Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira EFEITOS DO MÉTODO PILATES NA LOMBALGIA: ESTUDO DE 2 CASOS Marina Junqueira Pereira1 Cyntia Rodolfo Mendes1 Raquel Salgado Batista2 Bernardo Luiz Ferreira Fernandes2 RESUMO Muitas das causas da lombalgia ainda permanecem desconhecidas, diante disso portadores de dores crônicas têm buscado terapias complementares sendo o Pilates um dos métodos procurados. Pilates é um método de exercício físico programado para condicionar e relacionar o corpo e a mente, corrigir desequilíbrios musculares, melhorar a postura e tonificar o corpo. O objetivo do presente estudo foi verificar a eficácia da aplicabilidade terapêutica do método Pilates na lombalgia. Participaram do estudo 2 pacientes do sexo feminino com queixa de lombalgia, estes se submeteram a 12 sessões de Pilates com duração de noventa minutos. Foi utilizado parte do Cartão de Avaliação de Dor do Memorial e o diagrama encontrado no Inventário para Dor de WISCONSIN para avaliar a dor antes e após a aplicação do método. Obteve-se como resultado uma diminuição da dor lombar em ambas pacientes. Com isso concluiu-se que o Pilates apresentou uma interferência terapêutica positiva no quadro da lombalgia. Palavras-chave: lombalgia, dor, Pilates, coluna vertebral. ABSTRACT Many causes of Low Back Pain are still unknown, and in this way, bearers of chronic pain have been searching for complementary therapies, and Pilates is one of the chosen methods. Pilates is a method of programmed physical exercise to condition and relation the body and the mind, to correct muscle unbalances, to improve the posture and to strengthen the body. The aim of the present study was to check the efficacy of the therapeutic applicability of Pilates Method on Low Back Pain. Two female patients who have had Low Back Pain joined the study, being submitted to 12 sessions of Pilates lasting 90 minutes. It was used a part of the Pain Evaluation Card of the Memorial and the diagram found in the Pain Inventory of Wisconsin to evaluate the pain before and after the application of the method. It was obtained a Low Back Pain decrease in both patients. Based on it, it was concluded that the Pilates Method presented a positive therapeutic interference in the Low Back Pain scene. Key-words: low back pain, Pilates, lumbar, spine. INTRODUÇÃO Lombalgia são todas as condições de dor, com ou sem rigidez, localizadas na região inferior do dorso, em uma área situada entre o último arco costal e a prega glútea (1). A dor lombar tem causas congênitas, degenerativas, inflamatórias, infecciosas, afecções traumáticas, ou ainda por fatores variados, como estresse, ansiedade, má postura, sedentarismo e tensão emocional (2). A lombalgia, dentre as patologias osteomioarticulares, merece destaque devido a sua alta incidência, sendo considerada um problema de saúde publica. Estudos demonstram que 60% a 90% da população adulta sofrerão em algum momento de sua vida com dor lombar, tendo predileção por adultos jovens, sendo uma das principais razões por afastamento do trabalho (3,4,5). Segundo Teixeira citado em Silva cerca de 10 milhões de brasileiros tornamse incapacitados por causa desta morbidade (6). As opções de tratamento para as lombalgias são inúmeras. Entre as formas de tratamento, encontra-se o tratamento conservador e o cirúrgico. O conservador é composto pelo medicamentoso, através de analgésicos, antiinflamatórios não-esteroidais e relaxantes musculares; fisioterapia convencional, com utilização da crioterapia, termoterapia, eletrofonofototerapia, cinesioterapia, exercícios físicos controlados, tratamento preventivo e também por terapias alternativas (7). O cirúrgico é utilizado principalmente em casos de hérnia discal lombar (5). Contudo, segundo Kolyniak (8), a dificuldade de prevenção e tratamento da lombalgia é devida a sua etiologia ser multifatorial e também devido ao fato de que muitas das suas causas ainda permanecem desconhecidas. Diante disso, portadores de dores crônicas têm buscado terapias complementares na tentativa de uma melhora efetiva de suas afecções, sendo o Pilates um dos métodos procurados (9). Joseph Hubertus Pilates nasceu em 1880, na Alemanha, foi uma criança muito debilitada, apresentava desde muito pequeno febre reumática, asma e raquitismo e para superar essa debilidade física, ele resolveu praticar esportes como ginástica, esqui, boxe, luta romana e mergulho. Ao mesmo tempo em que se exercitava, Pilates passou a se interessar pela filosofia humana, em especial a musculatura corporal. Estudou a medicina oriental e ocidental. A combinação de todas essas práticas o tornou capaz de mais tarde formular o seu método, que ele chamou de Contrology (contrologia) (10,11). Contrologia, que após a morte de seu criador passou a ser designado como Pilates, corresponde ao controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo, ou seja, é a utilização e aplicação de forma adequada de um dos mais importantes princípios das forças que atuam em cada um dos ossos do esqueleto (8). Pilates é um método de exercício físico programado para condicionar e relacionar o corpo e a mente, corrigir desequilíbrios musculares, melhorar a postura e tonificar o corpo através de seis princípios básicos: respiração, concentração, precisão, fluidez, centro e controle. Utiliza-se de aparelhos criados pelo próprio Joseph Pilates durante a Segunda Guerra Mundial através das molas das camas da enfermaria. Entre eles: Reformer,Trapézio ou Cadillac, Wall Unit,Wunda Chair e Lader Barrel. A prática também pode ser realizada no solo, chamando-se Mat Pilates, utiliza-se também dos acessórios como: Flex Ring Toner, rolos de espuma, discos de rotação e bolas. O principal objetivo do Pilates é fortalecer o núcleo do corpo, que corresponde à região situada entre os quadris e o osso esterno. Os músculos centrais incluem os músculos dorsais, os músculos adutores, os ílio-psoas e quatro camadas de músculos abdominais. Esses músculos trabalham em conjunto para sustentar a coluna vertebral, o que, por sua vez, promove a boa postura e melhora do equilíbrio muscular (12). Uma vez que o método Pilates fortalece uniformemente os músculos centrais, a estabilidade da coluna lombar torna-se mais eficaz podendo assim, aliviar os sintomas da lombalgia. Através disso o objetivo do presente estudo foi verificar a eficácia da aplicabilidade terapêutica do método Pilates na lombalgia. Este foi dividido em três fases visando propiciar aos pacientes uma evolução gradual do controle e fortalecimento do núcleo do corpo também denominado Power House (casa de força), associando-se movimentação de membros e de tronco com o decorrer das sessões. MATERIAL E MÉTODOS 1. Amostragem Participaram deste trabalho 2 indivíduos do sexo feminino. A paciente 1 (S.G.) de 22 anos, e a paciente 2 (V.M.) de 25 anos, ambas sedentárias e portadoras de lombalgia, não realizam nenhum outro tipo de tratamento para lombalgia. São alunas do último período de Fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas. As pacientes consentiram com o tratamento ao assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, segundo regem as normas do Sub-Comitê de Ética em pesquisa da PUC-MG campus Poços de Caldas. 2. Procedimento 2.1 Avaliação: Foi realizada a avaliação fisioterapêutica inicial para a detecção dos déficits através da ficha padrão utilizada na área de Traumato-Ortopedia II da Clínica de Fisioterapia da PUC-MG campus Poços de Caldas. Foi aplicado uma escala visual analógica de dor baseada no Cartão de Avaliação de Dor do Memorial onde as pacientes deveriam enumerar de 0 a 10 a intensidade de sua dor, sendo 0 sem dor e 10 a dor mais insuportável sentida pelo paciente e qualificá-la como: moderada, forte, média, quase imperceptível, insuportável, sem dor, intensa ou fraca (13). Também foram instruídos a marcar o local onde sentem dor sobre o diagrama encontrado no Inventário para Dor de WISCONSIN (14). Toda a avaliação foi realizada por um mesmo indivíduo. 2.2 Programa de Tratamento: Foram realizadas 12 sessões de Pilates com duração de 90 minutos no período de agosto a outubro de 2006. Todas as sessões foram realizadas no Equilibrium Studio Pilates, situado na cidade de Poços de Caldas, mediante prévia autorização dos responsáveis pelo estabelecimento. 2.3 Protocolo: O protocolo foi desenvolvido em três fases, visando propiciar aos pacientes uma evolução gradual do controle do Power House (casa de força), juntamente com a evolução dos exercícios. A primeira fase foi constituída de exercícios para ganho da conscientização do Power House e aplicabilidade dos seis princípios básicos: respiração, concentração, centro, precisão, fluidez e controle. Foram realizados exercícios com os membros inferiores apoiados e a área da lesão estável. A segunda fase iniciou-se a mobilização da área da lesão e apoio de um membro inferior. A terceira fase, com a maior conscientização corporal principalmente do Power House (casa de força) adquirida pelos pacientes, iniciou-se os exercícios mais dinâmicos, desafios proprioceptivos e com maior alavanca. Os exercícios podem ser observados na tabela I. 1° 2° 3° 4° sessões (fase I) 5° 6° 7° 8° sessões (fase 9° 10° 11° 12° sessões II) (fase III) ________________________ ______________________ ____________________ MAT MAT MAT * Consciência respiratória10X * Ponte Articulada ( *Ponte articulada com Bridging) 10X um (1) MI fletido na bola. * Conscientização do Power House (Casa de Força) 10X 10X. * Conscientização do Power House ( casa de *Abdominal * Conscientização do Power House (casa de força) com força) com adução de MMII com MMII a 90°. com flex ring 10X MMII apoiados na bola 10X. * Abdominal tradicional * *Conscientização do Power House (casa de força) com liberação do quadril 10 X House (casa de força) com extensão de um MI no solo10X cada Power House força) do com extensão de MMII (casa de associado a com flex ring *Leg Circles *Leg Pull Back com extensão de joelho 10X *Leg Pull Front cada * Prece maometania na * Arcos de MMII 10X cada bola 10X * Ponte Articulada (bridging) 10X * Em decúbito dorsal (DD), * Prece maometania na extensão de um (1) MI a bola, com rotação de *Conscientização do Power House ( casa de força) com adução de MMII com flex ring 10X * Serie de MMSS com mola ring 10Xcada APARELHOS Unit * Abdominal tradicional Reformer. *Fly * Serie de MMSS com mola Wall flexão de ombro com flex 10X leve no Wall Unit 10X no partir de 90° associando tronco. * Swan dive I (Mergulho do *Supine Arm Arcs With Cords (Arcos de Braços cisne I) 10X em Supino) no APARELHOS leve Conscientização fortalecimento de adutores * Conscientização do Power tradicional com Fiagle (Vôo da *Abdominal tradicional com Águia) no Trapézio ou elevação de um (1) MI em Cadillac. abdução de MI 10X extensão 10X cada *Long Sit Spine Flexion and Extension (Flexão e *Teaser Series no Wall Unit APARELHOS Extensão 10X * Standing Hip Strech no * Teaser Series com MMII Reformer 10X cada apoiados na bola no Wall * Supino Leg Pres no Unit 10X com 1 MI empurrando a bola no Wall * Prone Scapular Protaction and Retraction Unit na chair 10X * Mobilidade de coluna em flexão de tronco com alongamento de isquiotibiais * Leg Strech Series no Ladder Barrel Coluna, MMII em extensão) no Trapézio ou Cadillac. *Inverted V (V Invertido) na Chair reformer 10X *Teaser de *Lunge to Stand na Chair *Long Spring Series for Legs (Série de pernas nas molas) no Trapézio ou Cadillac. em pé na barra torre no Wall Unit 10X *Alongamento na barra torre do Trapézio ou * Supine 90/90 no Trapézio Cadillac em pé. ou Cadillac. Tabela I: Exercícios realizados durante as três fases do tratamento O tratamento foi realizado de forma individual por um único terapeuta. Antes de iniciar todas as sessões, foram realizados alongamentos de cadeia posterior de MMII com faixa, alongamento de piriforme e de glúteos. Foram realizadas três séries com duração de 30 segundos cada alongamento (15). Após o término das 12 sessões, foi realizada uma reavaliação pelo mesmo indivíduo que realizou a avaliação, contendo os mesmos itens presentes nesta, comparando-se assim os parâmetros antes e após a aplicação do método Pilates. RESULTADOS Com os dados adquiridos através da avaliação e a reavaliação, foi feita a análise, de forma quantitativa, verificando o nível da dor lombar baseada no Cartão de Avaliação de Dor do Memorial (13). Ambas pacientes apresentaram uma diminuição numérica da intensidade da dor podendo ser observado no gráfico 1. Gráfico 1: Avaliação quantitativa do nível de dor lombar, baseada no Cartão de Avaliação de Dor do Memorial11. Paciente 1 SG apresentou na avaliação um nível numérico da intensidade da dor 8 e na reavaliação o nível numérico da intensidade da dor 0. Paciente 2 VM apresentou na avaliação um nível numérico da intensidade da dor 5 e na reavaliação o nível numérico da intensidade da dor 1. Utilizando-se também o Cartão de Avaliação de Dor do Memorial (13) foi realizada a análise qualitativa da dor. Ambas pacientes apresentaram uma diminuição da qualidade da dor, podendo ser observado na tabela II abaixo. Pacientes Intensidade qualitativa Intensidade qualitativa dor avaliação da dor reavaliação 1 Média Quase imperceptível 2 Media Fraca Tabela II. Avaliação qualitativa do nível da dor lombar, baseado no Cartão de Avaliação de Dor do Memorial. Paciente 1 SG apresentou na avaliação uma intensidade qualitativa da dor em média e na reavaliação em quase imperceptível. Paciente 2 VM apresentou na avaliação uma intensidade qualitativa da dor em média e na reavaliação em fraca. Em relação ao diagrama baseado no inventário para dor de WISCONSIN (14) a paciente 1SG na avaliação apresentou dor em região lombar principalmente sobre as cristas ilíacas póstero-inferiores bilateralmente e na reavaliação essa dor foi erradicada. A paciente 2VM na avaliação apresentou dor em toda a extensão da coluna lombar e na reavaliação a dor permaneceu porem em menor intensidade. DISCUSSÃO Nos dias atuais, a população vem buscando uma melhora na sua qualidade de vida, frente ao grande estresse encontrado no trabalho, no trânsito, na rotina do dia-a-dia. Com isso as terapias complementares estão sendo muito procuradas, pois através destas pode-se condicionar e relacionar o corpo e a mente, diminuindo assim o estresse, a ansiedade e melhorando o convívio social. Joseph Humberts Pilates através da união da filosofia oriental e ocidental criou um método que interage corpo e mente. A interação entre corpo e mente segundo J. Pilates, é conseguida através dos seis princípios do método Pilates: respiração, concentração, precisão, fluidez, centro e controle (10,12,16,17) A respiração deve ser adequadamente coordenada com o movimento. Joseph Pilates defendia que forçar a expiração era a chave para uma inspiração correta, durante essa fase ocorre a ativação do músculo transverso do abdômen (16). Com isso na prática de Pilates fazse uma expiração forçada durante a realização do movimento e uma inspiração profunda sem sobrecarregar a musculatura respiratória acessória expandindo a caixa torácica lateralmente na fase de repouso. Isto permite a formação de um vácuo no final da expiração facilitando a entrada do ar na inspiração. Esta respiração é denominada respiração torácica lateral, que melhora a capacidade pulmonar, assimila melhor o oxigênio, permitindo assim uma melhor oxigenação dos tecidos (10,12,16). Estudos demonstram através da eletromiografia de agulha que o músculo transverso do abdômen é o mais efetivo mecanicamente no aumento da pressão intra-abdominal, ele foi ativado na expiração tranqüila, contrariando a teoria de que essa fase da respiração é passiva e também foi acionado primeiro que os músculos abdominais na expiração forçada (18,19,20,21,22). O Pilates, através da ativação do transverso na expiração forçada, gera o aumento da pressão intra-abdominal gerando uma pressão visceral na face anterior da coluna, contrária a lordose lombar (23,24,25). Tal fato contribuiu para a diminuição da dor, devido à manutenção da curvatura lombar em uma posição mais fisiológica. Os exercícios devem ser realizados com muita concentração, uma consciência sinestésica que permite a concentração da mente naquilo que o corpo está fazendo (17). É “a mente que guia o corpo”, como preconiza o método (10,12,16,17). Com isso o corpo começa a perceber o movimento e utilizar as estabilizações necessárias para sua execução, evitando assim lesões. A concentração ajuda o cérebro e o sistema nervoso na solicitação dos músculos adequados ao movimento, com isso facilita a ativação antecipatória dos músculos profundos, melhorando a estabilidade da lombar o que provavelmente auxiliou nos resultados obtidos no estudo (12,17,21,26). A precisão ajuda a aumentar o controle dos movimentos, além de combater hábitos e padrões de movimento não desejados. Deve-se prestar muita atenção aos detalhes, já que a qualidade, nos movimentos, é mais importante que a quantidade. É a qualidade do movimento que é à base de todo o ganho funcional terapêutico, já que o método Pilates não constitui diretamente em uma terapia analgésica e sim um programa de treinamento físico e mental, onde os movimentos devem ser realizados da melhor forma sendo mantidos durante atividades funcionais, assim evitando o desenvolvimento de posturas e padrões indesejados que podem levar as disfunções osteomioarticulares (10,12,16,17,21). O centro de força é definido como o “cinturão” ou “núcleo do corpo” que se estende desde a base das costelas até a região inferior da pélvis. Constitui o pilar fundamental do método. Segundo Bergmark (27) existem dois sistemas musculares que mantêm a estabilidade da coluna. Sistema muscular global e local. O sistema muscular global é constituído por músculos mais superficiais (reto abdominal, obliquo externo) responsáveis pela estabilidade geral da coluna e por orientação e ação contra os distúrbios externos. O sistema muscular local inclui a musculatura profunda e porções profundas de músculos que têm suas origens e inserções nas vértebras lombares, principalmente o transverso do abdômen e o multífido, responsáveis pela estabilização segmentar e controle direto do segmento lombar (21,24,25,26). A estabilidade lombar é mantida pelo aumento da atividade dos músculos locais e um adequado recrutamento muscular entre os músculos locais e globais durante as atividades funcionais (26). Estudos investigaram a ação do músculo transverso onde verificaram que ele é o primeiro músculo a ser ativado com ação sinergista durante os movimentos de tronco e membros, adotando uma reação antecipatória aos movimentos, produzindo uma rigidez necessária à coluna lombar, evitando que esta sofra qualquer instabilidade geradora de dor (21,26,28). A dor lombar afeta diretamente a ativação dos músculos locais, principalmente o transverso do abdômen e o multífido. Hodges (29) em um estudo verificou que pessoas com lombalgia, durante movimentos no membro superior, obtiveram uma diminuição acentuada da ativação do músculo transverso do abdômen, em comparação aos outros músculos, realizando sua contração após a ação do agonista. Com este retardamento da ativação do músculo transverso não ocorrerá uma boa estabilização da coluna lombar acarretando mais dor e disfunção dessa região (18,21,26) Teixeira-Salmela(26) cita uma recente abordagem para o tratamento da instabilidade lombar; um programa de estabilização muscular, que consiste em um treinamento específico da musculatura profunda. No Pilates os músculos profundos são trabalhados através da contração do “Power House” (casa de força) onde o paciente é instruído a manter a curvatura fisiológica lombar e pélvica em posição neutra, realizar uma expiração forçada durante o movimento juntamente com a depressão da parede abdominal (10,12,16,17). Sapsford (30) reforça que a posição neutra da pelve irá ajudar a ganhar maior isolamento da contração do transverso abdominal. Segundo Costa (18) a contração do transverso resulta em um aumento da tensão da fáscia tóracolombar e um aumento da pressão intra-abdominal através da depressão da parede abdominal. Com o trabalho de reeducação e fortalecimento dos músculos profundos, principalmente o transverso do abdômen, no Método Pilates, foi possível o retorno da função estabilizadora desses músculos. Isto permite que o corpo dos praticantes realize movimentos, supere alterações decorrentes de forças externas e mantenha uma postura adequada sem sobrecarregar a lombar o que possivelmente leva a diminuição da dor lombar o que foi constatado no estudo21. O’Sullivan (31) comparou pacientes com lombalgia, que utilizavam exercícios de treinamento específico da musculatura profunda e outros com tratamentos diversos, como caminhada, natação. Obtendo melhores resultados no primeiro grupo, apontando a efetividade da reeducação do transverso. Os exercícios aplicados no presente estudo foram evoluindo a partir de uma adequada e sustentada contração dos músculos profundos do núcleo (Power House), podendo assim ser progredidos, utilizando-se de movimentos de membros superiores e inferiores seguindo o que O`Sullivan (25,31) descreve em seus estudos. Joseph Pilates chamou seu método de “A Arte do Controle”, ou “contrologia”. É importante conseguir o controle do corpo em movimento, da mente sobre o corpo e do padrão respiratório (11,12,16) .Cada dia mais fisioterapeutas vêem se especializando no método, pois tratá-se de um recurso terapêutico, onde utiliza-se da cinesioterapia de forma dinâmica fornecendo ao praticante uma reabilitação e prevenção de lesões juntamente com uma prática que permite o desenvolvimento de um corpo forte e flexível através de exercícios que relaxam corpo e mente. Ainda existem poucos estudos científicos relacionados ao tratamento da lombalgia através do método Pilates, portanto novos estudos devem ser realizados para que se possa comprovar a real eficácia do método, pois este inda é considerado um tratamento físico para lombalgia de valor desconhecido (32,33). É importante salientar que o problema da Lombalgia está longe de ser solucionado. Apesar dos tratamentos serem capazes de fornecer melhoras notáveis no quadro clínico dos pacientes, as evidências disponíveis sugerem que o paciente típico com lombalgia crônica é ainda deixado com alguma dor residual e disfunção (33). Conclusão Neste estudo concluiu-se que o método Pilates apresentou uma interferência positiva no quadro de lombalgia de ambas pacientes. Bibliografia (1) Cecin HÁ, Sato EI, Chahade, WH. 1º Congresso Brasileiro sobre Lombalgia e Lombociatalgia. São Paulo: Julho 2000. (2) Teodori RM, Alfieri FM, Montebello MI. Prevalência de lombalgia no setor de fisioterapia do município de Cosmópolis-SP e o papel da fisioterapia na sua prevenção e recuperação. Fisiot Brás. mar./abr 2005; 6(2):.113-18. (3) Andrade SC, Araújo AGR, Vilar MJP. “Escola de Coluna”: Revisão Histórica e Sua Aplicação na Lombalgia Crônica. Rev Bras Reumatol. jul./agos. 2005; 45(4):224-228. (4) Bréder VF, Oliveira DF, Silva MAG. Atividade física e lombalgia. Fisiot Bras. mar/abr 2005; 6(2): 157-162. (5) Silva, ARR, Pereira JS, Silva, MAG. Lombalgia. Fisiot Brás. mai./jun 2001; 2(3):178-182. (6) Silva MC, Fassa ACG, Neiva C, Valle J. Dor lombar crônica em uma população adulta do Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Cad de saúde Publica.[periódico na Internet]. 2004 Abr [acesso em 2006 set 12]; 20(2):377-385. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2004000200005&lng=pt&nrm=iso. doi: 10.1590/S0102-311X2004000200005. (7) Trevisani VF, Atallad AN. Lombalgias: evidências para o tratamento. RevisDiagnóstico e Tratamento.2002; 8(1):17-19. (8)Kolyniak I.EG, Cavalcanti SMB. Avaliação isocinética da musculatura envolvida na flexão e extensão do tronco: efeito do método Pilates. Rev Bras de Med do Esporte [periódico da internet].nov/dez 2004 [acesso em ago 2006] ]; 10(6): 487-490. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151786922004000600005&lng=pt&nrm=iso. doi: 10.1590/S1517-86922004000600005. (9) Segal NA, Hein J, Basfoard JR. The effects of Pilates training on flexibility and body composition: an observation study. Arch Phys Med Rehabil. 2004; 85: 1997-81. (10) Camarão T. Pilates no Brasil: corpo e movimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. (11) Jago R. et al: Effect of 4 Weeks of Pilates on the Body Composition of Young Girls; Preventive Medicine.2006; 42:177-180. (12) Dillman E. O pequeno livro de Pilates: guia prático que dispensa professores e equipamentos. Rio de Janeiro: Record, 2004. (13) Fishman B et al. The Memorial Pain Assessment Card. Cancer; 60:1115-1158,1987. citado in: Teixera MJ, Correa CF, Pimenta CAM. Estudo Máster da Dor: conceitos gerais. São Paulo: Limary; 1994. (14) Jacox A, et al: Management of Cancer Pain. Clinical Practice Guideline.1994. citado in: Teixera MJ, Correa CF, Pimenta CAM. Estudo Máster da Dor: conceitos gerais. São Paulo: Limary; 1994. (15) Achour Junior, Abdallah. Exercícios de alongamento: anatomia e fisiologia. São Paulo: Manole; 2002. (16) Aparício E, Perez J. O autêntico método Pilates: A arte do controle. São Paulo: Planeta; 2005. (17) Craig C. Pilates com a bola.: 1° ed. São Paulo: Phorte, 2003. (18) Costa LOP, Costa LCM, Cançado RL. Confiabilidade do teste palpatório e da unidade de biofeedback pressório na ativação do músculo transverso abdominal em indivíduos normais. Acta Fisiátrica. set./dez.2004; 11(3): 101-105. (19) Hodges P, Gandevia S. 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Participaram do estudo 2 pacientes do sexo feminino com queixa de lombalgia, estes se submeteram a 12 sessões de Pilates com duração de noventa minutos. Foi utilizado parte do Cartão de Avaliação de Dor do Memorial e o diagrama encontrado no Inventário para Dor de WISCONSIN para avaliar a dor antes e após a aplicação do método. Obteve-se como resultado uma diminuição da dor lombar em ambas pacientes. Com isso concluiu-se que o Pilates apresentou uma interferência terapêutica positiva no quadro da lombalgia. Palavras-chave: lombalgia, dor, Pilates, coluna vertebral. ABSTRACT Many causes of Low Back Pain are still unknown, and in this way, bearers of chronic pain have been searching for complementary therapies, and Pilates is one of the chosen methods. Pilates is a method of programmed physical exercise to condition and relation the body and the mind, to correct muscle unbalances, to improve the posture and to strengthen the body. The aim of the present study was to check the efficacy of the therapeutic applicability of Pilates Method on Low Back Pain. Two female patients who have had Low Back Pain joined the study, being submitted to 12 sessions of Pilates lasting 90 minutes. It was used a part of the Pain Evaluation Card of the Memorial and the diagram found in the Pain Inventory of Wisconsin to evaluate the pain before and after the application of the method. It was obtained a Low Back Pain decrease in both patients. Based on it, it was concluded that the Pilates Method presented a positive therapeutic interference in the Low Back Pain scene. Key-words: low back pain, Pilates, lumbar, spine. INTRODUÇÃO Lombalgia são todas as condições de dor, com ou sem rigidez, localizadas na região inferior do dorso, em uma área situada entre o último arco costal e a prega glútea (1). A dor lombar tem causas congênitas, degenerativas, inflamatórias, infecciosas, afecções traumáticas, ou ainda por fatores variados, como estresse, ansiedade, má postura, sedentarismo e tensão emocional (2). A lombalgia, dentre as patologias osteomioarticulares, merece destaque devido a sua alta incidência, sendo considerada um problema de saúde publica. Estudos demonstram que 60% a 90% da população adulta sofrerão em algum momento de sua vida com dor lombar, tendo predileção por adultos jovens, sendo uma das principais razões por afastamento do trabalho (3,4,5). Segundo Teixeira citado em Silva cerca de 10 milhões de brasileiros tornam-se incapacitados por causa desta morbidade (6). As opções de tratamento para as lombalgias são inúmeras. Entre as formas de tratamento, encontra-se o tratamento conservador e o cirúrgico. O conservador é composto pelo medicamentoso, através de analgésicos, antiinflamatórios nãoesteroidais e relaxantes musculares; fisioterapia convencional, com utilização da crioterapia, termoterapia, eletrofonofototerapia, cinesioterapia, exercícios físicos controlados, tratamento preventivo e também por terapias alternativas (7). O cirúrgico é utilizado principalmente em casos de hérnia discal lombar (5). Contudo, segundo Kolyniak (8), a dificuldade de prevenção e tratamento da lombalgia é devida a sua etiologia ser multifatorial e também devido ao fato de que muitas das suas causas ainda permanecem desconhecidas. Diante disso, portadores de dores crônicas têm buscado terapias complementares na tentativa de uma melhora efetiva de suas afecções, sendo o Pilates um dos métodos procurados (9). Joseph Hubertus Pilates nasceu em 1880, na Alemanha, foi uma criança muito debilitada, apresentava desde muito pequeno febre reumática, asma e raquitismo e para superar essa debilidade física, ele resolveu praticar esportes como ginástica, esqui, boxe, luta romana e mergulho. Ao mesmo tempo em que se exercitava, Pilates passou a se interessar pela filosofia humana, em especial a musculatura corporal. Estudou a medicina oriental e ocidental. A combinação de todas essas práticas o tornou capaz de mais tarde formular o seu método, que ele chamou de Contrology (contrologia) (10,11). Contrologia, que após a morte de seu criador passou a ser designado como Pilates, corresponde ao controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo, ou seja, é a utilização e aplicação de forma adequada de um dos mais importantes princípios das forças que atuam em cada um dos ossos do esqueleto (8). Pilates é um método de exercício físico programado para condicionar e relacionar o corpo e a mente, corrigir desequilíbrios musculares, melhorar a postura e tonificar o corpo através de seis princípios básicos: respiração, concentração, precisão, fluidez, centro e controle. Utiliza-se de aparelhos criados pelo próprio Joseph Pilates durante a Segunda Guerra Mundial através das molas das camas da enfermaria. Entre eles: Reformer,Trapézio ou Cadillac, Wall Unit,Wunda Chair e Lader Barrel. A prática também pode ser realizada no solo, chamando-se Mat Pilates, utiliza-se também dos acessórios como: Flex Ring Toner, rolos de espuma, discos de rotação e bolas. O principal objetivo do Pilates é fortalecer o núcleo do corpo, que corresponde à região situada entre os quadris e o osso esterno. Os músculos centrais incluem os músculos dorsais, os músculos adutores, os ílio-psoas e quatro camadas de músculos abdominais. Esses músculos trabalham em conjunto para sustentar a coluna vertebral, o que, por sua vez, promove a boa postura e melhora do equilíbrio muscular (12). Uma vez que o método Pilates fortalece uniformemente os músculos centrais, a estabilidade da coluna lombar torna-se mais eficaz podendo assim, aliviar os sintomas da lombalgia. Através disso o objetivo do presente estudo foi verificar a eficácia da aplicabilidade terapêutica do método Pilates na lombalgia. Este foi dividido em três fases visando propiciar aos pacientes uma evolução gradual do controle e fortalecimento do núcleo do corpo também denominado Power House (casa de força), associando-se movimentação de membros e de tronco com o decorrer das sessões. MATERIAL E MÉTODOS 1. Amostragem Participaram deste trabalho 2 indivíduos do sexo feminino. A paciente 1 (S.G.) de 22 anos, e a paciente 2 (V.M.) de 25 anos, ambas sedentárias e portadoras de lombalgia, não realizam nenhum outro tipo de tratamento para lombalgia. São alunas do último período de Fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas. As pacientes consentiram com o tratamento ao assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, segundo regem as normas do Sub-Comitê de Ética em pesquisa da PUC-MG campus Poços de Caldas. 2. Procedimento 2.1 Avaliação: Foi realizada a avaliação fisioterapêutica inicial para a detecção dos déficits através da ficha padrão utilizada na área de Traumato-Ortopedia II da Clínica de Fisioterapia da PUC-MG campus Poços de Caldas. Foi aplicado uma escala visual analógica de dor baseada no Cartão de Avaliação de Dor do Memorial onde as pacientes deveriam enumerar de 0 a 10 a intensidade de sua dor, sendo 0 sem dor e 10 a dor mais insuportável sentida pelo paciente e qualificá-la como: moderada, forte, média, quase imperceptível, insuportável, sem dor, intensa ou fraca (13). Também foram instruídos a marcar o local onde sentem dor sobre o diagrama encontrado no Inventário para Dor de WISCONSIN (14). Toda a avaliação foi realizada por um mesmo indivíduo. 2.2 Programa de Tratamento: Foram realizadas 12 sessões de Pilates com duração de 90 minutos no período de agosto a outubro de 2006. Todas as sessões foram realizadas no Equilibrium Studio Pilates, situado na cidade de Poços de Caldas, mediante prévia autorização dos responsáveis pelo estabelecimento. 2.3 Protocolo: O protocolo foi desenvolvido em três fases, visando propiciar aos pacientes uma evolução gradual do controle do Power House (casa de força), juntamente com a evolução dos exercícios. A primeira fase foi constituída de exercícios para ganho da conscientização do Power House e aplicabilidade dos seis princípios básicos: respiração, concentração, centro, precisão, fluidez e controle. Foram realizados exercícios com os membros inferiores apoiados e a área da lesão estável. A segunda fase iniciou-se a mobilização da área da lesão e apoio de um membro inferior. A terceira fase, com a maior conscientização corporal principalmente do Power House (casa de força) adquirida pelos pacientes, iniciou-se os exercícios mais dinâmicos, desafios proprioceptivos e com maior alavanca. Os exercícios podem ser observados na tabela I. 1° 2° 3° 4° sessões (fase I) 5° 6° 7° 8° sessões (fase 9° 10° 11° 12° sessões II) ________________________ (fase III) MAT ______________________ ____________________ * Consciência respiratória- MAT MAT 10X * Ponte Articulada ( *Ponte articulada com * Conscientização do Power Bridging) 10X um (1) MI fletido na bola. House (Casa de Força) 10X 10X. * Conscientização do * Conscientização do Power Power House ( casa de *Abdominal tradicional House (casa de força) com força) com adução de MMII com MMII a 90°. MMII apoiados na bola 10X. com flex ring 10X * Abdominal tradicional *Conscientização do Power * Conscientização House (casa de força) com Power House liberação do quadril 10 X força) do com extensão de MMII (casa de associado a fortalecimento de adutores * Conscientização do Power House (casa de força) com extensão de um MI no solo- com flex ring *Leg Circles *Leg Pull Back com extensão de joelho 10X *Leg Pull Front cada 10X cada * Prece maometania na * Arcos de MMII 10X cada bola 10X * Ponte Articulada (bridging) 10X * Em decúbito dorsal (DD), * Prece maometania na extensão de um (1) MI a bola, com rotação de *Conscientização do Power House ( casa de força) com adução de MMII com flex ring partir de 90° associando tronco. flexão de ombro com flex APARELHOS ring 10Xcada 10X * Swan dive I (Mergulho do APARELHOS *Supine Arm Arcs With Cords (Arcos de Braços cisne I) 10X em * Serie de MMSS com mola leve no Wall Unit 10X * Abdominal 10X * Serie de MMSS com mola no Wall Unit no tradicional Reformer. *Fly leve Supino) com abdução de MI 10X Fiagle (Vôo da *Abdominal tradicional com Águia) no Trapézio ou elevação de um (1) MI em Cadillac. extensão 10X cada *Long Sit Spine Flexion *Teaser Series no Wall Unit APARELHOS and Extension (Flexão e Extensão de Coluna, 10X MMII em extensão) no * Standing Hip Strech no Trapézio ou Cadillac. * Teaser Series com MMII Reformer 10X cada apoiados na bola no Wall *Inverted V (V Invertido) * Supino Leg Pres no Unit 10X na Chair reformer 10X *Teaser com 1 MI empurrando a bola no Wall *Lunge * Prone Scapular to Stand na Chair Protaction and Retraction Unit na chair 10X * Mobilidade de coluna em flexão de tronco com alongamento de isquiotibiais *Long Spring Series for Legs (Série de pernas * Leg Strech Series no Ladder Barrel nas molas) no Trapézio ou Cadillac. em pé na barra torre no Wall Unit 10X *Alongamento na barra torre do Trapézio ou * Supine 90/90 no Trapézio Cadillac em pé. ou Cadillac. Tabela I: Exercícios realizados durante as três fases do tratamento O tratamento foi realizado de forma individual por um único terapeuta. Antes de iniciar todas as sessões, foram realizados alongamentos de cadeia posterior de MMII com faixa, alongamento de piriforme e de glúteos. Foram realizadas três séries com duração de 30 segundos cada alongamento (15). Após o término das 12 sessões, foi realizada uma reavaliação pelo mesmo indivíduo que realizou a avaliação, contendo os mesmos itens presentes nesta, comparando-se assim os parâmetros antes e após a aplicação do método Pilates. RESULTADOS Com os dados adquiridos através da avaliação e a reavaliação, foi feita a análise, de forma quantitativa, verificando o nível da dor lombar baseada no Cartão de Avaliação de Dor do Memorial (13). Ambas pacientes apresentaram uma diminuição numérica da intensidade da dor podendo ser observado no gráfico 1. Gráfico 1: Avaliação quantitativa do nível de dor lombar, baseada no Cartão de Avaliação de Dor do Memorial11. Paciente 1 SG apresentou na avaliação um nível numérico da intensidade da dor 8 e na reavaliação o nível numérico da intensidade da dor 0. Paciente 2 VM apresentou na avaliação um nível numérico da intensidade da dor 5 e na reavaliação o nível numérico da intensidade da dor 1. Utilizando-se também o Cartão de Avaliação de Dor do Memorial (13) foi realizada a análise qualitativa da dor. Ambas pacientes apresentaram uma diminuição da qualidade da dor, podendo ser observado na tabela II abaixo. Pacientes Intensidade qualitativa Intensidade qualitativa dor avaliação da dor reavaliação 1 Média Quase imperceptível 2 Media Fraca Tabela II. Avaliação qualitativa do nível da dor lombar, baseado no Cartão de Avaliação de Dor do Memorial. Paciente 1 SG apresentou na avaliação uma intensidade qualitativa da dor em média e na reavaliação em quase imperceptível. Paciente 2 VM apresentou na avaliação uma intensidade qualitativa da dor em média e na reavaliação em fraca. Em relação ao diagrama baseado no inventário para dor de WISCONSIN (14) a paciente 1SG na avaliação apresentou dor em região lombar principalmente sobre as cristas ilíacas póstero-inferiores bilateralmente e na reavaliação essa dor foi erradicada. A paciente 2VM na avaliação apresentou dor em toda a extensão da coluna lombar e na reavaliação a dor permaneceu porem em menor intensidade. DISCUSSÃO Nos dias atuais, a população vem buscando uma melhora na sua qualidade de vida, frente ao grande estresse encontrado no trabalho, no trânsito, na rotina do dia-a-dia. Com isso as terapias complementares estão sendo muito procuradas, pois através destas pode-se condicionar e relacionar o corpo e a mente, diminuindo assim o estresse, a ansiedade e melhorando o convívio social. Joseph Humberts Pilates através da união da filosofia oriental e ocidental criou um método que interage corpo e mente. A interação entre corpo e mente segundo J. Pilates, é conseguida através dos seis princípios do método Pilates: respiração, concentração, precisão, fluidez, centro e controle (10,12,16,17) A respiração deve ser adequadamente coordenada com o movimento. Joseph Pilates defendia que forçar a expiração era a chave para uma inspiração correta, durante essa fase ocorre a ativação do músculo transverso do abdômen (16). Com isso na prática de Pilates faz-se uma expiração forçada durante a realização do movimento e uma inspiração profunda sem sobrecarregar a musculatura respiratória acessória expandindo a caixa torácica lateralmente na fase de repouso. Isto permite a formação de um vácuo no final da expiração facilitando a entrada do ar na inspiração. Esta respiração é denominada respiração torácica lateral, que melhora a capacidade pulmonar, assimila melhor o oxigênio, permitindo assim uma melhor oxigenação dos tecidos (10,12,16). Estudos demonstram através da eletromiografia de agulha que o músculo transverso do abdômen é o mais efetivo mecanicamente no aumento da pressão intra-abdominal, ele foi ativado na expiração tranqüila, contrariando a teoria de que essa fase da respiração é passiva e também foi acionado primeiro que os músculos abdominais na expiração forçada (18,19,20,21,22). O Pilates, através da ativação do transverso na expiração forçada, gera o aumento da pressão intra-abdominal gerando uma pressão visceral na face anterior da coluna, contrária a lordose lombar (23,24,25). Tal fato contribuiu para a diminuição da dor, devido à manutenção da curvatura lombar em uma posição mais fisiológica. Os exercícios devem ser realizados com muita concentração, uma consciência sinestésica que permite a concentração da mente naquilo que o corpo está fazendo (17). É “a mente que guia o corpo”, como preconiza o método (10,12,16,17). Com isso o corpo começa a perceber o movimento e utilizar as estabilizações necessárias para sua execução, evitando assim lesões. A concentração ajuda o cérebro e o sistema nervoso na solicitação dos músculos adequados ao movimento, com isso facilita a ativação antecipatória dos músculos profundos, melhorando a estabilidade da lombar o que provavelmente auxiliou nos resultados obtidos no estudo (12,17,21,26). A precisão ajuda a aumentar o controle dos movimentos, além de combater hábitos e padrões de movimento não desejados. Deve-se prestar muita atenção aos detalhes, já que a qualidade, nos movimentos, é mais importante que a quantidade. É a qualidade do movimento que é à base de todo o ganho funcional terapêutico, já que o método Pilates não constitui diretamente em uma terapia analgésica e sim um programa de treinamento físico e mental, onde os movimentos devem ser realizados da melhor forma sendo mantidos durante atividades funcionais, assim evitando o desenvolvimento de posturas e padrões indesejados que podem levar as disfunções osteomioarticulares (10,12,16,17,21). O centro de força é definido como o “cinturão” ou “núcleo do corpo” que se estende desde a base das costelas até a região inferior da pélvis. Constitui o pilar fundamental do método. Segundo Bergmark (27) existem dois sistemas musculares que mantêm a estabilidade da coluna. Sistema muscular global e local. O sistema muscular global é constituído por músculos mais superficiais (reto abdominal, obliquo externo) responsáveis pela estabilidade geral da coluna e por orientação e ação contra os distúrbios externos. O sistema muscular local inclui a musculatura profunda e porções profundas de músculos que têm suas origens e inserções nas vértebras lombares, principalmente o transverso do abdômen e o multífido, responsáveis pela estabilização segmentar e controle direto do segmento lombar (21,24,25,26). A estabilidade lombar é mantida pelo aumento da atividade dos músculos locais e um adequado recrutamento muscular entre os músculos locais e globais durante as atividades funcionais (26). Estudos investigaram a ação do músculo transverso onde verificaram que ele é o primeiro músculo a ser ativado com ação sinergista durante os movimentos de tronco e membros, adotando uma reação antecipatória aos movimentos, produzindo uma rigidez necessária à coluna lombar, evitando que esta sofra qualquer instabilidade geradora de dor (21,26,28). A dor lombar afeta diretamente a ativação dos músculos locais, principalmente o transverso do abdômen e o multífido. Hodges (29) em um estudo verificou que pessoas com lombalgia, durante movimentos no membro superior, obtiveram uma diminuição acentuada da ativação do músculo transverso do abdômen, em comparação aos outros músculos, realizando sua contração após a ação do agonista. Com este retardamento da ativação do músculo transverso não ocorrerá uma boa estabilização da coluna lombar acarretando mais dor e disfunção dessa região (18,21,26) Teixeira-Salmela(26) cita uma recente abordagem para o tratamento da instabilidade lombar; um programa de estabilização muscular, que consiste em um treinamento específico da musculatura profunda. No Pilates os músculos profundos são trabalhados através da contração do “Power House” (casa de força) onde o paciente é instruído a manter a curvatura fisiológica lombar e pélvica em posição neutra, realizar uma expiração forçada durante o movimento juntamente com a depressão da parede abdominal (10,12,16,17). Sapsford (30) reforça que a posição neutra da pelve irá ajudar a ganhar maior isolamento da contração do transverso abdominal. Segundo Costa (18) a contração do transverso resulta em um aumento da tensão da fáscia tóraco-lombar e um aumento da pressão intra-abdominal através da depressão da parede abdominal. Com o trabalho de reeducação e fortalecimento dos músculos profundos, principalmente o transverso do abdômen, no Método Pilates, foi possível o retorno da função estabilizadora desses músculos. Isto permite que o corpo dos praticantes realize movimentos, supere alterações decorrentes de forças externas e mantenha uma postura adequada sem sobrecarregar a lombar o que possivelmente leva a diminuição da dor lombar o que foi constatado no estudo21. O’Sullivan (31) comparou pacientes com lombalgia, que utilizavam exercícios de treinamento específico da musculatura profunda e outros com tratamentos diversos, como caminhada, natação. Obtendo melhores resultados no primeiro grupo, apontando a efetividade da reeducação do transverso. Os exercícios aplicados no presente estudo foram evoluindo a partir de uma adequada e sustentada contração dos músculos profundos do núcleo (Power House), podendo assim ser progredidos, utilizando-se de movimentos de membros superiores e inferiores seguindo o que O`Sullivan (25,31) descreve em seus estudos. Joseph Pilates chamou seu método de “A Arte do Controle”, ou “contrologia”. É importante conseguir o controle do corpo em movimento, da mente sobre o corpo e do padrão respiratório (11,12,16) .Cada dia mais fisioterapeutas vêem se especializando no método, pois tratá-se de um recurso terapêutico, onde utiliza-se da cinesioterapia de forma dinâmica fornecendo ao praticante uma reabilitação e prevenção de lesões juntamente com uma prática que permite o desenvolvimento de um corpo forte e flexível através de exercícios que relaxam corpo e mente. Ainda existem poucos estudos científicos relacionados ao tratamento da lombalgia através do método Pilates, portanto novos estudos devem ser realizados para que se possa comprovar a real eficácia do método, pois este inda é considerado um tratamento físico para lombalgia de valor desconhecido (32,33). É importante salientar que o problema da Lombalgia está longe de ser solucionado. Apesar dos tratamentos serem capazes de fornecer melhoras notáveis no quadro clínico dos pacientes, as evidências disponíveis sugerem que o paciente típico com lombalgia crônica é ainda deixado com alguma dor residual e disfunção (33). Conclusão Neste estudo concluiu-se que o método Pilates apresentou uma interferência positiva no quadro de lombalgia de ambas pacientes. Bibliografia (1) Cecin HÁ, Sato EI, Chahade, WH. 1º Congresso Brasileiro sobre Lombalgia e Lombociatalgia. São Paulo: Julho 2000. (2) Teodori RM, Alfieri FM, Montebello MI. 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