ANTI-hiSTAMÍNICOS Empate na corrida contra Ao contrário dos anti-histamínicos de primeira geração, os de segunda têm efeito sedativo muito reduzido. Os últimos não mostram diferenças significativas de eficácia a tratar a rinite alérgica Rinite alérgica Causa sintomas idênticos aos da constipação, como corrimento nasal, comichão nos olhos, espirros e pressão no nariz. Mas, ao contrário da constipação, não é causada por um vírus e, sim, por uma reação a um alérgeno (pólen, pó, pelos de animais, etc.). Para tratar sintomas ocasionais, o médico prescreve um anti-histamínico. Para controlar problemas persistentes, são também usados corticosteroides intranasais. teste saúde 102 abril/maio 2013 Eczema atópico 32 O sol brilha com mais intensidade, as árvores recuperam as folhas, os campos cobrem-se de flores e as abelhas transportam os pólenes com que fabricam o mel. Todos nos lembramos das composições sobre a primavera na escola primária. O que nunca acrescentámos à descrição idílica foi o facto de a dispersão de pólenes no ar se encontrar na origem de alergias, como a rinite. Nariz e olhos avermelhados, por vezes com corrimento e comichão, são sinais que, para muitos portugueses, anunciam o fim do inverno. Mas os responsáveis pelas reações, conhecidos como alérgenos ou alergénios, não se resumem aos pólenes. O bolor, os pelos ou a saliva dos animais, com os gatos entre os principais suspeitos, o pó, as fibras dos tecidos, os detergentes e os ácaros compõem a lista das substâncias mais frequentes. A gravidade é variável e pode ir de uma simples irritação na pele até ao choque anafilático, reação rápida e grave, que se estende a todo Trata-se de uma alergia da pele algo comum e crónica, acompanhada por comichão, vermelhidão, secura e descamação. Os anti-histamínicos não oferecem cura. Mas os que têm efeito sedativo são úteis em caso de insónia durante uma crise e os restantes previnem a comichão e a urticária. O sistema imunitário dos alérgicos toma como ameaça substâncias inofensivas o organismo e pode ser fatal se o paciente não receber imediatamente uma injeção de adrenalina. Muitas reações alérgicas podem ser tratadas com anti-histamínicos, medicamentos que bloqueiam os efeitos da histamina. Esta é uma proteína a que o sistema imunitário recorre para proteger as células contra infeções. Nos alérgicos, a histamina reage contra substâncias que, normalmente, são inofensivas, como pólenes ou pó, causando reações exacerbadas e desagradáveis. Por isso, o tratamento consiste em bloquear os recetores da histamina. Neste artigo, fazemos uma revisão dos anti-histamínicos de segunda Urticária Erupção cutânea com comichão, surge numa parte do corpo ou espalha-se a uma grande área. Alguns fatores funcionam como gatilhos: stresse, álcool, cafeína, comida picante, ambientes quentes e certos medicamentos (aspirina, anti-inflamatórios, etc.). Anti-histamínicos como a cetirizina, a fexofenadina e a loratadina controlam os sintomas. Em caso de insónia devido à comichão, é possível receitar um anti-histamínico com efeito sedativo. Náuseas de movimento Induzem uma combinação de sintomas desagradáveis, como tonturas, enjoos e vómitos, e podem ocorrer durante viagens (por exemplo, de carro ou barco). Alguns anti-histamínicos de primeira geração são os mais eficazes na prevenção. Em Portugal, os anti-histamínicos mais utilizados para este efeito são o Enjomin, o Viabom e o Vomidrine. Insónia Não é um problema de alergia, mas pode surgir com uma crise. Os anti-histamínicos de primeira geração trazem benefícios no imediato. A doxilamina também pode ser usada em caso de insónia temporária, mesmo que não associada a alergias. Mas nenhum anti-histamínico é indicado na insónia crónica. A longo prazo, há opções mais eficazes. geração mais usados na rinite alérgica e indicamos os três fármacos mais baratos por princípio ativo. Manifesto das alergias ■ Na pele, nos olhos, após a ingestação de um alimento ou congestionando as vias respiratórias, as alergias podem manifestar-se a di- versos níveis. Comichão, manchas vermelhas, pele descamada, língua, rosto ou garganta com inchaço, urticária, nariz com corrimento e vias respiratórias congestionadas são sinais comuns. Em situações graves, surge o choque anafilático: face a pressão baixa, urticária, desmaio e inchaço da face e garganta, ligue de imediato o 112. ■ Alguns indivíduos com alergia sofrem também de asma, que requer vigilância médica apertada. Esta condição crónica corresponde ao estreitamento e inchaço das vias respiratórias, que produzem uma quantidade anormal de excreções. O indivíduo pode sentir o peito a sibilar (“chiar”) e dificuldade em inspirar, mas sobretudo expirar. Neste caso, necessita de um broncodilatador, no geral, à base de corticosteroides, para abrir as vias respiratórias e deixar o ar fluir normalmente. Em algumas pessoas, a asma é provocada por alérgenos, como o pelo de animais, o pó e os pólenes, e piora face a situações de stresse. Se não for controlada, pode reduzir seriamente a função respiratória: rotinas simples, como caminhar ou subir escadas, tornam-se verdadeiras provas de esforço. A prática de uma atividade física e os passeios ao ar livre (por exemplo, junto ao mar) trazem alívio e têm a vantagem adicional de reduzir a necessidade de medicação. No entanto, devem ser evitados os momentos de maior polinização no ar, como na primavera. ■ Muitas vezes, são confundidas. Mas a intolerância e a alergia distinguem-se pelo facto de a primeira não envolver o sistema imunitário. Por exemplo, alguns indivíduos não toleram a lactose, substância presente no leite. Ao ingeri-lo, experimentam sintomas desconfortáveis, como diarreia. Contudo, pessoas com intolerância a alguns alimentos podem consumir pequenas quantidades sem problemas. Quem é portador de alergia sofrerá uma reação séria mesmo com uma dose reduzida. ■ Há quem confunda ainda constipação com rinite alérgica, dado que os sintomas são muito idênti- > teste saúde 102 abril/maio 2013 os espirros 33 ANTI-hiSTAMÍNICOS > insónia em crianças relaxar é a prioridade Alguns médicos prescrevem anti-histamínicos de primeira geração para ajudar as crianças a dormir. Mas esta não deve ser a primeira opção ´ As perturbações do sono em crianças e jovens estão entre os maiores desafios da pediatria. Um estudo americano demonstrou que os anti-histamínicos são os medicamentos mais prescritos para ajudar as crianças a dormir. ´ Mas, apesar de geralmente seguros, nem sempre são eficazes a combater a insónia e podem causar excitação do sistema nervoso central. ´ É preferível optar por um tratamento comportamental, como manter uma hora certa para dormir ou recorrer a técnicas de relaxamento. Um banho morno, uma história ou música suave ajudam a relaxar cos. A primeira está, em regra, associada a dor e corrimento nasal purulento ou mucoso. Já a rinite alérgica é sazonal: surge sobretudo na mudança das estações do ano (por exemplo, devido ao pólen) e desenvolve-se subitamente. Menos sonolência na segunda geração ■ Os anti-histamínicos destinam-se a impedir a ação da histamina. Esta é produzida quando o sistema imunitário confunde uma substância inofensiva, como o pólen, com uma verdadeira ameaça. A libertação da histamina inicia um processo de inflamação e provoca o aparecimento de inchaço e manchas vermelhas nos tecidos próximos. Também pode afetar as terminações nervosas na pele, provocando comichão. ■ Estes medicamentos não têm uma ação tão seletiva quanto o desejável e impedem o funcionamento de alguns neurotransmissores (por exemplo, a serotonina). Trata-se de uma característica com consequências, algumas das quais podem ser usadas em ter- mos terapêuticos. É o caso da sonolência induzida por certos anti-histamínicos, que pode jogar a favor do paciente em caso de insónia durante uma crise alérgica. ■ Todos estes medicamentos provocam efeitos adversos com maior ou menor gravidade. Os mais antigos, ditos de primeira geração, dão origem a sedação, sonolência, perturbação do raciocínio, tonturas e secura ao nível da boca. Daí ter surgido a necessidade de desenvolver fármacos que mitigassem tais efeitos. Os de segunda geração não atuam como depressores do sistema nervoso central, pelo que apresentam efeito sedativo reduzido. Isso não significa que estejam isentos de efeitos. Além de uma sedação ligeira, podem ocorrer dores de cabeça, bem como boca e nariz secos e, mais raramente, aumento do ritmo cardíaco. Mas, no geral, os sintomas são passageiros. Eficácia semelhante ■ Em termos de eficácia, não existem diferenças significativas entre ambos os grupos de anti-histamínicos. No entanto, a menor inten- teste saúde 102 abril/maio 2013 Anti-histamínicos de segunda geração para a rinite: os três genéricos mais baratos 34 Cetirizina (10 mg) Desloratadina (5 mg) Ebastina (10 mg) Fexofenadina (120 mg) Jaba € 1,32 Ciclum € 1,50 Germed € 2,55 esgotado no momento do nosso estudo Sandoz € 2,25 Farmoz € 2,50 Bravet € 2,64 esgotado no momento do nosso estudo Alter € 3,77 Cinfa € 3,81 Mylan € 3,81 Mylan € 3,67 Generis € 3,79 Preços recolhidos em março de 2013. sidade dos efeitos adversos dos segundos torna-os mais recomendáveis pelos médicos. ■ Alguns estudos sugerem ainda a ausência de diferenças substanciais de eficácia entre os medicamentos de segunda geração quanto ao tratamento da rinite alérgica. Mas, por exemplo, para controlar a urticária, a loratadina demonstrou melhores resultados do que a cetirizina. ■ Na ilustração abaixo, indicamos exemplos de anti-histamínicos de segunda geração e os três medicamentos mais baratos por categoria. Todos beneficiam de uma comparticipação do Estado de 37 por cento. ■ Como não existem grandes diferenças de eficácia no ataque à rinite, o médico deve optar pelas soluções com menos efeitos adversos para o doente e, dentro destes, os que impliquem custos mais reduzidos. Não sendo propriamente medicamentos dispendiosos, os anti-histamínicos podem, ainda assim, pesar no orçamento no caso de um tratamento mais prolongado. Não misture anti-histamínicos com bebidas alcoólicas conselhos de utilização miniguia para evitar complicações Alguns anti-histamínicos pode ser tomados sem conselho médico (por exemplo, os usados na náusea de movimento). Para os restantes, consulte um profissional Alguns fármacos indicam que podem reduzir a concentração e a velocidade de reação ´ ´ De preferência, tome com o estômago vazio e evite consumir bebidas alcoólicas: a combinação de ambos aumenta a sonolência. Estes fármacos interagem com outros medicamentos e podem provocar reações adversas (por exemplo, substâncias para úlceras ou antidepressivos). Informe o médico sobre tudo o que estiver a tomar. ´ As crianças devem evitar medicamentos para a tosse e constipação com anti-histamínicos na composição. Nos idosos, os anti-histamínicos podem agravar os efeitos adversos descritos. ´ Alguns destes fármacos podem ser utilizados por grávidas e lactantes, mas sob vigilância médica. mais vale prevenir Desporto melhora respiração ´ ´ Stresse, álcool, cafeína, comida picante, ambientes quentes e certos medicamentos são gatilhos da urticária. Se é suscetível a estas erupções, procure afastá-los. Levocetirizina (5 mg) Loratadina (10 mg) Wynn € 2,30 esgotado no momento do nosso estudo Zentiva € 3,57 Ciclum € 4 Ranbaxy € 2,18 esgotado no momento do nosso estudo Germed € 2,44 1 Apharma € 3,27 ´ ´ Para tratar a congestão nasal, lave o nariz com soro fisiológico ou com uma solução salina. Se não resolver os problemas com medidas simples, procure o médico para estudar alternativas. teste saúde 102 abril/maio 2013 As alergias podem ser causadas por fatores ambientais ou genéticos, mas não há certezas absolutas. Sabe-se que o stresse tende a agravá-las. Evitar fatores de desequilíbrio emocional, mantendo uma atividade física, pode ajudar. Mas, durante a época de polinização, evite atividades ao ar livre e mantenha as janelas de casa e do carro fechadas. 35