Programa 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil A UTILIZAÇÃO DO SENSORIAMENTO REMOTO NA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA DE 5ª A 8ª SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Tema do Trabalho: Sensoriamento Remoto no Ensino Fundamental e Médio Fernanda Viana Paiva Angelica Carvalho Di Maio Sandra Maria Fonseca da Costa Universidade do Vale do Paraíba Faculdade de Educação, Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Av. Shishima Hifumi, 2911. SJCampos, SP [email protected], [email protected], [email protected] ABSTRACT The use of Remote Sensing as a didactic resource in Geography classes makes possible to bring reality nearer students, and teachers to a knowledge with great potentiality to educational approaches. Considering that, the research developed had as objective to identify if Remote Sensing is being currently used as a didactic contribution in school environment, specially in the Geography subjects, from 5th to 8th series of primary education in municipal public schools in São José of the Campos-SP. Those information were obtained through questionnaires that were applied to teachers. The data analysis provided quantitative evaluation of Remote Sensing use in all primary Geography classes on the municipality, and also helped to detect the difficulties, still found by the teachers, in the manipulation of products as satellite images. 1. INTRODUÇÃO O uso do Sensoriamento Remoto (SER) contribui com o processo democrático de inclusão e inserção do cidadão em uma sociedade da informação, no qual a escola, em seu papel mediador, transforma este recurso em uma importante ferramenta para o desenvolvimento da relação escola-sociedade. Desta forma, propicia aos alunos uma integração social, política e econômica com a nova sociedade tecnológica contemporânea. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) promove cursos, para professores, oferecidos, em geral, no período de férias escolares, no sentido de disseminar as técnicas de SER na educação, e aproximar os professores deste conhecimento para que possam incluir este recurso didático, de grande potencial educativo, em sua prática pedagógica. Os professores da rede municipal e estadual do município de São José dos Campos têm tido uma participação efetiva nestes cursos desde que criado (Sausen et al., 2001). Atualmente, são encontrados alguns projetos nos quais professores utilizam os produtos de SER como um instrumento didático em suas aulas, porém é preciso levantar dados concretos que demonstrem sua real utilização, para que sejam avaliadas as razões que impedem a sistematização do uso desta tecnologia em ambiente escolar, em particular, no ensino fundamental. Neste sentido, esta pesquisa, teve como objetivo levantar dados para identificar se há efetiva utilização do Sensoriamento Remoto como recurso didático no ensino e aprendizagem de aulas de Geografia de 5ª a 8ª séries da rede municipal de ensino de São José dos Campos- SP. 2 - O SENSORIAMENTO REMOTO NO ENSINO DE GEOGRAFIA E OS PARÂMETROS CURRICULARES DE 5ª A 8ª SÉRIES De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) as séries 5ª e 6ª fazem parte do terceiro ciclo, e as séries 7ª e 8ª do quarto ciclo. Seguindo os padrões estabelecidos pelos PCNs no terceiro ciclo (5ª e 6ª séries), “o estudo da Geografia poderá recuperar questões relatadas à presença e ao papel da natureza e sua relação com ação dos indivíduos, dos grupos sociais e da sociedade na construção do espaço. Para tanto, a paisagem local e o espaço vivido são as referências para o professor organizar seu trabalho e a partir daí, introduzir os alunos nos espaços mundializados” (MEC, 2001). Assim, o professor de Geografia do terceiro ciclo necessita de ferramentas que possibilitem atingir estes objetivos, podendo utilizar, neste caso, o SER como um instrumento de ensino e aprendizagem nas aulas de Geografia para este ciclo. 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil O ponto de partida para uma compreensão mais ampla das relações entre a sociedade e a natureza desenvolvida pelos alunos nesta faixa etária é a “observação e a caracterização dos elementos presentes na paisagem” (MEC, 2001). Esta poderá ser analisada através de transformações que a paisagem vem sofrendo devido às atividades econômicas, sociais, culturais e políticas, no próprio meio de vivência dos alunos. No estado de São Paulo, por exemplo, o professor de Geografia destas séries, pode utilizar dados de Sensoriamento Remoto, tais como fotografias aéreas e imagens orbitais, como mais uma fonte de dados para a análise de mudanças no relevo, na hidrografia, na vegetação, ou ainda, no processo de urbanização do território, comparando mapas antigos com imagens atuais. Isto favorece a compreensão, por parte dos alunos, dos processos e das relações da natureza com a vida dos homens em sociedade. Desta forma, conta-se com o SER como um recurso didático de grande potencial para as aulas de Geografia, conforme pode também ser observado no quadro mostrado a seguir, que contém recortes dos conteúdos propostos nos PCNs para o terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Terceiro Ciclo Eixo1 A Geografia como uma possibilidade de leitura e compreensão do mundo Tema A construção do espaço: os territórios e os lugares (o tempo da sociedade e o tempo da natureza) Eixo2 Tema O estudo da natureza e sua importância para o homem Item O trabalho e apropriação da natureza na construção do território. O ambiente natural e a diversidade das paisagens agrárias no mundo: da coleta à irrigação nas áreas semi-áridas desérticas. Item Planeta Terra: a nave em que viajamos. Os fenômenos naturais, Erosão e desertificação: morte dos solos. sua regularidade e Águas e terras no Brasil. possibilidade de previsão As cidades e as alterações climáticas pelo homem. Previsão do tempo e clima Florestas Tropicais: como funcionam essas centrais energéticas. A floresta tropical vai acabar? A natureza e as questões As reservas extrativistas e o desenvolvimento sustentável. sócio-ambientais. Áreas protegidas e espaços livres urbanos. O turismo e a degradação do ambiente Urbanização e degradação ambiental. Quarto Ciclo Eixo4 Tema Ambiente urbano, indústria e modo de vida. Item Espaços livres e paisagens urbanas: áreas verdes nas cidades. Ocupação de áreas de risco: alagadiços, encostas, etc. Desmatamento e queimadas como práticas econômicas. Garimpo, prática perversa de economia periférica: trabalhadores excluídos e degradação ambiental. Mineração, apropriação dos recursos ambientais e degradação da natureza. O Brasil diante das Sistema de áreas protegidas. questões ambientais Urbanização e questão ambiental. Degradação do cerrado x monocultura e pecuária extensiva melhorada. Reflorestamento e conservação da mata de araucária. Práticas agrícolas e fronteiras agropecuárias na Amazônia. Desmatamento e exploração do carvão vegetal nas caatingas e cerrados. Fonte: Adaptado de MEC (2001, p. 123, 124 e 125) O professor de Geografia do terceiro ciclo poderá utilizar as imagens de satélite e as fotografias aéreas, em papel ou em formato digital, para trabalhar com os ítens propostos nos conteúdos programáticos destes ciclos. Um exemplo de atividade poderia ser dado no eixo 1. Neste eixo, o item “O trabalho e a apropriação da natureza na construção do território” poderia ser trabalhado pelo professor, utilizando mapas antigos e imagens atuais de um determinado lugar, demonstrando o processo sofrido pelo meio ao longo do tempo. Ainda no eixo 1, o item “O 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil ambiente natural e a diversidade das paisagens agrárias no mundo: da coleta à irrigação nas áreas semi-áridas e desérticas”, poderia ser trabalhado com diferentes imagens de satélite e fotografias aéreas, que demonstrem as diferentes ocupações agrárias no mundo, desde imagens da extração no centro-oeste até paisagens irrigadas no nordeste. Um dos objetivos do 4o ciclo é fazer leituras de imagens, dados e de documentos de diferentes fontes de informações, de modo que o aluno interprete, analise e relacione informações sobre os territórios, os lugares e as diferentes paisagens (MEC, 2001). Isto permite uma melhor compreensão sobre os processos de ocupação e transformação do espaço. Neste caso, mais uma vez, a utilização do SER ajudará os alunos na leitura e interpretação das informações sobre o meio, possibilitando a relação e a análise dos dados. Assim, dentro da proposta de ensino de Geografia para o ensino fundamental, no Brasil, o SER funciona como uma importante ferramenta para se trabalhar conceitos espaciais. 3. MÉTODOS Esta pesquisa foi realizada, basicamente tendo como suporte questionários aplicados aos professores. Estes questionários, que foram aplicados em todas as escolas de Ensino Fundamental de (5ª a 8ª séries) da rede municipal de ensino na cidade de São José dos CamposSP, teve como objetivo coletar dados demonstrativos da utilização ou não SER como ferramenta de ensino e aprendizagem. Objetivou-se, também, levantar o perfil do profissional envolvido com o ensino de Geografia na rede pública do ensino fundamental no município de São José dos Campos. Os dados coletados nesta pesquisa foram organizados em gráficos, que expressam resultados em porcentagem. 4. RESULTADOS OBTIDOS Foram aplicados questionários em 38 escolas da rede municipal de ensino fundamental da cidade de São José dos Campos – SP. Neste período de coleta de dados havia um total de 76 professores nas escolas pesquisadas; deste total, 54 professores responderam (71%). Os motivos pelos quais 22 professores não responderam incluem desde a falta da disponibilidade de tempo, até a falta de interesse pelo assunto. Ainda se verifica uma certa ausência de receptividade por parte de algumas escolas, que não facilitaram a aplicação do questionário junto aos professores. Dentre os professores que responderam à pesquisa, a maioria é plenamente habilitada em Geografia (61,1%), seguidos pelos habilitados em História (31,5%) e uma pequena parcela em Estudos Sociais e Ciências Sociais (gráfico 1). Encontrou-se um número maior de professores recém formados (período 1990 a 2000), 48,2%, os quais se dividem, igualmente, entre os que incluem e não incluem o SER nos seus planos de aula. Esses professores tiveram maior contato com o sensoriamento remoto na graduação. Já os professores formados no período anterior (1982 a 1989), esses são aqueles que menos o utilizam. Ao mesmo tempo, os professores mais antigos (1966 a 1978) são os que mais incluem o SER nos seus planos de aula, estando esses em menor número na pesquisa. Formação Outros Estudos Sociais Licenciatura Plena em História Licenciatura Plena em Geografia 0 20 40 60 80 100 Gráfico 1 - Número de entrevistados segundo sua formação Para os professores que incluem o SER nos seus planos de aula (gráfico 2), a maioria (40,7%) utiliza-o para o estudo do meio ambiente, depois para o estudo de Cartografia (31,4%) e por último para o estudo de planejamento urbano (18,5%). 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil Não responderam Planejamento Urbano Cartografia Meio Ambiente 0 10 20 30 40 50 Gráfico 2 – “Caso esteja incluído, especifique de que maneira”. Para os professores que não incluíam o SER nos seus planos de aula (gráfico 3), a maioria (53,8%) justificou não possuir recursos para realizar este trabalho. Em segundo lugar, estão aqueles que justificaram não possuir conhecimento nesta área e apenas uma pequena minoria (1,7%), justificou não se interessar pelo assunto. Não me interesso pelo assunto Não tenho conhecimento nesta área Não tenho recursos disponíveis para realizar este trabalho Não responderam 0 10 20 30 40 50 Gráfico 3 – “Caso não esteja incluído, indique o porquê”. A maioria dos professores (88,8%) considera possível a utilização do SER como mais um recurso didático em suas aulas. Porém, dentre estes estão aqueles que conhecem o assunto e especificam a utilização nos conteúdos das séries analisadas, e aqueles que nunca utilizaram, apesar de considerarem possível sua utilização, justificando não possuírem materiais suficientes para o uso do mesmo (5,5%). Dentre os professores que não consideram possível a utilização do SER (5,6%), a maioria justificou não ter conhecimento suficiente para utilizá-lo, em segundo lugar, estão os que justificaram não ser um recurso didático acessível para suas aulas, e, por último, estão os que justificaram a falta de condições materiais que propiciem sua utilização (gráfico 4). 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil Não consigo relacioná-lo ao conteúdo Não há condições que propiciem sua utilização na escola Não é um recurso didático acessível para mim Não tenho quantidade de informações suficiente para utilizá-lo Não responderam 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Gráfico 4 – “Caso não considere, indique o porquê”. Dentre os materiais disponíveis na escola estão: algumas imagens cedidas pelo INPE, em parceria com a SME (Secretaria Municipal de Educação), livros didáticos (onde são encontrados as reproduções de algumas imagens), jornais, atlas e materiais do próprio professor (gráfico 5). Ainda há uma parcela de professores que justifica a não utilização devido a inexistência de materiais para utilização do SER como recurso didático nas escolas. As imagens de satélites em papel são as mais utilizadas (37,8%), porém estas imagens estão geralmente inseridas no livro didático. Em seguida estão as fotos aéreas (26,8%), também inseridas nos livros, e algumas, em pequena quantidade, recebidas da prefeitura como doação. As imagens digitais são utilizados por uma pequena parcela privilegiada, que possuem computador em suas residências (6,1%). Outros Imagens de satélites em computador Materiais digitais (softwares educativos) Não responderam Fotos aéreas Imagens de satélites em papel 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Gráfico 5 - Material de SER como recurso didático Os conteúdos de maiores dificuldades para os professores (gráfico 6) estão divididos em: manuseio de “softwares” educativos (31%), interpretação das imagens de satélite no papel (23%), interpretação dos dados em imagens de satélite no computador (21%) e por último as fotografias aéreas (11%). Essas dificuldades estão ligadas: ao despreparo dos professores para utilizar os computadores; à falta de informações e práticas para a utilização do SER como recurso didático; à falta de materiais didáticos na escola. Estas dificuldades inibem os professores de conhecerem e se familiarizarem com o assunto. 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil Outros Não responderam Interpretação das fotografias aéreas Interpretação dos dados nas imagens computador Interpretação das imagens de satélite Manuseio dos sistemas digitais (softwares educativos) 0 5 10 15 20 25 30 35 Gráfico 6 - Os conteúdos de maiores dificuldades para os entrevistados. computadores não são de acesso aos professores e alunos, outros justificaram que os laboratórios de informática ainda não estão instalados, ou ainda não existem. Alguns justificaram que os computadores não funcionam , uma parcela menor justificou que não há programas adequados às atividades dos professores e, por último, estão os que admitem não saber utilizar os computadores. A resposta dada por professores nesta pesquisa revela que somente a metade das escolas possuem um laboratório de informática. Porém, desta metade cerca de 10 % ainda não está em funcionamento. Nas escolas que possuem um laboratório de informática, 61,1% dos professores não o utilizam. Dentre os professores que não utilizam o laboratório de informática (gráfico 7), 16,7% justificou que os Não sei usar e não gostaria de aprender Não tenho idéia de como utilizar o computador Não sei usar, mas gostaria de aprender Não há softwares adequados às minhas atividades Os computadores não funcionam Eles não são de acesso dos professores e alunos Outros Não responderam 0 10 20 30 40 50 60 Gráfico 7 – “Caso não utilize, qual a razão”. A maioria dos professores participou de cursos relacionados ao assunto (51,9%), entretanto há uma grande parcela que não teve nenhuma possibilidade de se aprofundar no assunto (gráfico 8). Dentre os professores que participaram de cursos relacionados ao assunto, a maior parte fez um curso de uma semana no INPE (28%) ou participou de uma palestra, oferecida pelo INPE em parceria com a SME, no horário de HTC (Hora de Trabalho Coletivo), com duração de 4 horas; outros fizeram cursos particulares sobre o assunto (7%). 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil Não responderam Não Sim 0 10 20 30 40 50 60 Gráfico 8 –Participação dos professores de Geografia em cursos de SER. A maioria dos professores (55,2%) fez o curso entre 2001 e 2004, os demais (27,6%) fizeram o curso no período de 1993 a 1999 (gráfico 9). Isto demonstra que os cursos de atualização dos professores para que eles utilizem a ferramenta de sensoriamento remoto em sala de aula oferecidos tem tido uma grande demanda. Não responderam 1993 a 1999 2001 a 2004 0 10 20 30 40 50 60 Gráfico 9 - Período em que os entrevistados participaram do curso mais recente. 5. CONCLUSÕES Muitos professores tem interesse em usar o recurso de sensoriamento remoto em suas aulas, contudo ainda se sentem inseguros e gostariam de aprender mais a respeito e de participar de cursos de SER voltados para a educação. Esses professores sugerem que estes cursos tenham maior duração e que sejam realizados nos horários de HTC e possuam mais atividades práticas, nas quais se utilize as imagens e outros produtos como recursos didáticos. O uso do Sensoriamento Remoto como um recurso didático já foi abordado em outros trabalhos, nos quais foram argumentadas as mais diversas razões para esta utilização. Dentre essas, a principal é a integração desta tecnologia com a escola propiciando a formação de um cidadão atuante numa sociedade globalizada, onde o mundo técnico científico é o principal agente. Na cidade de São José dos Campos, os professores de Geografia que atuam na rede municipal de ensino, contam com uma possibilidade a mais na aproximação deste conteúdo, pois o pólo tecnológico espacial está localizado no perímetro da cidade. O INPE, a UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba) e a Prefeitura Municipal têm feito esforços para qualificar os profissionais do ensino no âmbito educacional do Sensoriamento Remoto. Infelizmente, o que encontramos como resultado da pesquisa, são dados que demonstram a não utilização freqüente deste recurso por parte dos professores. Estes dados nos mostram um certo despreparo na formação dos professores, ou seja, há uma falta de fundamentos teóricos e práticos em relação ao uso do material existente. Este material deve ser melhor divulgado entre os professores, pois muitos desconhecem, por exemplo, os materiais disponíveis na Internet. Ainda há falta de materiais didáticos nesta área, dentro do ambiente escolar, isto porque nem todas as escolas possuem qualquer tipo de material relacionado ao assunto, e apenas recentemente os laboratórios de informática estão 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil sendo montados nas escolas de ensino fundamental no município. Neste contexto, deve-se lembrar que dentre os professores da rede municipal de ensino que responderam à pesquisa, muitos lecionam há pouco tempo (entre 1 e 5 anos). No mesmo período de formação destes professores, a UNIVAP reformulou o currículo da graduação em Geografia e integrou as disciplinas de SER e Geoprocessamento ao mesmo. Por outro lado, os não usuários estão entre aqueles que foram formados num período que antecede a esta inclusão. Contudo, uma das maiores dificuldades entre os professores é, sem duvida, a falta de materiais disponíveis, apesar de esforços realizados pelo INPE. Quanto às imagens de satélite em papel, somente as que estão inseridas nos livros didáticos são utilizadas, devido a seu alto custo. Quanto aos materiais digitais, são variados os motivos que os tornam inacessíveis: os laboratórios ainda não estão totalmente instalados, ou não são de acesso fácil para professores e alunos; os professores não estão capacitados para utilizá-los. Portanto, o uso de materiais digitais (imagens de satélites e “softwares” educativos) também se torna difícil por falta da capacitação para a utilização do computador. Verificou-se que os professores da rede municipal de ensino, na cidade de São José dos Campos- SP, demonstram grande interesse em acompanhar qualquer curso oferecido nesta área. É preciso adequar os requisitos básicos do SER à realidade dos professores presentes na atual sociedade, constituir parcerias, e promover, ainda mais, o retorno dos professores aos estudos, para haver mais segurança para que trabalhem em sala de aula com uma tecnologia de grande valor para a Geografia. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MEC. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. História e Geografia (Ensino Fundamental), SEF, 2001. Sausen, T.M.; Rudorff, B.T.; Ávila, J.; Simi Filho, R.; Almeida, W.R.C.; Rosa, V.G.C.; Godoi Filho, J. Projeto Educa Sere III – A Carta Imagem de São José dos Campos. Boletim de Geografia, ano 19(2):61-69, 2001.