1 Cinesioterapia no tratamento de pacientes com Osteoartrite de joelho Elissandra Maia Silva1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia2 Pós-Graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia_ Faculdade de Cambury Resumo A pesquisa refere-se ao tratamento de pacientes com Osteoartrite (OA) de joelho por meio da Cinesioterapia, pois dentre as articulações de sustentação de peso, o joelho é o mais frequentemente afetado. Indivíduos com OA frequentemente relatam dor e rigidez articular, perda de função física, diminuição da mobilidade e fraqueza muscular. Tais sinais e sintomas culminam na redução da qualidade devida. O intuito foi fazer uma análise bibliográfica, com o objetivo de evidenciar nesse contexto, a atuação da Cinesioterapia em pacientes com OA. Foi realizada uma revisão literária, no período entre outubro de 2012 a Outubro de 2013, onde foram selecionados artigos científicos e monografias. A presente pesquisa constatou por meio desta revisão a atuação da Cinesioterapia, contribuindo para a boa recuperação de pacientes com AO. Os métodos utilizados dentro da Cinesioterapia foram: Exercícios isométricos associados à ADM passiva e ativa do joelho; Alongamento, flexibilidade, fortalecimento muscular; Exercícios isométricos, isotônicos, ativos e resistidos. A fisioterapia ainda conta com outros recursos a serem utilizados na diminuição da dor e da inflamação, pois se não controlados, a cinesioterapia fica limitada. Palavras-chave: Fisioterapia; Joelho; Osteoartrite. 1. Introdução A osteoartrite (OA), doença articular degenerativa, artrose ou osteoartrose, como ainda é conhecida no nosso meio, é a doença reumática que ocorre por insuficiência da cartilagem, ocasionada por um desequilíbrio entre a formação e a destruição dos seus principais elementos [...] [...] a denominação mais aceita internacionalmente da doença é osteoartrite. O termo artrose ainda é muito utilizado, conhecido e associado aos aspectos mecânicos. Os conhecimentos adquiridos recentemente no conhecimento da fisiopatogenia levaram a uma alteração no conceito desta doença. Antes se acreditava tratar-se de uma doença progressiva, de evolução arrastada, sem perspectivas de tratamento, encarada por muitos como natural do processo de envelhecimento. Hoje, no entanto, é vista como uma enfermidade em que é possível modificar o seu curso evolutivo, tanto em relação ao tratamento sintomático imediato, quanto ao seu prognóstico (PINTO, 2009). Na OA evidencia-se o desgaste da cartilagem articular, na qual, dentre as articulações de sustentação de peso, o joelho é o mais frequentemente afetado. Indivíduos com OA frequentemente relatam dor e rigidez articular, perda de função física, diminuição da mobilidade e fraqueza muscular. Tais sinais e sintomas culminam na redução da qualidade de vida (SILVA e GOES, 2008). 1 2 Graduada em Fisioterapia. Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. 2 O autor supracitado relata ainda, que os tratamentos da OA têm como objetivo o alívio da dor e melhora da função musculoesquelética. Atualmente, tem-se dado prioridade aos tratamentos mais conservadores, não-farmacológicos, como é o caso da fisioterapia. De acordo com Lima e Jayme (2003), a cinesioterapia melhora e mantêm a força muscular, a mobilidade articular, a endurance, a funcionalidade e, ainda, aumentam a densidade óssea e diminuem a dor, pois diminui as alterações biomecânicas. Segundo eles, manter a mobilidade articular é muito importante para os pacientes com OA, pois a perda da amplitude de movimento (ADM) causa encurtamento, contratura dos músculos (quadríceps e isquiotibiais) e estruturas capsulares, podendo dificultar a funcionalidade. [...] existem vários tipos de exercícios terapêuticos (recursos da cinesioterapia) usados pela fisioterapia: mobilização passiva e ativa, alongamentos, exercícios isométricos, isotônicos e outros (LIMA E JAYME, 2003). Baseado nesse contexto, o presente estudo busca, através de revisão das publicações relevantes dos últimos 10 anos, investigar os efeitos da Cinesioterapia no tratamento de pacientes com OA de joelho. 2. Fundamentação Teórica 2.1 Anatomia do joelho A articulação do joelho é a maior e uma das mais complexas articulações do corpo. Ela é uma articulação em dobradiça sinovial, que satisfaz os requisitos de uma articulação de sustentação de peso, permitindo livre movimento em um plano somente combinado com considerável estabilidade, particularmente em extensão (MULLER, 2006). O autor citado acima relata ainda que geralmente estabilidade e mobilidade são funções incompatíveis na maioria das articulações sacrificando uma pela outra. Entretanto, no joelho ambas as funções são executadas pela interação de ligamentos, músculos e movimentos complexos de deslizamento e rolamento nas superfícies articulares. Fonte: https: Fpicture-joelho-humano-vertebras-anatomia-vertebras-anatomicos Figura 1: Joelho 3 2.1.1 Ossos do joelho As partes ósseas da articulação do joelho incluem o fêmur distal, a tíbia proximal e a patela. Sua estrutura é complexa, pois consiste em três articulações: uma intermediária entre a patela e o fêmur, outra lateral e a terceira medial entre os côndilos femorais e tibiais. As faces articulares são os grandes côndilos curvos do fêmur, os côndilos achatados da tíbia e as facetas da patela. Essas estruturas ósseas formam duas articulações distintas, a femoropatelar e a tibiofemoral. Mas autor supracitado considera ainda a existência de uma terceira articulação no joelho, a articulação tibiofibular superior. A articulação tibiofemoral é a articulação entre os dois ossos mais longos do corpo, o fêmur e a tíbia. Na face anterior da porção distal do fêmur situa-se a tróclea que projeta-se à frente para formar os côndilos femorais, os quais são separados pelo sulco intertroclear condilar (GUAITANELE, 2004). Fonte: http://cesarmartins.com.br/?area=cartilagem Figura 2: Ossos do Joelho 2.1.2 Ligamentos do joelho De acordo com Cirimbelli (2005), os ligamentos unem os ossos que compreendem uma articulação. Dão estabilidade e permitem o movimento desta articulação. Não podem resistir ao movimento, mas fornecem um controle contra instabilidade na amplitude máxima de movimento da articulação. [...] os ligamentos cruzados (do latim crux, cruz) anterior e posterior conferem controle e estabilidade ao joelho durante os movimentos inteiros de flexão e de extensão. Estes recebem o seu nome porque formam uma cruz quando vistos de lado ou de frente. Os ligamentos cruzados anterior e posterior estendem-se do osso adjacente à fossa intercondilar do fêmur até a tíbia, na frente e atrás da eminência intercondilar, respectivamente. Os ligamentos cruzados são considerados estruturas intra-articulares, embora sejam localizados fora da cápsula sinovial, sendo denominados de acordo com suas inserções relativas à tíbia. Os ligamentos colaterais medial (tibial) e lateral (fibular) impedem movimento passivo do joelho no plano frontal. Secundariamente, os ligamentos colaterais restringem desvio anterior e posterior da tíbia bem como rotação quando o joelho é estendido (CIRIMBELLI, 2005). 4 Fonte: http://www.drmarcospaulopires.com.br/Joelho.aspx Figura 3: Ligamentos do Joelho 2.1.3 Cápsula articular A cápsula articular é uma bainha fibrosa que envolve tanto a extremidade distal do fêmur como a extremidade proximal da tíbia, mantendo-as em contato entre si, na sua camada mais profunda está recoberta pelo líquido sinovial e constitui as paredes não ósseas da cavidade articular (ALBUQUERQUE, 2004). O autor acima citado relata ainda que é uma das maiores cápsulas do corpo, reforçada por numerosos ligamentos e músculos, na parte anterior contém uma grande bolsa que oferece uma área patelar ampla, a cápsula é preenchida por tecido adiposo infrapatelar e a bolsa infra patelar é revestida pela maior membrana sinovial do copo [...] [...] a cápsula é forma da embrionariamente por três bolsas separadas. Na face anterior do joelho entre a patela e a pele está localizada a bolsa pré-patelar, a bolsa suprapatelar encontra-se profundamente no tendão do quadríceps e a bolsa infrapatelar está localizada superficialmente ao panículo adiposo infrapatelar e profundamente em relação ao ligamento patelar. 2.1.4 Membrana sinovial A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular. É abundantemente vascularizada e inervada, sendo encarregada da produção da sinóvia (líquido sinovial), o qual tem consistência similar à clara do ovo e tem por funções lubrificar e nutrir as cartilagens articulares. O volume de líquido sinovial presente em uma articulação é mínimo, somente o suficiente para revestir delgadamente as superfícies articulares e localiza-se na cavidade articular (AZEVEDO, 2008). 2.1.5 Meniscos Segundo Borges (2013), o joelho possui 2 meniscos compostos de fibrocartilagem. Cada menisco localiza-se na periferia de um plateau tibial [...] [...] Menisco medial: Este menisco possui um formato semilunar e é mais largo posteriormente que anteriormente. Na periferia, o menisco é extensivamente inserido aos ligamentos coronários. Anteriormente, o 5 menisco medial recebe uma parte do ligamento meniscopatelar. Além disso, o corno anterior do menisco é inserido no ligamento transverso o qual conecta-se aos meniscos medial e lateral. No lado medial o menisco é firmemente aderido à cápsula e a porção profunda do ligamento colateral medial. O corno posterior recebe um reforço do tendão do músculo semimembranoso e se insere no espaço intercondilar da tíbia (anterior ao ligamento cruzado posterior); Menisco lateral: O menisco lateral possui uma forma mais circular que o menisco medial. Anteriormente, o menisco lateral recebe o ligamento menisco patelar e o ligamento transverso. Lateralmente, o menisco é menos aderido à capsula que o medial e não se conecta com o Ligamento cruzado lateral. Na parte posterior, o menisco recebe fibras dos ligamentos póstero-lateral da cápsula, parte do tendão do músculo poplíteo e os ligamentos menisco femoral. O autor supracitado relata ainda que dentre as várias funções a ela atribuídas, os meniscos possuem duas funções mecânicas fundamentais: Manter o espaço articular e absorver parte das forças entre a tíbia e o fêmur (amortecedor); Aumentar a congruência da articulação, e assim aumentar a estabilidade articular. 2.1.6 Bursas Existem duas dúzias de bursas localizadas na área do joelho. Estas funcionam para reduzir a fricção entre músculo e tendão, entre tendões, ou tendão e osso. Quatro são importantes, pois rotineiramente estão envolvidas em processos inflamatórios do joelho: pré-patelar; infrapatelar; suprapatelar e pata de ganso [...] (SOARES, 2005). [...] as bursas supra, infra e pré-patelar são geralmente lesados como resultado de trauma direto. A bursa da pata de ganso, localizada distal e medial ao espaço articular medial, é geralmente lesada com resultado de trauma mecânico repetitivo. 2.1.7 Músculos e tendões De acordo com Lima (2007), os quatro extensores do joelho consistem em reto da coxa, vasto intermédio, vasto lateral e vasto medial são coletivamente conhecidos como quadríceps femoral. O ligamento da patela (também conhecido como ligamentum patellae, tendão patelar e tendão infrapatelar) é a extensão do complexo muscular do quadríceps desde o pólo inferior da patela até a tuberosidade da tíbia, na parte ântero-posterior [...] [...] o tendão de inserção destas porções do músculo quadríceps da coxa é o mesmo que serve à inserção do músculo reto da coxa. O ligamento patelar, que se estende do ápice da patela à tuberosidade da tíbia, é, na verdade, a extremidade distal do tendão do quadríceps. Este tendão emite fortes expansões fasciais, os retináculos medial e lateral da patela, que unem seus lados e o ligamento patelar aos côndilos femorais e tibiais e ajudam a formar a cápsula da articulação do joelho. Os principais flexores do joelho consistem em três grandes músculos femorais, coletivamente conhecidos como músculos isquiotibiais da coxa: bíceps femoral, semitendíneo e semimenbranáceo. Os músculos isquiotibiais atravessam tanto a articulação do joelho como a do quadril e, portanto, têm função não apenas como flexores do joelho, mas também extensoras do quadril [...] [...] na flexão da perna ela pode tocar a face posterior da coxa, sendo a extensão o retorno do segmento de qualquer grau de flexão. A extensão é, obviamente, menos ampla. Outros músculos que compõem a flexão do joelho 6 são: gastrocnêmio, poplíteo e o trato iliotibial (Dangelo e Fattini, 2004 apud Lima 2007). 2.2 Osteoartrite Segundo Garrido et al (2011), a OA é uma doença degenerativa e progressiva da cartilagem articular que pode levar à deformidade da articulação. O processo atinge inicialmente a cartilagem e, posteriormente, o osso subcondral. Fonte: http://www.clinicaqualivida.com.br/2009/03/01/carga-pesada/ Figura 4: Osteoartrite de Joelho 2.2.1 Fisiopatologia A OA é caracterizada por atividade celular e metabólica dentro da cavidade articular. A cartilagem articular tem uma tolerância limitada para forças inapropriadas. Seu status avascular e a neural fazem dela incapaz de se auto reparar. A cartilagem hialina necessita de abastecimento sanguíneo direto, recebendo nutrição através de fluido sinovial livre devido ao movimento normal e compressão da articulação. As alterações bioquímicas mais precoces de OA ocorrem sempre na cartilagem articular e consistem na perda dos proteoglicanos da matriz. A função dos proteoglicanos é reter água, conferindo à cartilagem a habilidade de sofrer deformação reversível quando comprimida, funcionando como uma mola biológica. O colágeno, principalmente o tipo II, é o principal elemento que confere resistência à cartilagem. As alterações resultantes nas propriedades físicas e bioquímicas da cartilagem são o amolecimento (condromalácia) e a perda da elasticidade normal. Deste modo, as fibras colágenas da cartilagem, por terem perdido seu apoio e estarem “descobertas”, ficam mais susceptíveis ao atrito desenvolvido durante a função articular. Assim, o desgaste das camadas superficiais tangenciais é acelerado, fazendo com que as camadas verticais profundas sofram cisões com consequentes fissurações e fibrilação. O osso subcondral se torna eburnificado na área central, onde o atrito e o estresse são máximos, além disso, se hipertrofia em toda sua extensão, a ponto de se tornar mais denso radiograficamente (esclerótico). Nas áreas periféricas, ao contrário, onde ocorre estresse mínimo, o osso subcondral atrofiado se torna menos denso radiograficamente. A pressão excessiva, particularmente nas articulações que suportam peso, como, por exemplo, o joelho, leva o desenvolvimento de lesões císticas dentro do osso subcondral medular, possivelmente 7 em virtude da degeneração mucoide ou fibrinosa dos tecidos locais secundário a micro fraturas das trabéculas. A redistribuição dos estresses biomecânicos na articulação conduz a uma remodelação do osso subcondral, que acentua a incongruência da articulação e contribui para a formação do círculo vicioso da degeneração. Pequenos fragmentos erodidos da cartilagem articular morta ficam flutuando no líquido sinovial como corpos livres , porém, tendem a se incorporar a membrana sinovial. Esta reage sofrendo hipertrofia e provocando um derrame sinovial moderado. O liquido sinovial desse derrame tem um conteúdo elevado de mucina e consequentemente exibe aumento de viscosidade. A cápsula fibrosa se torna muito engrossada e fibrótica, limitando ainda mais o movimento articular. 2.2.2 Classificação e Etiologia A OA pode ser classificada como primária ou secundária de acordo com suas causas ou fatores predisponentes. A primária é o tipo mais comum, não tem etiologia identificável ou causa predisponente. A secundária, embora tenha um fator que predisponha ao seu surgimento é patologicamente indistinguível da OA primária. [...] as causas mais comuns de OA secundária são condições metabólicas (deposição de cristais de cálcio, hemocromatose, acromegalia), fatores anatômicos (luxação congênita de quadril ou pernas de comprimentos desiguais), eventos traumáticos (grande trauma articular, lesão articular crônica e cirurgia na articulação) ou sequela de desordens inflamatórias (espondilite anquilosante e artrite séptica) (ROSIS et al, 2010) 2.2.3 Manifestações clínicas O quadro clínico recebe a designação de artrose, osteoartrose ou, como é preferido atualmente, OA [...] [...] Algumas articulações envolvidas podem permanecer assintomáticas, apesar das alterações histológicas e radiológicas. Naquelas com manifestações clínicas, o início é geralmente insidioso, sendo raro o paciente que consegue identificar com precisão a data de início dos sintomas. No início do quadro, geralmente ocorre sensação de desconforto articular relacionado ao uso, que pode estar acompanhado de leve rigidez articular, dor muscular e comprometimento da movimentação da articulação envolvida (SILVA et al, 2008). - Dor: é o sintoma mais importante na OA, com intensidade variável. Pode ser localizada na articulação comprometida assim como pode ser referida em outra região não acometida. Apresenta pobre correlação radiológica. Tende a ser pior nas mulheres, no final do dia e da semana e naqueles com distúrbios afetivos (ansiedade e/ou depressão). Seu início está principalmente associado ao uso da articulação, ocorrendo segundos ou minutos após a movimentação articular e melhorando com o repouso. Nos casos mais avançados a dor, pode permanecer por horas após a interrupção da atividade, assim como pode ocorrer dor noturna. - Rigidez: a sensação de rigidez articular é relatada pela maioria dos pacientes com OA, principalmente após períodos de inatividade. Pode ser intensa, porém é de curta duração (alguns minutos). Alguns pacientes podem apresentar rigidez articular pela manhã por um período mais prolongado, porém inferior a 30 minutos. - Edema articular: o edema é, geralmente, palpável e dolorosos nas articulações periféricas. Em alguns casos pode interferir na realização do movimento articular. Ocorre tanto por derrame articular, quanto pela presença de sinovite. - Crepitações: são observadas durante a movimentação da articulação acometida. É peça 8 chave para o diagnóstico diferencial com outras condições que causam dor articular. Pode ser tanto palpável quanto audível ao exame físico. - Incapacidade funcional: está geralmente relacionada à dor, a redução da amplitude de movimento e ao comprometimento da força muscular. - Deformidades: são consideradas a expressão clínica da destruição articular, seja por dano à cartilagem, ao osso ou a partes moles periarticulares. Frequentemente, são acompanhadas de instabilidade da articulação acometida. 2.2.4 Diagnóstico O diagnóstico de OA sempre pode ser feito pela história e pelo exame físico e confirmado por radiografia. Resultados de testes laboratoriais normalmente encontram-se normais, sendo úteis para fazer um screening de condições associadas e para estabelecer um monitoramento do tratamento. Tipicamente, não há elevação de reatantes de fase aguda; hemoglobina e leucócitos permanecem dentro dos limites normais. Não há evidência de reação inflamatória no líquido sinovial, com poucos leucócitos e boa viscosidade (FERRARI e ESCOLARI, 2009). 2.3 Tratamento De acordo com Silva e Goes (2008), o tratamento de OA de joelho pode ser farmacológico, por meio de analgésicos e antiinflamatórios, não farmacológico, como educação, modalidades terapêuticas e com exercícios e proteção articular ou cirúrgico. Recentemente, tem se dado grande ênfase e prioridade nos tratamentos mais conservadores, que incluem protocolos educacionais, modalidades terapêuticas, exercícios terapêuticos e proteção articular. 2.3.1 Cirúrgico Os pacientes com osteoartrite grau II e III com comprometimento progressivo da independência das atividades de vida diária e falha do tratamento conservador devem ser referidos para o ortopedista que fará a indicação do tratamento cirúrgico. As cirurgias indicadas são: desbridamento artroscópico, osteotomias e artroplastias [...] [...] Osteotomias: É importante se ressaltar o papel das osteotomias, pois são procedimentos que devem ser feitos precocemente em pacientes selecionados. São feitos dois tipos de osteotomias: Profilática - indicada precocemente em pacientes sintomáticos e ainda sem alterações radiográficas para a correção dos desvios de eixos articulares. Terapêutica, indicada em casos sintomáticos e com alterações radiográficas. É feita para modificar o eixo de alinhamento do membro afetado e deslocar a carga para outra região da superfície articular. Desbridamento artroscópico, são indicações precisas para correção das lesões parciais de meniscos, labrum e retirada de corpos livres intra-articulares da mesma forma que para as osteoartroses de quadril. Artroplastias, as artroplastias totais promovem acentuada redução na dor e melhora funcional na maioria de casos selecionados da doença. Artrodeses, indicada principalmente na dor e incapacidade funcional persistentes da osteoartrite de tornozelos e que não tenha melhorado com tratamento conservador aplicado (SOUZA, 2011). 2.3.2 Fisioterapêutico O tratamento não farmacológico é de grande importância para o paciente, e inclui desde educação, assistência social e treinamento de cuidados, ate prescrição de exercícios 9 terapêuticos e de órteses [...] [...] os exercícios terapêuticos têm mostrado resultados cada vez mais benéficos de diversas maneiras em pacientes com OA. Entre seus efeitos, pode-se citar a melhora da ADM e da força muscular que suporta e protege a articulação, diminuindo o quadro de dor e a rigidez articular. Acredita-se que os exercícios feitos de forma regular tenham papel fundamental no tratamento desses pacientes de diversas formas, tais como: fortalece a musculatura peri articular, o que reduz o risco de lesões; previne as deformidades, mantendo a mobilidade articular; previne a obesidade, diminuído o risco de progressão da OA e aumenta o metabolismo na região da articulação (SILAVA e SILVA, 2012). 3. Metodologia O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão bibliográfica. A seleção dos artigos ocorreu a partir de busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LiLacs) e Scientific Eletronic Library Online ScieLo, publicados entre 2003 a 2013. Os descritores utilizados para a busca das referências foram: “Fisioterapia”, “Joelho” e “Osteoartrite”. Como critério de inclusão as referências deveriam abordar a Cinesioterapia para o tratamento da Osteoartrite, ou que contribuíssem para o objetivo do estudo. Foram excluídas as referências publicadas antes de 2003 e que não se enquadraram no ponto de vista do presente estudo. 4. Resultados e Discussão Autor / Ano Método Cinesioterapia Lima e Jayme (2003) Exercícios isométricos associados à ADM passiva e ativa do joelho Silva et al (2008) Alongamento, flexibilidade, fortalecimento muscular Mascarenhas (2010) Silva e Silva (2012) Exercícios Exercícios isométricos, isotônicos, ativos e resistidos De acordo com estudo de Lima e Jayme (2003), a cinesioterapia, no tratamento da OA de joelho consiste em diminuir a dor, restaurar a flexibilidade articular normal e restabelecer o equilíbrio entre a força e o comprimento dos músculos ao redor da articulação. Segundo eles, manter a mobilidade articular é muito importante para os pacientes com OA, pois a perda da amplitude de movimento (ADM) causa encurtamento, contratura dos músculos (quadríceps e isquiotibiais) e estruturas capsulares, podendo dificultar a funcionalidade. O autor citado acima relata ainda que na fase aguda o objetivo principal é diminuir a dor e a inflamação, mantendo ADM e força muscular e que os exercícios apropriados nessa fase são 10 os exercícios isométricos associados à ADM passiva e ativa do joelho, prevenindo posteriores contraturas e mantendo a nutrição da cartilagem. Após a esta fase o fortalecimento de músculos enfraquecidos é uma parte importante da recuperação do equilíbrio muscular ao redor da articulação do joelho. Isso pode ser feito com atividades isométricas, isotônicas ou isocinéticas. A fisioterapia ainda conta com outros recursos a serem utilizados na diminuição da dor e da inflamação, pois se não controlados, a cinesioterapia fica limitada. Silva et al (2008), relatam que com relação aos recursos utilizados na fisioterapia a termoterapia e eletroterapia podem ser utilizados como coadjuvantes no tratamento da dor. Mas, consideram como mais importante auxílio da fisioterapia a cinesioterapia, pois os pacientes com OA têm diminuição da mobilidade articular e perda de força, principalmente dos grupos musculares da região da articulação afetada. Relatam ainda que os idosos vivem abaixo ou no limiar da capacidade física e a mínima interferência pode levar à dependência completa. Devem ser programado alongamento, flexibilidade, fortalecimento muscular e melhora do condicionamento físico. Mascarenhas (2010), afirma que a OA resulta em limitação funcional e incapacidade, e a dor geralmente, é o principal sintoma associado, o que corrobora com os autores supracitados. O autor relata ainda que o quadro doloroso e as alterações secundárias musculares, tendinosas e ligamentares são as maiores responsáveis pela incapacidade funcional do paciente com OA e cabe à reabilitação a manutenção e restauração da função, por meio do uso de técnicas específicas de analgesia e cinesioterapia, pois, os exercícios são mais apropriados por serem fáceis, de baixo custo e seguros. Por fim Silva e Silva (2012), relatam que a reabilitação por meio da cinesioterapia é composta de exercícios isométricos e isotônicos, resistidos de quadríceps e isquiotibiais, aconselhandose utilizar pouca resistência para evitar a sobrecarga articular e o incomodo de trabalhos em casa com grandes pesos (a medida indicada será de 2kg, dependendo sempre das condições físicas do paciente). Serão realizados exercícios ativos e ativos resistidos, os exercícios resistidos deverão ser realizados também com moderação já que uma resistência excessiva produzirá uma sobrecarga articular e será igualmente um fator de risco para o processo degenerativo articular. O autor supracitado relata que a perda gradual de força da musculatura nos pacientes com OA de joelho vai acontecendo com o tempo de acordo com as repercussões na articulação acometida. Isso gera um elevado grau de incapacidade funcional, pois a atrofia principalmente do quadríceps vai aumentar os danos estruturais na articulação. O autor expõe ainda, que a aplicação da cinesioterapia também tem sido bem empregada no fortalecimento da musculatura do joelho, mas vendo havendo necessidade de diminuir o incomodo e a agressão na articulação dos pacientes, talvez seja necessário tomar medidas analgésicas antes das sessões de cinesioterapia. 5. Conclusão De acordo com a pesquisa, a OA provoca a destruição da cartilagem articular, causando deformidade e limitação funcional, dor progressiva e até rigidez, com o passar do tempo. Os autores pesquisados apontaram os seguintes métodos para tratamento dentro da Cinesioterapia em pacientes com OA, são eles: Exercícios isométricos associados à ADM passiva e ativa do joelho; Alongamento, flexibilidade, fortalecimento muscular; Exercícios isométricos, isotônicos, ativos e resistidos. Ficou evidenciado nesta pesquisa que a cinesioterapia consiste essencialmente em diminuir a dor, e que durante esse processo, conta com outros recursos fisioterapêuticos com o objetivo de controlar a inflamação, pois se não controlados, a cinesioterapia fica limitada. Com o tempo os pacientes com OA desenvolvem fraqueza muscular, diante disto os autores relatam a 11 importância de se restaurar a flexibilidade articular normal e restabelecer o equilíbrio entre a força e o comprimento dos músculos ao redor da articulação, pois a atrofia principalmente do quadríceps vai aumentar os danos estruturais na articulação. Diante desta premissa, podemos observar a importância da Cinesioterapia no tratamento de pacientes com OA de joelho. Este estudo pode ser utilizado como fonte de dados para futuras pesquisas, assim como servir de referência para intervenção da Cinesioterapia no tratamento de pacientes com OA de joelho. 6. Referências ALBUQUERQUE, Giselle. Análise da eficácia de um protocolo de intervenção fisioterapêutica em pacientes acometidos por osteoartrite de joelho. 136 p. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná como pré- requisito para obtenção do Título de graduado em Fisioterapia. Cascavel, 2004. 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