EPIDEMIOLOGIA E ESTADIAMENTO DOS

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EPIDEMIOLOGIA E ESTADIAMENTO DOS PACIENTES COM CÂNCER DE
BOCA ATENDIDOS NO HOSPITAL SÃO MARCOS - TERESINA/PI
Renata Bezerra Coutinho* - NOVAFAPI
Maria Cândida de Almeida Lopes**- NOVAFAPI, UFPI
Márcia Socorro da Costa Borba***- NOVAFAPI, FACID
Lúcia Rosa Reis de Araújo Carvalho****- NOVAFAPI, UFPI
INTRODUÇÃO
O câncer de boca representa neoplasias malignas presentes nos lábios, língua,
gengiva, assoalho bucal, palato, tonsilas palatinas, orofaringe e glândulas salivares. Há
um predomínio maior no gênero masculino. Esta desproporção está relacionada com os
principais fatores de risco para o câncer de boca como o álcool e o tabagismo, hábitos
mais freqüentes entre os homens¹. A etiologia do câncer oral está associada com trauma
crônico, má higiene oral, baixo consumo de caroteno, história familiar de câncer e
elevada exposição solar.
As localizações mais freqüentes são língua e palato. O tipo histológico
predominante é o carcinoma de células escamosas sendo menos freqüente os tipos:
sarcoma de kaposi e carcinossarcoma. A sobrevida em 5 anos varia entre 18% a 62%,
dependendo do gênero, etnia e localização anatômica².
O presente estudo apresenta uma série de pacientes com câncer de boca
atendidos no Hospital São Marcos (Teresina-PI), um hospital terciário de atendimento
de pacientes com câncer, vinculado à Sociedade Piauiense de Combate ao Câncer e que
atende pacientes do Estado do Piauí, Maranhão, Pará, e Tocantins.
METODOLOGIA
Foi analisada uma amostra de 196 pacientes com diagnóstico de câncer de boca
atendidos no Hospital São Marcos, de janeiro de 2002 a dezembro de 2004, dentre os
quais 140 apresentavam seguimento. Em todos os casos, o diagnóstico foi confirmado
por estudo anatomopatológico de biópsia da lesão. Foram levantados dados referentes à
idade, gênero, estadiamento, localização topográfica do tumor, grau de diferenciação,
tratamento realizado, fatores de risco e ocorrência de recidiva, os quais foram
registrados em uma ficha padrão (ANEXO1). A análise descritiva dos dados foi
realizado através do programa Winstat®, adotando-se um nível de significância de 5%.
RESULTADOS
A idade dos pacientes variou de 13 à 92 anos com média de 63,7, sendo 55,7%
do gênero masculino e 44,3% do gênero feminino. O período de acompanhamento
variou de 10 dias à 47 meses. No que se refere à localização os sítios anatômicos mais
acometidos pela lesão em ordem decrescente foram: língua (34,29%), palato (17,14%),
assoalho bucal (13,57%), gengiva (5%) , mucosa oral e lábios(2,86%).
O sistema de estadiamento clínico TNM foi utilizado pois avalia as
características fundamentais de um câncer que são: extensão local, disseminação
regional e metástases à distância². Quanto ao estadiamento, oito pacientes eram estádio
I, vinte e seis classificados como estádio II, trinta e seis estádio III, cinqüenta e nove
IVA, dez IVB e um paciente era estádio IVC.
O grau de diferenciação constitui fator importante para o prognóstico, uma vez
que neoplasias pouco diferenciadas tendem a ser mais agressivas. Na série em estudo
setenta e cinco pacientes apresentaram grau de diferenciação G1, trinta e sete G2, vinte
e três G3, dois G4 e três pacientes apresentaram um grau de diferenciação
indeterminado.
Quanto ao tipo histológico, cento e vinte e cinco apresentaram carcinoma
espinocelular, nove adenocarcinoma, um sarcoma de kaposi, um carcinossarcoma e
quatro prontuários não relatavam o tipo histológico (Tabela 1).
Tabela 1 – Características do Tumor
Características
I
II
III
Estadiamento
IVA
IVB
IVC
G1
G2
Grau de
G3
diferenciação
G4
Indeterminado
Carcinoma Espinocelular
Adenocarcinoma
Tipo
Sarcoma de Kaposi
Histológico
Carcinossarcoma
Ignorado
Nº de pacientes
8
26
36
59
10
1
75
37
23
2
3
125
9
1
1
4
Freqüência Relativa (%)
5,71
18,57
25,71
42,14
7,14
0,71
53,57
26,43
16,43
1,43
2,14
89,29
6,43
0,71
0,71
2,86
Com relação aos tratamentos empregados, 25 pacientes submeteram-se à
quimiorradioterapia, 78 à radioterapia exclusiva, 8 à cirurgia, 1 quimioterapia
exclusiva, 21 cirurgia seguida de radioterapia, 2 radioterapia seguida de cirurgia, 3
cirurgia mais quimioterapia e 2 pacientes realizaram radioterapia, cirurgia e novamente
radioterapia (Tabela 2).
Tabela 2 – Tratamento Realizado
Tratamento
Radioterapia
Radioterapia + Quimioterapia
Cirurgia + Radioterapia pós
Cirurgia
Cirurgia + Quimioterapia
Radioterapia + Cirurgia + Radioterapia
Radioterapia + Cirurgia
Quimioterapia
Nº de pacientes
78
25
21
8
3
2
2
1
Freqüência Relativa (%)
55,71
17,86
15,00
5,71
2,14
1,43
1,43
0,71
Quanto aos fatores de risco 62 pacientes eram tabagistas, 3 consumiam bebida
alcoólica, 13 bebiam e fumavam, 3 pacientes possuíam prótese mal-adaptada, 5 além do
uso de prótese mal-adaptada eram tabagista, 1 tinha grande exposição solar, 1 além de
tabagista e etilista tinha grande exposição solar e 1 era portador do vírus da AIDS
(Tabela 3).
Tabela 3 – Fatores de Risco
Fatores de Risco
Fumo
Álcool
Fumo+ Álcool
Prótese mal-adaptada
Fumo + Prótese mal-adaptada
Sol
Fumo + Álcool + Sol
AIDS
Nº de pacientes
62
3
13
3
5
1
1
1
Freqüência Relativa (%)
69,67%
3,37%
14,60%
3,37%
5,61%
1,12%
1,12%
1,12%
Foram observadas 10 recidivas entre os casos analisados, sendo 8 recidivas
regionais e 2 sistêmicas.
Entre os pacientes da série, foram observados cinco óbitos por câncer. A idade
desses pacientes variou de 49 a 77 anos. Referente ao estadiamento, 2 eram estádioIII, 2
IVA e 1 estádio IVB. Com relação ao grau de diferenciação três G3, 1 G1 E 1 G2, e
quanto ao tipo histológico todos eram carcinoma espinocelular. No que diz respeito ao
tratamento 3 receberam radioterapia exclusiva, um Cirurgia + Rxt pós e um Rxt + Qt
(Tabela 2). Portanto, o número de óbitos foi observado a partir de 49 anos,
estadiamento III e IVA, grau de diferenciação G3, tipo histológico carcinoma
espinocelular e a radioterapia como modalidade de tratamento utilizada.
CONCLUSÃO
Na série de casos estudada o câncer de boca foi mais prevalente no gênero
masculino sendo diagnosticado principalmente no estádio IVA, o tipo histológico mais
prevalente o carcinoma espinocelular e a língua o sítio anatômico mais acometido. O
principal tratamento empregado foi a radioterapia exclusiva e o fator de risco mais
observado foi o tabagismo.
Palavras-chave: Neoplasias da boca; Tratamento; Evolução; Estadiamento.
REFERÊNCIAS
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Cancer Res. v. 48, p. 3282-3287, 1998.
2. CARVALHO, M. B. et al. Clinical and epidemiological characteristics of oral
squamous cell carcinoma in women. Rev. Assoc. Med. Bras. São Paulo, v. 47, n. 3,
2001. Disponível no site <http://www.scielo.br/scielo.php>. Acesso em 25 de outubro
de 2006.
3. DURAZZO, M.D. Detecção precoce e prognóstico do câncer da boca. In: Comitê
de Fonoaudiologia em Cancerologia da Fundação do Oncocentro de São Paulo.
Fonoaudiologia em Cancerologia. São Paulo: FOSP, 2000. p. 32-7.
4. FARDIN, M. et al. Fatores de risco no prognóstico do câncer de boca: estudo de
1440 casos. Brás. Cir.Cab. Pesc. v.33, p. 27-33, 2004.
5. KAWATA, L.T. Análise multifatorial de segundo tumor primário em pacientes
com carcinoma espinocelularde boca: estudo retrospectivo de 141 casos. Dissertação
de Mestrado – Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista-UNESPCampus Araçatuba, 2004.
6. KOWALSKI, L.P.;NISHOMOTO, I. Epidemiologia do câncer de Boca. In: PARISE
Jr. Câncer de Boca: aspectos básicos e terapêuticos. São Paulo: Sarvier; 2000. cap.1, p.
3-11.
7. NEVILLE, B. W. et al. Patologia Oral & Maxilofacial. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ:
Guanabara Koogan, 2004.798 p.
8. STANLEY, L. et al. Patologia estrutural e funcional. 6. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2000.
9. TAVARES, M. R.;NOMA, R. K. Epidemiologia e fatores de risco do câncer da
cavidade oral. Rev. Méd.; v.76, p.256-259, 1997.
* Acadêmica de Odontologia da NOVAFAPI. [email protected] br.
**Professora Doutora em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da NOVAFAPI/UFPI,
Professora do Departamento de Morfologia-UFPI e membro do Serviço de CTBMF do Hospital Getúlio
Vargas.
***Professora Mestre em Ciências da Saúde da NOVAFAPI/FACID, residência em Cirurgia e
Traumatologia Buco-Maxilo-Facial e membro do Serviço de CTBMF do Hospital Getúlio Vargas.
****Professora Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da NOVAFAPI/UFPI.
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