UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Programa de Pós-Graduação em Agronomia Mestrado em Agronomia Área de concentração: produção vegetal DISSERTAÇÃO “Aceitação de conserva de “Aceitação de conserva de guariroba [Syagrus oleracea guariroba [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.] acidificada com (Mart.) Becc.] acidificada com diferentes ácidos orgânicos” diferentes ácidos orgânicos” Mestrando: Nilson Gomes Jaime Orientador: prof. Dr. Celso José de Moura Co-orientadora: Profa. M. Sc. Henriqueta Merçon Vieira Rolim INTRODUÇÃO • Brasil: maior produtor e terceiro maior exportador de palmitos. • Palmitos doces: extrativismo. • Palmito amargo: endêmico, alternativo, ecológico, promissor. • FAO: Codex para palmitos. • Objetivo deste trabalho: foi avaliar aceitação de conservas de guariroba aciduladas com cinco ácidos orgânicos e comparar seus custos. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PALMITO “Produto comestível, constituído de folhas não desenvolvidas das palmeiras” (FAO, 1985) PALMEIRAS PRODUTORAS DE PALMITOS • • • - Anos 60 / 70: juçara (Euterpe edulis Mart.) Anos 70 / 80: açaí (Euterpe oleracea Mart.) Anos 90: pupunha (Bactris gassipaes H.B.K.) palmeira-real-australiana (A. alexandrae) guariroba ([Syagrus oleracea (Mart.) Becc.] (Bovi, 1978; Ferreira & Graner, 1982; Nogueira, [198-?]; Haynes & McLaughlin, 2000) A GUARIROBA Árvore adulta de guariroba [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.] (Fonte: Paiva, 2001). Sinonímia: GO: gueroba, gueiroba. Outras regiões: catolé; coco amargoso, palmito amargo, paty amargoso, coco babão, dentre outros. (Lorenzi, 2002). Classificação botânica •Classe: Liliopsida (Monocotyledoneae) •Ordem: Arecales •Família: Arecaceae (palmae) •Subfamília: Cocosoidea (28 gêneros e 583 espécies (Alves & Demaitê, 1987; Flowering, 1993; Rocha, 2001). OCORRÊNCIA E CULTIVO • Nativo em GO, MT, MS, DF, TO, SP, MG, BA. • Perenifólia, heliófita. • Cerrados, caatinga e floresta semidecídua. • Pastagens e Campos Limpos. • Ornamentação: praças, fazendas. • Alimentação humana. Plantação de guariroba (Fonte: Bovi et al., 2000) PALMITO DE GUARIROBA Parte aproveitável Parte descartável Palmito de guariroba [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.]. Goiânia, GO, 2004. CARACTERÍSTICAS DO PALMITO DE GUARIROBA • Principal característica: sabor amargo. (Nogueira, [198-?]. • Alto teor de fibras. • Propenso ao escurecimento: compostos fenólicos (taninos). (Uzelac et al., 1976). • Rico nas enzimas Polifenoloxidase e Peroxidase = escurecimento. (Carneiro et al., 2003). • Alimento de baixa acidez (pH > 4,5) (Elementos, 2000). Tempo = 30 s Tempo zero PFO ou PER Derivados do catecol + O2 Melanoidinas Goiânia, GO, 2004. O CODEX STANDARD FOR CANNED PALMITO Codex Stan 144-1985 (FAO) • Tipo: doce ou amargo. • Corte: tolete ou rodelas. • Acondicionamento: vidros ou latas. • Imersão: salmoura acidificada. • Acidificação: pH final ≤ 4,5. • Fechamento: hermético e vácuo adequado. • Pasteurização e Resfriamento a 40°C. • Boas práticas de fabricação. (Fonte: FAO, 1985; Brasil, 1999b) Acidificação de palmitos • pH da guariroba: 5,7. (Mori et al., 1986). • Propensão ao Clostridium botulinum. (ICMSF, 1980; Elementos, 2000; Guia, 2000). • pH final da conserva: ≤ 4,5. • pH de equilíbrio: palmito x salmoura. (Quast et al., 1985). (Zapata & Quast, 1975; FAO, 1985; Berbari & Paschoalino, 1997). • Concentração de ácido na salmoura (Cs) ou Curva de titulação. (Zapata & Quast, 1975; Berbari & Paschoalino, 1997; Elementos, 2000). • Os trabalhos do ITAL nos anos 70 e 80 = exclusão do estudo de guariroba. • Palmito doce: comparação dos ácidos acético, cítrico, lático, málico e tartárico. (Mori et al., 1986). • Confirmação do ácido cítrico como padrão para indústria de alimentos. . (Mori et al., 1986). MATERIAL E MÉTODOS MONTAGEM DO EXPERIMENTO Determinação da Concentração de ácido na salmoura (Cs) Metodologia de Zapata & Quast (1975). • Soluções 5%: - Acético, cítrico monohidratado, dl-lático 85%, dl-málico e L (+)-tartárico. • Amostras de 5 guarirobas (triplicata) / ácido: - 200g de palmito; - 400 mL água destilada; - alíquota de 100g e determinou-se pH inicial; - adicionou-se alíquotas de 0,5 ml da solução 5% do ácido e mediu-se o pH a cada acréscimo. • Após pH 4,3, tomou-se o Volume (V) do ácido. • Cálculo da porcentagem de ácido (Cp): - Cp = 0,05 x V x 3 • Concentração de ácido na salmoura (Cs): - Cs = Cp x (Mp/Ms) → - Cs = [(0,15 x V) x (Mp/Ms)]. PROCESSAMENTO Dia: 15/10/2005 Local: Alimentos Opus •Três anos de idade. •80 estipes sadios •Goiânia – Go. Goiânia, GO, 2004. NO CAMPO: RETIRADA DAS BAINHAS EXTERNAS Goiânia, GO, 2004. NA INDÚSTRIA: RETIRADA DAS BAINHAS FINAIS Goiânia, GO, 2004. Cabeça do palmito Parte descartável Goiânia, GO, 2004. TANQUE DE ESPERA INICIAL Ácido cítrico a 0,8% - 15 min TOLETES RODELAS CABEÇA Goiânia, GO, 2004. CORTE EM RODELAS • partes fibrosas: 0,4 cm •partes tenras: 1,0 a 2,0 cm Goiânia, GO, 2004. TANQUE DE ESPERA FINAL Ácido cítrico a 0,8% - 10 min Goiânia, GO, 2004. Cozimento das rodelas - 15 min. Goiânia, GO, 2004. Parâmetros de fabricação • Acondicionamento a quente: 80°C; • Pesagem do palmito: 340 g; • Adição de salmoura acidificada (2,5% NaCl); • Exaustão em banho-maria e física. • Fechamento hermético. • Pasteurização sob fervura por 50 min. • Resfriamento até 40°C. CONSERVAS PRONTAS Total: 75 vidros 15 de cada tratamento ESTERILIZAÇÃO DE VIDROS Goiânia, GO, 2004. ANÁLISES Análises físico-químicas • Local: Laboratório físico-química STA-EA/UFG • Delineamento experimental: DIC, 5 x 9. • Delineamento estatístico: medição em nove vidros de cada tratamento. • pH de equilíbrio: aos 15 e aos 30 dias após processamento (três vidros de cada tratamento). • Análises: acidez; vácuo; peso bruto; peso líquido; peso drenado; peso da salmoura; espaço livre. Aceitação • Local: Pátio do C. convivência - Campus II UFG. • Tratamentos: fff • Execução e condução: porções de 50 g. • Delineamento experimental: DIC, 5 x 100. • Delineamento estatístico: Escala hedônica com valores de 1 a 7: - Adorei (7) a detestei (1). Aceitação • Nível de Aceitação (NA) = (M x 100) / 7. • Comparação das médias: transformados em postos (estatística não paramétrica). • Teste t, de student, a 5%. • Teste de hipótese: Kruskall-Wallis. Análise de aceitação Comparação de custos •De acordo com gasto de ácidos e preços nas lojas especializadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela - Análises físico-químicas de conservas de guariroba aciduladas com diferentes ácidos orgânicos. Goiânia – GO, 2005. Ácido acético Ácido cítrico Ácido lático Ácido málico Ácido tartárico Vácuo (mm Hg) 406,67 405,56 404,44 408,89 407,78 Peso bruto (g) 868,44 867,78 868,56 867,78 867,89 Peso líquido (g) 598,22 597,67 597,89 598,00 598,11 Peso salmoura(g) 258,11 257,78 258,11 258,33 258,67 Peso drenado (g) 340,11 339,89 339,78 339,67 339,44 Espaço livre (mm) 9,56 9,67 9,22 8,78 8,78 pH Salmoura 4,01 3,67 3,88 3,50 3,43 Acidez (a) 0,60 0,57 0,42 0,55 0,58 Legenda: (a) - mg de ácido cítrico / 100 g da amostra. NÍVEL DE ACEITAÇÃO • Aceitação: todos acima de 74%. - Málico (74,86%): menor aceitação. - Acético (82,14%) e Lático (81,71%): maiores. - Pelo teste t (5%), Acético, Cítrico, Lático e Tartárico não tiveram diferenças significativas. • Mori et al. (1985): não houve diferenças entre os cinco ácidos (Palmitos doces). - Inverso: Málico (80,17%) foi o maior e Acético (73,67%) o menor. Tabela - Nível de aceitação de conservas de guariroba acidificas com diferentes ácidos orgânicos. Goiânia, 2004. (%) 84,00 82,00 80,00 78,00 76,00 74,00 72,00 70,00 Acético Lático Málico Tartárico Cítrico Tabela - Aceitação percentual de guariroba em conserva, acidificas com diferentes ácidos orgânicos. Goiânia, 2004. Adorei Gostei muito Gostei moderadamente Não gostei nem desgostei Desgostei moderadamente Desgostei muito Detestei Aceitação em porcentagem 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Ác. Lático Ác. Acético Ác. Cítrico Ác. tartárico Ác. málico Tabela - Aceitação de conserva de guariroba acidificada com diferentes acidulantes, entre consumidores e não-consumidores de guariroba. Tratamento Consumidores Não-consumidores Acético Cítrico Lático Málico Tartárico 85,71 85,14 89,20 80,88 83,20 75,50 65,14 67,80 65,04 69,11 Média 84,83 68,52 Tabela - Aceitação de conserva de guariroba acidificada com diferentes acidulantes, estratificada por faixa etária. Goiânia, GO, 2004. Tratamento 15-25 anos 26-40 anos Acima de 40 anos Ácido acético 79,1 80,8 87,6 Ácido cítrico 83,7 77,3 85,7 Ácido lático 73,9 83,0 87,2 Ácido málico 71,0 75,9 79,1 Ácido tartárico 75,2 76,3 86,5 Média 76,58 78,64 85,2 Tabela - Custo de acidificação da conserva de guariroba acidificadas com diferentes acidulantes. Goiânia, GO, 2004. Ácido Cs do ácido % Quant. de ácido (g kg-1 palmito) Preço do ácido (R$ g-1) Custo (R$ kg-1 palmito) Lático 0,9 6,557 0,00495 0,0325 Cítrico 0,9 6,557 0,00520 0,0341 Acético 0,9 6,557 0,00595 0,0390 Málico 0,6 4,371 0,30000 0,1311 Tartárico 0,8 5,829 0,02450 0,1428 CV (%) 14,22 14,22 76,95 65,92 CONCLUSÕES CONCLUSÃO 1 •Conservas com ácidos acético, cítrico,lático e tartárico apresentam boa aceitação (acima de 78%). •Não são significativamente diferentes entre si. CONCLUSÃO 2 •As conservas com ácido málico tiveram aceitação significativamente menor que as demais, exceto ácido tartárico. CONCLUSÃO 3 •Os ácidos lático, cítrico e acético apresentam os menores custos de acidificação. CONCLUSÃO 4 •Os ácidos acético e lático podem ser utilizados como substitutos do ácido cítrico na acidificação de conservas de guariroba. •A aceitação e os custos de acidificação desses ácidos foram equivalentes. CONCLUSÃO 5 Cada ácido utilizado caracteriza um produto comercial diferenciado, já que o consumidor não reprova a interferência do ácido na guariroba. CONCLUSÃO 6 •A boa aceitação da guariroba em conserva independe da faixa etária dos consumidores. CONCLUSÃO 7 •Pessoas não acostumadas ao consumo de guariroba estranham, mas aprovam, o sabor da conserva de guariroba acidificada. Muito Obrigado a todos pela presença e atenção!