luc tuymans

Propaganda
Português
VISITAS GUIADAS
14 SET 2006 (Qui), 18h30
por Ulrich Loock
12 OUT 2006 (Qui), 18h30
por Ulrich Loock
NOTA BIOGRÁFICA:
Luc Tuymans nasceu em 1958 na cidade de Antuérpia, na Bélgica. Entre as suas principais exposições
individuais destacam-se as de Kunsthalle Bern (1992); Tate Modern, Londres (2004); K21 Düsseldorf (2005).
Participou ainda nas Documenta 9 e 11 em Kassel e na Bienal de Veneza de 2001.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Luc Tuymans, Phaidon Press (nova edição), Londres, 2005.
Luc Tuymans, Dusk / Penumbra (cat. de exposição), Museu de Arte Contemporânea da Fundação
de Serralves, Porto, 2006.
COMISSARIADO:
Hans Rudolf Reust
Ensaio geral das filmagens de Feu d’artifice, Hôtel des Thermes, Oostende, 6 de Julho de 1982
LUC TUYMANS
PENUMBRA
14 JUL-15 OUT 2006
Rua D. João de Castro, 210 .4150-417 Porto www.serralves.pt | [email protected] Informações: 808 200 543
“Viajar é como estar sentado diante de um quadro que actua sobre a pessoa como um pano de fundo, a enquadra e
dá uma direcção à sua viagem. Também se poderia pensar
(experienciar) como um estado em que espaço e tempo se
diluem um no outro. Sente-se a viagem como uma paralisação, uma constante, um caos, que surge com uma determinada precisão que não é, contudo, percepcionada como
verdadeira devido à passividade do viajante. Este regista e
recolhe o que experiencia. O efeito interior dos seus conceitos éticos determina aquilo que ele procura na viagem.”
Geral: 226 156 500 PARQUE DE ESTACIONAMENTO Entrada pelo Largo D. João III (junto à Escola Francesa)
Luc Tuymans, Caderno de apontamentos 3, c.1978
MECENAS EXCLUSIVO DA CASA
E MECENAS EXCLUSIVO DA EXPOSIÇÃO
MECENAS DO MUSEU
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“Penumbra” apresenta uma selecção, pequena mas representativa, de 21 obras
realizadas entre 1978 e 2004, contextualizada por diversas fontes e referências.
Durante a organização desta exposição houve uma permanente troca de ideias com o
artista, na tentativa de encontrar uma perspectiva espacial e propor uma reflexão sobre
as conexões intelectuais da pintura de Tuymans: um diálogo em imagens estáticas e
móveis, em objectos e textos.
A exposição mostra dois níveis do processo artístico que se encontram intimamente
ligados no acto de pintar: o processo intelectual e o processo material. Os espaços da
Casa de Serralves, que Tuymans adaptou pela segunda vez, depois de já o ter feito
para a sua exposição com Mirosław Bałka em 1998, são o palco de uma produção
que rejeita tanto a arquitectura do edifício como a derivação genérica ou conclusiva
de cada obra individual. Apenas o quadro que pertence à colecção do Museu de
Serralves toca as paredes do edifício. As outras obras, bem como a documentação
que as acompanha, estão dispostas nas duas faces de paredes amovíveis
especialmente instaladas para a ocasião. A circulação por átrios, salas e corredores
proporciona uma espécie de associação livre, incentivada pela lógica.
Capela (C)
A cena crucial de “Branca de Neve e os Sete Anões” de Walt Disney é repetida
constantemente, para assinalar a impressão traumática que essas imagens produziram
em Tuymans durante a sua infância. Diz-se que Adolf Hitler gostava de ver esse filme
sem som.
Rés-do-chão:
Biblioteca (B)
Uma selecção do material de leitura de Tuymans sublinha o âmbito intelectual da sua
obra. O actor Johan Heestermans, amigo de juventude do artista, lê extractos da Ética
de Espinosa, de “Living on Earth – Such is Life in China” do médico e escritor Johan
Jacobus Slauerhoff e de “Aesthetik des Vor-Scheins”, da autoria de Ernst Bloch.
Átrio de Entrada e Escadas (P1 / P2)
O balão gigante evoca a teatralidade da religião, o poder do misticismo ideologicamente
encenado no espectáculo sobre a Paixão de Cristo em Oberammergau. Essa visão de
uma cena excessiva corresponde ao retrato de “Pedro e Paulo” representados como se
fossem actores, no palco de um quadro.
Sala de Jantar (P3)
Um dos painéis da obra em quatro partes Die Zeit mostra o rosto de Reinhardt
Heydrich (1904-1942), uma colagem disfarçada com uns óculos de sol pintados por
cima. Heydrich foi o presidente da mesa numa conferência realizada a 20 de Janeiro
de 1942 na “Villa am Wannsee” em Berlim, onde os nazis discutiram pormenores
técnicos da “solução final” (ver http://www.ghwk.de). “Signal” era a luxuosa revista de
propaganda editada pelos alemães nas várias línguas dos países ocupados. Tuymans
usou o mesmo grafismo, muito avançado para a época, no catálogo da sua exposição
de Berlim em 2001. O pássaro de Magritte do filme Feu d’artifice (ver Quarto 1)
assiste à fatídica cena.
Sala de Desenho (P4 / P5 / P6 / P7)
La Correspondance é a imagem de uma recordação recorrente: todos os dias, durante
cinco anos e a partir de 1905, o escritor Oudshoorn enviava à esposa um postal do
pub onde ia almoçar e assinalava a mesa onde se sentava com uma cruz vermelha.
Uma maqueta mostra o projecto, nunca realizado, de prosseguir o estimulante jogo
entre o quadro, o espaço e a superfície bidimensional, nas três dimensões de uma
sala verdadeira.
Átrio Principal (P8 / P9 / P10 / P11)
Os quadros que representam um corpo, um desenho numa folha de papel, uma
ilustração de um catálogo técnico, uma fachada, não se limitam a confrontar
estruturas lineares. Leopoldville é uma referência ao contexto geral de “Mwana
Kitoko” [O belo homem branco], onde Tuymans delineou a história colonial da Bélgica
para a Bienal de Veneza em 2001.
Escritório (F1)
A fonte principal de uma série de quadros sobre o Congo foi esta curta sequência de
um documentário televisivo sobre a visita do rei Balduíno à colónia belga em 1955.
Vestíbulo
Na conferência que realizou no simpósio “Entre Sentidos” em Basileia (2002), o
artista falou das suas principais referências na história da arte
Sala de Estar (P12 / P13 / P14 / P15)
A série de quatro retratos de anos diferentes mostra a variedade de modos de pintar,
tanto nos diferentes quadros, como dentro do mesmo quadro (ver Portrait [Retrato]).
Der diagnostische Blick, um manual muito utilizado nas escolas de medicina, foi uma
das principais fontes de Tuymans para os seus estudos do corpo humano.
Primeiro Piso:
Hall (P16)
Ao cimo das escadas somos confrontados com um boné, uma máscara e um barco
azul que voltaremos a ver em Feu d’artifice (ver Quarto 1). A obra Smashed Oranges
faz referência aos Gilles, figuras populares das festas de Carnaval realizadas na cidade
belga de Binche. Tuymans pintou esta série para a Bienal de São Paulo de 2004.
Sala de Estudo (P17 / P18)
A figura central do macaco numa posição declaradamente pornográfica, retirada de
um diaporama japonês, contrasta com imagens de experiências realizadas com seres
humanos em campos de concentração nazis. O voyeurismo dessas imagens sublinha
que se está a mostrar o irrepresentável. Nos seus primeiros textos, Luc Tuymans
inventou o termo “falsificação genuína” (ver também obras expostas no Quarto 2).
Quarto 1 (F2)
A performance Feu d’artifice começou no dia 7 de Julho de 1982 às cinco da manhã,
pouco antes do romper do dia, e terminou uma hora depois, ao nascer do sol. O longo
pórtico do Hôtel des Thermes, em Oostende, tornou-se uma sequência de fade-ins,
de quadros vivos numerados com cenas filmadas, textos declamados da autoria de
Italo Calvino, Joseph Conrad, Fernando Pessoa, Michel de Ghelderode, Robert van
Ruyssevelt e do próprio Luc Tuymans. O evento foi registado num filme que é aqui
apresentado pela primeira vez.
Armário no Quarto 2
Duas portas de espelho dão acesso a um vasto reservatório de polaróides. Essa
enorme quantidade de imagens mostra o modo demorado e criterioso como as
imagens usadas nos quadros são escolhidas, enquadradas e retrabalhadas, antes de
ter início o mais rápido processo de pintura.
Quarto 2 (P19 / P20 / P21)
A atmosfera íntima dos quartos da Casa é quebrada quando nos confrontamos com
os pormenores dos interiores pintados. De 1978 a 1982 Tuymans parou de pintar
e desenvolveu as suas ideias sobre a imagem em vários projectos de filmes (ver
fotogramas de 1981-1982, F4). Esse período de intensa reflexão está documentado
em quatro cadernos que incluem muitas ideias básicas sobre o modo como o artista
via a diferença entre a imagem estática e a imagem móvel.
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