobre a proliferação,
sobrevivência e diferenciação de CTNs in vitro.
3. Análise da imunomodulação por CTMs adultas in vivo, transplantadas em modelo
de lesão traumática no SNC de camundongo adulto.
16
Material e Métodos
Material e Métodos
3
3.1
MATERIAL E MÉTODOS
Animais
Neste estudo, foram utilizados camundongos C57BL/6 machos provenientes do
Laboratório de Experimentação Animal do INFAR (Instituto Nacional de Farmacologia) e
do CEDEME (Centro de Desenvolvimento de Modelos Experimentais para Medicina e
Biologia), ambos da Universidade Federal de São Paulo. Os animais foram mantidos no
biotério do INFAR, sob regime de claro/escuro de 12h/12h (claro: 7h00 – 19h00), sendo a
temperatura ambiente mantida constante entre 22 ± 2 ºC, ração e água ad libidum. Todos
os experimentos com os animais foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de São Paulo (número de protocolo CEP 1367/08).
3.2
Obtenção e cultivo das CTMs
As CTMs foram obtidas da medula óssea de camundongos C57BL/6 machos
jovens (6 semanas de idade). Os animais foram eutanasiados em câmara de CO2. Os
fêmures foram extraídos e limpos cuidadosamente com um bisturi estéril para a retirada
de cartilagem e músculos e colocados em placa de Petri com DMEM baixa glicose (1 g/l)
(Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium, GibcoBRL, San Francisco, CA, EUA). Dentro do
fluxo laminar vertical, com o auxílio de uma tesoura, as epífises foram cortadas e
desprezadas. Uma seringa contendo DMEM baixa glicose [ bicarbonato de sódio 3,7 g/l e
HEPES 3,7 g/l (Sigma Chemical Co., St Louis, MO, EUA), NaCl 4,7 mg, pH 7,5], foi
inserida em uma das extremidades do osso e pressionada, recolhendo o líquido contendo
a medula em uma placa de Petri. A medula óssea foi desagregada com a seringa
(aspirações e despejos sucessivos), sendo que os volumes dos fêmures de cada animal
não foram misturados.
O material de cada medula óssea foi transferido para um tubo Falcon de 15 ml e a
solução centrifugada por 5 minutos a 400 xg à temperatura ambiente. O sobrenadante foi
desprezado, as células foram ressuspendidas em 3,5 ml de meio de cultura completo,
contendo DMEM baixa glicose suplementado com Soro Fetal Bovino (SFB) 10 %
(Cultilab, Campinas, SP, Brasil), glutamina 1 % (Sigma) e penicilina/estreptomicina 1 %
(GibcoBRL) e plaqueadas em placa de cultura de 6 poços (Corning Incorporated, New
York, NY, EUA), sendo que o volume total de células da medula óssea extraída de cada
fêmur foi colocada em um poço. As células foram mantidas em estufa a 37 ºC, com
controle de umidade (maior que 95 %) e 5 % de CO2.
18
Material e Métodos
Após 72 horas do plaqueamento, o meio de cultura foi aspirado juntamente com
as células não aderentes e trocado por meio fresco. As CTMs permanecem aderidas ao
plástico. O meio de cultura foi então trocado todos os dias e, atingindo aproximadamente
80 % de confluência, as células foram subcultivadas na proporção 1:2. Após o subcultivo,
a cada 3 ou 4 dias o meio foi trocado. Para o subcultivo, o meio foi aspirado, as células
lavadas com PBS-EDTA 0,03 % pH 7,4 1 X e acrescentado tripsina 0,1 % (Cultilab). As
células foram incubadas a 37 ºC por 10 minutos e, em seguida, a tripsina foi inativada
pela adição de DMEM baixa glicose suplementado com SFB 10 %. O material foi
transferido para um tubo Falcon de 15 ml e centrifugado a 400 xg por 5 minutos. Após a
centrifugação, o sobrenadante foi aspirado e as células ressuspendidas em meio
completo e plaqueadas.
O congelamento das CTMs foi feito com solução de congelamento consistindo de
SFB 90 % e DMSO 10 % (dimetilsulfóxido, MP Biomedicals, São Paulo, SP, Brasil). As
células foram incubadas com tripsina, centrifugadas a 400 xg por 5 minutos e congeladas
em proporção de 1:1 de solução de congelamento e meio de cultura. Foi feito um
congelamento gradual das células, primeiramente colocadas a -20 ºC, em seguida a 80 ºC e por fim, em nitrogênio líquido. Para a obtenção do meio de cultura condicionado
pelas CTMs, culturas de células confluentes (subcultivo 5º-10º) foram cultivadas em
DMEM baixa glicose, suplementado com SFB 0,5 %, por 96 horas. Após esse tempo, o
meio de cultura foi centrifugado a 400 xg por 5 minutos, o sobrenadante coletado e
congelado imediatamente, sendo mantido a -80 ºC até o uso.
3.3
Diferenciação das CTMs de camundongos
Com relação aos ensaios de diferenciação para a caracterização das CTMs, foi
empregado o teste de plasticidade para diferenciação adipogênica e osteogênica.
3.3.1
Diferenciação adipogênica
A diferenciação adipogênica foi induzida na 6ª passagem. As CTMs foram
cultivadas em uma densidade de 6x10 4 células/poço em placa de 24 poços (Corning) com
meio de cultura completo até atingirem a confluência. Nesse ponto, o meio de cultura foi
trocado por meio de cultura de indução de adipogênese que consiste em DMEM baixa
glicose suplementado com 1 μM de dexametasona (Sigma) em etanol, 100 μM de
indometacina (Sigma) em etanol, 10 μg/ml de insulina, 0,5 mM 3-isobutil-1-metilxantina
19
Material e Métodos
(IBMX, Sigma) em DMSO e SFB 5 %, por três dias. Em seguida, o meio de indução de
adipogênese foi trocado por meio de manutenção, constituído de DMEM baixa glicose
suplementado com insulina 10 μg/ml e SFB 5 %. Essa estimulação foi repetida duas
vezes, num total de 18 dias de tratamento. As células controle foram cultivadas em
DMEM baixa glicose suplementado com SFB 5 %.
Coloração:
A diferenciação adipogênica foi observada por microscopia após coloração por Oil
Red O e hematoxilina de Harris. Para a coloração, o meio de cultura foi aspirado e as
células foram lavadas 2 vezes com PBS 1X. Em seguida, as células foram fixadas com
paraformaldeído (PFA) (Synth, São Paulo, Brasil) 4 % por 1 hora a temperatura ambiente.
Após a fixação, as células foram lavadas 3 vezes com PBS 1X, 5 minutos cada e 1 vez
com isopropanol (Merck, Darmstadt, Alemanha) 60 %. Em seguida, as células foram
incubadas com solução Oil Red O 3 mg/ml por 1 hora a temperatura ambiente. Após esse
período as células foram lavadas novamente com PBS 1X e coradas com hematoxilina
de Harris por 5 minutos. As células foram mantidas em água para não secarem até as
fotos serem feitas.
3.3.2
Diferenciação osteogênica
A diferenciação osteogênica foi induzida na 6ª passagem das células. As CTMs
foram cultivadas em uma densidade de 6x10 4 células/poço em placa de 24 poços
(Corning) com meio de cultura completo até atingirem a confluência. A partir daí as CTMs
foram incubadas com meio de cultura contendo dexametasona 0,1 μM, sódio βglicerofosfato 10 mM e acido ascórbico 0,2 mM (Sigma). O meio foi trocado a cada três
dias e as células mantidas em cultura por 24 dias. O nível da diferenciação osteogênica
foi analisado por microscopia pela coloração Alizarin Red (Invitrogen, Carlsbad, CA, EUA)
e hematoxilina de Harris.
Coloração:
Para a coloração, o meio de diferenciação foi aspirado cuidadosamente e as
células foram fixadas com etanol 70 % gelado por 1 hora a temperatura ambiente. Após
fixadas, as células foram lavadas 2 vezes, 5-10 minutos cada, com água destilada e em
seguida incubadas com solução de Alizarin Red a temperatura ambiente por 30 minutos.
Após esse período a solução foi removida e as células lavadas 4 vezes com água
destilada. Ao final da última lavagem a água foi mantida para as células não secarem.
20
Material e Métodos
3.4
Obtenção e cultivo das CTNs
As CTNs foram obtidas da SVZ de camundongos C57BL/6 machos jovens (6
semanas de idade). Os animais utilizados foram eutanasiados por deslocamento cervical.
Os encéfalos dos camundongos foram depositados em uma placa de Petri contendo
DMEM alta glicose (4,5 g/l) (GibcoBRL). A dissecção foi feita sob uma lupa e o material
obtido foi transferido para um tubo de centrifugação contendo 1 ml de DMEM alta glicose.
Após a sedimentação o excesso de meio foi removido e as células incubadas com 1 ml
de tripsina 0,1 %, EDTA 10 mM, pH 6.3 por 3 minutos a 37 °C para a obtenção de células
isoladas. A seguir a tripsina foi inativada pela adição de meio de cultura contendo SFB
10%, o material foi homogeneizado e centrifugado a 400 xg por 5 minutos. O
sobrenadante foi removido e foi adicionado meio de cultura suplementado, cuja
composição está descrita a seguir. O tecido foi dissociado pela passagem dos
fragmentos por uma ponteira de 1.000 µl seguida pela passagem por ponteira de 200 µl,
até obter-se uma suspensão de células isoladas. A suspensão obtida foi filtrada em filtro
de 40 µm (BD, San Jose, CA, EUA), quantificadas e a viabilidade avaliada por coloração
com Trypan Blue (GibcoBRL). As células foram plaqueadas na densidade de
2,4x107 células/garrafa de cultura de 75 cm2 previamente tratada com Poly-Hema (Poli [2hidroxietil metacrilato], Sigma) para evitar a adesão das células à placa e promover a
formação das neuroesferas. A composição do meio de cultura para as células tronco
neurais é DMEM alta glicose 70 %, F12 30 % (GibcoBRL), penicilina/estreptomicina 1 %
(GibcoBRL), suplemento B27 2 % (GibcoBRL), EGF 20 ng/ml (Sigma), FGF-2 20 ng/ml
(R&D, Minneapolis, MN, EUA) e heparina 5 µg/ml (Sigma).
A formação das neuroesferas leva, em geral, de 14 a 21 dias para ocorrer e,
durante esse período, o meio de cultura foi trocado a cada 4 ou 5 dias. Para isso, as
células foram centrifugadas a 400 xg por 5 minutos e metade do meio de cultura de cada
placa foi trocado, sendo substituído por meio de cultura fresco. As neuroesferas formadas
foram mantidas em estufa a 37 ºC, com controle de umidade (maior que 95 %) e 5 % de
CO2. Depois de formadas, as neuroesferas foram cultivadas nas condições listadas a
seguir por 2 dias para verificar a viabilidade celular e 4 dias para verificar a sobrevivência
e diferenciação.
a.) Meio de cultivo completo com os fatores de crescimento (EGF e FGF2) e suplemento
B27 (controle);
b.) Meio condicionado por CTMs;
21
Material e Métodos
O suplemento B27 é utilizado no cultivo de células tronco neurais por conter fator
de sobrevivência. Na condição de cultivo de neurosferas em meio condicionado por
CTMs a quantidade de glicose foi ajustada, uma vez que as CTMs são cultivadas em
DMEM baixa glicose.
3.5
Medida da viabilidade celular pela dosagem da atividade de desidrogenase
mitocondrial (método do MTT)
As neuroesferas cultivadas por 48 horas nas condições descritas no item 3.4
foram mantidas em estufa a 37 °C, 5 % CO2 e umidade maior que 95 %. Ao término deste
período, as células foram centrifugadas a 400 xg por 5 minutos, o sobrenadante foi
descartado e foram adicionados 270 μl de meio de cultura e 30 μl de solução aquosa de
MTT (brometo de 3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difenil-tetrazólio) (Sigma) (5 mg/l) por poço
deixando-se incubar durante 3 horas a 37 °C. Após esse período a solução de MTT foi
retirada e então foram adicionados 180 μl de DMSO (MP Biomedicals) em cada poço. A
placa foi agitada por 15 minutos e o conteúdo foi transferido para uma placa de 96 poços,
seguindo-se a leitura da absorbância a 540 nm em leitor ELISA (Labsystems Multiskan
MS, Helsinki, Finlândia).
3.6
Ensaio de apoptose (TUNEL)
A reação de TUNEL (Terminal deoxynucloetidiltranferase (TdT)–mediated dUTP
nick and labeling) para detecção de células apoptóticas foi realizada de acordo com as
instruções no fabricante do ApopTag in situ Apoptosis Kit Detection (CHEMICOM,
Temecula, CA, EUA). Resumidamente, as neurosferas cultivadas nas condições
descritas no item 3.4 foram plaqueadas em lamínulas de vidro revestidas com poli-L-lisina
e laminina e mantidas em estufa a 37 ºC, 5 % CO2, umidade maior que 95 %, por 4 dias.
Após esse período, as neuroesferas foram fixadas com uma solução de etanol e ácido
acético (2:1), gelada, por 5 minutos à -20 °C, seguido de 2 lavagens, 5 minutos cada,
com PBS 0,1 M, pH 7. A seguir, foi colocado o tampão de equilíbrio diretamente nas
neuroesferas, durante 20 segundos, a temperatura ambiente e a solução da enzima TdT
foi aplicada. As neuroesferas foram incubadas em câmara úmida a 37 °C por 1 hora. Em
seguida, foi utilizado o tampão para parada da reação e lavagem, por 10 minutos, a
temperatura ambiente. Depois de lavadas 3 vezes com PBS, as neuroesferas foram
incubadas com anti-digoxigenina por 30 minutos em câmara escura a temperatura
ambiente. Finalmente, as neuroesferas foram lavadas com PBS (4 vezes, 2 minutos
22
Material e Métodos
cada) e incubadas com DAPI (Molecular Probes, Carlsbad, CA, EUA) 100 ng/ml em PBS
por 1 hora a temperatura ambiente, no escuro e lavadas novamente 3 vezes com PBS.
As lâminas foram montadas com Fluormont G (Electron Microscopy Sciences, Hatfield,
Hertfordshire, Inglaterra). As células foram fotografadas em microscópio confocal Zeiss
LSM510 (Zeiss, Oberkochen, Baden-Wurttemberg, Alemanha).
3.7
Imunofluorescência
As neurosferas cultivadas nas diferentes condições descritas no item 3.4, foram
centrifugadas 400 xg por 5 minutos e o sobrenadante descartado. A seguir, as células
foram fixadas em PFA 4 % por 40 minutos no gelo e imersas em solução de sacarose
10 % em PBS por 2h a 4 °C, solução de sacarose 20 % em PBS por 2h a 4 °C e,
finalmente solução de sacarose 30 % em PBS por 16h-18h, a 4 ºC. As neuroesferas
foram congeladas em isopentano (Sigma) usando gelo seco e embebidas em Tissue Tek
(Electron Microscopy Sciences). As neuroesferas foram seccionadas no criostato em
cortes de 12 μm de espessura e montadas em lâminas silanizadas (Superfrost, Fisher
Scientific, Philadelphia, PA, EUA) para realização de imunofluorescência. As lâminas com
os cortes foram mantidas a -20 °C até a realização das reações de imunofluorescência.
Para a imunofluorescência, as lâminas com os cortes de neuroesferas foram
lavadas 3 vezes, 5 minutos cada, com PBS 0,1 M pH 7,4 e incubadas com Triton X100 0,1 % em PBS à temperatura ambiente por 10 minutos. Em seguida, as neuroesferas
foram incubadas com HCl 2 M em PBS durante 1 hora a 37 °C.Ao término desta última
incubação, as neuroesferas foram lavadas novamente 2 vezes com PBS 0,1 M pH 7,4 e
bloqueadas com SFB 10 % e Triton X-100 0,1 % por 1 hora também a temperatura
ambiente. Foi adicionado o anticorpos primários (anti-GFAP de camundongo, produzido
em galinha, Millipore, Tremecula, EUA) diluído 1:300 em uma solução de bloqueio (SFB
10 %, Triton X-100 0,1 % em PBS 1X) e o anticorpo primário anti-BrdU conjugado com
Alexa594(Invitrogen) diluído 1:100 (em SFB 10 %, Triton X-100 0,1 % em PBS 1X)por 16h18h horas a 4 ºC.
Após esse período, as neuroesferas foram lavadas 2 vezes, 5 minutos cada, com
PBS e, em seguida, incubadas com anticorpos secundários (anti-IgG de galinha
conjugado com Alexa488 ou anti-IgG de camundongo conjugado com Alexa 546, Invitrogen)
diluídos 1:300 na solução de bloqueio. Os núcleos foram corados com DAPI (Molecular
Probes) 100 ng/ml em PBS 0,1 M pH 7,4 por 1 hora à temperatura ambiente. Novamente
as neuroesferas foram lavadas 3 vezes, 5 minutos cada, com PBS e as lâminas foram
montadas com Fluormont G (Electron Microscopy Sciences). As lâminas foram
23
Material e Métodos
analisadas por microscopia de fluorescência utilizando o microscópio Eclipse E600
(Nikon, Melville, NY, EUA). As imagens foram capturadas pela câmera digital Evolution
MP Color (Media Cybernetics, Silver Spring, MD, EUA) utilizando-se o programa
QcapturePro (QImaging, Surrey, BC, Canada).
3.8
Citometria de Fluxo
CTNs obtidas de camundongos C57BL/6 e mantidas como neuroesferas como
descrito
no
item
3.4,
foram
mantidas
em
DMEM
70 %,
F12
30 %,
penicilina/estreptomicina 1 %, suplemento B27 2 %, EGF 20 ng/ml, FGF-2 20 ng/ml e
heparina 5 µg/ml (meio controle) e em meio condicionado por CTMs por 4 dias. Vinte e
quatro horas antes do início das análises, as neuroesferas foram incubadas com BrdU
(Accurate Chemical & Scientific Corporation) 0,2 μM. As neurosferas foram centrifugadas
a 400 xg por 5 minutos e dissociadas utilizando tripsina 0,1 % a 37 °C por 5 minutos. As
células dissociadas foram centrifugadas a 400 xg por 5 minutos e fixadas em 0,5 ml de
solução de PFA 1 % em PBS 0,1 M pH 7,4 por 20 minutos no gelo. Em seguida, as
células foram centrifugadas a 400 xg por 5 minutos. O pellet celular foi lavado com 0,5 ml
de PBS e centrifugado novamente a 400 xg por 5 minutos e o sobrenadante descartado.
Após isso, as células foram incubadas com HCl 2 M em PBS durante 1 hora a 37 °C e
centrifugadas a 400 xg por 5 minutos, lavadas com 0,5 ml de PBS e centrifugadas
novamente a 400 xg por 5 minutos. As células foram incubadas a temperatura ambiente,
com anticorpo primário específico para marcador de proliferação celular: anti-BrdU
(Accurate Chemical & Scientific Corporation) diluído 1:300 em solução de bloqueio (SFB
10% em PBS). Após 1h as células foram lavadas com PBS e incubadas com o anticorpo
secundário anti-IgG de rato conjugado com Alexa488 diluído 1:300 em SFB 10 % em PBS.
Após 40 minutos as células foram novamente lavadas e ressuspendidas em 500 μl
PBS 0,1 M pH 7,4. A leitura e as análises foram realizadas em citômetro de fluxo (BD
FACSCaliburTM System, BD Biosciences) empregando o aplicativo Windows Multiple
Document Interface Flow Cytometry Aplication (WinMDI Version 2.9, The Scripps
Research Institute, San Diego, CA, EUA), com aquisição de 10.000 eventos tendo como
parâmetro FL2 em escala logarítmica que detecta a fluorescência verde. Os controles
negativos foram realizados na ausência de anticorpos primários.
24
Material e Métodos
3.9
Produção de lesão no SNC nos animais de experimentação e injeção de CTMs
As lesões foram produzidas no córtex motor primário do hemisfério esquerdo do
SNC de camundongos C57BL/6 machos adultos (3 meses de idade). Para a realização
da
lesão
criogênica,
os
camundongos
foram
anestesiados
com
xilasina
(32,8 mg/kg)/ketamina (66,4 mg/kg), posicionados em grade esteriotáxica e submetidos
ao protocolo descrito por Chiba e colaboradores (2004), já utilizado rotineiramente no
laboratório (Coulson-Thomas et al., 2008). Resumidamente, uma agulha de metal,
resfriada com nitrogênio líquido, foi introduzida no cérebro dos animais quatro vezes, por
30 segundos, nas coordenadas estereotáxicas correspondentes ao córtex motor primário
[ântero-posterior:
+0.198 mm;
médio-lateral: +0.175 mm;
dorso-ventral:
-0.15 mm;
(Paxinos & Franklin, 2001)] (figura 2a). Os animais foram submetidos a um protocolo de
tratamento de lesão aguda (24 horas) e crônica (30 dias). CTMs (1x105 células/3 μl),
entre os subcultivos 5 e 10, foram injetadas imediatamente após a realização da lesão,
utilizando a mesma anestesia e o mesmo acesso. Os controles consistiram de animais
que tiveram o córtex motor lesado, mas não receberam o transplante de CTMs e animais
sem lesão. Após 24 horas ou 30 dias da lesão e da injeção das células, os animais foram
eutanasiados sob anestesia com injeção intraperitoneal de tiopental de sódio (Tiopentax,
Cristália, São Paulo, Brasil) para coleta do encéfalo (Figura 2b). Os córtices motores
primários ipsilateral, contralateral e o cerebelo foram dissecados e o RNA total extraído
para análise da expressão das citocinas por PCR quantitativa. Também foi colhido o
sangue dos animais por punção cardíaca, para análise de citocinas no soro. O sangue foi
incubado a 37 °C por 30 minutos e centrifugado a 1.700 xg por 20 minutos para separar o
soro da porção vermelha do sangue. O soro foi imediatamente congelado e mantido a
– 80°C.
Figura 2: Coordenadas das lesões: As lesões foram realizadas no córtex motor primário nas
coordenadas estereotáxicas: ântero-posterior: +0.198 mm; médio-lateral: +0.175 mm; dorsoventral: -0.15 mm (A, desenho extraído de Paxinos e Franklin, 2001). Em B observamos um
encéfalo de camundongo adulto com lesão no córtex motor primário esquerdo (seta).
25
Material e Métodos
3.10 Análise dos transcritos gênicos
3.10.1 Extração do RNA dos tecidos dissecados e das células
Após 24 horas ou 30 dias da lesão no córtex motor e da injeção das CTMs, os
animais foram eutanasiados, o cérebro foi retirado da calota craniana de forma asséptica,
os córtices motores ipsilateral, contralateral e o cerebelo dissecados, imediatamente
congelados e mantidos à -80 °C até o processamento.
As CTNs mantidas como neuroesferas conforme descrito no item 3.4, foram
mantidas
por
4
dias
em
DMEM
70 %,
F12
30 %,
penicilina/estreptomicina
1 %,suplemento B27 2 %, EGF 20 ng/ml, FGF-2 20 ng/ml e heparina 5 µg/ml (meio
controle) e em meio condicionado por CTMs. Após este período, as células foram
submetidas ao protocolo de extração de RNA.
As CTMs (subcultivo 5-10) também foram submetidas à extração de RNA para a
análise de citocinas expressas constitutivamente por essas células.
A extração do RNA foi realizada utilizando TRIzol® Reagent (Invitrogen, San
Diego, CA, EUA) seguindo o protocolo do fabricante. Brevemente, os tecidos foram
homogeneizados em 1 ml de TRIzol® e incubados por 10 minutos à temperatura
ambiente. Foram adicionados 200 μl de clorofórmio (Merck), agitado e a mistura incubada
por 2 a 3 minutos à temperatura ambiente sendo, posteriormente, centrifugada a
12.000 xg (centrífuga modelo 5410 Eppendorf, Hamburg, Alemanha) de 2 °C a 8 °C por
15 minutos. Após a centrifugação, a mistura separa-se em uma fase mais densa de
coloração rosa (fenol-clorofórmio) no fundo do tubo contendo as proteínas, uma interface
branca (DNA precipitado) e uma fase sobrenadante aquosa (incolor) onde está contido o
RNA solúvel. Esta parte então foi transferida para outro tubo de microcentrífuga e foi
precipitado adicionando-se 500 μl de isopropanol (Merck). As amostras foram incubadas
à temperatura ambiente por 10 minutos e centrifugadas a 12.000 xg, de 2 °C a 8 °C por
10 minutos. O sobrenadante foi removido e o pellet de RNA foi lavado com etanol 75 %
[etanol (Merck); H2O livre de RNAse]. A solução foi agitada e centrifugada a 7.500 xg de
2 °C a 8 °C por 10 minutos. Ao final desse processo, o pellet contendo RNA foi seco ao
ar, ressuspendido em 22 μl de H2O livre de RNAse e armazenado à -80°C.
Segundo o protocolo do fabricante, quando o tecido tem peso abaixo de 15 mg,
deve-se utilizar aproximadamente 700 μl de TRIzol® Reagent. Após vários testes, o
volume ideal encontrado para um bom rendimento da extração do RNA dos córtices
motores foi de 500 μl, portanto para a extração do RNA desses tecidos foi utilizada a
metade da quantidade dos reagentes descritos acima, sendo que para o cerebelo
manteve-se 1 ml de TRIzol®.
26
Material e Métodos
Uma alíquota de 2 μl foi usada para quantificação do RNA utilizando-se o
espectrofotômetro ND-1000 (NanoDrop Technologies, Wilmington, DE, EUA). Após a
quantificação, as amostras de RNA foram submetidas à eletroforese em gel de agarose
em TBE 0,5X (Tris-borato-EDTA – tris-borato 45 mM e EDTA1 mM, pH 8,3) para análise
das unidades conservadas do rRNA, 18S e 28S, que indicam a integridade do RNA. No
gel de agarose foram aplicados 2 μg de RNA juntamente com 1 μl de loading dye (LGC,
Teddington, Middlesex, Reino Unido). A corrida foi feita a 5V/cm por 1 hora e 30 minutos.
3.10.2 Síntese do DNA complementar
Após a quantificação, 2 μg do RNA total foram utilizados para a síntese da fita de
DNA complementar. A este RNA foram adicionados 0,5 mM de Oligo(dT)15 Primer
(Promega, Madison, WI, EUA), e H2O livre de RNase até completar volume de 5 μl. Essa
mistura foi incubada por 5 minutos a 70°C seguido por 5 minutos a 4°C. Após esse
período de incubação, foram adicionados às amostras 0,5 μl de RNasin® Ribonuclease
Inhibitor (Promega), 1,0 μl de desoxinucleotídeo trifosfato 10 mM (dNTP Promega), 1,0 μl
de ImProm-II Reverse Transcription System (Promega), 4,0 μl do tampão da enzima,
2,4 μl de MgCl2 25 mM e 6,1 μl de H2O livre de RNase. As condições de amplificação
utilizadas em termociclador (Eppendorf, Hamburgo, Alemanha) foram: 25 °C por 5
minutos, 42 °C por 60 minutos, 70 °C por 15 minutos. Após a síntese, o cDNA as
amostras foram armazenadas a -20 °C.
Para verificar a eficiência da RT-PCR, foi realizada uma reação de PCR para
amplificação do gene endógeno HPRT, sendo as condições da reação: 12,8 μl de H2O
DNase free, 0,04 mM de cada primer (forward 5’ CTCATGGACTGATTATGGACAGGAC
3’ e reverse 5’ GCAGGTCAGCAAAGAACTTATAGCC 3’), 0,5 mM de dNTP (Promega),
GoTaq (Promega) 2,5 μl do tampão da enzima, 3 mM final de MgCl2 e 1 μl de cDNA. As
condições de amplificação utilizando-se termociclador Eppendorf foram: 92 °C por 2
minutos, seguido de 35 ciclos de 94 °C por 1 minuto, 55 °C por 1 minuto, 72 °C por 1
minuto, finalizando com 1 ciclo a 72 °C por 5 minutos. As amostras foram analisadas por
eletroforese em gel de agarose 1,5 % em tampão TAE 1X (tris-acetato-EDTA – trisacetato 0,04 M e EDTA 0,001 M). No gel de agarose foram aplicados 4 μl do produto de
PCR juntamente com 1 μl de loading dye (LGC). A corrida foi feita a 100 V por 30
minutos.
3.10.3 PCR em tempo real (qPCR)
Utilizando RNA extraído de CTNs, fizemos as análises para os seguintes
transcritos gênicos: GFAP, nestina, GAP43, SOX2 e os genes endógenos GAPDH e
27
Material e Métodos
βactina (tabela 1). A reação de qPCR foi realizada utilizando Brilliant® II SYBR® Green
QPCR Master Mix (Stratagene, La Jolla, CA, EUA) em termociclador Stratagene
Mx3000P QPCR System (Stratagene). Para cada reação, 400ng de cDNA foram
adicionados a 10 μl de SYBR®-Green, 1 μl do primer sense (0,5μM, concentração final),
1 μl do primer anti-sense (0,5 μM, concentração final), 0,3 μl de DyeROX (diluído 1:500) e
água livre de RNAses para completar um volume final de 20 μl. Todas as reações foram
realizadas em triplicata. O ciclo das reações consistiu de: ativação a 95 ºC por 10 minutos
e 40 ciclos de 95 ºC por 15 segundos, 60 ºC por 1minuto e 72 ºC por 1 minuto.
Tabela 1: seqüência dos primers utilizados para as CTNs
gene
gfap
nestina
gap43
sox2
βactina
gapdh
sense
antisense
sense
antisense
sense
antisense
sense
antisense
sense
antisense
sense
antisense
seqüência do primer
5’–CTCAGTACGAGGCAGTGGCC–3’
5’–CGGGAAGCAACGTCTGTGA–3’
5’– AGCAACTGGCACACCTCAAG–3’
5’–GGTGTCTGCAAGCGAAAGTTC–3’
5’-AAGGAGGAGCCTAAACAAGCCGAT-3’
5’-TAGGTTTGGCTTCGTCTACAGCGT-3’
5’–ATCCCATCCAAATTAACGCA–3’
5’–GAAGCGCCTAACGTACCACT–3’
5’-CGATGCCCTGAGGCTCTTT-3’
5’-TGGATGCCACAGGATTCCA-3’
5’-AAGAAGGTGGTGAAGCAGGCATCT-3’
5’-ACCCTGTTGCTGTAGCCGTATTCA-3’
tamanho do produto (pb)
132
146
200
206
200
200
Utilizando RNA de CTMs, analisamos os transcritos gênicos das citocinas IL-6,
TNF-α, IL-10 e IL-4 (tabela 2). Os endógenos utilizados também foram GAPDH e βactina.
Tabela 2: seqüência dos primers utilizados para as CTMs.
gene
IL-6
seqüência do primer
sense
tamanho do produto (pb)
5´-CACAAAGCCAGAGTCCTTCAGAGA-3´
228
antisense 5´-CTAGGTTTGCCGAGTAGATCT-3´
TNF-α
sense
5´-ATGAGCACAGAAAGCATGATC-3´
273
antisense 5´-TAGAGGCTTGTCACTCGAATT-3´
IL-10
sense
5´-TCCCCTGTGAAAATAAGAGCA-3´
100
antisense 5´-TGGCCTTGTAGACACCTTGG-3´
IL-4
sense
5´-ACAGGAGAAGGGACGCCATG-3´
222
antisense 5´-GCAGCTTATCGATGAATCCA-3´
Para amplificar os transcritos gênicos específicos para cada citocina e para o
controle endógeno nos tecidos dissecados, utilizou-se o sistema TaqMan (Applied
Biosystems,
Foster
City,
CA,
EUA).
As
citocinas
analisadas
foram
IL-4
28
Material e Métodos
(Mm00445259_m1),
IL-10
(Mm00439614_m1),
IL-6
(Mm00446190_m1),
TNF-α
(Mm00443258_m1) e o controle endógeno HPRT (Mm00446968_m1). Cada reação foi
realizada em triplicata em reações com volume final de 10 μl. Adicionou-se 5 μl de Mix
TaqMan, 0,5 μl de primer, 1 μl de cDNA completando com água até 10 μl. A reação foi
realizada em aparelho ABI Prism 7700 Sequence Detection System (Applied Biosystem).
A partir das curvas de amplificação geradas foi determinado o número de ciclos
que passam um limiar Ct (Cycle Threshold), no qual todas as amostras podem ser
comparadas. Com esses valores, foi empregado o método de quantificação relativo em
tempo real, no qual os resultados obtidos com a análise dos genes de interesse foram
comparados com o gene endógeno HPRT. Dessa maneira, níveis arbitrários de mRNA
foram expressos como uma diferença de “n” vezes em relação ao calibrador (grupo
controle). A expressão relativa dos genes foi calculada utilizando o método 2 –ΔΔCt (Livak &
Schmittgen, 2001) onde:
1. Ct: indica o número do ciclo no qual a quantidade do gene alvo amplificado alcança um
limiar fixo; quanto menor o valor numérico de Ct, mais rapidamente foi atingido o número
de cópias estabelecido;
2. ΔCt: normalização com um gene de expressão constitutiva; é obtido pela diferença
entre o Ct do gene alvo e o Ct do gene endógeno para cada amostra;
3. ΔΔCt: média do ΔCt do grupo controle - ΔCt de cada gene para cada amostra.
3.11 Análise de citocinas por Multiplex
O soro dos animais que foi coletado no dia da eutanásia e o meio condicionado
por CTMs foram congelados a -80oC até o momento da análise. O painel de citocinas
avaliadas foi Mouse Th1/Th2 (Bio Rad, Hercules, CA, EUA), que contém anticorpos para
quantificar as citocinas CXCL1 (KC), CXCL5 (LIX), CXCL9 (MIG), CXCL10 (IP-10),
CXCL12 (MIP-2; SDF-1), CCL2 (MCP-1), CCL3 (MIP-1α), CCL4 (MIP-1 ), CCL5
(RANTES), CCL11 (eotaxin), G-CSF, GM-CSF, INFγ, IL-1 , IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, IL-13,
IL-17, LIF, TNF-α e VEGF. O ensaio foi desenvolvido de acordo com o protocolo do
fabricante. Brevemente, 50 µL do soro e do meio condicionado foram usados. O filtro da
placa de 96 poços foi lavado com Bioplex Assay Buffer (Bio-Rad). Em seguida, foram
adicionados os beads conjugados com anticorpos anti-citocinas, lavados a seguir com
Bioplex Wash Buffer, sendo posteriormente adicionadas as amostras a serem testadas,
soro dos animais e meio condicionado por CTMs. Após incubação de 2 horas, a placa foi
novamente lavada com o Bioplex Wash Buffer, sendo então adicionado a cada poço o
29
Material e Métodos
anticorpo biotinilado de detecção para um epítopo diferente da citocina, formando então
um sanduíche de anticorpos, incubado por 1hora. Após esse período, novas lavagens
com o Bioplex Wash Buffer foram realizadas sendo então adicionado estreptavidina
conjugada com peroxidase, que se liga ao anticorpo biotinilado, por 30 minutos. Novas
lavagens foram realizadas com Bioplex Wash Buffer e os beads foram ressuspensos com
Bioplex AssayBuffer e analisados no Bioplex Suspension Array System/ Luminex (BioRad) utilizando o Software Bio-Plex Manager, versão 4.0 (Bio-Rad). Os resultados
obtidos são referentes a, no mínimo, 100 beads por citocina. Houve a realização de uma
curva padrão das citocinas analisadas, que varia de 10,000 to 3,2 pg/mL.
3.12 Análise estatística
A significância estatística dos resultados foi determinada utilizando-se o método
ANOVA e teste de Tukey. Os resultados apresentados são a média ± erro padrão, sendo
considerados estatisticamente diferentes se p<0.05.
30
Resultados
Resultados
4
4.1
RESULTADOS
Isolamento e cultivo de células tronco mesenquimais derivadas de medula
óssea de camundongos
As CTMs foram extraídas da medula óssea do fêmur de camundongos machos
jovens (6 semanas de idade). As células foram plaqueadas e separadas dos outros tipos
celulares presentes na medula por aderência ao plástico e foram cultivadas até a
passagem 10, quando foram congeladas (figura 3).
Figura 3: CTMs derivadas de medula óssea do fêmur de camundongos machos de 6 semanas, na
5ª passagem. Barra de escala=100µm.
4.2
Ensaios de diferenciação
Para a caracterização das CTMs, as células foram induzidas a diferenciar em
outros tipos celulares, como adipócitos e osteócitos. As células foram incubadas com
meio de indução de diferenciação em adipócitos e osteócitos. A verificação da
diferenciação foi realizada por coloração por Oil Red O, para visualizar vesículas
adiposas presentes nas células (figura 4) ou com Alizarin Red, que possibilita a
visualização de depósitos de cálcio (figura 5).
32
Resultados
Figura 4: Diferenciação adipogênica das CTM. (A) CTMs induzidas a diferenciar em adipócitos.
A seta indica vesículas de gordura no interior das CTMs. As células foram mantidas em meio de
cultura suplementado com insulina, dexametasona, IBMX e indometacina, por 18-21 dias e
coradas com Oil Red O/hematoxilina. (B) Controle, CTMs mantidas em cultura por 18-21 dias, com
meio de cultura controle, coradas com hematoxilina. Barra de escala = 100 μm.
Figura 5: Diferenciação osteogênica das CTMs. (A) CTMs induzidas a diferenciar em
osteócitos, as setas indicam acúmulo de cálcio. As células foram mantidas em meio de cultura
suplementado com dexametasona, ácido ascórbico e β-glicerofosfato, por 24 dias e coradas com
Alizarin Red. (B) Controle, CTMs mantidas em cultura por 24 dias, em meio de cultura controle.
Barra de escala = 100 μm.
33
Resultados
4.3
Isolamento e cultivo de CTNs derivadas da SVZ de camundongos
As CTNs foram obtidas da SVZ de camundongos machos jovens (6 semanas de
idade). As células foram cultivadas em suspensão para promover a formação de
neuroesferas e não ocorrer diferenciação (Figura 6). A formação das esferas leva, em
geral, de 14 a 21 dias e, depois de formadas devem ser utilizadas em curto prazo, pois
entram em senescência.
Figura 6: CTNs derivadas da SVZ de camundongos machos de 6 semanas de idade cultivadas
como neuroesfera.Barra de escala = 25 μm.
4.4
4.4.1
Efeitos das citocinas secretadas por CTMs sobre a sobrevivência,
proliferação e diferenciação de CTNs in vitro
Expressão de citocinas por CTMs derivadas de medula óssea
Primeiramente, utilizando a metodologia de Multiplex, fizemos a análise do meio
condicionado por CTMs e observamos que essas células secretam uma variedade de
quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento mesmo sem receber estímulo (tabela 3).
34
Resultados
Tabela 3: Quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento detectados no meio de cultura
condicionado por CTMs.
Quimiocinas
MCP1 (CCL2)
MIP1a (CCL3)
MIP1b (CCL4)
Rantes (CCL5)
KC (CXCL1)
LIX (CXCL5)
IP10 (CXCL10)
LIF
MIG (CXCL9)
Citocinas pró-inflamatórias
IL-6
IL17
TNF-α
INFg
Citocinas antiinflamatórias
IL-4
IL-5
IL-10
Fatores de crescimento
G-CSF
VEGF
Concentração
(pg/ml)
687,0-1719,4
93,2-2998,6
208,0-5172,1
6,8-2339,0
573,0-1920,0
0,0-840,3
74,2-496,2
3,1-8306,0
0,0-55,5
0,0
0,9-1,8
0,0-0,2
0,6-5,2
1,9-2,4
1,3-1,8
0,0-12,1
2,5-3,0
1060,1-3389,1
Como nosso objetivo foi avaliar a resposta inflamatória in vivo e tendo
acompanhado dados da literatura sobre inflamação no SNC, optamos pelas citocinas próinflamatórias IL-6 e TNF-α e as antiinflamatórias IL-10 e IL-4.
Para verificar se havia expressão do RNAm dessas quatro citocinas, utilizamos
CTMs no subcultivo 5. O RNA foi extraído e foi realizada PCR para as quatro citocinas
selecionadas (figura 7), seguida de eletroforese em gel de agarose. Podemos observar
que as CTMs têm expressão constitutiva de IL-6 e TNF-α, baixa expressão de IL-10 e
nenhuma expressão de IL-4. Apesar de não termos encontrado IL-6 no meio
condicionado, observamos que essas células expressam o RNAm para a molécula. A
falta de detecção de RNAm de IL-4 pode ter sido devido ao não funcionamento da
reação, uma vez que foi possível detectar IL-4 no meio de cultura condicionado pelas
CTMs.
35
Resultados
Figura 7: Expressão de citocinas por CTMs derivadas de medula óssea . CTMs no subcultivo
5 foram submetidas à extração de RNA, seguida de RT-PCR e PCR para as citocinas IL-10, IL-6,
TNF- α, e IL-4, além dos genes endógenos β-actina e GAPDH. As CTMs expressam
constitutivamente RNAm para IL-6, TNF-α e IL-10, mas não foi detectado RNAm para IL-4.
Experimento realizado em triplicata.
4.4.2
Sobrevivência de CTNs
4.4.2.1 Viabilidade das CTNs cultivadas com meio condicionado por CTMs
Para testar a possível atividade das citocinas solúveis no meio condicionado por
CTMs como fatores de sobrevivência das CTNs, as neuroesferas foram mantidas em 2
condições de cultivo distintas: com meio completo, ou seja, com os fatores de
crescimento EGF, FGF-2 e suplemento B27; ou com o meio condicionado por CTMs, por
um período de 48 horas. Ao término desse período de incubação, a quantidade de
células viáveis foi avaliada pela medida da atividade de desidrogenase mitocondrial
(ensaio de MTT). Este método avalia a atividade metabólica das células quantificando a
redução metabólica do MTT (brometo de 3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difenil-tetrazólio) por
desidrogenases associadas ao NADPH e ao NADH, resultando na produção de cristais
de formazano, de cor violeta, no interior das células. A intensidade da cor é medida em
espectrofotômetro, e pode ser correlacionada com a quantidade de células que estavam
vivas ao término do experimento.
Como indicado na figura 8, podemos observar que não houve alteração na
viabilidade das CTNs após 48 horas de incubação, tanto em condições ideais de cultivo,
ou seja, com meio completo suplementado (EGF, FGF-2 e B27), como com o meio
36
Resultados
condicionado por CTMs, sugerindo que os fatores solúveis secretados pelas CTMs
seriam suficientes para a manutenção da viabilidade celular das CTNs.
0.35
Abs (540 nm)
0.30
0.25
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
Controle
Meio condicionado
Figura 8: Viabilidade das CTNs cultivadas com meio condicionado por CTMs. As CTNs
cultivadas como neuroesferas foram cultivadas em meio completo (controle) e com meio
condicionado por CTMs. Após 48 horas de incubação nessas condições foi realizado o ensaio de
MTT e a análise feita em espectrofotômetro. As barras indicam as médias de triplicatas
experimentais ± desvio padrão. Fatores secretados por CTMs no meio condicionado permitem a
manutenção da viabilidade das CTNs.
4.4.2.2 Avaliação da apoptose das CTNs cultivadas com meio condicionado por
CTMs
Com o objetivo de avaliar os efeitos parácrinos das citocinas secretadas por CTMs
sobre a morte celular das CTNs cultivadas como neuroesferas, utilizamos o ensaio de
apoptose TUNEL (Terminal deoxynucloetidiltranferase (TdT)–mediated dUTP nick and
labeling). Este método é utilizado para detectar DNA fragmentado, resultante da cascata
de apoptose. A técnica é baseada na catálise, pela enzima TdT, da adição de dUTP
fluorescente nos terminais 3’-hidroxil dos fragmentos de DNA.
Após a formação das neuroesferas, estas foram plaqueadas em lamínulas
previamente tratadas com poli-L-lisina e laminina por um período de 4 dias. As
neurosferas foram mantidas em meio completo ou em meio condicionado por CTMs.
Após a realização da reação de TUNEL, as neuroesferas foram analisadas por
escaneamento a laser de forma descendente em microscópio confocal.
Na figura 9 podemos observar que as células presentes nas neuroesferas
cultivadas com o meio condicionado apresentam taxa de apoptose semelhante à das
neuroesferas cultivadas em seu meio suplementado. Esses dados complementam os
37
Resultados
resultados obtidos por MTT, que sugerem que CTMs secretam fatores de sobrevivência
para CTNs.
Figura 9: Ensaio de apoptose das CTNs cultivadas como neuroesferas com meio
condicionado por CTMs. As neuroesferas foram cultivadas em meio completo (controle, painel A)
ou com meio condicionado por CTMs (painel B). As células foram mantidas nessas condições por
4 dias e, após esse período, foi realizado o ensaio de TUNEL para a identificação de células
apoptóticas (verde). Os núcleos foram corados com DAPI (azul).
4.4.3
Proliferação de CTNs
4.4.3.1 O meio condicionado por CTMs induz a proliferação das CTNs
Para avaliar o efeito dos fatores solúveis secretados por CTMs sobre a
proliferação de CTNs foi utilizada a incorporação de BrdU, com análise realizada por
duas metodologias diferentes, citometria de fluxo e imunofluorescência em cortes das
neurosferas. Após a formação das neuroesferas, estas foram incubadas com meio
completo ou com meio condicionado por CTMs por 4 dias. Vinte e quatro horas antes da
análise, acrescentou-se BrdU (0,2µM) nas placas de cultura.
Os resultados da citometria de fluxo indicam que 27% das células incorporaram
BrdU quando as neuroesferas foram cultivadas em meio completo, enquanto que para as
neurosferas cultivadas em meio condicionado foi de 37% (figura 10). Resultado
semelhante foi observado quando a análise foi realizada por imunofluorecência (figura
11). Esses dados mostram que os fatores solúveis secretados por CTMs promovem a
proliferação de CTNs in vitro, sugerindo que o mesmo efeito poderia ocorrer in vivo.
38
Resultados
% células BrdU+
40
***
30
20
10
0
Controle
Meio condicionado
Figura 10: Meio condicionado por CTMs estimula proliferação de CTNs in vitro (citometria
de fluxo). As neuroesferas derivadas da SVZ de camundongos de 6 semanas de idade foram
cultivadas por 4 dias em seu meio completo (controle) e em meio condicionado por CTMs. 24
horas antes da análise, as neuroesferas foram incubadas com BrdU. As células que incorporaram
BrdU foram reconhecidas por anticorpo primário anti-BrdU, seguido de marcação com anticorpo
secundário fluorescente. O gráfico mostra a porcentagem de células BrdU+ para cada condição.
Os controles negativos tinham ausência de anticorpo primário. (***p<0,0001).
Figura 11: Meio condicionado por CTMs estimula proliferação de CTNs in vitro
(imunofluorescência). Imunofluorescência para GFAP (verde, marcador de células da glia) e
BrdU (vermelho). Os núcleos foram corados com DAPI. As neuroesferas foram cultivadas em meio
completo (controle, painel A) e em meio condicionado por CTMs (painel B) por 4 dias. Foram feitas
criossecções de 12 µm de espessura. Objetiva de 40X. Barra de escala=20 µm.
39
Resultados
4.4.4
Diferenciação de CTNs
4.4.4.1 Expressão de genes neuronais e gliais por CTNs em resposta aos fatores
solúveis secretados por CTMs
Após investigarmos o efeito dos fatores solúveis secretados por CTMs sobre a
sobrevivência, morte e proliferação das CTNs in vitro, avaliamos se esses fatores
poderiam causar alterações na expressão gênica das CTNs. Os genes escolhidos foram:
GFAP, nestina, GAP43 e SOX2. A proteína GFAP é um componente dos filamentos
intermediários presentes em astrócitos, nestina também é uma proteína de filamento
intermediário, porém utilizado como marcador de células imaturas, GAP43 é um
marcador de cone de crescimento axonal e SOX2 é um fator de transcrição envolvido na
manutenção da pluripotência de CTNs e na diferenciação neuronal durante a
neurogênese.
Após extração do RNA das CTNs cultivadas como neuroesferas em meio
completo (controle) ou em meio condicionado por CTMs por quatro dias, a expressão dos
genes selecionados foi avaliada quantitativamente, por qPCR. A análise foi feita a partir
da normalização da expressão por dois genes endógenos, GAPDH e β-actina. Os
resultados apresentados são a média de triplicatas experimentais.
Observamos que nas neuroesferas cultivadas com meio condicionado por CTMs
houve aumento da expressão de GFAP (p<0,0001) ao passo que houve diminuição da
expressão de nestina (p<0,05) (figura 12A e B), porém não houve alteração na expressão
de GAP43 e SOX2 (figura 12 C e D).
40
***
40
30
3
2
1
0
Controle
Meio condicionado
Ct
50
70
RNAm de GFAP/ actina (2 -
-
)
Ct
60
RNAm de GFAP/GAPDH (2
A
)
Resultados
60
***
50
40
3
2
1
0
Controle
Meio condicionado
0.75
0.50
*
0.25
0.00
RNAm de SOX2/GAPDH (2
0.75
0.50
*
0.25
0.00
Controle
Meio Condicionado
1.25
-
0.50
0.25
0.00
Meio Condicionado
1.00
0.75
0.50
0.25
0.00
Controle
Meio Condicionado
)
Controle
RNAm de GAP43/ actina (2
0.75
Ct
)
RNAm de GAP43/GAPDH (2
1.00
1.5
-
1.25
-
Ct
D
1.00
)
Ct
1.25
-
Ct
)
Meio Condicionado
RNAm de Nestina/ actina (2
1.00
Controle
C
1.25
-
Ct
)
1.25
1.00
0.75
0.50
0.25
0.00
Controle
Meio condicionado
RNAm de SOX2/ actina (2
RNAm de Nestina/GAPDH (2 -
Ct
)
B
1.0
0.5
0.0
Controle
Meio Condicionado
Figura 12: Expressão de GFAP (A), nestina (B), GAP43 (C) e SOX2 (D) por CTNs. Análise por
qPCR da expressão de GFAP, nestina, GAP43 e SOX2 por CTNs cultivadas como neuroesferas.
Os fatores secretados por CTMs promoveram aumento da expressão de GFAP e diminuição da
expressão de nestina. Os valores são médias aritméticas do ΔΔCT ± erro padrão, normalizados
pela expressão de GAPDH e βactina e calculados por ΔΔCt, em relação ao controle.*p<0,05,
***p<0,0001 (teste de tukey).
41
Resultados
4.5
Efeito do transplante de CTMs adultas em modelo de lesão traumática no SNC
de camundongo
Após avaliação da ação dos fatores solúveis secretados por CTMs sobre a
sobrevivência, proliferação e diferenciação de CTNs cultivadas como neuroesferas e,
sabendo do papel imunomodulador das CTMs, verificamos se estas células causariam
modificações na expressão de citocinas inflamatórias em modelo de lesão traumática
aguda no cérebro de camundongos adultos. Para isso, foram quantificadas as citocinas
pró-inflamatórias IL-6 e TNF-α e as antiinflamatórias IL-4 e IL-10, do tecido cerebral de
animais transplantados ou não com CTMs. Como descrito em Material e Métodos, o
cerebelo e os córtices motores ipsilateral e contralateral dos animais foram dissecados
após lesão criogênica no córtex motor esquerdo, com e sem injeção de CTMs no local da
lesão. O RNA total foi extraído e a expressão gênica dos genes alvo foi avaliada por
qPCR. O córtex motor contralateral e o cerebelo foram utilizados como controle.
Nos animais submetidos à lesão que não receberam CTMs observamos maior
expressão da citocina pró-inflamatória IL-6 no córtex motor ipsilateral, tanto em relação
ao controle (p<0,001), como em relação aos animais tratados com CTMs, nos quais
houve diminuição da expressão desta citocina (p<0,05).Porém nos animais tratados com
CTMs, a redução de IL-6 não foi suficiente para chegar aos níveis observados para
animais controle (p<0,001), embora tenham sido mais baixos do que para os animais não
tratados com CTMs (p<0,05). Não houve alteração na expressão de IL-6 no córtex motor
contralateral e cerebelo (figura 13), indicando que a modulação do processo inflamatório
foi local e não generalizada para todo o encéfalo. Para a citocina TNF-α, houve uma
tendência à diminuição da expressão no córtex motor ipsilateral com o tratamento com
CTMs quando comparado com os animais sem tratamento (figura 13) e não houve
alteração na expressão de TNF-α no córtex motor contralateral e no cerebelo.
42
Resultados
A
B
Córtex motor ipsilateral
**
125
100
75
50
25
4
*
125
Expressão Relativa TNF
Expressão Relativa IL6
Córtex motor ipsilateral
**
3
2
1
0
Controle
Lesão
75
3
2
1
0
CTMs
Controle
Lesão
Expressão Relativa TNF
15
0.75
0.50
0.25
0.00
Controle
Lesão
CTMs
Córtex motor contralateral
1.25
1.00
***
100
Córtex motor contralateral
Expressão Relativa IL6
***
**
*
10
5
0
CTMs
Controle
Lesão
CTMs
Cerebelo
Cerebelo
2
Expressão Relativa TNF
Expressão Relativa IL6
1.5
1.0
0.5
0.0
Controle
Lesão
CTMs
1
0
Controle
Lesão
CTMs
Figura 13: Expressão de IL-6 e TNF-α nos córtices motores ipsilateral, contralateral e
cerebelo de camundongos 24 horas após lesão traumática, transplantados ou não com
CTMs. Vinte e quatro horas após a lesão, os animais foram eutanasiados e os tecidos de
interesse coletados para a extração do RNAm e obtenção do cDNA. A expressão das citocinas de
caráter inflamatório IL-6 (A) e TNF-α (B) foi analisada por qPCR. Os valores são médias
aritméticas do ΔΔCT ± erro padrão, normalizados pela expressão de HPRT e calculados por ΔΔCt,
em relação ao controle. As análises estatísticas realizadas foram ANOVA e teste de Tukey.
*p<0,05, **p<0,001, ***p<0,0001.
Na análise da expressão de citocinas antiinflamatórias, IL-10 e IL-4, observamos
aumento de IL-10 nos animais com lesão não tratada em relação aos animais controle
(p<0,001) e, surpreendentemente, o transplante de CTMs causou diminuição dos níveis
43
Resultados
da citocina (p<0,01), sem diferença entre os animais tratados e controles (figura 14).
Como as CTMs têm capacidade imunomoduladora, esperávamos que houvesse um
aumento de IL-10 no sítio da lesão com o tratamento com as CTMs, porém podemos
sugerir que a diminuição de IL-10 pode ter sido favorável, uma vez que não houve
diferença do grupo tratado em relação ao grupo de animais saudáveis, controle. Não
houve alteração na expressão de IL-4 em todos os tecidos analisados em todos os
grupos.
44
Resultados
A
Córtex motor ipsilateral
8
Expressão Relativa IL4
Expressão Relativa IL10
150
125
100
75
50
B
Córtex motor ipsilateral
**
***
10
0
2
CTMs
Controle
Córtex motor contralateral
2.5
Expressão Relativa IL4
Expressão Relativa IL10
Lesão
3
2
1
0
Lesão
CTM
Córtex motor contralateral
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
Controle
Lesão
Controle
CTMs
Cerebelo
1.5
1.0
0.5
0.0
Lesão
CTM
Cerebelo
3
Expressão Relativa IL4
2.0
Expressão relativa IL10
4
0
Controle
4
6
2
1
0
Controle
Lesão
CTMs
Controle
Lesão
CTM
Figura 14: Expressão de IL-10 e IL-4 nos córtices motores ipsilateral, contralateral e
cerebelo de camundongos 24 horas após lesão traumática, transplantados ou não com
CTMs. Vinte e quatro horas após a lesão, os animais foram eutanasiados e os tecidos de
interesse coletados para a extração do RNAm e obtenção do cDNA. A expressão de citocinas de
caráter antiinflamatório IL-10 (A) e IL-4 (B) foi analisada por qPCR. Os valores são médias
aritméticas do ΔΔCT ± erro padrão, normalizados pela expressão de HPRT e calculados por ΔΔCt,
em relação ao controle. As análises estatísticas realizadas foram ANOVA e teste de Tukey e.
**p<0,01, ***p<0,001.
45
Resultados
Quando os animais foram mantidos por 30 dias após a lesão e injeção de CTMs,
não observamos expressão das citocinas antiinflamatórias IL-10 e IL-4 em nenhum dos
grupos experimentais. Diferentemente do modelo agudo, as alterações nas citocinas próinflamatórias foram, em geral, discretas. Houve um aumento da citocina IL-6 no córtex
motor ispilateral com injeção de CTMs em relação ao grupo submetido somente a lesão
(p<0,001). O mesmo foi observado no cerebelo. No córtex motor contralateral houve
diminuição de IL-6 nos grupos submetidos à lesão e lesão com injeção de CTMs em
relação ao grupo controle (p<0,01) (figura 15 A). Para TNF-α, no córtex motor ipsilateral
observamos efeito semelhante ao observado na fase aguda do modelo, havendo uma
tendência a diminuição dessa citocina quando comparamos o grupo submetido somente
a lesão com o grupo que recebeu CTMs e o mesmo foi observado no cerebelo. Em
contrapartida, observamos um ligeiro aumento de TNF-α no córtex motor contralateral
nos animais que receberam CTMs (figura 15 B).
46
Resultados
A
B
Córtex motor ipsilateral
Córtex motor ipsilateral
25
**
2.0
Expressão Relativa TNF
Expressão Relativa IL6
2.5
***
1.5
1.0
0.5
0.0
Controle
Lesão
1.0
0.5
**
**
Lesão
CTM
0.0
Expressão Relativa TNF
Expressão Relativa IL6
***
1
0
Lesão
Lesão
CTM
CTM
Córtex motor contralateral
8
*
**
6
4
2
0
Lesão
CTM
Cerebelo
10
2
Controle
0
Controle
Cerebelo
*
1
10
Expressão Relativa TNF
Expressão Relativa IL6
1.5
3
5
Controle
Córtex motor contralateral
Controle
15
CTM
2.0
**
**
8
**
6
4
2
0
Controle
Lesão
CTM
Figura 15: Expressão de IL-6 e TNF-α nos córtices motores ipsilateral, contralateral e
cerebelo de camundongos 30 dias após lesão traumática, transplantados ou não com
CTMs. 30 dias após a lesão, os animais foram eutanasiados e os tecidos de interesse coletados
para a extração do RNAm e obtenção do cDNA. A expressão das citocinas de caráter inflamatório
IL-6 (A) e TNF-α (B) foi analisada por qPCR. Os valores são médias aritméticas do ΔΔCT ± erro
padrão, normalizados pela expressão de HPRT e calculados por ΔΔCt, em relação ao controle. As
análises estatísticas realizadas foram ANOVA e teste de Tukey e. *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001.
4.6
Efeito do transplante de CTMs local sobre a resposta inflamatória sistêmica
Após a lesão e a injeção de CTMs foi colhido sangue dos animais tanto na fase
aguda como na fase crônica do modelo, no momento da eutanásia. O soro obtido foi
utilizado para avaliarmos se poderia haver influência sistêmica da resposta inflamatória
47
Resultados
ocorrida no SNC e se a injeção de CTMs poderia modular a expressão de moléculas
inflamatórias sistemicamente. Foi utilizada a metodologia de Multiplex para avaliar os
níveis de diversas citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento no soro dos animais.
Como observamos nas figuras 16 e 17, não foi encontrado um padrão de aumento
ou diminuição de moléculas inflamatórias nos diferentes grupos de animais. Porém
podemos observar que nos animais que sofreram lesão aguda ocorre uma variação maior
nos níveis de mediadores da inflamação. Dados da literatura são contraditórios nesta
questão. Helmy e colaboradores (2010) descreveram alterações nos níveis dos mesmos
mediadores inflamatórios que avaliamos em humanos após TCE, mas essas alterações
ocorreram localmente. Os autores afirmam que há uma correlação fraca entre a
inflamação sistêmica e a central. Contrariamente, outros autores já relataram correlação
entre os níveis de citocinas envolvidas na resposta inflamatória ao TCE tanto central
quanto sistemicamente (Csuka et al., 1999).
*** ***
1450
*** ***
pg/ml
12500
2500
1100
650
350
50
20
750
20
controle
lesão
CTMs
*** ***
*** ***
*** ***
*** ***
10
10
0
0
IL-1
IL-5
IL-6
IL-17 TNF-
IL-4
IL-10
Figura 16: Quantificação de citocinas no soro dos animais 24 horas após lesão traumática,
transplantados ou não com CTMs. Vinte e quatro horas após a lesão o sangue dos animais foi
colhido por punção cardíaca e a composição de citocinas foi avaliada pela metodologia de
Multiplex. (A) citocinas pró-inflamatórias e (B) citocinas antiinflamatórias (controle n=3, lesão sem
transplante n=6, transplante de CTMs n=4). ***p<0,001.
48
Resultados
controle
lesão
A 5000
CTMs
3000
*
***
***
pg/ml
1000
600
350
100
90
*
60
30
0
*
*
*
*
* *
CCL2
CCL3
CCL5 CCL11 CXCL1 CXCL2 CXCL5 CXCL9 CXCL10 G-CSF GM-CSF
B 5000
*
*
pg/ml
3000
*
1000
150
*
**
**
100
50
0
CCL2
CCL3
CCL5
CCL11 CXCL1 CXCL2 CXCL5
CXCL9 CXCL10 G-CSF GM-CSF
Figura 17Quantificação de quimiocinas no soro dos animais 24 horas e 30 dias após lesão
traumática, transplantados ou não com CTMs. Vinte e quatro horas (A) e trinta dias (B) após a
lesão o sangue dos animais foi colhido por punção cardíaca e a composição de quimiocinas foi
avaliada pela metodologia de Multiplex. (controle n=3, lesão sem transplante n=6, transplante de
CTMs n=4). *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001.
49
Discussão
Discussão
5
DISCUSSÃO
O SNC foi considerado por muitas décadas como local de privilégio imunológico e
inflamatório. A presença da barreira hematoencefálica embasou esse conceito, uma vez
que sua impermeabilidade impede a passagem de componentes celulares e moleculares
das respostas imune e inflamatórias durante condições fisiológicas normais. No entanto,
atualmente é evidente que em condições inflamatórias ou não inflamatórias, células do
sistema
imune
e
mediadores
inflamatórios
podem
ultrapassar
a
barreira
hematoencefálica. Em um quadro de lesão, além das células do sistema imunológico que
invadem o cérebro, a microglia e os astrócitos também têm capacidade de expressar
mediadores inflamatórios e secretar citocinas, quimiocinas e prostagladinas. Acredita-se
que o início da resposta inflamatória no cérebro se dá pela secreção de citocinas próinflamatórias como IL-1α e β, TNF-α, interferon-γ e IL-6 que levam por sua vez a
upregulation de moléculas de adesão, liberação de quimiocinas e ativação de mais
células inflamatórias. Por outro lado, outro grupo de citocinas como IL-4, IL-10, IL-13 e
TGF-β causam diminuição da intensidade das reações inflamatórias e citotóxicas e por
isso são denominadas citocinas antiinflamatórias (Cederberg & Siesjo, 2010). A resposta
inflamatória exacerbada e persistente pode levar à neurodegeneração crônica e causar
degeneração secundária. Um dos maiores desafios encontrados para a regeneração do
SNC é a lesão secundária decorrente do insulto inicial e a consequente formação da
cicatriz glial Em lesões medulares traumáticas, por exemplo, a fase de lesão secundária
pode ser descrita com uma sequência complexa de eventos celulares. Nesta fase, como
resposta do sistema imune ao insulto, ocorre morte celular maciça, necrose secundária
e/ou apoptose, danos oxidativos, excitotoxicidade e danos axonais (Ronaghi et al., 2010).
Em uma lesão no SNC, as células do sistema imune secretam moléculas
neurotóxicas, como citocinas inflamatórias e espécies reativas de oxigênio e moléculas
neuroprotetoras, caracterizando um papel dúbio duplo do processo inflamatório, ou seja,
efeitos agudos deletérios e efeitos benéficos em longo prazo, que contribuem para a
neuroproteção e reparo (Kerschensteiner et al., 2010). Porém, o resultado do processo
inflamatório agudo traz graves consequências para o paciente, portanto é necessário
encontrar uma forma de fazer a modulação desse processo na tentativa de diminuí-lo.
Muitos estudos têm utilizado drogas antiinflamatórias, que geralmente são utilizados na
clínica no início do TCE (Bye et al., 2007; Edwards et al., 2005; Shohami et al., 1997;
Townsend & Pratico, 2005), porém sem sucesso.
CTMs têm sido alvos para muitos estudos devido seu papel imunomodulador. São
células multipotentes e com capacidade de auto-renovação, o que elevou o interesse de
51
Discussão
sua utilização para combater lesões teciduais e envelhecimento (Hoogduijn et al., 2010),
porém atualmente muitos estudos sugerem que os efeitos regenerativos que as CTMs
exercem sobre um tecido não são devido à transdiferenciação e substituição das células
lesadas ou mortas, e sim devido à secreção de fatores que estimulam as células
progenitoras locais. Na questão da imunomodulação atualmente é aceito que o efeito
imunossupressor causado pelas CTMs é mediado por fatores solúveis (Phinney &
Prockop, 2007). Muitos grupos evidenciaram esse fato em diversos tipos de tecidos.
Semedo e colaboradores (2009) demonstraram que fatores secretados por CTMs
modulam a inflamação após lesão renal aguda, diminuindo a expressão das citocinas
pró-inflamatórias IL-1β, IL-6 e TNF-α, e aumentando as citocinas antiinflamatórias IL-4 e
IL-10. Nguyen e colaboradores (2010) verificaram que fatores secretados por CTMs
elevaram o reparo cardíaco e a contratilidade em miocárdio isquêmico. Nemeth e
colaboradores (2010) relataram que CTMs propiciaram o reequilíbrio do sistema imune
em modelo de asma. No SNC, Karussis e colaboradores (2010) relataram que o
transplante de CTMs em pacientes com esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica
é viável e induz efeitos imunomodulatórios imediatos. Li e colaboradores (2010) relataram
que o transplante de CTMs inibiu a atividade exagerada da astroglia e proporcionou um
ambiente favorável para progenitores endógenos em cérebro isquêmico de Macaca
fascicularis.
Ao analisarmos o meio condicionado por CTMs, pela metodologia de Multiplex,
observamos que há a secreção de diversos fatores solúveis, entre citocinas, quimiocinas
e fatores de crescimento, que são produzidos pelas células e secretados para o meio,
sem nenhum estímulo (tabela 3). A partir daí selecionamos as quatro citocinas que foram
utilizadas em nossos experimentos, as pró-inflamatórias IL-6 e TNF-α e as
antiinflamatórias IL-10 e IL-4. Apesar de não termos detectado IL-6 no meio de cultura,
selecionamos esta citocina por sua relevância na resposta inflamatória. Confirmamos que
as CTMs expressam IL-6 por PCR, porém não encontramos RNAm para IL-4 (figura 7), o
que pode ter sido devido a algum problema metodológico.
Neste trabalho, optamos por um modelo experimental de lesão traumática no
córtex motor, que apresenta duas fases, uma aguda, 24 horas após a lesão e uma fase
crônica, 30 dias após a lesão. O córtex motor recebe informações somatossensoriais
processadas pelo tálamo e pelo córtex somatossensorial primário e instruções motoras
das áreas de planejamento motor (Todorov, 2000). Lesões no córtex motor e/ou no trato
córtico-espinal ocasionam hemiplegia ou hemiparesia no hemicorpo contralateral,
evidenciada pela dificuldade ou incapacidade de recrutamento das respectivas unidades
motoras.
52
Discussão
Nossos resultados mostram que 24 horas após a lesão do córtex motor, ocorre
um aumento significativo nas citocinas pró-inflamatórias IL-6 e TNF-α no local, porém
quando injetamos CTMs derivadas de medula óssea no mesmo local, observamos a
diminuição dessas citocinas (figura 13). No córtex motor contralateral e cerebelo não
verificamos alterações. Também observamos que a citocina antiinflamatória IL-10 teve a
expressão aumentada no local da lesão e diminuiu após a administração de CTMs (figura
14A). Acreditamos que devido à modulação da inflamação pelas CTMs, todas as
moléculas inflamatórias envolvidas tiveram sua expressão reduzida, o que explicaria o
fato de que tanto as citocinas pró-inflamatórias IL-6 e TNF-α como a antiinflamatória IL-10
tiveram diminuição de expressão após a administração de CTMs. IL-10 é uma citocina
antiinflamatória com efeitos imunossupressores, inibe citocinas pró-inflamatórias, impede
a diminuição da expressão da proteína anti-apoptótica Bcl2 em tecido cerebral
isquemiado e limita a lesão excitotóxica (Liu et al., 2009; Morganti-Kossmann et al.,
2007).
A expressão da citocina IL-4 foi baixa ou praticamente nula em todos os tecidos
de todos os grupos experimentais (figura 14B), o que pode indicar mais uma vez que
talvez tenha ocorrido um problema de técnica, já que relatos da literatura indicam que há
expressão dessa citocina em cérebro lesado.
Na fase crônica do modelo, 30 dias após a lesão e administração de CTMs
pudemos observar alterações na expressão das citocinas. IL-6 é uma citocina
pleiotrópica, envolvida em diversos processos fisiológicos e patológicos, e com funções
diversas no SNC, mas que pode desempenhar efeito pró ou antiinflamatório, dependendo
do microambiente em que se encontra (Kamimura et al., 2003). Esta proteína é secretada
principalmente pela microglia e astrócitos, seu papel neuroprotetor é caracterizado pela
inibição de TNF-α, estimulação de NGF e promoção da revascularização, entre outros
efeitos. Suas características inflamatórias vêm da indução de quimiocinas, moléculas de
adesão e participação na formação da cicatriz glial (Morganti-Kossmann et al., 2007).
Observamos que decorridos os 30 dias, houve aumento da expressão de IL-6 no local da
lesão onde houve injeção de CTMs (figura 15A), contrário ao observado na fase aguda
do modelo (figura 13A). Esse dado confirma a imunomodulação promovida pelas CTMs,
pois em um ambiente altamente aversivo e inflamatório num período agudo de lesão,
onde IL-6 é prejudicial, as CTMs induzem a diminuição dessa citocina, enquanto que
decorrido algum tempo, essas células induzem aumento da expressão de IL-6 que
passaria a ter um papel benéfico na regeneração do tecido.
TNF-α também é uma citocina pró-inflamatória expressa em altas concentrações
em condições patológicas no cérebro, e é expressa em baixos níveis em condições
53
Discussão
normais no SNC (Ziebell & Morganti-Kossmann, 2010). Esta proteína apresenta duas
isoformas, uma solúvel e uma transmembrânica e, quando liberada, pode exercer sua
função pela ativação de dois receptores distintos, TNFR1 e TNFR2 (Mathieu et al., 2010).
TNF-α é caracterizado como pró-inflamatório por induzir morte neuronal, pois em altas
concentrações causa apoptose neuronal por uma via mediada por caspase-8 (Liu et al.,
2009). A produção de TNF-α aumenta após isquemia in vivo e a diminuição da expressão
de seus receptores pode reduzir a morte neuronal (Liu et al., 2009). Assim como IL-6,
TNF-α tem ação pleiotrópica no cérebro isquêmico. Altas concentrações são lesivas para
o tecido, porém também pode proteger o cérebro em certas circunstâncias. Essas
diferentes ações podem ser explicadas pelas isoformas e pela interação com os dois
receptores (Mathieu et al., 2010). A maioria dos efeitos mediados por TNF-α é via
TNFR1, que tem o domínio relacionado à morte celular e tem expressão aumentada no
cérebro isquêmico, porém quando TNF-α interage com TNFR2 tem efeito neuroprotetor,
funções antiinflamatórias e anti-apoptóticas (Hallenbeck, 2002). Iosif e colaboradores
(2006) demonstraram também que quando TNF-α age via TNFR1 ocorre diminuição da
neurogênese no hipocampo e via TNFR2 aumenta a sobrevivência de neurônios recém
formados. Veroni e colaboradores (2010) relataram que a ativação de TNFR2 na
microglia promove indução de vias antiinflamatórias, ativando IL-10. Nós observamos
neste trabalho que tanto 24 horas (figura 13B) como 30 dias (figura 15B) após a lesão e
transplante de CTMs, a expressão de TNF-α foi menor no grupo transplantado em
relação ao grupo lesado, porém permaneceu com níveis de expressão mais alto que o
encontrado em animais sem lesão. Este dado pode indicar, segundo explicitado
anteriormente, que esta citocina pode ter um efeito pró-inflamatório agudo, porém um
efeito antiinflamatório crônico, colaborando com a neurogênese. Não observamos
expressão de IL-10 e IL-4 nos animais avaliados na fase crônica do modelo.
As alterações que foram observadas no córtex contralateral e cerebelo 30 dias
após a lesão e injeção das CTMs (figura 15) podem ser devido à degeneração
secundária causada pela lesão inicial no córtex motor, fazendo com que ocorresse uma
diminuição do suporte trófico para os neurônios nesses locais e causando resposta
inflamatória e possível morte neuronal. Além dessas modificações nos padrões de
expressão das citocinas inflamatórias no local da lesão no SNC, a injeção de CTMs
também influenciou a expressão de citocinas sistemicamente. Pudemos observar que
houve alteração de citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento no soro dos animais
(figuras 16 e 17). Outros autores também relataram essa influencia sistêmica que uma
lesão no SNC pode causar (Csuka et al., 1999; Hergenroeder et al., 2010).
54
Discussão
Conforme exposto anteriormente, a resposta do organismo à lesão no SNC
envolve ativação glial, recrutamento de leucócitos, aumento na expressão e secreção de
mediadores inflamatórios como as citocinas e quimiocinas (Ziebell & Morganti-Kossmann,
2010). Estudos recentes têm implicado vários sinais moleculares na regulação da
migração das CTNs em cérebro com lesão incluindo fatores angiogênicos, quimiocinas,
citocinas e componentes da matriz extracelular (Kojima et al., 2010). No entanto, os
mecanismos subjacentes à migração das CTNs nos cérebros lesionados permanecem
desconhecidos. Uma das características da neurogênese em adultos é que novos
neurônios são gerados pelas CTNs situadas em regiões específicas que, em seguida,
migram para o seu destino final onde exercerão suas funções. Portanto a migração é um
passo importante para a neurogênese no cérebro adulto (Okano & Sawamoto, 2008). O
aumento de quimiocinas no local da lesão atrai células tronco endógenas da SVZ, região
neurogênica em adultos, onde as células tronco se dividem gerando os precursores
neurais. No cérebro de roedores normais esses precursores migram tangencialmente
pela corrente migratória rostral e se diferenciam em interneurônios no bulbo olfatório,
porém no cérebro lesionado, os precursores neuronais recém gerados migram em
direção à área de lesão (Martino & Pluchino, 2006). A lesão induz aumento na
proliferação das células presentes na SVZ e a migração dos precursores neuronais para
o local lesado (Parent et al., 2002). No entanto, nem todas as células que chegam ao
local da lesão são capazes de sobreviver devido ao ambiente hostil que encontram.
Um dos nossos objetivos foi investigar a ação do meio condicionado por CTMs
sobre CTNs cultivadas como neuroesferas, com intuito de verificar se a capacidade
imunomodulatória conferida às CTMs pela secreção de fatores tróficos poderia causar
alguma alteração na sobrevivência, proliferação e diferenciação de CTNs in vitro. Em um
ambiente in vivo, essas moléculas secretadas por CTMs poderiam proporcionar um
ambiente mais favorável para a sobrevivência das CTNs e com isso permitir que as
células que chegam ao local da lesão, sobrevivam e recuperem o tecido lesado.
Ao cultivarmos CTNs como neuroesferas com o meio condicionado por CTMs,
pudemos observar que não houve alteração na sobrevivência dessas células (figura 8) e
nem aumento da morte celular (figura 9), o que indica que os fatores secretados por
CTMs não são nocivos às CTNs. Por incorporação de BrdU, observamos que houve
aumento significativo na proliferação das CTNs quando cultivadas com o meio
condicionado por CTMs (figuras 10 e 11), ou seja, os fatores solúveis estimulam a
proliferação dessas células. A presença de TNF-α no meio condicionado pode ter
influenciado nesse resultado, uma vez que essa citocina agindo no receptor TNFR2 das
55
Discussão
CTNs e também via sinalização de IKK/NF-kappaB, induz neurogênese in vitro e in vivo
(Iosif et al., 2006; Rubio-Araiz et al., 2008; Widera et al., 2006; Wu et al., 2000).
Para averiguar se os fatores solúveis presentes no meio condicionado por CTMs
também poderiam influenciar na diferenciação de CTNs, após o cultivo das neuroesferas
com meio condicionado a expressão de genes relacionados com a diferenciação das
linhagens neurais foi avaliada por qPCR. Observamos que houve aumento da expressão
de GFAP pelas CTNs, gene expresso por astrócitos maduros. Este dado pode ser
observado
tanto
por
análise
quantitativa
da
expressão
gênica
como
por
imunofluorescência, onde observamos maior quantidade de células GFAP positivas
(figuras 11 e 12). Sabe-se que IL-6 tem efeito antineurogênico in vivo, porém Barkho e
colaboradores (2006) mostraram que IL-6 secretado por astrócitos de regiões
neurogênicas do hipocampo induziu a diferenciação de CTNs in vitro. Os autores
observaram que tanto IL-1β quanto IL-6 aumentou a atividade do promotor do gene
GFAP nas CTNs, mas apenas IL-6 causou aumento na porcentagem de células GFAP
positivas. Também observamos diminuição da expressão de nestina, marcador de células
neuronais imaturas. Não houve alteração de expressão de SOX2, fator de transcrição
necessário para a manutenção do estado de pluripotência das CTNs no adulto (Pevny &
Nicolis, 2010). A expressão constitutiva de SOX2 inibe a diferenciação neuronal, como
não houve diferenças na expressão de SOX2 nas CTNs cultivadas com o meio
condicionado em relação ao controle, esse fato pode explicar a diminuição da expressão
de nestina, ou seja, a expressão de SOX2 impediu que as células neurais diferenciassem
para neurônios. Também não houve alteração na expressão de GAP43, proteína
neuronal, expressa em cones axonais em crescimento (figura 12) (Kusik et al., 2010).
Este conjunto de resultados sugere que os fatores solúveis secretados por CTMs
estimulam a diferenciação de CTNs em células da glia (astrócitos) sem alterar a
diferenciação neuronal.
Com base em nossos resultados, tanto in vitro como in vivo, apresentamos a ação
de fatores solúveis secretados por CTMs sobre CTNs e sobre a imunomodulação na
resposta inflamatória em uma lesão traumática no cérebro. A participação das CTMs na
resposta inflamatória pode gerar um ambiente favorável à recuperação tecidual,
diminuindo os efeitos lesivos da inflamação intensa e gerando um ambiente favorável
para a sobrevivência e diferenciação de células tronco endógenas. Porém, muitos
aspectos dos mecanismos pelos quais as CTMs realizam a imunomodulação ainda não
estão completamente esclarecidos.
56
Conclusão
Conclusão
6
CONCLUSÃO
Os resultados apresentados nesta Tese mostram que as CTMs expressam e
secretam fatores solúveis que podem agir sobre CTNs derivadas da SVZ estimulando a
proliferação in vitro. Além disso, os fatores modulam a expressão gênica das CTNs, com
aumento na expressão de GFAP, gene relacionado com astrócitos maduros, o que
indicaria que esses fatores podem induzir a diferenciação de CTNs preferencialmente em
células da glia (astrócitos). Além disso, as CTMs foram capazes de promover
imunomodulação da resposta inflamatória em modelo de lesão traumática no SNC de
camundongo, diminuindo a expressão das citocinas pró-inflamatórias IL-6 e TNF-α na
fase aguda.
58
Referências Bibliográficas
7
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67
Abstract
Central nervous system (CNS) injury breakes the impermeability of the blood brain barrier,
this allows the invasion of immune cells and activation of glial cells, mainly microglia and
astrocytes. This process triggers the secretion of inflammatory mediators by these cells.
Cytokines are the main molecules in neuroinflammatory response and are critical for its
regulation, exerting a variety of actions in the CNS. Furthermore, mesenchymal stem cells
(MSC) which have proliferative potential and are able to originate different and specialized
cell lineages, also secrete these molecules, characterizing its immunomodulatory function.
MSC, particularly those derived from bone marrow, promote tissue repair by secreting
factors that enhance tissue regeneration stimulating proliferation, migration and
differentiation of endogenous stem-like progenitors found in most tissues, decreasing
inflammatory and immune reactions and apoptosis. The ability of such cells to alter tissue
microenvironment through its trophic influence may contribute more significantly than their
capacity for transdifferentiation in effecting tissue repair.Our hypothesis is that MSC
secreted cytokines could take part in the attraction of endogenous neural stem cells
(NSC) to an injury site in the CNS, providing a favorable microenvironment for these cells.
Our aim was to study the effects of factors secreted by MSC on NSC in vitro and to
analyse the MSC cytokines expression in vivo in a model of CNS traumatic injury. We first
evaluated the effects of MSC secreted factors on apoptosis, proliferation and
differentiation of adult NSC derived from the subventricular zone and cultured as
neurospheres. Neurospheres were cultured in MSC conditioned medium (MSC-CM),
which was obtained from bone marrow-derived MSC cultures. Besides a traumatic injury
was performed at the primary motor cortex of mice and MSCs were injected at the injury
site. Our results show that MSC secreted factors do not induce or prevent NSC apoptosis,
increase NSC proliferation and induce bigger expression of GFAP gene in vitro, this could
indicate a tendency of differentiation to astrocytes. In vivo experiments show that MSC
injection at an acute model of injury diminishes pro-inflamatory cytokines in the injured
tissue, suggesting that MSC secreted factors may modulate the inflammation at the injury
site, which may be interest to the development favorable microenvironment for
endogenous
NSC
and
consequently
repair
of
the
injured
tissue.
68
Anexos
Formação Acadêmica
2004 – 2007: Graduação em Ciências Biológicas - Modalidade Médica.
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho - UNESP Botucatu, Brasil
Título: Análise do Padrão de Metilação dos Genes RASSF1 e RARB em Carcinomas
Mamários
Orientador: Dra Cláudia Aparecida Rainho
Bolsista da: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Atividades Complemetares
Eventos/ Trabalhos Apresentados em Congressos e Simpósios
GALINDO, L. T., Filippo T.R.M, Semedo P., Câmara N.O.S., Porcionatto M.A. Paracrine
effects of bone marrow mesenchymal stem cells on neural stem cells survival and
proliferation. In: V Congresso Brasileiro de Células-tronco e Terapia Celular, 2010.
GALINDO, L. T., Filippo T.R.M, Semedo P., Câmara N.O.S., Porcionatto M.A. Soluble
factors secreted by mesenchymal stem cells induce neural stem cells proliferation in vitro.
In: Perspectives of Stem Cells: 1st Meeting on Stem Cell Research, 2010.
GALINDO, L. T., Filippo T.R.M, Semedo P., Câmara N.O.S., Porcionatto M.A. Fatores
secretados por células-tronco mesenquimais previnem a apoptose de células-tronco
neurais. In: IV Simpósio de Células-tronco, Terapia Celular e Gênica da Unifesp, 2010
GALINDO, L. T., Filippo T.R.M, Semedo P., Câmara N.O.S., Porcionatto M.A. Study of
paracrine effects of bone marrow mesenchymal stem cells on neural stem cells. In: IV
Simpósio Internacional de Terapias Avançadas e Células-Tronco, 2009.
3º Simpósio Multidisciplinar sobre Células Tronco da Unifesp, 2008. (Ouvinte)
Organização de eventos
PAPEM: Programa de Atualização de Professores do Ensino Médio. Realizado de 20 a
24 de julho de 2009, Unifesp – São Paulo
12o Encontro Nacional de Biomedicina Realizado de 29 a 31 de outubro de 2009,
Botucatu – São Paulo. Membro da Comissão de Apoio
Artigo Publicado
Galindo L.T, Filippo T.R.M, Semedo P., Ariza C.B, Moreira C.M, Câmara N.O.S.,
Porcionatto M.A. Mesenchymal stem cell therapy modulates the inflammatory response in
experimental traumatic brain injury. Neurology Research International. 2011.
Artigo Submetido
Filippo T.R.M, Barnabe G.F, Ariza C.B, Galindo L.T, Moreira C.M., Mello L.E., Juliano
M.A., Juliano L., Porcionatto M.A.. Towards regeneration: chemotaxis of SVZ neural stem
cells-derived neuroblasts stimulated byCXCL12 N-terminal peptides after experimental
brain injury. Journal of Neuropathology and Experimental Neurology. 2011.
Parecer do Comitê de Ética Institucional
Hindawi Publishing Corporation
Neurology Research International
Volume 2011, Article ID 564089, 9 pages
doi:10.1155/2011/564089
Research Article
Mesenchymal Stem Cell Therapy Modulates the Inflammatory
Response in Experimental Traumatic Brain Injury
Layla T. Galindo,1 Thais R. M. Filippo,1 Patricia Semedo,2 Carolina B. Ariza,1
Caroline M. Moreira,1 Niels O. S. Camara,2 and Marimelia A. Porcionatto1
1
Departamento de Bioquı́mica, Universidade Federal de São Paulo, Rua Três de Maio 100, 04044-020 São Paulo, SP, Brazil
de Imunologia, Universidade de São Paulo, 05508-000 São Paulo, SP, Brazil
2 Departamento
Correspondence should be addressed to Marimelia A. Porcionatto, [email protected]
Received 14 January 2011; Revised 20 March 2011; Accepted 31 March 2011
Academic Editor: K. J. Becker
Copyright © 2011 Layla T. Galindo et al. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution
License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Therapy with mesenchymal stem cells (MSCs) has showed to be promising due to its immunomodulatory function. Traumatic
brain injury (TBI) triggers immune response and release of inflammatory mediators, mainly cytokines, by glial cells creating a
hostile microenvironment for endogenous neural stem cells (NSCs). We investigated the effects of factors secreted by MSCs on
NSC in vitro and analyzed cytokines expression in vitro in a TBI model. Our in vitro results show that MSC-secreted factors
increase NSC proliferation and induce higher expression of GFAP, indicating a tendency toward differentiation into astrocytes.
In vivo experiments showed that MSC injection at an acute model of brain injury diminishes a broad profile of cytokines in the
tissue, suggesting that MSC-secreted factors may modulate the inflammation at the injury site, which may be of interest to the
development of a favorable microenvironment for endogenous NSC and consequently to repair the injured tissue.
1. Background
For many years, the central nervous system (CNS) was
considered an immunologically privileged site, due to its
particular and limited immune response, different from
other systems [1]. It is now clear that CNS is connected
to the immune and endocrine systems and has a local
inflammatory response, which can contribute to the pathophysiology of acute and chronic brain diseases [2, 3]. Acute
neurodegenerative conditions such as traumatic brain injury
(TBI) are characterized by severe neuronal loss [4]. TBI
breaks the impermeability of the blood brain barrier, which
allows the invasion of immune cells and activation of glial
cells, mainly microglia and astrocytes, key cells for the
immune response within CNS, triggering the secretion of
inflammatory mediators by those cells [5, 6].
Inflammatory molecules are important in healthy nervous tissue and their expression is promptly upregulated
when an injury occurs [3]. Cytokines are the main molecules
in neuroinflammatory response and are critical for its
regulation, exerting a variety of activities [7, 8]. Microglia
and astrocytes release several cytokines, such as IL-1α, IL-1β,
IL-6, TNF-α, and TGF-β, chemokines, and prostaglandins,
which increase the blood brain barrier permeability and
facilitate the invasion of peripheral immune cells, inducing
the secretion of toxic molecules [3, 7].
In the adult brain, chemoattractants, including the
chemokine CXCL12 produced at the injury site induce neuroblasts originated by neural stem cells (NSC) at neurogenic
niches, such as the subventricular zone (SVZ), to migrate
towards the injury in order to regenerate the nervous tissue
[9–11]. Although neuroblasts leave the neurogenic niche
arrive at the injury site, only a few survive due to the
injury inflammatory microenvironment that is thought to
be unfavorable to neuroblast survival and differentiation
into mature neurons [12]. The limited CNS capacity of
regeneration and the complex environment created by TBI,
starting at the acute phase, followed by a secondary phase
that continues for weeks after the primary insult [13]
lead researchers to try to find potential therapies using
neuroprotective and anti-inflammatory drugs [14–18].
2
Cell-based therapy using adult-derived mesenchymal
stem cells (MSC) have been tested in several disease models
[19–24]. It is well accepted that transplantation of MSC,
particularly those derived from bone marrow, promotes
tissue repair via secreted soluble factors that enhance tissue
regeneration, stimulate proliferation, migration, and differentiation of endogenous stem-like progenitors found in
most tissues, as well as by decreasing inflammatory and
immune reactions and apoptosis [25, 26]. The ability of
such cells to modify tissue microenvironment through its
trophic influence may contribute more significantly than
their capacity for transdifferentiation in effecting tissue
repair.
In order to better understand the paracrine effects of
MSC transplanted into an experimental brain injury site on
local cytokine production we have used a TBI model in mice,
transplanted bone marrow-derived MSC into the lesion, and
analyzed the production of cytokines. We also investigated
the effects of soluble factors secreted by MSC on neural stem
cells survival, proliferation, and differentiation in vitro. Our
results show a decrease in the production of inflammatory
cytokines 24 hours after MSC transplantation. We also show
that soluble factors secreted by MSC increase proliferation
and modulate gene expression of neural stem cells in vitro,
increasing the expression of GFAP, a marker of glial cells.
2. Material and Methods
2.1. Animals. Adult (6-week-old for MSC and NSC isolation,
12-week-old for TBI model) C57BL/6 male mice were
used in this study. The animals were maintained under
standard conditions (light/dark cycle 12 h/12 h, constant
room temperature at 22 ± 2◦ C, food, and water ad libitum).
All the experimental procedures were conducted according
to international regulation and were approved by the Committee for Ethics in Research of Universidade Federal de São
Paulo (approval no. 1367/08).
2.2. Isolation, Expansion, and Characterization of MSC. After
euthanasia in CO2 chamber, bone marrow was obtained
from femur of adult mice. The femora were removed,
cleaned, and placed in DMEM low glucose (Dulbecco’s
Modified Eagle’s Medium, GibcoBRL, San Francisco, USA).
Inside the laminar flow, the epiphyses were cut and bone
marrow was flushed by DMEM into a culture dish using a
syringe. The volume obtained from each femur was treated
separately. Bone marrow was suspended and centrifuged for
5 minutes at 400 × g. The supernatant was discarded and the
cell pellet derived from each femur was suspended in DMEM
low glucose containing 10% fetal bovine serum (FBS, Cultilab, Campinas, SP, Brazil), 1% glutamine (Sigma Chemical
Co., St. Louis, MO, USA), and 1% penicillin/streptomycin
(GibcoBRL) and cultured in six-well culture dishes (Corning
Incorporated, NY, USA) at a volume of 3.5 mL/well. Cultures
were kept in a humidified 5% CO2 incubator at 37◦ C for 72
hours, when nonadherent cells were removed by changing
the medium. Culture medium was changed every 3 days
until adherent cells (MSC) reached 70–80% confluence, then
Neurology Research International
cells were washed with 0.03% PBS/EDTA, detached with
0.1% trypsin (Cultilab), and replated in a 1 : 2 split ratio.
Differentiation potential was checked by culturing the MSC
under favorable conditions for adipogenic and osteogenic
differentiation, as previously described [27]. To obtain the
MSC conditioned medium (MSC-CM), confluent cultures
(passages 5–10) were kept in DMEM low glucose containing
0.5% FBS for 96 hours. After this period, conditioned
medium was centrifuged for 5 minutes at 400 × g, the
supernatant was collected, immediately frozen and kept at
−80◦ C until its use.
2.3. Isolation of Adult NSC and Neurosphere Formation.
Adult NSC were obtained from adult C57BL/6 male mice
SVZ. After euthanasia by cervical dislocation, brain was
removed, the SVZ dissected under a microscope, and the
cells maintained in DMEM high glucose (GibcoBRL). After
sedimentation, supernatant was discarded, and cells were
dissociated by incubation with 0.1% trypsin/EDTA during
5 minutes at 37◦ C. FBS was added to stop trypsin action,
cells were centrifuged for 5 minutes at 400 × g, and supernatant was removed. Isolated cells were then suspended in
DMEM/F12 7 : 3 (v/v) (GibcoBRL), supplemented with 2%
B27 (GibcoBRL), 20 ng/mL EGF (Sigma), 20 ng/mL FGF2
(R&D, Minneapolis, MN, USA), 1% penicillin/streptomycin
(GibcoBRL), and 5 μg/mL heparin (Sigma). After mechanical
dissociation, cells were plated on a polyHEMA (Sigma)
precoated 75 cm2 flask at a density of 2.4 × 107 cells/flask
or on a 24-well plate at a density of 2 × 106 cells/well.
Neurosphere formation takes up to 14–21 days to occur, and
during that time culture medium was changed every 4-5 days
by centrifugation for 5 minutes at 400 × g. Half volume of the
medium was replaced by fresh medium. Neurospheres were
cultured with or without MSC-CM for 2 days to evaluate
NSC viability and for 4 days to evaluate NSC survival and
differentiation.
2.4. MTT Assay. The MTT (3-(4,5-dimethylthiazol-yl)2,5diphenyltetrazolium bromide, Sigma) assay was performed
to evaluate NSC viability cultured for 48 hours in MSC-CM.
At the end of this period, neurospheres were centrifuged for
5 minutes at 400 × g, supernatant was discarded, and 270 μL
of culture medium and 30 μL of MTT solution (5 mg/L) were
added to each well and incubated for 3 hours at 37◦ C. After
this period, MTT solution was aspirated and the formazan
reaction products were dissolved by the addition of 180 μl of
dimethyl sulfoxide (DMSO, MP Biomedicals, Solon, Ohio,
USA) to each well. The plate was shaken for 15 minutes,
the content was transferred to a 96-well plate, and the
optical density was read at 540 nm on an ELISA plate reader
(Labsystems Multiskan MS, Helsinki, Finland).
2.5. Proliferation Assay. In vitro adult NSC proliferation
was measured by flow cytometry (FACSCalibur System, BD
Biosciences, San Jose, CA, USA, using the software Windows
Multiple Document Interface Flow Cytometry Application,
WinMDI Version 2.9, The Scripps Research Institute, San
Diego, CA, USA), after BrdU incorporation. Adult NSC
Neurology Research International
were cultured as neurospheres and maintained for 4 days
in MSC-CM or in control medium (DMEM/F12 7 : 3 v/v,
supplemented with 2% B27, 20 ng/mL EGF, 20 ng/mL FGF2,
1% penicillin/streptomycin, and 5 μg/mL heparin) at 37◦ C.
BrdU was added during the last 24 hours before analysis.
Neurospheres were dissociated with 0.1% trypsin for 5
minutes at 37◦ C, fixed by 1% paraformaldehyde (PFA) in
0.1 M PBS, incubated in 2 M HCl for 1 hour at 37◦ C, washed
with 0.1 M PBS, blocked, and permeabilized with 10% FBS
and 0.1% TritonX-100 in 0.1 M PBS. Cells were incubated
with anti-BrdU (rat IgG 1 : 300, Accurate Chemical and
Scientific Corporation, Westbury, NY, USA) for 1 hour and
washed with 0.1M PBS. Cells were then incubated with
secondary antibody (Alexa Fluor488-conjugated goat antirat IgG, 1 : 300, Molecular Probes, Carlsbad, CA, USA) for
40 minutes.
2.6. Injury to Mice Primary Motor Cortex and MSC Transplantation. Adult C57BL/6 male mice were submitted to
surgery under anesthesia with intraperitoneal administration of xilasine (32 mg/kg)/ketamine chloridrate (66 mg/kg)
(Dopalen, Vetbrands, São Paulo, Brazil). Traumatic injury to
mice motor cortex was performed according to previously
described protocol [28, 29]. Briefly, a metal needle was
chilled using isopentane on dry ice and was inserted 4 times,
during 30 seconds each, into the motor cortex (stereotaxic
coordinates from bregma: AP +0.198 mm; ML +0.175 mm;
DV −0.15 mm [30]). MSC (1 × 105 cells in 3 μL) were
injected at the injury site using a Hamilton syringe under
the same stereotaxic coordinates and the same anesthesia,
immediately after the injury. Control consisted of animals
without injury and animals that were submitted to the injury
but did not receive MSC (injury, no treatment). Brain tissue
was collected 24 hours (acute injury) or 30 days (chronic
injury) after MSC injection. Mice were anesthetized by i.p.
injection of sodium thiopental (Tiopentax, Cristália, São
Paulo, Brazil), brain was removed from skull, the motor
cortex was dissected and total RNA was extracted by Trizol
Reagent (Life Technologies, Carlsbad, CA, USA). Animal’s
blood was collected by cardiac puncture, centrifuged to
separate the serum, which was immediately frozen in dry ice
and kept at −80◦ C until use.
2.7. qPCR. Total RNA was isolated from dissected motor
cortex or neurospheres using Trizol Reagent (Life Technologies), and RNA concentration was determined using
NanoDrop ND-1000 (Thermo Fisher Scientific, Wilmington,
MA, USA). Reverse transcriptase reactions were performed
with ImProm-II Reverse Transcription System (Promega,
Madison, WI, USA) using 2 μg of total RNA.
Brain tissue samples qPCR was performed using ABI
PRISM 7500 Sequence Detector, using Sequence Detection
Software 1.9 for analysis (Applied Biosystems, Foster City,
CA, USA), using TaqMan probes (Applied Biosystems)
for HPRT (Mm00446968 m1; endogenous control gene),
IL-4 (Mm00445259 m1), IL-6 (Mm00446190 m1), IL-10
(Mm00439614 m1), and TNFα (Mm00443258 m1) according to the manufacturer’s recommendations. Values are
3
expressed relatively to control RNA obtained from motor
cortex from mice that were not submitted to surgery.
Neurosphere samples qPCR was performed using Brilliant II SYBR Green QPCR Master Mix (Stratagene, La
Jolla, CA, EUA) using Mx3000P QPCR System using
MxPro qPCR Software for analysis (Stratagene). Primers
sequences were GAPDH (endogenous control gene; sense
5 -AAGAAGGTGGTGAAGCAGGCATCT-3; antisense 5 ACCCTGTTGCTGTAGCCGTATTCA-3 ), GFAP (sense
5 -CTCAGTACGAGGCAGTGGCC-3 ; antisense 5 -CGGGAAGCAACGTCTGTGA-3 ), nestin (sense 5 -AGCAACTGGCACACCTCAAG-3 ; antisense 5 -GGTGTCTGCAAGCGAAAGTTC-3 ), GAP-43 (sense 5 -AAGGAGGAGCCTAAACAAGCCGAT-3 ; antisense 5 -TAGGTTTGGCTTCGTCTACAGCGT-3 ), and SOX2 (sense 5 -ATCCCATCCAAATTAACGCA-3 ; antisense 5 -GAAGCGCCTAACGTACCACT-3 ). Values are expressed relatively to RNA from
neurospheres cultured in regular medium (control).
The quantification of the target genes was normalized by
an endogenous control gene (HPRT for brain tissue samples
and GAPDH for neurosphere samples). The threshold cycle
(Ct) for the target gene and the Ct for the internal control
were determined for each sample, run in triplicates. The
relative expression of mRNA was calculated by 2−ΔΔCt
method [31].
2.8. Bio-Plex. In order to analyze alterations in cytokines
expression in mice serum after TBI, a Bio-Plex assay was
performed. Custom Bio-Rad (Bio-Rad laboratories, Hercules, CA, USA). Bio-Plex cytokine analysis kits were used
together with the Bio-Plex system array reader according
to the manufacturer’s directions. The following cytokines
were quantified: CCL2 (MCP-1), CCL3 (MIP-1α), CCL4
(MIP-1β), CCL5 (RANTES), eotaxin (CCL11), CXCL1 (KC),
CXCL2 (MIP-2), CXCL5 (LIX), CXCL9 (MIG), CXCL10 (IP10), G-CSF, GM-CSF, INF-γ, IL-1β, IL-4, IL-5, IL-6, IL-10,
IL-13, IL-17, LIF, TNF-α, and VEGF. Samples were run in
triplicate for each assay. The assay was read on the Bio-Plex
suspension array system, and the data were analyzed using
Bio-Plex Manager software version 4.0. Standard curves
ranged from 10,000 to 3,2 pg/mL.
2.9. Statistical Analysis. Data are expressed as mean ± SEM.
Differences between groups were evaluated by one-way
analysis of variance (ANOVA) followed by Tukey’s posttest by
the use of GraphPad Prism software version 4.0 (GraphPad
Software, La Jolla, CA, USA). Statistical significance was set
at P < .05.
3. Results
3.1. MSC Transplantation Modulates Cytokines Expression
after Acute Brain Injury. Acute TBI results in upregulation
of anti- and proinflammatory cytokines expression 24 hours
after the injury (Figure 1(a)). Thirty days after injury,
the expression levels of IL-10 and IL-4 are undetected
whereas the expression of TNF-α persists significantly higher
4
Neurology Research International
∗∗
∗
∗∗∗
Relative expression
Relative expression
150
∗∗
25
∗∗∗ ∗∗
50
5
15
5
3
∗∗ ∗∗∗
2
1
0
0
IL-6
TNF-α
IL-10
IL-4
IL-6
TNF-α
Control
Control
Injury no treatment
Injury no treatment
MSC treated
MSC treated
(a)
IL-10
IL-4
(b)
Figure 1: Relative expression of IL-6, TNF-α, IL-10, and IL-4 in acute and chronic models of motor cortex injury. (a) 24 hours and (b) 30
days after injury and MSC injection, RNA was extracted from motor cortex of control, injury without treatment and MSC treated mice.
qPCR was performed to quantify the expression of inflammatory cytokines and relative expression was calculated in relation to HPRT. Data
are expressed as mean of 2−ΔΔCt ± SEM (control n = 3, injury no treatment n = 6, MSC treated n = 4). ∗ P < .05, ∗∗ P < .001, ∗∗∗ P < .0001.
than in undamaged tissue and IL-6 expression decreases
(Figure 1(b)).
Our results show that immunomodulation by MSC
transplantation in the TBI acute model is indicated by downregulation of IL-6, and IL-10 mRNA levels (Figure 1(a)).
Thirty days after injury and injection of MSC, we observed
increased expression of IL-6 (Figure 1(b)).
3.2. Transplanted MSC also Modulate Serum Levels of
Cytokines. TBI induces an inflammatory reaction by the
release of proinflammatory cytokines IL-1β, IL-6, and IL8 that can be detected in the serum of patients that
have suffered severe TBI [32, 33]. There is very limited
information about serum levels of cytokines in TBI model we
used, especially regarding the levels of the pro-inflammatory
interleukins seen in patients. Similar to what is observed
for humans, the serum level of four pro-inflammatory
cytokines, IL-1β, IL-6, IL-17, and TNF-α was increased
by the injury (Figure 2(a)). We also observed increased
levels of two anti-inflammatory cytokines, IL-4 and IL-10
(Figure 2(b)). Interestingly, MSC transplantation into the
injury site decreased the serum levels of all cytokines in the
acute phase of the model (Figure 2).
We expanded the investigation of the levels of cytokines
to several chemokines, because of their important role in
the modulation of the activity of immune cells, as well as
of stem cells, especially regarding mobilization of stem cells
from tissue-specific stem cell niches [34, 35]. We observed a
variety of responses to injury and to MSC transplantation
in the acute (24 hours) and chronic (30 days) phases.
CCL5, CXCL9, and CXCL10 serum levels did not change in
response to injury or to MSC transplantation after injury,
in both acute and chronic phases (Figure 3). CCL2, CCL3,
CCL11, CXCL1, and G-CSF serum levels increased 24 hours
after injury in nontreated animals (Figure 3(a)) whereas only
CCL2 and CCL11 returned to control levels after 30 days,
even without MSC transplantation (Figure 3(b)). GM-CSF
level was lower 24 hours after injury when compared to
serum levels from control animals (Figure 3(a)), and was
undetected after 30 days (Figure 3(b)).
MSC transplantation decreased serum levels of CCL2,
CCL11, CXCL1, CXCL5, CXCL9, CXCL2, and GM-CSF to
normal, or even below normal values, 24 hours after injury.
On the other hand, analysis of serum of animals that received
MSCs 30 days after injury and transplantation showed that
the levels of CCL2, CCL11, and CXCL1 were higher than the
levels found in normal animals serum (Figure 3).
3.3. MSC-Conditioned Medium Stimulates Proliferation of
Neural Stem Cells and Modulates Gene Expression In Vitro.
Many reports describe that soluble factors secreted at brain
injury sites, including chemokines and cytokines, induce
neural stem cells to migrate towards the injury site [36–38]. A
recent study from our laboratory (unpublished data) showed
that peptides analogous to the chemokine CXCL12, known
to chemoattract cells that express the receptor CXCR4 such
as lymphocytes, progenitor cells, hematopoietic, neural, and
embryonic cells [39], stimulated chemotaxis of neuroblasts
towards a cortex injury site, and modulated gene expression
in vivo. Nevertheless, the hostile environment created by the
inflammatory mediators secreted by glial and immune cells
that infiltrate the injured brain reduces the survival of the
migrating neuroblasts.
The in vivo effects of MSC immunomodulation that
we observed in the TBI model lead us to ask whether
MSC secrete factors that could modulate neural stem cells
survival, proliferation, and differentiation. In vitro treatment
of neural stem cells derived from adult mice SVZ, cultured as
neurospheres, with MSC-conditioned medium (MSC-CM)
resulted in increased proliferation (Figure 4(a)) without
affecting survival of the cells (Figure 4(b)).
Neurology Research International
5
∗∗∗ ∗∗∗
∗∗∗
∗∗∗
1450
12500
2500
1100
350
∗∗∗ ∗∗∗
∗∗∗ ∗∗∗
50
20
(pg/mL)
(pg/mL)
650
750
20
∗∗∗ ∗∗∗
∗∗∗ ∗∗∗
10
10
0
0
IL-1β
IL-5
IL-6
IL-17
TNF-α
IL-4
IL-10
Control
Control
Injury of treatment
Injury of treatment
MSC treatment
MSC treatment
(a)
(b)
Figure 2: Cytokine profile in serum in TBI acute phase. Serum from mice submitted to the TBI protocol was used to investigate for cytokines
content. Mice were transplanted (MSC treated) or not (injury not treated) with MSC immediately after the injury and blood was collected
after 24 hours. (a) Pro-inflammatory cytokines and (b) anti-inflammatory cytokines (control n = 3, injury no treatment n = 6, MSC treated
n = 4). ∗∗∗ P < .001, ∗∗ P < .01.
Soluble factors present in MSC-CM changed neural
stem cell gene expression, inducing upregulation of GFAP, a
marker of astrocytes intermediate filaments, and downregulation of nestin, a marker of immature cells (Figure 5). The
expression levels of GAP43, an axonal growth marker, and
SOX2, a neural stemness marker, did not change (Figure 5).
4. Discussion
Recently, the immunomodulatory properties of MSC have
been investigated in a number of pathological situations.
Despite MSC multipotency and self-renewing characteristics,
studies suggest that the tissue regenerative potential exerted
by these cells are not due to transdifferentiation and substitution of dead cells, but is due to the secretion of soluble factors
which stimulate local progenitor cells to survive, proliferate,
and differentiate [40, 41]. Several studies have demonstrated
this effect in different pathologies, such as acute kidney
injury [42], chronic renal failure [43], renal fibrosis [44],
myocardium infarction [45], asthma [46], multiple sclerosis
and amyotrophic lateral sclerosis [47], and brain ischemia
[48]. In the present study, we used a murine TBI model
performed in the motor cortex of mice.
Our results show that 24 hours after the injury there
is a significant increase in the expression of the proinflammatory cytokines IL-6, and TNF-α in the injury
site (Figure 1). The increase in pro- and anti-inflammatory
mediators, such as IL-6, and IL-10, have been described in
cerebrospinal fluid as well as in serum of patients with severe
TBI [49].
In the model we used, MSC transplantation significantly
decreased the expression of IL-6, and similar results were
observed regarding the anti-inflammatory cytokines IL-10
and IL-4, both locally and in serum (Figures 1 and 2).
IL-6 is a pleiotropic cytokine, involved in several pathological situations and can play pro- or anti-inflammatory
effects depending on the microenvironment [50]. Our results
show that there was an increase in IL-6 expression at the
injury site and also in serum (Figure 2). IL-6 is secreted
mainly by microglia and astrocytes, and its neuroprotector
role is characterized by TNF-α inhibition and NGF stimulation. IL-6 also promotes tissue revascularization and tissue
scar formation [4]. Our results show increased IL-6 levels
30 days after injury and MSC transplantation, contrary to
its decrease in the acute phase of the injury (24 hours
after injury). These results suggest the immunomodulatory
property of MSC in the TBI model where in a hostile
environment in the acute period, when IL-6 is deleterious to
the tissue, MSC downregulates IL-6, while after a few days,
MSC upregulates IL-6, in a period when this chemokine
would become beneficial to a possible tissue regeneration.
Besides the alterations in cytokines expressions in the site
of injury, MSC transplantation also influenced the levels
of chemokines systemically, both in the acute (24 hours)
6
Neurology Research International
5000
(pg/mL)
3000
∗
∗∗∗
∗∗∗
1000
600
350
100
90
60
30
0
∗
∗
∗
∗
∗
∗ ∗
CCL2
CCL3
CCL5
CCL11 CXCL1 CXCL2 CXCL5 CXCL9 CXCL10 G-CSF GM-CSF
(a)
∗
∗
5000
(pg/mL)
3000
∗
1000
∗
150
∗∗
∗∗
100
50
0
CCL2
CCL3
CCL5
CCL11
CXCL1 CXCL2 CXCL5 CXCL9 CXCL10 G-CSF GM-CSF
Control
Injury no treatment
MSC treated
(b)
Figure 3: Chemokine profile in serum in TBI acute and chronic phase. Serum from mice submitted to the TBI protocol was used to
investigate for cytokines content. Mice were transplanted (MSC treated) or not (injury not treated) with MSC immediately after the injury
and blood was collected after 24 hours (acute phase) (a) or 30 days (chronic phase) (b). (control n = 3, injury no treatment n = 6, MSC
treated n = 4). ∗ P < .005, ∗∗∗ P < .001.
and chronic (30 days) phases of TBI (Figure 3). It has been
described that administration of IL-1β to the brain induces
hepatic CXC and CCL chemokine synthesis, which correlates
to elevation of circulating leukocytes in the blood [51].
CNS injury involves glial activation, leukocytes recruitment, increase in the expression, and secretion of inflammatory mediators as cytokines, and chemokines [6]. Recent
studies have described molecular signals regulating NSC
migration in the injured brain, including angiogenic factors,
chemokines, cytokines and extracellular matrix components
[52]. Brain injury induces proliferation of NSC in the SVZ
and migration of neuroblasts from the SVZ towards the site
of the insult [53]. Nevertheless few neuroblasts arrive at the
injury site and survive to the injury microenvironment [12].
Our aim was to verify if the immunomodulatory properties observed in the in vivo experiments by the secretion
of soluble factors by MSC could have any direct effect on
NSC survival, proliferation, and/or differentiation. In our
experiments, exposing NSC to soluble factors present in
MSC-CM did not influence NSC apoptosis (data not shown)
and survival, but increased proliferation, indicating that the
factors secreted by MSC may contribute to enhancing the
number of NSC without affecting survival (Figure 4).
On the other hand, MSC-CM soluble factors modulated NSC gene expression, upregulating GFAP expression,
downregulation of nestin, and no alterations in GAP43
and SOX2 expression (Figure 5). SOX2 is a transcription
factor expressed by NSC present in neurogenic niches and
maintains pluripotency or stemness state [54]. Constitutive
expression of SOX2 inhibits neuronal differentiation, so this
could explain nestin downregulation.
5. Conclusion
In this study we observed that MSC are able to modulate
the inflammatory response in an acute TBI model by
changing the expression of pro- and anti-inflammatory
cytokines, along with modulation of serum levels of several
chemokines. In addition, MSC secreted soluble factors are
capable of stimulating proliferation of NSC in vitro, as well as
increasing the expression of GFAP, a gene related to mature
astrocytes, indicating that factors expressed by MSC could
induce differentiation of NSC in vivo. Altogether these results
indicate that there are still open possibilities of new regeneration therapies to treat nervous tissue injuries, highlighting
Neurology Research International
7
∗∗∗
40
0.35
0.3
0.25
Abs (540 nm)
BrdU + cells (%)
30
20
0.2
0.15
0.1
10
0.05
0
0
Control
Control
MSC-CM
(a)
MSC-CM
(b)
Figure 4: MSC secreted factors stimulate adult NSC proliferation. (a) Survival of NSC measured by MTT assay. (b) Proliferation of NSC
measured by BrdU incorporation using flow cytometry. Data are mean ± SEM of two independent experiments performed in triplicates.
∗∗∗
P < .001.
60
to T. R. M. Filippo, C. B. Ariza, L. T. Galindo, C. M.
Moreira); and CNPq (Research Fellowship and Research
Grant (573909/2008-3) to M. A. Porcionatto).
∗∗∗
Relative expression
50
40
Conflict of Interests
30
3
The authors declare that they have no conflicts of interest.
2
∗
References
1
0
GFAP
Nestin
GAP43
SOX2
Control
MSC-CM
Figure 5: MSC secreted factors upregulate GFAP expression
by adult NSC. RNA was extracted from neurospheres cultured
in control medium or MSC-CM, and qPCR was performed to
evaluate the expression of GFAP, nestin, GAP43, and SOX2. Relative
expression was calculated in relation to GAPDH. Data expressed as
mean of 2−ΔΔCt ± SEM of triplicates. ∗ P < .05, ∗∗∗ P < .0001.
the importance of immunomodulatory properties of MSC
and its potential to allow NSC survival and proliferation.
Funding
This paper was supported by FAPESP (Research Grant to M.
A. Porcionatto (2008/07570-9); Grad Student’s Fellowships
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