relato de experiência: gestante com deiscência cirúrgica após

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Rocha, M. (2013) Experience Report: Surgical Dehiscense after appendectomy in
Pregnancy. Journal of Aging & Inovation, 2 (1): 97-101
ESTUDO DE CASO / CASE STUDY
JANEIRO, 2013
RELATO DE EXPERIÊNCIA: GESTANTE COM DEISCÊNCIA CIRÚRGICA APÓS
APENDICECTOMIA
EXPERIENCE REPORT: SURGICAL DEHISCENSE AFTER APPENDECTOMY IN PREGNANCY
INFORME DE EXPERIENCIA: DEHISCENCIA QUIRÚRGICA DESPUÉS DE APENDICECTOMÍA EN
EMBARAZO
Autora
Michele Neves Brajão Rocha1
1
Enfermeira, Enfermeira Pós-Graduada em Estomaterapia, Hospital da Luz, São Paulo, Brasil
Corresponding Author:[email protected]
RESUMO
RACIONAL: Apendicite é a emergência mais comum durante a gestação. Sua incidência é de 0,05% a 0,13% durante
o período gestacional e geralmente ocorre entre o 2º e 3º trimestre. Apesar do risco de sofrer apendicite seja o mesmo
entre as grávidas e não grávidas, há maior incidência de perfuração na gravidez. A incidência de deiscência de parede
após laparotomias para apendicectomia é de 0,5% a 3,5%. O risco esta literalmente associado a uma série de fatores
como idade, instabilidade hemodinamica, sepse, obesidade. OBJETIVOS: Relatar a necessidade de acompanhamento
com profissional especialista no tratamento de uma deiscência cirúrgica em uma gestante com 24 semanas, que
realizou laparotomia exploradora para resolução de apendicite aguda perfurada, em maio de 2007, em um hospital
privado do município de São Paulo, a fim de otimizar a escolha de técnicas e coberturas que viabilizassem a plena
recuperação da paciente. MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por uma enfermeira
estomaterapeuta, responsável pelo ambulatório de uma rede privada do município de São Paulo, Brasil, que tem por
finalidade tratar pacientes portadores de feridas de qualquer etiologia e capacidade de atender 150 pacientes mês. O
objeto de pesquisa é o cuidado/tratamento de uma deiscência de ferida operatória. de uma paciente de 27 anos que
ocorreu de maio de 2007 a julho de 2007. RESULTADOS: Paciente foi acompanhada por estomaterapeuta por 12 dias
em unidade de internação e por 23 dias em unidade ambulatorial, onde houve total epitelização de 2 úlceras
provenientes de deiscência operatória pós laparotomia exploradora por apendicite supurada. CONCLUSÃO:
Concluímos que a experiência relatada demonstra a importância da abordagem diagnóstica e correção cirúrgica
precoces nestes casos, além do acompanhamento próximo da especialista em estomaterapia, preparada para assistir
casos que necessitem otimização, rapidez e efetividade nas escolhas de técnicas de curativos que viabilizem a plena
recuperação da paciente no período gestacional.
Palavras-chaves: Apendicite, apendicectomia na gravidez, deiscência de ferida operatória, complicações.
ABSTRACT
BACKGROUND: Appendicitis is the most common emergency during pregnancy. Its incidence is 0.05% to 0.13%
during pregnancy and usually occurs between the 2nd and 3rd quarter. Despite the risk of appendicitis is the same
between pregnant and non-pregnant, there is a higher incidence of perforation in pregnancy. The incidence of
dehiscence after laparotomy for appendectomy wall is 0.5% to 3.5%. The risk associated with this literally a series of
factors such as age, hemodynamic instability, sepsis, obesity. OBJECTIVES: To report the need to follow up with
professional specialist in treating a surgical dehiscence in one patient at 24 weeks, which performed laparotomy for
perforated appendicitis resolution in May 2007 in a private hospital in São Paulo, optimize the choice of techniques and
coverages that ensure the full recovery of the patient. METHODS: It is an experience lived by stoma nurse, responsible
for the clinic of a private network in São Paulo, Brazil, which aims to treat patients with wounds of any etiology and
ability to serve 150 patients month. The research object is the care / treatment of a wound dehiscence. a patient of 27
years that occurred from May 2007 to July 2007. RESULTS: The patient was followed for stoma for 12 days in the
hospital and for 23 days in outpatient unit, where there was complete epithelialization of ulcers from two surgical
dehiscence after laparotomy for ruptured appendix. CONCLUSION: We conclude that the reported experience
demonstrates the importance of diagnosis and early surgical correction in these cases, as well as close monitoring of
specialist stomatherapy, ready to assist with cases that require optimization, speed and effectiveness of the technical
choices of dressings that allow full recovery of patient during pregnancy.
Key words: Appendicitis, appendectomy in pregnancy, wound dehiscence, complications.
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INTRODUÇÃO
A apêndicite aguda é uma das patologias
abdominais mais comuns, sendo a principal
cirurgia não eletiva realizada pelos cirurgiões
gerais. O risco do desenvolvimento da doença
no decorrer da vida é estimado em 5 a 20% 4.
O retardo no diagnostico leva a intervenções
cirúrgicas tardias, constatando-se elevadas
taxas de perfuração apendicular e peritonite,
aumentando os índices de morbidade e
mortalidade materna e fetal 5, a taxa de perda
fetal eleva-se de 3 a 5% quando apêndice está
íntegro, mas para 20% em caso de ruptura
O diagnóstico precoce é primordial na
desse órgão5 .Assim o diagnostico e a cirurgia
prevenção de suas complicações,
precoces são vitais para minimizar a ocorrência
principalmente as decorrentes da perfuração do
da perfuração. O aforismo de que “a mortalidade
órgão4.
da apendicite na gestante é a mortalidade da
Embora os índices de mortalidade terem
diminuído acentuadamente no último século, as
suas complicações continuam comuns. Isto é
atribuído ao fato das perfurações manterem-se
demora” permanece ainda atual6 .Na gestante,
a ultrassonografia deve ser o exame de imagem
a ser solicitado em caso de suspeita de
apendicite5.
frequentes (17 a 20%)a despeito do aumento do
A infecção de sítio cirúrgico (ISC) é a mais
uso dos métodos diagnósticos de imagem como
importante causa de complicações pós
a ultra-sonografia e tomografia
operatórias no paciente cirúrgico. A ocorrência
computadorizada4.
estimada de ISC no Brasil é em torno de 11%
Apendicite é a emergência mais comum durante
das cirurgias realizadas anualmente3.
a gestação, com incidência na literatura, entre
Um trabalho realizado no Hospital Júlia
0,05% a 0,13%, geralmente entre o 2º e 3º
Kubitschek, Belo Horizonte, nos mostra que
trimestre1. Alterações anatômicas na posição do
entre os anos de 2003 e 2005, 113 pacientes
apêndice devido à expansão uterina resultam
foram submetidos à apendicectomia por
em descolamento cefálico do ponto de Mc
apendicite aguda, no período pós-operatório
Burney em gestação de 12 semanas para a
15,1% dos pacientes evoluíram com
crista ilíaca, sendo que com a evolução da
complicações. Não houve nenhum óbito. A
gestação permanece a progressão no sentido
complicação mais comum foi infecção deferida
cranial. O sinal mais isolado de apendicite na
operatória presente em 9,7% dos casos2.
gestante é dor no quadrante inferior direito5.
A incidência de deiscência de parede após
Apesar do risco de sofrer apendicite seja o
laparotomias para apendicectomia é de 0,5% a
mesmo entre as grávidas e não grávidas, há
3,5%. O risco esta literalmente associado a uma
maior incidência de perfuração na gravidez por
série de fatores como idade, instabilidade
atraso no diagnostico, aumentando a morbidade
hemodinâmica, sepse, obesidade1.
materno-fetal e a incidência de complicações na
ferida operatória7.
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MÉTODOS
a unidade de internação e iniciou
Trata-se de um relato de experiência vivenciado
por uma enfermeira estomaterapeuta,
responsável pelo ambulatório de uma rede
privada do município de São Paulo, Brasil, que
tem por finalidade
tratar pacientes portadores
de feridas de qualquer etiologia e capacidade de
atender 150 pacientes mês. O objeto de
pesquisa é o cuidado/tratamento de uma
deiscência de ferida operatória. de uma paciente
de 27 anos que ocorreu de maio de 2007 a julho
de 2007.
acompanhamento com enfermeira
estomaterapeuta que, em avaliação inicial,
descreveu duas feridas operatórias: úlcera em
quadrante abdominal superior, com mensuração
de 7,0 x 4,0 cm, apresentando tecido 100%
granuloso com bordas aderidas ao leito e
exsudato seroso em pequena quantidade;
úlcera em quadrante abdominal inferior, com
mensuração de 7cm de diâmetro, apresentando
25% de esfacelos, exsudato sero-purulento em
média quantidade e descolamento de bordas
em até 6cm, onde havia comunicação via derme
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de
com a úlcera do abdome superior, como mostra
Ética e Pesquisa Institucional e antes da coleta
a figura 1.
dos dados a paciente foi orientada sobre o
Termo de Consentimento Livre Esclarecido, e
logo após, foi formalizada a concordância e o
comprometimento da pesquisadora em manter o
anonimato.
RESULTADOS
Em 05 de maio de 2007 a paciente deu entrada
num Hospital privado na cidade de São Paulo, e
foi diagnosticado apêndice supurado, realizou
Laparotomia exploradora para retirada do
apêndice e lavagem da cavidade. No pósoperatório imediato teve sepse e instabilidade
hemodinâmica, sendo necessária intubação orotraqueal, dieta enteral, sedação, drogas
vasoativas e drenagem de derrame pleural
bilateral em ambiente de UTI.
operatória apresentou
A ferida
deiscência e infecção
bacteriana por citrobacter tratada efetivamente
com antibioticoterapia de largo espectro. Após
16 dias internada na UTI e com estabilização
Figura 1
Foi optado por cobertura primária a ser
realizada a cada 24 horas, onde na úlcera
superior foi usado hidrogel e na úlcera inferior
hemodinâmica alcançada, teve alta da UTI para
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alginato de cálcio, inclusive no descolamento
Já na 31ª semana de gestação, em 19 de junho
entre as duas feridas.
de 2007, havia reduções significativas, a úlcera
Em 06 de junho de 2007, apresentava melhora
do exsudato e redução dos diâmetros das
úlceras, sendo optado por alta hospitalar e
acompanhamento no ambulatório de
estomaterapia.
Em 11 de junho de 2007, em sua primeira
consulta ambulatorial, as feridas se
apresentavam com as seguintes mensurações:
úlcera em quadrante abdominal superior, com
mensuração de 5,0 x 2,0 cm, apresentando
tecido 100% granuloso com bordas aderidas ao
leito e exudato seroso em pequena quantidade;
úlcera em quadrante abdominal inferior, com
mensuração de 5cm de diâmetro, apresentando
em quadrante abdominal superior com 1,5 x 1,0
cm, e mudou-se a cobertura primária de hidrogel
por placa de hidrocolóide, úlcera em quadrante
abdominal inferior com 3 cm de diâmetro e o
descolamento de 2 cm, mantida a cobertura
com alginato de cálcio.
Na 32ª semana, em 25/06/2007, a úlcera em
quadrante abdominal superior havia sido
epitelizada e a úlcera em quadrante abdominal
inferior, com mensuração de 2,5 cm de
diâmetro, sem presença de descolamento.
Neste momento, muda-se a prescrição de
alginato de cálcio para hidrogel 1 x ao dia.
(Figura 3)
25% de esfacelos, exsudato seroso em média
quantidade e descolamento de bordas na parte
superior em 3 cm, conforme figura 2.
Figura 3
Em 23 dias de uso do hidrogel em úlcera em
quadrante abdominal inferior, ocorre a
Figura 2
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epitelização completa da mesma, como mostra
(serial online)2004. Available from: URL: http://
a figura 5.
w w w. c f p c . c a / c f p / 2 0 0 4 / m a r / v o l 5 0 - m a r clinical-1.asp.
Ligadura Simples ou Ligadura com confecção
de bolsa e sepultamento pára tratamento do
coto apendicular: estudo comparativo
prospecivo randomizado. Vizualizado em: http://
w w w. s c i e l o . b r / s c e l o . p h p ?
pid=S0102-67202011000100004&script=sci_artt
ext
Incidência da Infecção do sito cirúrgico em um
Hospital universitário. Vizualizado em: http://
eduem.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/
article/view/3685/2687
Fatores de risco para as complicações após
apendicectomias em Adultos. Vizualizado em:
http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S0101-98802007000100005&script=sci_artt
ext
Figura4
CONCLUSÃO
Abdome agudo não-obstétrico durante a
Concluímos que a experiência relatada
demonstra a importância da abordagem
diagnóstica e correção cirúrgica precoces
nestes casos, além do
acompanhamento
gravidez: aspectos diagnósticos e manejo.
Vizualizado em: http://www.febrasgo.org.br/
arquivos/femina/Femina2009/marco/Feminav37n3-p123.pdf
próximo da especialista em estomaterapia,
Apendicectomia laparoscópica na gestante.
preparada para assistir casos que necessitem
Vizualizado em: http://www.scielo.br/scielo.php?
otimização, rapidez e efetividade nas escolhas
script=sci_arttext&pid=S0100-69912002000500
de técnicas de curativos que viabilizem a plena
007
recuperação da paciente no período
gestacional.
Perfil das complicações após apendicectomia
em um hospital de emergência. Vizualizado em:
http://www.scielo.br/scielo.php?
Referências Bibliográficas:
pid=S0102-67202007000300005&script=sci_artt
ext
Guttman R; Goldman RD; Koren G. Appendicitis
during pregnancy. Canadian Family Physician
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