bulimia - APM Piracicaba

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AtEnÇÃO
BULIMIA
NERVOSA
não purgativo, no qual o paciente apresenta outras medidas
compensatórias, como jejum ou excesso de exercícios, mas
sem ter os métodos purgativos acima.
Epidemiologia
A incidência de BN é de 13 para 100 mil habitantes por ano,
com prevalência entre 0,5 a 4% da população, mas as taxas
podem ser maiores se considerarmos quadros alimentares
parciais.
A prevalência é maior no sexo feminino, com cerca de 90%
de mulheres e 10% de homens. A maioria das pacientes
apresenta peso normal. O início da doença é mais comum no
final da adolescência ou no início da vida adulta, atingindo as
diferentes classes sociais.
Etiopatogenia
Não há uma causa única para a BN, assim como na maioria
das doenças psiquiátricas. A etiopatogenia compreende
fatores biológicos (alterações nos neurotransmissores
cerebrais, como serotonina e noradrenalina, e também nos
peptídeos YY, na leptina e na colecistoquinina), psicológicos
(perfeccionismo,
importante
labilidade
emocional,
autodestruição, aversão a conflitos e medo de abandono),
socioculturais(o estereótipo idealizado da mulher feminina e
de sucesso é o de alguém magra), familiares (alterações nas
relações interpessoais) e genéticos6.
Quadro clínico
A
BULIMIA NERVOSA (BN) caracteriza-se pelos
episódios compulsivos, ou seja, ingestão de
grande quantidade de alimentos em um curto
período com a sensação de perda de controle
e medidas inadequadas para o controle de peso, como
vômitos autoinduzidos, e outras medidas inadequadas para
o controle do peso. Também há grande preocupação com o
peso e forma corporal.
De acordo com o DSM-IV, há dois tipos de BN: o purgativo,
cujos métodos compensatórios incluem os laxantes, enemas,
diuréticos e vômitos autoinduzidos (80 a 90% dos casos); e o
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O paciente com BN geralmente descreve grande preocupação
com seu peso e forma corporal previamente ao transtorno
propriamente dito, embora seu peso esteja normal ou
discretamente elevado. De forma geral, refere intenso medo
de engordar, mas sem o desejo de emagrecer ou buscar
ideais de beleza cada vez mais magros, como observado na
AN. Assim sendo, inicia-se uma dieta restritiva, eliminando
alimentos que julga facilitar o ganho de peso, mas sem haver
a restrição desenfreada observada em pacientes anoréxicos.
O controle sobre o hábito alimentar se mantém até que
em determinado momento o paciente sente uma vontade
grande de comer e, ao se deparar com algum alimento
abolido de sua dieta, apresenta um descontrole, ingerindo-o
em quantidade maior do que o normal em um tempo curto,
induzindo o vômito para evitar engordar e aliviar-se física
e psiquicamente. A presença dos episódios bulímicos é um
ponto fundamental desse transtorno.
O abuso de exercícios físicos com o propósito de compensar
os episódios bulímicos pode causar danos ortopedicos.
Outros mecanismos compensatórios para os episódios
compulsivos da BN são o uso de laxantes
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2012
(em cerca de 60% das pacientes com BN) ou diuréticos,
hormônios tireoidianos, inibidores de apetite, orlistat e
cocaína.
Comorbidades na BN
A comorbidade mais observada na BN é a depressão,
com prevalência ao longo da vida variando de 50 a 65%. A
prevalência ao longo da vida do uso abusivo de substâncias
psicoativas varia de 30 a 60. O transtorno de personalidade
borderline é o mais prevalente ao longo da vida, seguido do
dependente e do histriônico.
Curso e evolução
O curso da bulimia é bastante variável, mas, assim como na
anorexia, pode ser crônico e com recaídas. Uma recuperação
favorável ocorre em cerca de 50 a 70% dos casos.O índice de
mortalidade eh de cerca de 0,5%.
tamanho adequado das porções em uma refeição e discutirá
crenças errôneas a respeito da alimentação e orientará a
confecção de diário alimentar.
O uso de antidepressivos, sobretudo ISRS (fluoxetina,
fluvoxamina, sertralina) e inibidores seletivos da recaptação
de serotonina e noradrenalina (IRSN) são eficazes para o
tratamento da BN, diminuindo episódios bulímicos, vômitos
autoinduzidos e possíveis sintomas depressivos. O uso do
topiramato é mais recente, mas vem mostrando resultados
eficazes.
A melhor resposta no tratamento da BN provém da
combinação de terapia cognitivo-comportamental (TCC) com
o uso dos medicamentos já citados. De acordo com a gravidade
do quadro, o tratamento pode ser feito ambulatorialmente,
em hospital-dia ou em regime de internação
Tratamento
O tratamento da BN, assim como o da AN, deve ser feito por
uma equipe multiprofissional, com, no mínimo, atendimento
psiquiátrico, nutricional e psicológico. Os objetivos incluem
primeiramente a regularização do padrão alimentar,
suspensão de purgação e restrição e orientação nutricional.
A psicoterapia com enfoque cognitivo-comportamental
é a que tem demonstrado melhores resultados, havendo
também boa resposta com a psicoterapia interpessoal. A
orientação nutricional abordará a necessidade de ingerir
diariamente os diferentes grupos alimentares, mostrará o
Dr. Fabio Tapia Salzano CRM 72998
Médico Assistente do Instituto de
Psiquiatria do HCFMUSP, vice-coordenador
do Programa de Transtornos Alimentares
( AMBULIM) do IPQ-HCFMUSP
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