RAIMUNDO LÚLIO desenvolveu seu pensamento em mais de 250 obras escritas durante os cinquenta anos entre sua conversão (ca. 1263) e sua morte (1316). Sua obra, no entanto, não só é de difícil compreensão pelo volume mas, principalmente, pela ampla gama de temas tratados que vão muito além do monolítico temário lógico e teológico do ensino escolar. Também seu estilo singular nascido do contacto com outras religiões, outras culturas e outras línguas faz com que os não habituados vejam em seus escritos uma estranha mistura de geniais pensamentos com incríveis representações, singulares malabarismos gramaticais e cansativas repetições. Acrescente-se a isto a barreira de sua linguagem hermética. Os cultores do latim medieval encontram na maioria de suas obras uma linguagem insossa e medíocre (para não dizer deficiente). Além do difícil acesso formal à leitura de suas obras o pensamento luliano está intimamente ligado à sua personalidade e à sua agitada biografia. Trata todos os temas com uma perspectiva muito pessoal e na íntima convicção de estar realizando uma tarefa imposta por Deus. F. DOMÍNGUEZ REBOIRAS: «A Espanha medieval, fronteira da cristandade», Mirandum 10 (São Paulo, 2000) 23-38, trad. L.J. Lauand: http://www.hottopos.com/mirand10 «A questão da atitude luliana face à cruzada é mais complexa do que uma rápida leitura dos seus textos poderia oferecer. (…) Não obstante os textos que se poderiam respigar nas suas primeiras obras, Llull, desde o princípio, não rejeita a guerra material (corporal, ou sensual, como ele lhe chama), o que torna altamente questionável a ideia de uma pretensa mudança de opinião no pensamento luliano, de um pacifismo extremo para a aceitação da violência militar, e retira dramatismo ao opúsculo <De passagio ou De que modo se pode recuperar a Terra Santa>. Analisadas no seu contexto, essas aparentes contradições estão em consonância com as ideias centrais do seu monolítico ideário: a conversão sem coacção de todos os infiéis ditada por um acto livre da sua vontade, que tem que ser conseguida através da compreensão racional da maior verdade contida na fé cristã. (...) A conversão dos infiéis deve realizar-se graças ao entendimento e ao diálogo com as elites muçulmanas. F. DOMÍNGUEZ REBOIRAS, «Introducción» [ao Liber de passagio, op. 52], Raimundi Lulli opera latina, vol. XXVIII: 49-52, ediderunt Blanca Garí et Fernando Domínguez Reboiras Brepols Publishers, Turhout 2003, pp. 262-263. Fernando Domínguez Reboiras Fernando María Domínguez Reboiras é natural de Santiago de Compostela (1943), onde realizou os seus estudos, tendo cursado Filosofia, Teologia e Direito (1963-1970). É Doutor em Teologia (1996) pela Albert-Ludwigs-Universität, Freiburg i. Br. (Alemanha), onde é docente e investigador. Possui ainda formação em gestão e administração editoriais, para além da especialização em técnicas de edição crítica de textos medievais no Raimundus-Lullus-Institut. Na Alemanha também desempenhou ao longo dos anos actividade de professor de Teologia e de Espanhol e tradutor. Desde 1974 é membro científico e professor no prestigiado Raimundus-Lullus-Institut da AlbertLudwigs-Universität de Freiburg i. Br. sendo editor das Raimundi Lulli Opera latina no Corpus Christianorum - Continuatio mediaevalis (ed. Brepols, Turnhout), sendo responsável pela edição de diversos volumes. Desde 1987 é Magister da Maioricensis Schola Lullistica, do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (Palma de Mallorca) e membro do conselho de redacção da revista Estudios Lulianos (desde 1990: Studia Lulliana) Desde 1988 integra a comissão editorial da Nova edició de les Obras de Ramon Llull, onde também já publicou obras de Llull. Desde 1994 é membro numerário do “Forum der Editorinnen und Editoren der philosophischen und theologischen Mediävistik” de Bonn (Alemanha). Desde 1995 é membro do "Arbeitskreis für theologische Mediävistik". Munich (Alemanha). Desde 2002 é Académico correspondente da Real Academia de Buenas Letras de Barcelona (Espanha). Página web: http://www.theol.uni-freiburg.de/fakultaet/personen/fernando_dominguez.php Da sua extensa obra podem destacar-se: Edições críticas de obras de Raimundo Lúlio: Raimundi Lulli opera latina: — vol. XXVIII: 49-52, ediderunt Blanca Garí et Fernando Domínguez Reboiras (CC-CM, 182), Turhout: Brepols Publishers, 2003. — vol. XXI: 92-96. In civitate Maioricensi anno MCCC composita. (CC-CM, 112), Turnhout, Brepols Publishers, 2000. — vol. XIX: 86-91. Parisiis, Barcinonae et in civitate Maioricensi annis MCCXCIX-MCCC composita. (CC-CM, 111), Turnhout, Brepols Editores Pontificii, 1993. — vol. XVIII: 208-212. In civitate Maioricensi anno MCCCXIII composita, [com Abraham Soria Flores(†) e Michel Senellart]. (CC-CM, 80), Turnhout, Brepols Editores Pontificii, 1991. — vol. XVI: 190-200. Opera Viennae Allobrogum, in Monte Pessulano et in civitate Maioricensi annis MCCCXI-MCCCXII composita. [com Antoni Oliver e Michel Senellart], (CC-CM 78), Turnhout, Brepols Editores Pontificii, 1988. — vol. XV: 201-207. Summa sermonum in civitate Maioricensi anno MCCCXII-MCCCXIII composita. (CC-CM, 76), Turnhout, Brepols Editores Pontificii, 1987. Nova edició de les Obras de Ramon Llull — Començaments de Filosofia, (Nova edició de les obres de Ramon Llull, vol. 6), Palma de Mallorca , Patronat Ramon Llull, Palma 2003. — Llibre de virtuts e de pecats, (Nova edició de les obres de Ramon Llull, vol. 1), Palma de Mallorca , Patronat Ramon Llull, Palma 1990. Coordenação de obras: Ramon Llull, Das Buch über die heilige Maria / Libre de sancta Maria (katalanisch-deutsch). Herausgegeben von Fernando Domínguez Reboiras. Mit einer Einführung von Fernando Domínguez Reboiras und Blanca Garí. Übersetzung von Elisenda Padrós Wolff, FrommannHolzboog, Stuttgart-Bad Cannstatt 2005. Arbor scientiae. Der Baum des Wissens von Ramon Lull. Akten des Internationalen Kongresses aus Anlaß des 40-jährigen Jubiläums des Raimundus-Lullus-Instituts der Universität Freiburg i. Br., Hrg. von Fernando Domínguez Reboiras, Pere Villalba Varneda und Peter Walter, (Instrumenta patristica et mediaevalia 42, Subsidia lulliana 1) Brepols , Tunhout 2002. Constantes y fragmentos del pensamiento luliano. Actas del simposio sobre Ramon Llull en Trujillo, 17-20 septiembre 1994. Editadas por Fernando Domínguez y Jaime de Salas, (Beihefte zu Iberoromania 12), Niemeyer, Tübingen 1996. Aristotelica et lulliana magistro doctissimo Charles H. Lohr septuagesimum annum feliciter agenti dedicata, ediderunt Fernando Domínguez, Ruedi Imbach, Theodor Pindl et Peter Walter, (Instrumenta patristica XXVI), Steenbrugge-Den Haag 1995. Estudos: «La idea de cruzada en el Liber de passagio de Ramón Llull», Patristica et Mediaevalia, 25 (2004) 45-75. «El discurso luliano De homine en el contexto antropológico coetáneo», in Què és l’home. Reflexions antropològiques a la Corona d’Aragó durant l’Edat Mitjana, Prohom Edicions, Cabrils (Barcelona) 2004, pp. 101-127. «Ramón Llull: El hombre y su obra», in: Liceus. El Portal de Humanidades [2004]: http://www.liceus.com/cgi-bin/aco/lit/04/0100.asp «Die philologia sacra im spanischen Mittelalter», in Explicatio mundi. Aspekte theologischer Hermeneutik. Festschrift für William J. Hoye, Reinhold Mokrosch, Klaus Reinhardt, hrsg. von Harald Schwäetzer und Henrieke Stahl-Schwaetzer, Regensburg, S. Röderer Verlag, 2000, pp. 35-64. «Der Religionsdialog bei Raimundus Lullus. Apologetische Prämissen und kontemplative Grundlage», in Klaus Jacobi (Hrsg.), Gespräche lesen. Philosophische Dialoge im Mittelalter, Tübingen, Günter Narr Verlag, 1999, S. 263-290. «A Espanha medieval, fronteira da cristandade», Mirandum 10 (2000) 23-38: http://www.hottopos.com/mirand10 «Raimundo Lulio: La fe consciente», in Mirandum 6 (1998) 31-50: http://www.hottopos.com/mirand6 «El proyecto luliano de predicación cristiana», in Constantes y fragmentos del pensamiento luliano. op. cit., pp. 117-132. «El “Dictat de Ramon“ y el “Coment del dictat”. Texto y contexto», Studia lulliana 36 (1996) 79-100. «Raimundo Lulio y el ideal mendicante. Afinidades y divergencias», in Aristotelica et lulliana, op. cit., pp. 377-413. «Geometría, filosofía, teología y Arte. En torno a la obra “Principia philosophiae“ de Ramon Llull», Studia lulliana 35 (1995) 3-29. «“Principia philosophiae [complexa]” y Thomas Le Myésier», Studia lulliana 34 (1994) 75-91. «“Moltes novelles raons”. La originalidad del ‘Ars praedicandi’ de Ramon Llull en su contexto medieval», Anuario medieval, New York 4 (1992) 93-137. Les ‘Raimundi Lulli opera latina’. Balanç de trenta anys i una reflexió», Llengua & Literatura 3 (1988-89) 633-641. «Idea y estructura de la ‘Vita Raymundi Lulli’», Estudios lulianos 27(1987) 1-20. Tem ainda extensa colaboração em enciclopédias de referência, como Religion in Geschichte und Gegenwart (4ª ed.) e Lexikon für Theologie und Kirche (3ª ed.) onde também tem publicado entradas relativas a autores portugueses da Idade Média e do Renascimento. Organização Gabinete de Filosofia Medieval Faculdade de Letras Torre B, Gab. 119 Via Panorâmica s/n 4150-564 Porto Contactos 226077100 – ext. 119 correio-e: [email protected] http://www.letras.up.pt/if/gfm/ Biblioteca Horário: terças-feiras, das 9,30 às 17,00 horas Rua do Campo Alegre, nº 1055 (Palacete Burmester) Telef.: 226097029 Apoios F AC U LD AD E D E LE T R AS UNIVERSIDADE DO PORTO Instituto de Filosofia UI&D 502 Gabinete de Filosofia Medieval Faculdade de Letras da Universidade do Porto Conferência Fernando Domínguez Reboiras ( Raimundus Lullus Institut – Albert-Ludwigs-Universität, Freiburg i.B. ) La singular actitud de Ramon Llull (s. XIII-XIV) frente al Islam 30 de Outubro de 2006 às 15,30 Sala de reuniões, Piso 2 Faculdade de Letras Via Panorâmica s/n Seminário informal de Filosofia Medieval do GFM – 2006 : Razão e mística no pensamento medieval. Apoios: FCT - Unidade de Investigação 502 ; Faculdade de Letras ; Departamento de Filosofia