MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME - MDS FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO R.G. DO SUL - FAURGS REDE INTEGRADA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - R E D E S A N - 2 0 0 8 CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES DE COZINHAS COMUNITÁRIAS – 2008 PRODUÇÃO TEXTUAL FINAL EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL Elizângela Assunção Nunes Maracanaú - CE 2008 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME - MDS FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO R.G. DO SUL - FAURGS REDE INTEGRADA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - R E D E S A N - 2 0 0 8 CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES DE COZINHAS COMUNITÁRIAS – 2008 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL Elizângela Assunção Nunes Maracanaú – Ce (85) 35215120 - 88646511 [email protected] ORIENTADORES: Coordenadores, Professores e Tutores REDESAN-2008 Trabalho apresentado como requisito para conclusão do Curso FGRP-2008 INTRODUÇÃO Nos últimos tempos, temos vivenciado grandes transformações em nosso país. A passagem da ditadura militar para um país democrático, sem dúvida marcou profundamente a trajetória das políticas públicas no Brasil. A ruptura com o regime militar foi lenta e gradual, com anistia, em 1979, que possibilitou o perdão aos torturados e concedeu direitos políticos e civis aos considerados inimigos internos do regime de segurança nacional. O novo cenário político-social efetiva–se com promulgação da Constituição Federal em 1988 e a eleição presidencial de 1989. Após esse momento percebemos uma constante luta pela moralização da vida pública e das instituições democráticas. O Estado se modifica na dinâmica da forças sociais e políticas, e, especialmente, se configura como suporte e resultante da cidadania. Passamos a experimentar um estado democrático em que a cidadania é compreendida como o reconhecimento dos indivíduos e coletivos como sujeitos na construção da história, pela participação política, pelo exercício da autonomia e pela garantia que lhes é dada, num Estado de Direito, as condições e meios de vida tanto como direitos individuais, políticos e sociais. Com esses ventos democrático-populares efetivam-se direitos sociais e essenciais como: o direito das mulheres, das crianças, dos índios, Seguridade Social (saúde, assistência social e previdência social), educação, habitação, alimentação, dentre outros. Sabemos que todas essas conquistas aconteceram mediante lutas de incansáveis cidadãos e instituições que desejavam e desejam a efetivação dos direitos socais. Quando falamos do direito à alimentação, estamos falando de uma delicada questão social envolve a fome. Essa temática é algo que já vem sendo discutida a mais de 60 anos no Brasil, mas somente nesse contexto de redemocratização é que ganha força e corpo. Após discussões entre governo e sociedade civil chegamos a um conceito de Segurança Alimentar e Nutricional bastante abrangente, pois falar em Segurança Alimentar e Nutricional é falar na “realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis” (LOSAN, 2006). A efetivação desse conceito é algo que consolida no Brasil que o direito à alimentação é um direito humano fundamental e universal, já previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos e reafirmada e detalhada no artigo 11 do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais do qual o Brasil é signatário. Quando abordamos o termo práticas alimentares promotoras de saúde, estamos falando de hábitos, usos, costumes que definem padrões de consumo alimentar de acordo com os conhecimentos científicos e técnicas de uma boa alimentação, respeito e resgate as práticas alimentares regionais, bem como padrões alimentares mais variados, desde os primeiros anos de vida até a idade adulta e a velhice. É com base nesse conceito e ciente que Segurança Alimentar e Nutricional é algo que se realiza intersetorialmente. Pois, faz-se necessário a integração de diversas políticas públicas como políticas agrícolas, de abastecimento alimentar, saúde, saneamento básico, educação, geração de emprego e renda, é que os equipamentos públicos de alimentação de Maracanaú – Ce propõe trabalhar com sua comunidade, tentando reverter o quadro de insegurança alimentar e nutricional instaurada em grande parcela de seus beneficiários e alertá-los que o acesso aos programas de SAN deve ser universal, contando com mecanismos de controle público capazes de combater o uso clientelista. EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL Após várias discussões entre sociedade civil e governo em setembro de 2006 é sancionada a Lei de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) que deve ter ação integrada com o CONSEA Nacional. “Segurança Alimentar e Nutricional é realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis” (LOSAN, 2006). Percebemos a amplitude desse conceito, pois engloba: a garantia de acesso diário a alimentos em quantidade e qualidade suficientes para atender as necessidades básicas de nutrientes do corpo, mantendo a saúde física e mental; o acesso aos recursos necessários para produzir e/ou adquirir alimentos saudáveis e seguros (sem contaminações por resíduos de produtos químicos ou por germes); a possibilidade de ter para a família uma alimentação de acordo com os hábitos e práticas alimentares próprios da sua cultura, da sua origem étnica ou da sua região; a garantia de poder comer alimentos seguros e saudáveis sejam eles preparados, distribuídos e/ou vendidos em casa, na escola, no trabalho, em restaurantes, bares, vendas ou outros estabelecimentos comerciais; o acesso a informações corretas sobre todas as substâncias componentes dos alimentos (ingredientes, nutrientes, aditivos, etc.); o conhecimento sobre práticas alimentares e estilos de vida saudáveis para promover e proteger a saúde, garantindo a qualidade de vida; a consciência sobre os riscos à saúde e ao meio ambiente, causados por práticas inadequadas desde a produção até o consumo de alimentos. Entendo a amplitude da temática observamos o empenho do Governo Federal sistematicamente na consolidação desse sistema através de editais de financiamento de equipamentos públicos na área de SAN como: Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias, Banco de Alimentos, Compra Direta Local da Agricultura Familiar, Projeto Agricultura Urbana, Núcleo de Educação em Segurança Alimentar. Com esse mesmo objetivo o município de Maracanaú tem estruturado suas em Segurança Alimentar e Nutricional através de dois restaurantes em parceria com a iniciativa privada e outro Restaurante Popular, mediante convênio entre Prefeitura e MDS, com capacidade para o fornecimento de 2.000 refeições/dia. Ainda como parte da estratégia de ampliação da oferta de alimentos a preços reduzidos, o Município contará com 5 cozinhas comunitárias, localizadas em diferentes bairros e com capacidade para o fornecimento de um total de 2000 refeições diárias. Recentemente foram aprovados e estão funcionando plenamente dois projetos que fortalecem a produção de alimentos no município: o Projeto Agricultura Urbana, onde famílias produzem em hortas comunitárias e o Projeto Compra Direta da Agricultura Familiar, ambos em parceria com o MDS. Ressaltamos que estamos em processo de implantação do Banco de Alimentos do Município. Como parte integrante de ações emergenciais de SAN, a Secretaria de Assistência Social e Cidadania, através da Coordenadoria de SAN desenvolvem programas de distribuição de cestas básicas e leite para portadores de necessidades alimentares especiais. E é nesse caminho que temos a convicção que é de grande valia a implantação de ações continuadas em Educação Alimentar e Nutricional. Pois, temos que alertar cotidianamente os nossos usuários quanto ao acesso sustentável e permanente dos alimentos, quanto à qualidade e o consumo de alimentos seguros que satisfaçam as necessidades nutricionais diárias, sempre respeitando os hábitos e as práticas alimentares culturalmente construídas. “O alimento seguro ou saudável para o consumo está relacionado à produção, ao abastecimento, à higiene. Nesses termos, de fato, o consumidor necessita conhecer os riscos para a saúde em toda a cadeia alimentar, como os produtos químicos acrescidos aos alimentos, entre outros processos comerciais, para uma escolha reflexiva de seu consumo”. (FREITAS & PENA, 2007) Observamos com muita freqüência em nosso cotidiano casos como fome, desnutrição, anorexia, obesidade, diabetes melitos, anemia, hipertensão, dentre outros. Isso ocorre quando há violação do direito humano à alimentação e não é assegurado o acesso permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente ou às condições para a sua obtenção é geradora de insegurança alimentar. O que designamos como insegurança alimentar é a insuficiência de alimentos, ou mesmo ocorrendo a sua disponibilidade ocorre a sua utilização inadequada. Temos que lembrar sempre que a alimentação deve ser promotora de saúde e não de doenças nas pessoas. Portanto, o trabalho de educação alimentar e nutricional faz-se necessário para ultrapassarmos esta condição e também, combatermos o desperdício de alimentos e o melhor aproveitamento dos mesmos. Pois, Educação Alimentar é a “forma com que se possibilita que a pessoa reconheça o alimento que consome, desde os nutrientes envolvidos e aditivos químicos, até o modo de preparação para o aproveitamento integral e sem desperdício do alimento e a apropriação do significado simbólico e social do produto consumido”. (KRAUSE & SCHROEDER, 2008) Essa iniciativa é resultante do cruzamento entre o conceito de promoção da segurança alimentar e o da promoção da saúde. Haja vista, que o papel da promoção da saúde cresce em sua importância como uma estratégia fundamental para o enfrentamento dos problemas do processo saúde-doença-cuidado e da sua determinação. “O papel da educação alimentar e nutricional está vinculado à produção de informações que sirvam como subsídios para auxiliar a tomada de decisões dos indivíduos que outrora foram culpabilizados pela sua ignorância sendo posteriormente vítimas da organização social capitalista, e se tornam agora providos de direitos e são convocados a ampliar o seu poder de escolha e decisão”. (SANTOS, 2005) “A centralidade das práticas educativas está na transmissão de mensagens consistentes, coerentes e claras, utilizando ao máximo os recursos tecnológicos de comunicação, garantindo o direito ao acesso à informação”. (SANTOS, 2005) Temos que ter o cuidado de não está somente publicizando as informações aos nossos usuários, pois são necessários mais elementos do que apenas informações para subsidiar os indivíduos nas escolhas e decisões têm que ter ações de caráter informativo, crítico e articulador com as demais políticas públicas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A implantação de atividades promotoras de Educação Alimentar e Nutricional no cotidiano de nossos equipamentos sociais assegurarão o fornecimento aos nossos usuários de informações corretas que permitirá a facilitação no poder de escolhas e decisões. Também, estaremos realizando atividades promotoras de saúde, mapeando e conhecendo os hábitos alimentares de nossos usuários. Assim, estaremos configurando a abordagem sociocultural como uma estratégia para a efetividade de políticas sociais e para a produção de novos saberes sobre esse tema. Sem perdemos de vista a articulação com demais políticas públicas como saúde, educação, e principalmente com a assistência social que é um eixo norteador para os que têm os mínimos sociais. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS KRAUSE, A; SCROEDER, E.O. Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil:História e Conquistas. FAURGS, Rio Grande do Sul, 2008. SANTOS, L.A.S. Educação Alimentar e Nutricional no Contexto da promoção de práticas alimentares e saudáveis. Rev.Nutr., campinas, set/out, 2005 FREITAS, M.C.S & PENA, P.G.I. Segurança Alimentar e Nutricional: a produção do conhecimento com ênfase nos aspectos da cultura. Rev. Nutr., Campinas, 2007. CONSEA – Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Lei de Segurança Alimentar e Nutricional – conceitos. Brasília, 2006. BELIK, Walter. Perspectivas para a Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil. Revista Saúde e Sociedade, São Paulo, 2003. www.eavirtual.ea.ufrgs.br/redesan www.mds.gov.br