Contabilidade Financeira e Gerencial

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1
2
SUMÁRIO
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA
4
1.1 EMENTA
4
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL
4
1.3 OBJETIVOS
4
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
5
1.5 METODOLOGIA
5
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
5
1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
5
2. CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL
6
2.1 INTRODUÇÃO: SISTEMA BÁSICO DE INFORMAÇÕES
6
2.1.1 CONTABILIDADE GERENCIAL
6
2.1.2 A INFORMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL
7
2.1.3 CONTABILIDADE FINANCEIRA
7
2.1.4 A INFORMAÇÃO CONTÁBIL FINANCEIRA
7
2.2 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
7
2.2.1 FINALIDADES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
7
2.2.2 EXERCÍCIO SOCIAL
8
2.2.3 ESPÉCIES
8
2.2.4 COMPANHIAS ABERTAS
8
2.2.5 EXIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
9
2.2.6 CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO
9
2.2.7 NOTAS EXPLICATIVAS
9
2.3 BALANÇO PATRIMONIAL
10
2.3.1 ESTRUTURA DO BALANÇO
10
2.3.2 CICLO OPERACIONAL
10
2.3.3 CONTAS RETIFICADORAS
11
2.3.4 CONTAS DE RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS
11
2.3.5 ESTRUTURA DO ATIVO
11
2.3.6 ESTRUTURA DO PASSIVO
13
2.3.4 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
15
3
2.4 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS
17
2.5 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR)
19
2.6 FLUXO DE CAIXA
21
2.7 PADRONIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
25
2.7.1 MÉTODO DE PADRONIZAÇÃO
25
2.7.2 ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
25
2.7.3 ANÁLISE VERTICAL
27
2.8 ANÁLISE HORIZONTAL
29
2.9 INDICADORES DE LIQUIDEZ
30
2.10 INDICADORES DA ESTRUTURA DE CAPITAIS
31
2.11 INDICADORES DO CICLO OPERACIONAL
32
2.12 INDICADORES DO DESEMPENHO ECONÔMICO
35
2.13 ALAVANCAGEM FINANCEIRA
37
2.14 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
38
2.15 ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO
39
2.16 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PROJETADAS
40
2.16.1 FUNDAMENTAÇÃO
40
2.16.2 MODELO
40
4
1. Programa da disciplina
1.1 Ementa
Princípios Fundamentais de Contabilidade. Sistema Básico de informações. Balanço e variações de
patrimônio líquido. Processo contábil, Tópicos especiais na determinação das demonstrações financeiras.
Análise dos demonstrativos financeiros. DOAR e Fluxo de caixa. Efeitos da flutuação de preços sobre os
demonstrativos financeiros. Leitura e interpretação das informações financeiras. Apuração do resultado
operacional e gerencial. Organização das informações gerências. Demonstração do fluxo de caixa.
1.2 Carga horária total
24 horas-aula.
1.3 Objetivos
Ao final deste módulo os alunos deverão estar aptos a:
1.
Entender a aplicação prática dos demonstrativos financeiros.
2.
Entender a importância das informações financeiras e gerenciais para a tomada de decisão.
3.
Extrair informações das demonstrações financeiras para a tomada de decisão.
4.
Identificar e analisar os diversos quocientes e índices financeiros e econômicos.
5.
Analisar os demonstrativos financeiros projetados.
6.
Analisar os projetos de investimentos e identificar a melhor opção para maximizar o retorno dos
acionistas.
5
1.4 Conteúdo programático
Princípios Fundamentais de
Contabilidade
1.
2.
Sistema de informação
1.
2.
3.
4.
Demonstrações Financeiras
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Análise das Demonstrações financeiras 1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Análise de Investimento
1.
2.
Conceito;
Importância para a elaboração dos
demonstrativos financeiros.
Introdução;
Importância para o processo decisório;
Sistema de informação financeira e
gerencial;
Diferença entre a informação financeira e
gerencial.
Balanço Patrimonial;
Demonstração do Resultado do Exercício;
Demonstração de Lucros ou Prejuízos
acumulados;
Demonstração das origens e aplicações de
recursos;
Demonstração do fluxo de caixa;
Projeção das demonstrações financeiras.
Indicadores de liquidez;
Indicadores de rentabilidade;
Indicadores de atividade;
Indicadores de endividamento;
Alavancagem financeira;
Análise do capital de giro;
Importância para o processo decisório.
Critérios para análise;
Decisão de aceitar ou rejeitar.
1.5 Metodologia
Conceitual X Prático em aulas expositivas, com utilização de data-show e laboratório, realização de
exercícios programados, dinâmica de grupo e estudo de casos.
1.6 Critérios de avaliação
O grau total obedecerá à seguinte pontuação:
1. 10% referentes a assiduidade e participação nas aulas;
2. 10% referentes aos exercícios entregues;
3. 40% referentes a apresentação de trabalhos em equipe;
4. 40% referentes a uma prova, a ser aplicada após o término da disciplina.
1.7 Bibliografia recomendada
6
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAS E FINANCEIRAS. Manual
de contabilidade das Sociedades por ação. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
MATARRAZO, Dante Carmine. Análise Financeira de balanços: abordagem básica e Gerencial. 5.
ed. São Paulo: Atlas, 1998.
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura de análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 5.
ed. São Paulo: Atlas, 2000.
ROSS, Stephen A . Princípios de administração financeira. Tradução de Andréa Maria Accioly Fonseca
Minardi. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
ROSS, Stephen A . Administração Financeira. Tradução de Antonio Zorato Sanvicente. São Paulo:
Atlas, 1995.
ATKINSON, Anthony A .Contabilidade Gerencial. Tradução de André Olímpio Mosselman Du
Chenoy. São Paulo: Atlas, 2000.
Curriculum resumido do professor
José Fernandes da Costa é mestrando em Auditoria contábil na Unigranrio/RJ, é mestrando em
Contabilidade Gerencial pela FUCAPE, é especialista em Auditoria Contábil pela Unigranrio/RJ,é
especialista em Contabilidade pela Fundação Getúlio Vargas. É professor e Coordenador do Curso de
Graduação em Ciências Contábeis e pós-graduação em Gestão Empresarial. É Gestor do Colégio Técnico
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. É parecerista de projetos na Secretaria de Trabalho e
Renda do Município do Rio de Janeiro/RJ. É membro do Comitê de Fomento à profissão contábil no
Município do Rio de Janeiro/RJ. Presta consultoria contábil-financeira às entidades do terceiro setor.
Realiza projetos na área do terceiro setor, ministra palestras e orienta monografias e trabalhos de
conclusão de curso.
2. Contabilidade Financeira e Gerencial
2.1 Introdução: Sistema Básico de informações
Traçando um paralelo de desenvolvimento verificamos que a Contabilidade vem evoluindo
juntamente com a Sociedade na busca das melhores condições de vida para o homem, que é o centro de
estudo de qualquer ciência. A sociedade nos últimos anos vem exigindo mais participação das empresas
no processo de bem estar da coletividade e, para tanto, exige informações mais detalhadas sobre os
aspectos econômicos, financeiros e sociais. A Contabilidade, como veículo de informação, tem
apresentado alguns relatórios para atender à demanda de cada usuário desta informação.
2.1.1 Contabilidade Gerencial
Conceito: Processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e
comunicação de informações financeiras usadas pela administração para planejar, avaliar e controlar
dentro de uma empresa e assegurar uso apropriado e responsável dos recursos.
7
2.1.2 A Informação Gerencial Contábil
Conceito: Dados financeiros e operacionais sobre atividades, processos, unidades operacionais, produtos,
serviços e clientes de uma empresa. Esses dados como fontes primárias produzem informações aos
funcionários, gerentes, a alta administração a tomar as decisões para o sucesso empresarial, por exemplo:
o custo de um determinado produto, também inclui informações operacionais e físicas, como por exemplo:
qualidade e tempo de processamento, mensuração do nível de satisfação do cliente.
Objetivos: Medir a condição econômica da empresa, como as de custos e lucratividade dos produtos,
serviços, dos clientes, das unidades operacionais descentralizadas, como as divisões e departamentos.
Mostrar o feedback aos funcionários, gerentes e executivos sobre seus desempenhos, capacitando-os a
aprenderem com o passado e melhorarem para o futuro.
2.1.3 Contabilidade Financeira
Conceito: Processo de elaboração de demonstrações financeiras para atender aos usuários externos e
internos, como por exemplo: os acionistas, ao governo, os credores, ao banco, etc. Este segue a uma
padronização estipulada pela Lei 6.404/76 e pelos órgãos de regulamentação.
2.1.4 A informação Contábil Financeira
Conceito: Dados econômicos e financeiros sobre as demonstrações financeiras, sobre liquidez,
endividamento, rentabilidade e atividade da empresa.
Objetivos: Informar aos usuários externos as conseqüências das decisões e das melhorias dos processos
executadas pela empresa, como por exemplo: será que concederíamos crédito ou não, os fornecedores
utilizariam para ampliação ou não do nosso crédito, na compra ou não de uma empresa. Aos usuários
internos a margem de lucro e retorno do capital próprio que mede o desempenho dos administradores e
também o planejamento para o futuro.
2.2 Demonstrações Financeiras
As demonstrações financeiras são conjunto de contas que espelham , com clareza, as
mutações ocorridas no exercício social de determinada pessoas jurídica e a situação de seu patrimônio
líquido em um dado momento.
Para fins de elaboração das demonstrações financeiras, devem ser destacados da
escrituração mercantil, contas e valores apresentados no final de cada exercício, dando a estes, forma e
disposições estabelecidas na Lei das Sociedades por Ações.
2.2.1 Finalidades das Demonstrações Financeiras
As demonstrações financeiras devem reproduzir todas as modificações ocorridas no
patrimônio da empresa durante o exercício social, demonstrando sua situação positiva ou negativa. A
principal finalidade das demonstrações contábeis é informar a situação patrimonial da empresa, através de
quadros analíticos, às pessoas interessadas.
8
2.2.2 Exercício Social
Exercício social é o período estabelecido pela empresa para a realização de suas operações.
O exercício social é estabelecido nos atos constitutivos da empresa, e deve Ter a duração de um ano,
sendo que, em alguns casos excepcionais, é permitido que tenha duração diversa. Na Lei das Sociedades
por Ações, não existe impedimento para a fixação de exercício social em período não coincidente com o
ano civil. Todavia, para fins de atendimento às disposições da legislação do imposto de renda, as empresas
estão obrigadas a elaborar as demonstrações contábeis em períodos coincidente com o ano civil.
2.2.2.1 Período de Apuração do Imposto.
Desde janeiro/97 , o período de apuração dos resultados das pessoas jurídicas, regra geral, passou a
ser trimestral. No entanto, a pessoas jurídica tributada pelo lucro real poderá optar pela apuração anual,
com pagamentos mensais do imposto de renda calculado com base na receita bruta e acréscimo , podendo
ainda, reduzir ou suspender o recolhimento mensal se o valor acumulado já pago exceder o imposto
devido sobre o lucro real apurado com base em balanço ou balancete levantado no período em curso.
Portanto, para atender simultaneamente as legislações fiscal e comercial, as empresas tributadas pelo lucro
real trimestral são obrigadas a levantar:
- 4 balanços ou balancetes, um em cada encerramento de trimestre, para fins de apuração do
resultado tributável;
- 1 balanço no encerramento do ano – calendário , consolidando os resultados apurados de
1-1 a 31-12, para atender a legislação societária, caso o exercício social da empresa coincida com o anocalendário.
- 1 balanço no encerramento do exercício social, caso este não coincida com o anocalendário, para atender a legislação comercial.
As empresas que optarem pela apuração anual do imposto deverão levantar:
- um único balanço em 31.12 de cada ano, se o exercício social coincidir com o ano civil;
- 1 balanço em 31.12 e outro no término do exercício social, caso este não coincida com o
ano civil.
Em ambas as hipóteses, poderão ser levantados balanços mensais, tanto quanto forem
necessários para suspender/ reduzir o imposto mensal.
2.2.3 Espécies
A legislação comercial determina que ao fim de cada exercício social as empresas devem
elaborar, com base na escrituração comercial, as seguintes demonstrações contábeis, as quais devem
exprimir, com clareza, a situação do patrimônio e as mutações ocorridas no exercício:
a) Balanço Patrimonial;
b) Demonstração do Resultado do Exercício;
c) Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulado; e
d) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
2.2.4 Companhias Abertas
As companhias abertas estão obrigadas, ainda, a elaborar e publicar a Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido, em substituição à Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.
Demonstrações Contábeis em Moeda de capacidade Aquisitiva Constante.
Até 31.12.95, as companhias abertas estiveram também obrigadas à elaboração e
publicação das Demonstrações Contábeis em moeda de capacidade aquisitiva constante, para atender ao
princípio do Denominador comum monetário.
9
A lei 9.249/95, em consonância com as medidas econômicas adotadas, eliminou a partir
de 1.1.96, a adoção de qualquer sistema de correção monetária, inclusive para fins societários.
A CVM , além de exigir a apresentação das informações trimestrais em consonância com a
lei 9.249/95, tornou facultativa a sua elaboração e a sua divulgação em moeda de capacidade aquisitiva
constante.
2.2.5 Exigência da Legislação Tributária
Também é exigida da legislação do imposto de renda, para as pessoas jurídicas tributadas
pelo lucro real, a elaboração das demonstrações financeiras relacionadas: Balanço Patrimonial,
Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, ao final
de cada período - base de incidência do imposto.
2.2.6 Critérios Para Elaboração
Os principais critérios a serem observados por ocasião da elaboração das demonstrações
financeiras são os seguintes:
a) as contas semelhantes podem ser agrupadas desde que , na escrituração da empresa, se
destinem ao mesmo fim;
b) os pequenos saldos podem ser agregados , desde que indicada a sua natureza e que não
ultrapassem a 1/10 do valor do respectivo grupo de contas;
c) é vedada a utilização de designação genéricas, tais como: “diversas contas” ou “contas
correntes”;
d) as demonstrações devem ser assinadas pelos administradores e por contabilistas
legalmente habilitados junto aos conselhos regionais de contabilidade.
2.2.7 Notas Explicativas
As demonstrações contábeis das sociedades anônimas devem ser, obrigatoriamente,
complementadas por notas explicativas. As notas explicativas fazem parte das demonstrações financeiras,
pois esclarecem os sistemas utilizados na contabilidade da empresa, abordando os diversos tópicos
utilizados para elaboração das mesmas e devem indicar, pelo menos, o seguinte:
a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente dos
estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos
ou riscos e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de valores do ativo;
b) os investimentos relevantes em outras sociedades;
c) o aumento de valor de elemento do ativo, resultante de novas avaliações;
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e
outras responsabilidades eventuais ou contingentes;
e) a taxa de juros , as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;
f) o número, espécie e classes das ações do capital social;
10
g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;
h) os ajustes de exercícios anteriores, assim considerados apenas os decorrentes de efeitos
da mudança de critérios contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e
que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes;
i) os eventos subseqüentes à data do encerramento do exercício que tenham , ou possam vir
a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da empresa.
Sempre que houver mudança no método ou critério adotado para escrituração da companhia
e, conseqüentemente , para as demonstrações contábeis, esta mudança deverá ser mencionada nas notas
explicativas, quando os seus efeitos forem relevantes, ou seja, quando influírem na perfeita interpretação
das demonstrações contábeis, induzindo a erro o interessado, por estar habituado aos antigos critérios.
2.3 Balanço Patrimonial
É a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa
determinada data, a posição patrimonial e financeira da empresa.
2.3.1 Estrutura do Balanço
No balanço patrimonial, as contas são classificadas conforme os elementos do patrimônio
registrados na escrituração mercantil da empresa, sendo agrupadas de maneira que facilitem o
conhecimento e a análise da situação financeira.
2.3.1.1 Conceito de curto e longo prazo
Para fins de classificação das contas nos grupos ativo circulante, ativo realizável a longo
prazo, passivo circulante e passivo exigível a longo prazo, deve-se levar em consideração o exercício
social da empresa.
Sendo assim, os direitos e obrigações serão classificados em grupos do circulante, desde
que os prazos esperados de realização dos direitos e os prazos das obrigações estabelecidos ou esperados
situem-se no curso do exercício subseqüente à data do balanço patrimonial.
Serão classificados nos grupos ativo realizável a longo prazo e exigível a longo prazo os
direitos e obrigações cujos prazos de vencimento situem-se após o término do exercício social
subseqüente à data do balanço patrimonial.
2.3.2 Ciclo operacional
É o período necessário para que se complete a execução de uma produção ou das operações
de uma empresa, para atingir seus objetivos de produção. No caso de a empresa possuir um ciclo
operacional com duração maior do que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá
por base o prazo desse ciclo.
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2.3.3 Contas retificadoras
As contas retificadoras de valores do ativo e do passivo devem ser posicionadas no balanço
patrimonial, logo abaixo da conta a que se refere, ativa ou passiva, precedidas do sinal indicativo de
subtração.
2.3.4 Contas de resultados de exercícios futuros
Os valores recebidos como receitas antecipadas por conta de produtos ou serviços a serem
concluídos em exercícios futuros, denominados como resultado de exercícios futuros, na legislação , serão
demonstrados com a dedução dos valores dos ativos a eles vinculados, como direitos ou obrigações ,
dentro do respectivo grupo do ativo ou do passivo.
2.3.5 Estrutura do Ativo
2.3.5.1 Ativo Circulante
Este grupo de contas é dividido em disponível , créditos, estoque e despesas antecipadas.
I- Disponível
São entendidos como disponibilidades os recursos financeiros que se encontram `a
disposição imediata da empresa, tais como o numerário em caixa e os saldos disponíveis em contas de
movimento bancário, saldos de contas relativas a ativo imediatamente liquidáveis, e os outros direitos.
II- Créditos
Compõe este subgrupo os títulos de créditos , bem como quaisquer valores mobiliários.
III- Estoques
Neste subgrupo devem constar os valores eferentes às existências de produtos acabados,
produtos em elaboração , matérias- primas, mercadorias, materiais de consumo, serviços em andamento e
outros valores relacionados às atividades- fim da empresa.
IV- Despesas Antecipadas
São as aplicações em gastos que tenham realização no curso de períodos subsequente à data
do balanço patrimonial, assim entendidos os prêmios de seguros e despesas financeiras diferidas,
relativamente a financiamentos apropriáveis no exercício seguinte.
2.3.5.2 Ativo realizável a longo prazo
Agrupa os ativos constantes dos itens II, III, IV do subitem anterior, cujos prazos esperados
de realização situem-se após o término do exercício subsequente `a data do balanço patrimonial.
Integrarão também este grupo as contas que representam os seguintes direitos, realizáveis após o exercício
subsequente:
a) adiantamento ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas;
b) adiantamento ou empréstimos a diretores, acionistas ou participante no lucro da
companhia( quando não constituam negócios usuais nas explorações dos seu objeto social).
2.3.5.3 Ativo permanente
Classificam-se neste grupo os bens e direitos não destinados à transformação direta em
meios de pagamento e cuja perspectiva de permanência na empresa ultrapasse um exercício.
O ativo permanente é composto de três subgrupos:
I- Ativo Permanente Investimentos
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É representado pelas participações em sociedades, além dos bens e direitos que não se
destinam à manutenção das atividades –fim da empresa, tais como:
a) os empreendimentos relativos ao plantio de florestas, destinados à proteção do solo ou à
preservação do ambiente, sem a finalidade de manter a atividade da pessoa jurídica;
b) os depósitos destinados a aplicações em incentivos fiscais;
c) as importâncias aplicadas na aquisição de imóveis , desde que não sejam para revenda ou
destinados à manutenção das atividades da empresa;
d) as aplicações em ouro, quando não constarem do objeto social da pessoa jurídica, não
classificáveis no ativo circulante.
II- Ativo Permanente Imobilizado
Devem ser escriturados neste subgrupo os bens e direitos utilizados na consecução das
atividades operacionais da empresa, abrangendo, inclusive, os de propriedade industrial ou comercial
Podem compor o imobilizado bens corpóreos e incorpóreos, tais como: máquinas, equipamentos,
construções em andamento, móveis, direitos de exploração de minas e jazidas, de reservas florestais, de
patentes de invenções e marcas, fórmulas e processos de fabricação , ponto comercial e outros direitos de
idêntica natureza. Classificam-se também no imobilizado as benfeitorias realizadas em imóveis de
terceiros , com ou sem indenização , e que tenham vida útil superior a um exercício.
III- Diferido
São classificadas no ativo diferido as aplicações de recursos em despesas que contribuirão
para a formação de resultado de mais de um exercício social.
São registrados do ativo diferido , dentre outras, as seguintes aplicações:
a) juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder ao início das
operações sociais;
b) as despesas pré- operacionais ou pré-industriais, quando não se identificarem com
elementos específicos do ativo imobilizado ou de investimentos;
c) as despesas com pesquisa científicas ou tecnológicas, quando não exercida opção para
apropriação direta em conta de resultado;
d) as despesas de decapeamento ou desenvolvimento de jazidas ou minas;
e) as despesas com reestruturação , reorganização ou modernização de empresas;
f) as despesas com prospecção e cubagem de jazidas ou depósitos , realizadas por
concessionárias de pesquisa ou lavra de minérios , sob orientação técnica de engenheiro de minas;
g) a parte dos custos , encargos e despesas operacionais registrados durante o período em
que a empresa, na fase inicial de operação , utilizou apenas parcialmente o seu equipamento ou suas
instalações.
2.3.5.4 Contas Retificadoras ao ativo
No balanço patrimonial, algumas contas que apresentam saldo credor devem ser agrupadas
no ativo, uma vez que representam valores retificativos de elementos que integram os seus grupos,
conforme examinamos a seguir:
2.3.5.5 Contas retificadoras do ativo circulante e realizável a longo prazo
A exemplo, temos as seguintes contas retificadoras:
a) títulos descontados;
b) créditos considerados incobráveis, na forma da legislação pertinente;
c) provisão para ajuste de estoque ao valor de mercado.
2.3.5.6 Contas retificadoras do ativo permanente
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Como ativo permanente é subdividido em investimentos, imobilizado e diferido, existem
contas credoras que representam valores retificativos de cada um desses subgrupos, conforme a seguir:
I- contas retificadoras do ativo investimentos: Provisão para perdas prováveis na realização
de investimentos.
II- contas retificadoras do ativo imobilizado: as contas credoras que representam a
depreciação de bens de uso da empresa, sujeitos à desgastes, à amortização de marcas e patentes e a
exaustão relativa a minas, jazidas e florestas, são contas retificadoras do ativo imobilizado.
III- contas retificadoras do ativo diferido: como contas credoras que representam elementos
retificativos, podemos citar:
A) amortização de despesas pré-operacionais;
b) amortização de despesas pré-industriais.
2.3.6 Estrutura do Passivo
As contas do passivo são agrupadas, segundo sua expressão qualitativa, nos seguintes
grupos:
- passivo circulante
- passivo exigível a longo prazo
- resultado de exercícios futuros
- patrimônio líquido.
2.3.6.1 Passivo Circulante
Neste grupo são escriturados as obrigações da empresa, inclusive financiamentos para
aquisição de direitos do ativo permanente, vencíveis no exercício seguinte à data do balanço patrimonial.
Neste grupo são classificadas, dentre outras, as contas que representem as seguintes
exigibilidades:
a) Fornecedores;
b) Empréstimos bancários;
c) Obrigações tributárias;
d) Contribuições sociais;
e) Provisão para imposto de renda;
f) Provisão para contribuição social.
2.3.6.2 Passivo Exigível a longo prazo
São escrituradas neste grupo as obrigações da empresa vencíveis após o exercício seguinte
à data do balanço patrimonial, inclusive financiamentos para a aquisição de direitos do ativo permanente.
Integram esse grupo, dentre outras, as contas que representem as seguintes exigibilidades:
a) Financiamento
b) Debêntures;
c) Hipoteca;
d) Parcelamentos de débitos fiscais e sociais;
e) Créditos de empresas coligadas e controladas;
f) Provisão para o imposto de renda constituída sobre lucros cuja tributação seja diferida.
2.3.6.3 Resultados de Exercícios Futuros
14
As receitas diferidas e antecipadas são consideradas face à legislação vigente, como
integrante do grupo Resultado de Exercícios Futuros. Assim, são registradas nesse grupo as receitas de
exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes.
2.3.6.4 Patrimônio Líquido
É a diferença positiva entre os bens e direitos e as obrigações, representando, por
conseguinte, o capital próprio da empresa.
Na hipótese de o passivo superar o ativo, a diferença denomina-se “passivo a descoberto”.
O patrimônio líquido é constituído dos componentes relacionados:
- Capital Social
- Reservas de Capital
- Reservas de Reavaliação
- Reservas de Lucros
- Lucros ou Prejuízos Acumulados.
Classificação das contas
O Balanço tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em
determinada data, representando, portanto, uma posição estática.
Conforme o artigo 178 da Lei nº 6.404/76, “ no balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupam de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da companhia.
Ex.
BALANÇO
ATIVO
PATRIMONIAL
PASSIVO
PATRIMONIO
LIQUIDO
Ativo – Compreende os bens e direitos
Passivo – Compreende as exigibilidades e obrigações.
Patrimônio Líquido – Representa a deferência entre o ativo e passivo, ou seja, o valor
líquido da empresa.
É importante que as contas sejam classificadas no balanço de forma ordenadas e uniformes
para permitir aos usuários um adequada análise e interpretação da situação patrimonial e financeira.
Visando atender a esse objetivo, a Lei nº 6.404/76, através do art. 178 e 179, definiu como deve ser a
disposição de tais contas, seguindo, para o Ativo , a classificação em ordem decrescente de grau de
liquidez e, para o Passivo, em ordem decrescente de prioridade de pagamento das exigibilidades.
Exemplo:
BALANÇO
ATIVO
Ativo Circulante
Ativo Realizável a Longo Prazo
Ativo Permanente:
Investimento
PATRIMONILA
PASSIVO
Passivo Circulante
Passivo Exigível a Longo Prazo
Resultado de Exercício Futuros
Patrimônio Líquido
15
Imobilizado
Diferido
Capital Social
Reservas de Capital
Reservas de reavaliação
Reservas de lucros
Lucros
ou
Prejuízos
Acumulados
Os grupos de Contas (veja o gráfico) foram dispostos dentro do critério do grau de liquidez
mencionado. Dentro de cada grupo, a ordem de liquidez e exigibilidade também está de conformidade
com a Lei 6.404/76.
2.3.4 Demonstração do Resultado do Exercício
É na Demonstração do Resultado do Exercício onde observamos o grande indicador global
de eficiência: o retorno resultante do investimento dos donos da empresa (lucro ou prejuízo).
O lucro é uma terminologia bastante ampla, encontramos vários tipos de lucro, tais como:
Lucro bruto
Lucro operacional
Lucro antes do imposto de renda
Lucro depois do imposto de renda
Lucro líquido.
Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente de sua realização em
moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas
receitas e rendimentos.
2.3.4.1. Critérios básicos de apresentação.
Receita Bruta
(-) deduções
Receita Líquida
(-) custo das vendas ou dos serviços
Lucro Bruto( ou prejuízo)
(-) despesas operacionais
de vendas
administrativas
financeiras( deduzida a receita)
outras despesas ou receitas operacionais
Lucro Operacional ( ou prejuízo)
Receitas não operacionais
(-) despesas não operacionais
(+/ -) ganhos / perdas
Lucro antes do imposto de renda( ou prejuízo)
(-) provisão para o imposto de renda
Lucro depois do imposto de renda( ou prejuízo)
(-) participações de debêntures
(-) participações de empregados
(-) participações de administradores
(-) participações de partes beneficiárias
16
(-) contribuições e doações
Lucro Líquido( ou prejuízo)
Lucro Líquido por ação do capital social
O plano de contas :
Deduções da receita bruta
Vendas canceladas e devoluções
Abatimentos comerciais
Impostos incidentes sobre vendas
IPI
ICMS
ISS
PIS
COFINS
Despesas Operacionais
De vendas
Despesas com o pessoal
Comissões de vendas
Ocupação
Utilidades e serviços
Propaganda e publicidade
Despesas gerais
Impostos e taxas
Administrativas
Despesas com o pessoal
Ocupação
Utilidades e serviços ( água, luz, seguros, etc)
Honorários
Despesas gerais ( viagens e representações, higiene, etc)
Impostos e taxas
Resultados financeiros líquidos
Despesas financeiras(-) Receitas financeiras
Outras receitas e despesas operacionais
São atividades acessórias do objeto da empresa.
Lucros e prejuízo de participações em outras sociedades
Vendas de sucatas
Resultados não- operacionais
Somente farão parte dos resultados não- operacionais os lucros ou prejuízos na
venda ou baixa de bens do ativo permanente.
O artigo 189 da Lei das S.A estabelece que:
“Do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos
acumulados e a provisão para o imposto sobre a renda.
Esse artigo trata somente da forma de cálculo das participações e, posteriormente, das
reservas e dividendos. Dessa forma, não significa que os prejuízos acumulados anteriormente devam ser
mostrados como redução na demonstração do Resultado do exercício, o que estaria totalmente incorreto.
Definições:
17
Receita Bruta - Compreende as vendas de produtos e serviços da empresa, pelo valor da
nota fiscal. Isso significa que estão inclusos dentro do valor os impostos de ICMS, IPI E ISS. A legislação
não tem recomendado a inclusão do IPI como receita bruta.
Receita Líquida - É considerado como receita de vendas, porque os impostos , as
devoluções e abatimentos sobre as vendas estão subtraindo a Receita Bruta.
Custo das vendas - A avaliação dos estoques é, conseqüentemente, a apuração do custo de
vendas. Por que representa a baixa nas contas de estoque pela vendas realizadas.
Custo das vendas por setor da economia:
CPV- custo do produtos vendidos. (empresas industriais).
CMV- custo das mercadorias vendidas. (empresas comerciais).
CSP- custo dos serviços prestados. (empresas prestadoras de serviços).
Lucro Bruto - É a diferença entre a venda líquida de mercadoria ou serviço e o custo da
mercadoria ou produto vendido.
Despesas operacionais - São despesas que contribuem para a manutenção da atividade
operacional da empresa. Constituem-se das despesas pagas ou incorridas para vender produtos e
administrar a empresa.
Lucro operacional - É contabilizado através da diferença entre o lucro bruto e as despesas
operacionais.
Resultado não operacional - São as despesas e receitas não relacionadas diretamente com a
finalidade (objetivo) do negócio da empresa, somente serão considerados resultados não-operacionais os
lucros ou prejuízos na venda ou baixa de bens do ativo permanente.
2.4 Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
Esta demonstração possibilita a evidenciação clara do lucro do período, a sua distribuição e a
movimentação ocorrida no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados.
Conteúdo pela Lei.
“A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará”:
I- o saldo do início do período , os ajustes de exercícios anteriores;
II- as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
III- as transferências para reservas, os dividendos, parcela dos lucros incorporada ao capital
e o saldo ao final do período.
Forma de Apresentação
Saldo inicial
(+ / -) ajustes de exercícios anteriores
reversões de reservas
lucro líquido do exercício
saldo disponível
proposta da administração p/ destinação do lucro
18
reserva legal
reserva estatutária
reserva p/ contingência
reserva orçamentária(para expansão)
reserva de lucros a realizar
dividendos
saldo final do período
Exemplo:
Temos, no balanço apresentado, um saldo inicial de lucros acumulados em x2 de R$ 5.850
e um saldo final de R$ 7.200. Mais uma vez observa o aspecto estático do balanço que evidencia os saldos
no início e no fim do exercício, mas não destaca os motivos da variação de R$ 1.350.
A DLPA é uma demonstração dinâmica.
Vamos admitir que a empresa teve um lucro no período de R$ 2.000 e que R$ 650 foram
distribuídos como dividendos, então:
Saldo em 01.01.x2
+ lucro líquido exercício
saldo à disposição da diretoria
(-) dividendos distribuídos
saldo em 31.12x2
5.850
2.000
7.850
650
7.200
Como se pode verificar, a conta de lucros acumulados representa a interligação entre o
balanço patrimonial e a demonstração do exercício.
Comentários:
Ajustes de exercícios anteriores, a legislação dispõe que como ajuste de exercícios
anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critérios contábeis, ou da
retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos
subsequentes.
A conta de lucros ou prejuízos acumulados pode sofrer débitos e créditos de diversas
origens.
Os créditos podem ser originados de:
- ajuste de exercícios anteriores;
- reversões de reservas;
- lucro líquido do exercício.
Os débitos que, em geral, representam apropriações dos lucros, podem ser dos seguintes
tipos:
- ajustes de exercícios anteriores;
- transferência para reservas;
- dividendos obrigatórios;
- prejuízo do exercício
DIVIDENDOS.
À parte do lucro que se destina aos acionistas da companhia.
A partir da lei 6.404/76 observamos a introdução do dividendo mínimo obrigatório com o
objetivo básico de proteger os acionistas, sobretudo, os minoritários.
Na hipótese do estatuto ser omisso, os acionistas têm direito de receber como dividendo
obrigatório à metade do lucro líquido ajustado que será calculado da seguinte maneira:
Lucro líquido do exercício
(-) quota destinada à constituição de reserva legal.
19
(-) importância destinada à formação de reserva para contingência;
(-) lucros a realizar transferidos para a respectiva reserva.
+ reversão de reservas para contingências formadas em exercícios anteriores.
+ reversão de reservas de lucros a realizar formadas em exercícios anteriores.
A distribuição de dividendos, de acordo com a lei 6.404/76 , somente poderá ser feita
utilizando-se os lucros acumulados ou as reservas de lucros( exceto a legal) e , em casos especiais, as
reservas de capital. Mas a contabilização dessa distribuição deverá sempre ser feita a débito da conta de
lucros ou prejuízos acumulados.
2.5 Demonstração das origens e aplicações de recursos
(DOAR)
Os objetivos básicos da DOAR são:
- Resumir as atividades financeiras e de investimentos da empresa, incluindo as operações
que geraram ou utilizaram recursos durante o período.
- Complementar a divulgação das alterações ocorridas na posição financeira durante o
período.
Para que serve:
Explica a variação do capital circulante líquido (capital de giro próprio ou capital de giro
líquido) ocorrida de um ano para outro. Ajuda-nos a compreender como e por que a posição financeira
mudou de um exercício para outro.
Quem está obrigado a fazer a DOAR
- Toda Cia. Aberta.
- Toda Cia fechada (S.A) considerada grande empresa.
Variação do capital circulante líquido
Ativo circulante
Em 31.12.97 300.000
Em 31.12.98 400.000
Aumentos
100.000
passivo circulante = CCL
200.000
100.000
250.000
150.000
50.000
50.000
Pelo exemplo constatamos que houve uma variação no capital circulante líquido de R$
50.000 , isto é, há uma evolução de R$ 100.000 para R$ 150.000.
É exatamente esta variação de R$ 50.000 que a DOAR explicará.
Regras:
1a ) Sempre , quando houver uma operação envolvendo unicamente contas do circulante ,
não altera o capital circulante líquido.
2a ) Sempre , quando houver uma operação envolvendo contas do circulante e não
circulante, haverá alteração do capital circulante líquido.
20
OBS: o objetivo da DOAR é exatamente mostrar o como e o porquê da mutação do CCL.
O CCL só varia com operações não circulante X circulante. Portanto , a alteração do não circulante é a
causa da variação do circulante. Por isso, a DOAR evidencia apenas o resultado das variações do não
circulante que provocam alterações no circulante.
Dessa forma a DOAR não evidencia, por exemplo, a operação que envolve estoque X
fornecedores, uma vez que se trata de contas de circulante. Portanto, a DOAR só existe quando houver
alterações simultâneas de circulante X não circulante.
Exemplos de operações que afetam o CCL:
1) aumento de capital em dinheiro no valor de R$ 28.000 depositados no banco.
CIRCULANTE
NÃO CIRCULANTE
Bancos c/ movimento 28.000 capital anterior
28.000
Houve um acréscimo no CCL.
2) venda de R$ 15.000 de ações a vista, constante no realizável a longo prazo.
CIRCULANTE
NÃO CIRCULANTE
Caixa
15.000
Realizável a LP
15.000
Houve um acréscimo no CCL.
3) Realiza um financiamento junto a um banco de investimento para aquisição de vários
itens do imobilizado, no valor de R$ 3.000.
CIRCULANTE
NÃO CIRCULANTE
Bancos c/ movimento 3.000
financiamento
3.000
Houve um acréscimo no CCL.
4) Aquisição de imóvel, à vista, por R$ 18.000
CIRCULANTE
NÃO CIRCULANTE
Bancos c/ movimento 18.000 imobilizado
18.000
Houve uma diminuição no CCL.
Descrição das Origens
As origens de recursos são representadas pelos aumentos no capital circulante líquido, e as
mais comuns são:
a) das próprias operações , quando as receitas (que geraram ingressos de capital circulante
líquido) do exercício são maiores que as despesas (que geram aplicações ou reduções de capital circulante
líquido).
Assim, ignorando as despesas ou receitas que não afetam o capital circulante líquido ,
temos que:
Se houver lucro, teremos uma origem de recursos.
Se houver prejuízo, teremos uma aplicação de recursos.
b) dos acionistas, pelos aumentos de capital integralizados pelos mesmos no exercício, já
que tais recursos aumentaram as disponibilidades da empresa e, conseqüentemente , seu capital circulante
líquido.
c) de terceiros, por empréstimos obtidos pela empresa, pagáveis a longo prazo, bem como
dos recursos oriundos da venda a terceiros de bens do ativo permanente , ou de transformação do
realizável a longo prazo em ativo circulante.
Descrição das Aplicações.
21
As aplicações de recursos são representadas pelas diminuições do capital circulante líquido,
e as mais comuns são:
a) inversões permanentes derivadas de:
aquisição de bens do ativo imobilizado.
Aquisição de novos investimentos permanentes em outras sociedades.
Aplicação de recursos no ativo diferido.
b) pagamento de empréstimos a longo prazo, pois, assim como a obtenção de um novo
financiamento representa uma origem , a sua liquidação significa uma aplicação.
c) remuneração de acionistas, derivada dos dividendos distribuídos.
Origens e Aplicação que não afetam o capital circulante líquido, mas aparecem na
demonstração.
a) aquisição de bens do ativo permanente pagável a longo prazo;
b) conversão de empréstimo de longo prazo em capital;
c) integralização de capital em bens do ativo permanente ;
d) venda de bens do ativo permanente recebível a longo prazo.
2.6 Fluxo de caixa
As empresas durante a sua vida realizam diversas operações como por exemplo: operações
de vendas, compras, investimentos e financiamentos; ocorrem, entretanto, que através dessas operações o
volume de entradas e saídas de numerários se alteram.
Conceito: Conjunto de ingressos e desembolsos de numerários ao longo de um período de
tempo. O fluxo de caixa demonstra a situação financeira de uma empresa, considerando todas as fontes de
recursos e todas as aplicações de recursos.
Objetivo: Fornecer informações sobre pagamentos e recebimentos, em dinheiro de uma
empresa ocorrido durante um determinado período.
Finalidade: Os usuários desse demonstrativo têm informações relevantes e podem avaliar
os seguintes pontos:
• a capacidade da empresa em gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;
• a capacidade da empresa em honrar seus compromissos,pagar dividendos e retornar
empréstimos obtidos;
• a liquidez, solvência e flexibilidade financeira;
• a taxa de conversão de lucro em caixa;
• a performance operacional de diferentes empresas,por eliminar os efeitos de distintos
tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;
22
• o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;
• os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimentos e de
financiamentos;
• programação dos ingressos e dos desembolsos de caixa, de forma criteriosa, permitindo
determinar o período em que deverá ocorrer falta de recursos e o montante, havendo tempo suficiente para
as medidas necessárias;
• determinar quanto de recursos próprios à empresa dispõe em dado período, e aplica-los de
forma mais rentável, bem como analisar os recursos de terceiros que satisfaçam as necessidades da
empresa etc.
Requisitos para que o fluxo de caixa cumpra a sua finalidade:
• evidenciar o efeito periódico das transações de caixa segregadas por atividades
operacionais, atividades de investimentos e atividades de financiamentos, nesta ordem;
• evidenciar separadamente, em notas explicativas que façam referência à Demonstração do
fluxo de caixa, as transações de investimento e financiamento que afetam a posição patrimonial da
empresa, mas não impactos diretamente os fluxos de caixa do período;
• reconciliar o resultado líquido (lucro/prejuízo) com o caixa líquido gerado ou consumido
nas atividades operacionais.
Movimentações no fluxo de caixa por atividade:
Atividades operacionais:
Atividades relacionadas com o fim pretendido pela empresa, envolvendo a produção e
entrega de bens e serviços e fatos que não sejam definidos como atividades de investimento e
financiamento.
Entradas:
• recebimento pela venda de produtos e serviços a vista, ou das duplicatas correspondentes
no caso no caso de vendas a prazo. Recebimento decorrente dos descontos das duplicatas emitidas contra
as vendas a prazo efetuadas, de curtos e longos prazos, em bancos;
• recebimento de juros sobre empréstimos concedidos e sobre aplicações financeiras em
outras sociedades;
• recebimento dividendo pela participação no patrimônio de outras empresas;
• outros recebimentos que não se originaram de transações definidas como atividades de
investimentos e financiamentos. Exemplos: recebimentos decorrentes de sentenças judiciais, indenizações
por sinistros, exceto aquelas diretamente relacionadas a atividades de investimento ou financiamento,
como por exemplo: sinistro em uma edificação e reembolso de fornecedores.
Saídas:
• pagamentos a fornecedores referentes ao suprimento de matéria-prima para a produção e
revenda de bens. Pagamento do principal dos títulos de curto e longo prazo referente a compras a prazo.
Pagamentos aos fornecedores de outros insumos de produção,incluídos os serviços prestados por terceiros;
• pagamento dos tributos de competência Federal, Estadual e municipal;
• pagamento das despesas financeiras decorrentes dos financiamentos.
23
Atividades de Investimento:
Atividades relacionadas com o aumento e diminuição dos ativos de longo prazo que a
empresa utiliza para produzir bens e serviços. Concessão e recebimento de empréstimos,aquisição e venda
de instrumentos financeiros e patrimoniais de outras entidades e a aquisição e alienação de imobilizado.
Entradas:
• recebimento do principal dos empréstimos concedidos ou da venda desses ativos a outras
entidades, exceto ativos financeiros classificados como equivalentes - caixa.
• recebimento pela venda de títulos de investimento a outras entidades;
• recebimento pela venda de participações em outras empresas;
• recebimento pelo resgate de participação pelas entidades investidas;
• venda de ativos fixos utilizados na produção.
Saídas:
• desembolso dos empréstimos concedidos pela empresa e pagamento pela aquisição de
títulos de investimento de outras entidades;
• pagamento pela aquisição de títulos patrimoniais de outras empresas;
• pagamento pela compra no ato ou em data próxima de ativos fixos utilizados na produção.
Atividades de Financiamentos:
Atividades relacionadas com os empréstimos de credores e investidores, obtenção de
recursos dos sócios e o pagamento a estes de retorno sobre seus investimentos ou do próprio reembolso do
investimento.amortização ou liquidação de empréstimos, obtenção e pagamento de recursos externos de
longo prazo.
Entradas:
• venda de ações emitidas;
• empréstimos obtidos de curto e longo prazo;
• recebimento de contribuições, de caráter permanente ou temporário, que, por expressa
determinação dos doadores, têm a finalidade estrita de adquirir, construir ou expandir a planta instalada, aí
incluídos equipamentos ou outros ativos de longa duração necessária à produção.
Saídas:
• dividendos pagos ou outras distribuições aos sócios, incluindo o resgate de ações da
própria empresa;
• pagamento dos empréstimos obtidos, excetuando os juros;
• pagamento do principal referente ao ativo fixo adquirido a prazo.
Modelo de Fluxo de caixa
Existem diversos modelos de fluxos de caixa; cada empresa, dependendo de suas atividades
e tamanho, deverá optar por um deles. Para um eficiente fluxo de caixa a empresa deverá elaborar o mais
detalhado possível, isto é, mais especificado, porque terá o maior controle das entradas e saídas de caixa,
podendo tomar ações corretivas ou saneadoras.
MODELO
ITENS
1-INGRESSOS
venda a vista
cobrança em carteira
cobrança bancária
descontos de duplicatas
vendas de itens do
permanente
JAN
ativo
FEV
TOTAL
24
aluguéis recebidos
aumento do capital social
receitas financeiras
outros
SOMA
2-DESEMBOLSOS
compra a vista
fornecedores
salários
compras de itens do ativo
permanente
energia elétrica
telefone
manutenção de máquinas
despesas administrativas
despesas com vendas
despesas tributárias
despesas financeiras
outros
SOMA
3-DIFERENÇA (1-2)
4-SALDO
INICIAL
DE
CAIXA
5-DISPONIBLIDADE
ACUMULDA(+/- 3+4)
6-NÍVEL DESEJADO DE
CAIXA
7-EMPRÉSTIMOS
A
CAPTAR
8-APLICAÇÕES
NO
MERCADO FINANCEIRO
9-AMORTIZAÇÕES
DE
EMPRÉSTIMOS
10-RESGATES
DE
APLICAÇÕES
FINANCEIRAS
11-SALDO
FINAL
DE
CAIXA
Descrição dos itens:
• Ingressos:
Entradas de caixa e bancos, vendas à vista, ou vendas a prazo que necessitam de mapas
auxiliares de recebimentos normais (cobranças simples e bancária), ingressos por aumento de capital,
descontos de duplicatas, vendas do ativo permanente, aluguéis recebidos e receitas financeiras.
• Desembolsos:
Compras à vista e a prazo que necessitam de mapas auxiliares para posterior fluxo de caixa,
pagamento de salários, encargos sociais, serviços terceirizados, despesas indiretas de fabricação, despesas
operacionais, compra de itens do ativo permanente.
Desembolsos são todas as operações financeiras decorrentes de pagamentos gerados pelo
processo de produção, comercialização e distribuição de produtos e serviços.
25
Diferença do período:
É a comparação entre os ingressos e desembolsos do período, podendo ser positiva,
negativa ou nula.
Saldo inicial de caixa:
É o saldo de caixa final do período anterior.
Disponibilidade acumulada:
É o resultado da diferença do período, mais o saldo inicial de caixa.
Nível desejado de caixa:
É o disponível para o período seguinte em função do volume de ingressos e desembolsos
futuros.
Empréstimos ou aplicações de recursos:
Apurando o saldo da disponibilidade, poderemos captar empréstimos para suprir a
necessidade de caixa, ou aplicar no mercado financeiro se houver excesso de caixa.
Amortizações ou resgates das aplicações:
Quando acontecer às liquidações de empréstimos haverá o desembolso, e os resgates das
aplicações constituem-se os recebimentos.
Saldo final:
É o saldo desejado de caixa para o período.
2.7 Padronização das demonstrações financeiras
Neste mundo competitivo as empresas procuram analisar os seus concorrentes e alguns
problemas são enfrentados quando comparam as demonstrações financeiras de uma empresa com as outras
empresas similares. Vejamos por exemplo: duas empresas de tamanho diferente, a Ford e a GM, são
competidoras, mas a GM é muito maior (em termos de ativos), portanto, difícil de compara-las
diretamente. Mesmo comparando as demonstrações financeiras de diferentes períodos de uma empresa,
haveria problemas caso esta empresa ampliasse o seu tamanho. Outro problema enfrentado é quando
comparamos demonstrações financeiras em moedas diferentes, como por exemplo: comparar
demonstrações financeiras elaboradas em dólares e em reais.
2.7.1 Método de padronização
Existem vários métodos de padronização, abordaremos um método comum e útil, que é
traduzir os valores monetários em porcentagens.Quando realizamos este método chamamos de
demonstrações financeiras de tamanho comum.
Demonstrações financeiras de tamanho comum representam a padronização das contas em
termos percentuais, sendo as contas do Balanço Patrimonial exibidas como porcentagens do ativo e
passivo, e as contas do Demonstrativo do Resultado do Exercício como porcentagens das vendas.
2.7.2 Análise dos demonstrativos financeiros
26
Objetivos: fornecer informações numéricas de dois ou mais períodos , de modo a
auxiliar ou instrumentar acionistas, administradores, fornecedores, clientes, governo , instituições
financeiras, investidores e outras pessoas físicas ou jurídicas interessadas em conhecer a situação da
empresa ou para tomar decisões.
Aspectos que podem não estar evidenciados pela análise.
a) capacidade ociosa de máquinas e equipamentos: fato que, numa simples análise de demonstrativos,
pode ficar encoberto.
b) análise de tendências: comparação entre os resultados obtidos nas análises de diversos períodos visando
obter a tendência do resultado em epígrafe.
Exemplo:
taxa de lucratividade
Empresas:
X1
X2
X3
X4
A
20% 17% 13% 10%
B
2%
4%
7%
8%
Nota: se a tendência dos números continuar a situação da empresa B em um ou dois anos
estará melhor do que a empresa A .
c) comparações: com outras empresas do mesmo ramo e porte e com índices padrão estabelecidos pela
média dos índices das empresas do mesmo ramo ou porte.
Objetivo: verificar se o índice obtido pela empresa está na média, abaixo ou acima dela.
Cuidados na análise.
A análise deve ser entendida dentro de suas possibilidades e limitações. De um lado, mais
aponta problemas a serem investigados do que indica soluções, de outro, desde que convenientemente
utilizada pode transformar- se num poderoso “painel de controle “da administração.
Para isso, é necessário atentar para os seguintes detalhes:
a) registros contábeis da empresa devem ser mantidos com esmero;
b) ainda que o departamento de contabilidade da empresa realize um grande esforço para
manter os registros de forma correta, é altamente desejável que os relatórios financeiros sejam auditados
por auditor independente ou, pelo menos, tenha havido uma minuciosa revisão por parte da auditoria
interna.
c) é preciso tomar muito cuidado na utilização de valores extraídos de balanços iniciais e
finais, principalmente na área de contas a receber e estoques , pois muitas vezes tais contas, nas datas de
balanço , não são representativas das médias reais de período.
d) os demonstrativos objetos de análise devem ser corrigidos tendo em vista as variações do
poder aquisitivo da moeda.
e) a análise de balanço limitada a apenas um exercício é muito pouco reveladora, salvo nos
casos de quocientes de significação imediata.
Adicionalmente é necessário comparar nossos quocientes e tendências com:
1) quocientes dos concorrentes;
2) metas previamente estabelecidas pela administração ( quocientes padrão).
Limitações da análise financeira
Além das já comentadas, a análise realizada levando-se em conta apenas valores de balanço
e de outros demonstrativos contábeis ainda tem uma limitação adicional, que é a de não utilizar
quantidades ou unidades físicas, juntamente com valores.
Na análise de eficiência e produtividade, bem como de certas relações que envolvem
valores e quantidades, muitas informações úteis podem ser extraídas. Os bancos norte-americanos , por
27
exemplo, costumam publicar relações entre volume de depósitos e número de empregados, entre valor
dos empréstimos concedidos e número de mutuários etc. certos padrões comparativos de eficiência podem
ser daí retirados. Assim , sabe-se que, em média, um banco de certo porte não deveria Ter mais do que X
empregados por $ milhão de depósitos, e assim por diante.
Informações em unidades físicas são freqüentemente tão ou mais importantes do que em
valores, ou pelo menos realçam a utilidade dos quocientes quando relacionamos quantidades com valores.
Uma área que deve merecer a análise à parte é a de fluxo de capital de giro líquido e fluxo
de caixa. A análise quantitativa e qualitativa das fontes e usos de capital de giro líquido pode fornecer
muitas indicações úteis para otimizar a estrutura financeira de capital no médio e longo prazo. Da mesma
forma, uma análise do fluxo de caixa, principalmente o projetado, auxilia a desvendar os períodos em que
se torna necessário reforço de caixa ou em que devemos aplicar recurso ociosos.
Análise segundo a estrutura do Balanço Patrimonial
O número de combinações possíveis com os dados dos demonstrativos contábeis é imenso.
Alguns quocientes especiais terão interesse em casos específicos. Por exemplo, num banco , talvez seja de
interesse relacionar os depósitos a prazo fixo com os depósitos sem juros. As possibilidades são inúmeras
.Todavia , consideramos que, num grande número de situações , os quocientes vistos servem às finalidades
essenciais de uma análise de balanço, principalmente numa empresa industrial ou comercial.
Interpretação em conjunto dos quocientes: Este é um dos aspectos básicos da análise de
balanço. Nenhuma fórmula ou receita de bolo ou quadro especial, irá substituir o julgamento e a arte de
cada analista, em cada caso. O que pode formar , através da apreciação conjunta dos quocientes, o mais
das vezes, é uma opinião de conjunto , mais do que um veredicto.
Providências para análise conjunta dos quocientes :
1) Antes mesmo de iniciar a análise de balanço , conheça intimamente a empresa que
pretende analisar, o produto que transaciona, a função produção da empresa, se existem operações típicas
de financiamento etc. É necessário , portanto, conhecer bem as características operacionais da empresa, as
formas peculiares de financiamento, a característica dos estoques, o tipo de máquinas e equipamentos
utilizados etc.
2) Colecione todos os quocientes calculados e faça a análise:
a) individual: anote sua avaliação de cada quociente individualmente compare com
o quociente análogo médio do setor.
b) por grupos: análise de liquidez, do endividamento, da rentabilidade e de outros
quocientes de interesse.
2.7.3 Análise vertical
Objetivo: medir percentualmente cada componente em relação ao todo do qual faz parte, e
fazer as comparações caso existam dois ou mais períodos.
Este tipo de análise é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua
evolução no tempo.
Exemplo:
A Empresa Fama apresentava a evolução dos grupos do ativo em relação ao ativo
total (valores expressos em moeda constante)
1996 %
1997 %
1998 %
1999 %
disponibilidade
20
15
10
8
28
duplicatas a Receber (CP)
estoque
duplicatas a Receber (LP)
imobilizado
investimentos
diversos
totais
90
60
10
150
5
3
338
85
80
20
200
15
5
420
20
110
25
250
15
10
440
22
130
30
300
30
12
532
Conclusões sobre a análise:
Dentre os grandes itens, nota-se diminuição da participação do disponível sobre o ativo
total, o que pode ser ótimo indício. Os estoques sofrem acréscimo de 18 para 19 %, e para 25 % em 1998,
decrescendo ligeiramente sua participação em 1999, no nível de 24 %, porém acima do nível inicial. Seria
preciso investigar o porquê disso e com quais fundos foi aumentada a participação dos estoques. Em parte
, talvez isso tenha sido possível pela melhor administração do disponível.
O que ocorre com os recebíveis a curto prazo: diminuem bastante de 1996 a 1997, passando
de 27% para 20%. Sofrem decréscimo brutal em 1998, o qual deverá ser investigado quanto às verdadeiras
causas. Entretanto, mantêm-se baixos em 1999. Estes dois últimos valores podem ser indicativos de que a
empresa praticamente não vendeu a prazo (ou de outros fatores). De qualquer forma, pode ser altamente
positiva a diminuição percentual dos disponíveis e recebíveis sobre o ativo total.
Em compensação, a empresa conseguiu transferir recursos maciços para investimentos em
imobilizado. Este aumentou sua participação de 44% , em 1996, para 48%, em 1997, e 57%, em 1998,
mantendo–se praticamente estável em 1999. A empresa está, talvez, queimando saldos em dinheiro e
recebíveis para investir em estoque e imobilizado. Seria, por outro lado, necessário analisar a composição
das fontes de recursos para se ter uma idéia melhor do que ocorreu. Se esta análise revelar, por exemplo,
que o endividamento de longo prazo não se alterou muito e que não houve acréscimos de capital por
subscrição, efetivamente a expansão do imobilizado pode Ter sido obtida às custas de uma retração do
capital de giro líquido. É necessário analisar como se comportar o exigível a curto prazo. É provável que
tenha pelo menos mantido, se não aumentou (dadas as hipóteses de não crescimento do endividamento a
longo prazo e do capital), sua participação. Será necessário analisar mais adequadamente a situação de
liquidez e sua tendência.
No demonstrativo de resultado, a análise vertical pode ser até de maior utilidade.
Exemplo: DRE da Empresa Fama
1993 %
1994 %
vendas
385
520
CMV
193
244
lucro bruto
192
276
despesas. Operacionais
123
178
salários
80
115
depreciações
10
15
impostos
8
12
outras
25
36
lucro operacional
69
98
despesas. Não operacionais.
10
36
lucro antes ir
59
62
provisão p/ ir
19
22
lucro líquido
40
40
A análise vertical é extremamente reveladora, neste caso. Verifica-se que até o item lucro
operacional a empresa manteve e até melhorou o desempenho em relação a 1993. De fato o custo das
vendas que representava 50% das mesmas diminuiu para 47%, aumentando, portanto, a participação do
lucro em vendas. Entretanto, verifica-se acréscimo percentual das despesas operacionais, as quais passam
de 32% para 34%.Interessante notar que, dentro do grupo despesas operacionais, seus componentes
29
individuais mantêm as participações com relação ao total de despesas operacionais. Por algum motivo,
a empresa não conseguiu controlar as despesas operacionais ao mesmo nível percentual de 1993, com
relação as vendas. Isto foi quase o suficiente para anular a vantagem obtida no custo das vendas.
No item despesas não operacionais verifica-se o fator primordial que fará o desempenho da
empresa empobrecer, pelo menos no que se refere o DRE. Passaram de 3% para 7% das vendas, mais alta,
embora não alarmante. Em conseqüência da piora no item despesas não operacionais, todos os demais
relacionamentos se deterioram. De um lucro líquido de 10% sobre as vendas passamos para 8%, embora
em valores absolutos permaneçam iguais.
2.8 Análise Horizontal
A finalidade principal da análise horizontal é apontar o crescimento de itens dos balanços e
das demonstrações de resultado(bem como de outros demonstrativos) através dos períodos, a fim de
caracterizar tendências.
Análise horizontal na DRE
Exemplo:
1991
1992
VENDAS
100
107
CMV
70
76
30
31
32
1993
115
83
32
1994
123
91
33
1995
132
99
LB
A tabela de análise horizontal sempre é realizada em termos de índices. o índice do ano
estabelecido como base é l00 e os valores dos anos seguintes são expressos em relação ao índice base,
100. Assim procedendo, os índices seriam:
VENDAS
CMV
1991
100
100
1992
107
109
1993
115
119
1994
123
130
1995
132
141
Nota-se que o custo das vendas está crescendo mais rapidamente do que vendas. Isto levou
a estagnação do Lucro Bruto. Se calcularmos a taxa implícita média (composta) de crescimento anual das
duas séries, veremos que vendas cresce cerca de 7%, ao passo que custo das vendas cresce 9%.
A análise horizontal aplicada a itens do balanço tem o mesmo significado que a aplicada a
itens do DRE. Trata-se de discernir o ritmo de crescimento dos vários itens. Alguns itens , como, por
exemplo , o disponível, desejamos controlá-los de maneira especial. Todavia, frequentemente a análise
horizontal ganha sentido apenas quando aliada à vertical. O disponível pode Ter crescido em valores
absolutos, mas sua participação percentual sobre o ativo circulante ou total pode Ter-se mantido constante
ou até Ter diminuído por causa do aumento do giro e das dimensões da empresa. A análise horizontal e a
análise vertical devem ser utilizadas conjuntamente.
Análise Horizontal ( análise de tendência)
A observação de uma sequência de um mesmo índice ou de uma sequência de valores de
uma mesma conta, durante vários anos ou períodos, é denominada análise horizontal. Exemplo:
liquidez corrente
1997
1,20
1998
1,28
1999
1,37
30
Portanto, só pode existir análise horizontal se tivermos, pelo menos, índices ou valores
de dois anos. Com dados de apenas um ano não é possível fazer a análise horizontal ( neste caso faremos a
análise vertical).
2.9 Indicadores de liquidez
São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma
apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Esta capacidade de
pagamento pode ser avaliada num longo prazo, num curto prazo ou em prazo médio.
1) Índice de Liquidez Imediata= Disponibilidade
Passivo circulante
Este quociente representa o valor de quanto dispomos imediatamente para saldar nossas
dívidas de curto prazo. Considere-se que a composição etária do numerador e denominador é
completamente distinta. No numerador temos fundos imediatamente disponíveis. No denominador,
dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em 30, 60, 90, 180 e até 365 dias. Assim, a composição
mais correta seria com o valor presente de tais vencimentos, ou colocando-se no denominador o valor que
pagaríamos se nos dispuséssemos a pagar as dívidas de curto prazo hoje, de uma só vez. Provavelmente
obteríamos um desconto. Procura-se Ter uma relação disponível / passivo a menor possível, em cada data.
É claro que não podemos correr o risco de não contar com disponibilidades quando as dívidas vencerem.
2) Índice de liquidez corrente= Ativo circulante
Passivo circulante
Este quociente relaciona quantos reais dispomos, imediatamente disponíveis e conversíveis
em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice muito divulgado e
freqüentemente considerado como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa. É preciso
considerar que no numerador estão incluídos itens tão diversos como: disponibilidades, valores a receber a
curto prazo, estoques e certas despesas pagas antecipadamente. No denominador, estão incluídas as
dívidas e obrigações vencíveis a curto prazo. No quociente de liquidez é preciso, como de resto para
muitos outros quocientes, atentarmos para o problema dos prazos dos vencimentos das contas a receber e
das contas a pagar. Por outro lado, a inclusão dos estoques no numerador pode diminuir a validade do
quociente como indicador de liquidez.
É importante realçar , neste momento, dois aspectos limitativos, relativos à liquidez
corrente: o primeiro é que o índice não revela a qualidade dos itens no ativo circulante (os estoques estão
superavaliados, são obsoletos, os títulos a receber são totalmente recebíveis ?). o segundo é que o índice
não revela a sincronização entre recebimentos e pagamentos, ou seja, através dele não identificamos se os
recebimentos ocorrerão em tempo para pagar as dívidas vincendas. Assim, em uma liquidez corrente igual
a 2,5 (aparentemente boa), pode a empresa estar em crise de liquidez, pois grande parte dos vencimentos
das obrigações a curto prazo se concentram no próximo mês, enquanto a concentração dos recebimentos
ocorrerá dentro de 90 dias. Isoladamente, os índices de LC superiores a 1,0, de maneira geral são
positivos. Conceituar o índice, todavia, sem outros parâmetros, é uma atitude bastante arriscada, por isso
desaconselhável.
3) Índice de liquidez Seca= Ativo circulante - Estoques
Passivo Circulante
31
Esta é uma variante muito adequada para se avaliar conservadoramente a situação de
liquidez da empresa. Eliminando-se os estoques do numerador, estamos eliminando uma fonte de
incerteza. Por outros lado, estamos eliminando as influências e distorções que a adoção deste ou daquele
critério de avaliação de estoques poderia acarretar, principalmente se os critérios foram mudados ao longo
dos períodos. Permanece o problema dos prazos do ativo circulante (no que se refere aos recebíveis) e do
passivo circulante. Em certas situações, pode-se traduzir num quociente bastante conservador, visto a alta
rotatividade dos estoques. O quociente apresenta uma posição bem conservadora da liquidez da empresa
em determinado momento, sendo preferido pelos emprestadores de capitais.
4) Índice de Liquidez Geral = AC + RLP
PC. + ELP
Este quociente serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez) de longo
prazo do empreendimento. Mais uma vez, o problema dos prazos empobrece o sentido e a utilidade do
quociente, a não ser que seja explicitamente levado em sua devida conta. Os prazos de liquidação do
passivo e de recebimento do ativo podem ser o mais diferenciados possível, ainda mais se considerarmos
que temos passivo a ativo a longo prazo. Às vezes, acontece que os índices de liquidez corrente e seca se
apresentam como razoáveis em decorrência de vultosos empréstimos a longo prazo. Assim, ao
calcularmos o quociente de liquidez corrente, o numerador estará afetado para mais pela entrada do
disponível , ao passo que o denominador não será afetado, pois somente o passivo circulante é
considerado. Entretanto, a posição de longo prazo pode ser muito menos favorável. Se não contarmos com
grandes aplicações em valores a receber de longo prazo, a posição de liquidez no longo prazo ficará
comprometida.
2.10 Indicadores da Estrutura de capitais
Definição: É por meio desses indicadores que apreciaremos o nível de endividamento da
empresa.
Sabemos que o ativo (aplicação de recursos) é financiado por capitais de terceiros (passivo
circulante + exigível a longo prazo) e por capitais próprios (patrimônio líquido). Portanto, capitais de
terceiros e capitais próprios são fontes (origens) de recursos.
Também são os indicadores de endividamento que nos informam se a empresa se utiliza
mais de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários. Saberemos se os recursos de terceiros tem
seu vencimento em maior parte a curto prazo ou a longo prazo.
Na análise do endividamento há necessidade de detectar as características do seguinte
indicador:
a) Empresas que recorrem a dívidas como um complemento dos capitais próprios para
realizar aplicações produtivas no seu ativo. Este endividamento é sadio, mesmo sendo tanto elevado, pois
as aplicações produtivas deverão gerar recursos para saldar o compromisso assumido.
b) Empresas que recorrem a dívidas para pagar outras dívidas que estão vencendo. Por não
gerarem recursos para saldar os seus compromissos, elas recorrem a empréstimos sucessivos.
Permanecendo este círculo vicioso, a empresa será uma séria candidata à insolvência.
1) Quociente de participação de capitais
de terceiros sobre os recursos totais =
Exigível Total
CT +CP
32
Este quociente relaciona as fontes de fundos entre si, procurando retratar a posição
relativa do capital próprio com relação ao capital de terceiros. Indicam a relação de dependência da
empresa com relação a capital de terceiros. Também significa qual a porcentagem do ativo total financiada
com recursos de terceiros. No longo prazo , a porcentagem de capitais de terceiros sobre os fundos totais
não poderia ser muito grande, pois isto iria progressivamente aumentando as despesas financeiras,
deteriorando a posição de rentabilidade da empresa.
Patrimônio Líquido
2) Independência Financeira =
Ativo Total
Este quociente indica o percentual investido no ativo com recursos próprios.
CP
3) Garantia do capital próprio ao capital de terceiro=
CT
Este quociente revela a proporção dos capitais próprios em relação aos capitais de terceiros.
Tanto maior , maior a garantia dos credores que participam do financiamento do ativo.
CT
4) Quociente de capitais de terceiros/ capitais próprios =
CP
Este quociente também indica a dependência de recursos de terceiros, retrata o
posicionamento das empresas com relação aos capitais de terceiros.
Passivo circulante
5) Quociente de participação das dívidas=
CT
Este quociente representa a composição do endividamento total ou qual a parcela que se
vence a curto prazo , no endividamento total.
A empresa em franca expansão deve procurar financiá-la , em grande parte, com
endividamento de longo prazo, de forma que, à medida que ela ganhe capacidade operacional adicional
com a entrada em funcionamento dos novos equipamentos e outros recursos de produção, tenha condições
de começar a amortizar suas dívidas.
Cada empreendimento possui uma estrutura otimizante de composição de recursos e não
existem, a rigor, regras fixas. A natureza do endividamento, as taxas de juros, os riscos, quando
comparados com o retorno que tais recursos propiciam uma vez investidos, devem ser, por sua vez,
comparados com os custos alternativos da captação de capital de risco.
2.11 Indicadores do ciclo operacional
Estudaremos quantos dias a empresa demora, em média, para receber suas vendas, para
pagar suas compras e para renovar o seu estoque.
Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e de
renovação de estoque, melhor. Por outro lado, quanto mais lento for o pagamento das compras, desde que
não corresponda a atrasos, melhor
33
Observe que a soma do Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) com o Prazo
Médio de Renovação de Estoque (PMRE) aproximam-se bastante do Ciclo Operacional da empresa, já
que medimos, em média, quantos dias os estoques levam para ser vendidos, e somados ao prazo de
recebimento das vendas.
O ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a soma do Prazo Médio de
Renovação de Estoque (PMRE) com o Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) fossem igual ou
inferior ao Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC)
PMRE + PMRV < 1
PMPC
Alguns aspectos para o cálculo dos índices de Atividades:
Quando falamos em Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) não estamos
considerando apenas as vendas a prazo, mas o total de vendas. Se uma empresa vende 50% a prazo (e o
restante a vista), com prazo de faturamento em torno de 60 dias, o PMRV deverá girar em torno de 30 dias
(50% X 60 dias).
Se quisermos trabalhar com prazo médio de recebimento de vendas a prazo, teríamos
muitas dificuldades, pois nem sempre (quase nunca) encontraremos discriminados os totais das vendas a
prazo. O mesmo esquema é válido para compras.
O total de vendas a ser utilizado para o calculo do PMRV é a receita líquida, por um lado
(excluindo IPI, ICM etc.) e o total de Duplicatas a Receber, por outro (sem excluir Provisão para
Devedores Duvidosos e Duplicatas Descontadas). Assim, seremos consistentes na mesma base de cálculo.
Um problema que sempre surge para o cálculo do Prazo Médio de Pagamento de Compras
(PMPC) é o valor de Compras, já que a Demonstração do Resultado do Exercício não a destaca, mas
apenas os Custos das Vendas.
Se tratar de uma empresa comercial, tudo se simplifica. Sabemos que o Custo da
Mercadoria Vendida destacado na DRE é a soma do Estoque Inicial com as Compras do período,
deduzindo-se o Estoque Final: CMV = EI + C - EF
Utilizando os valore dos estoques indicados no Ativo Circulante em duas colunas (Estoques
Inicial e Final) e o próprio valor do CMV indicado na DRE, encontraremos o valor de compras.
Quando se tratar de uma empresa industrial, a dificuldade se acentuará, uma vez que
surgem no cálculo do Custo do Produto Vendido (publicado na DRE) os Gastos Gerais de Fabricação
(Mão-).
De -obra Direta + Outros Custos Diretos de Fabricação + (Custos Indiretos de Fabricação).
CPV = EI + C + GGF - EF.
Alguns analistas, através de diversos critérios, procuram estimar o valor de Compras para
estes casos. O ideal, sem dúvida, seria conseguir junto à empresa este dado.
Estes índices não refletem a realidade se aplicados em empresas que não têm compras e
vendas uniformes durante o ano. Em outras palavras, não é adequado para empresas com vendas sazonais
ou compras esporádicas.
Se, por um lado, vamos utilizar Vendas, Compras e Custos das Vendas (contas do DRE),
por outro, para cálculo dos prazos médios, utilizaremos Duplicatas a Receber, Fornecedores e Estoques,
respectivamente (contas do BP)
34
Existe uma relação direta entre elas:
Vendas
Receber as Vendas a Vista).
Duplicatas a Receber (não passam por Duplicata a
Compras
Fornecedores (não passam por Fornecedores as Compras a
Custo das Vendas
Estoque
Vista)
Valores médios
O saldo no final do exercício de Duplicatas a Receber (BP) representa uma parcela do total
de Vendas (DRE). Certamente, Duplicatas a Receber representam as vendas do final de ano. Atentando
para o total de vendas, notaremos que, nesta conta, estão acumuladas vendas do ano todo (e não só do
final do ano). Por isso, limitaríamos muito a qualidade do nosso índice se comparássemos as duplicatas do
final do exercício com as vendas acumuladas de todo o período, dadas às distorções causadas pela
inflação.
Por isso, no sentido de melhorar a representatividade de Duplicatas a Receber, é recomendável que se
utilizem valores médios de Duplicatas a Receber, ou seja:
Duplicatas a Receber no Inicio do Ano + Duplicatas a Receber no Final do Ano
2
1º) Prazo Médio de Recebimento de Vendas
PMRV =360 dias X Duplicatas a Receber Médias
Vendas
(indica, em média, quantos dias a
empresa espera para receber suas
vendas.)
2º) Prazo Médio de Pagamento de Compras
PMPC =360 dias X Fornecedores Médios
Compras
(indica, em média, quantos dias a empresa
demora para pagar suas compras.)
3º) Prazo Médio de Renovação de Estoques
PMRE =360 X Estoque Médios (indica, em média, quantos dias a empresa leva
Custo das Vendas
para vender o seu estoque )
4º) Posicionamento de Atividade
PA=PMRE + PMRV
PMPC
35
2.12 Indicadores do desempenho econômico
Objetivo: avaliar o rendimento obtido pela empresa em determinado período. Apreciaremos os
aspectos econômicos na análise empresarial.
A atenção estará concentrada na geração dos resultados , na demonstração do Resultado do
Exercício.
O que revelam os índices de rentabilidade:
a) os fatores determinantes do nível atual da lucratividade e de sua variação;
b) a capacidade de produzir lucro da empresa , revelando se seus investimentos estão ou
não aplicados de forma racional e eficiente;
c) o ganho obtido pela aplicações de capital efetuadas pelos proprietários , demonstrando se
os resultados obtidos são ou não compensadores.
A combinação de itens do ativo é que gera receita para a empresa. Na verdade, o ativo
significa investimentos realizados pela empresa no sentido de obter receita e, por conseguinte, lucro.
Assim, podemos obter a taxa de retorno sobre investimentos. Isto significa o poder de ganho da empresa:
quanto a empresa ganhou por real investido.
Aspectos a serem observados no cálculo da rentabilidade
Quando compararmos lucro com ativo, ou lucro com patrimônio líquido, devemos
considerar dois aspectos:
a) muitos conceitos de lucro poderão ser utilizados: lucro líquido, lucro operacional, lucro
bruto, etc. É imprescindível que o numerador seja coerente com o denominador. Se utilizarmos o lucro
líquido no numerador, utilizaremos o ativo total no denominador. Utilizando o lucro operacional no
numerador, utilizaremos ativo operacional no denominador.
b) tanto o ativo como o patrimônio líquido, utilizados no denominador para cálculo da taxa
de retorno, deverão ser o médio:
ativo médio(ativo inicial + ativo final)
2
Alguns indicadores econômicos:
1o ) Taxa de retorno sobre investimentos ( rentabilidade do ativo).
(ponto de vista da empresa)
TRI= lucro líquido
Ativo total médio
Poder de ganho da empresa.
Objetivo: demonstrar quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 1,00 de
investimento total médio.
36
2o ) Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido ( rentabilidade do Patrimônio líquido).
(ponto de vista dos proprietários)
lucro líquido
TRPL=
Patrimônio líquido médio
Poder de ganho dos proprietários.
Objetivo: indicar quanto a empresa obteve de lucro para cada R$ 1,00 de capital
próprio investido.
3o ) Margem de lucro sobre as vendas
lucro bruto
Margem bruta=
Vendas líquidas
Objetivos: indicar quanto a empresa obteve de lucro bruto para cada R$ 1,00 de vendas.
L.operacional
Margem operacional=
Vendas líquidas
Objetivos: indicar quanto a empresa obteve de lucro operacional para cada R$ 1,00 de
vendas.
Lucro líquido
Margem líquida=
Vendas líquidas
Objetivos: indicar quanto a empresa obtém de lucro líquido para cada R$ 1,00 de vendas.
4o ) Giro do Ativo
vendas líquidas
Giro do ativo=
Ativo total médio
Objetivos: determinar quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total
médio. Em outras palavras, quantas vezes o ativo “girou” ou se renovou pelas vendas.
O Modelo DU PONT.
O modelo DU PONT foi desenvolvido pela Du Pont Corporation.
Este modelo decompôs o retorno do ativo em: margem de lucro e giro do ativo.
ROA=margem de lucro x giro do ativo.
O modelo Du Pont decompôs o retorno do patrimônio líquido em três elementos a saber:
eficiência operacional( margem de lucro); eficiência da utilização dos ativos(giro do ativo total) e
alavancagem financeira( multiplicador do capital próprio).
O multiplicador do capital próprio é um índice de endividamento composto pela seguinte
fórmula: ativo total/ patrimônio líquido ou 1 + o quociente de capital de terceiros/capital próprio.
ROE=margem de lucro x giro do ativo total x multiplicador do capital próprio.
Algumas conclusões:
37
Dificuldades em termos da eficiência tanto operacional como na utilização de ativos( ou
ambas) produzirão uma diminuição do retorno do ativo,que se traduzirá em ROE mais baixo.
Os investidores e os demais interessados, freqüentemente, desejam saber o quão
rapidamente as vendas da empresa podem crescer. O fato importante a ser reconhecido é que,para as
vendas crescerem , os ativos também precisam crescer, pelo menos a longo prazo. Além disso, se os ativos
vão crescer, a empresa precisará obter de alguma maneira o dinheiro para pagar as aquisições necessárias.
Em outras palavras, o crescimento precisa ser financiado, e o corolário direto é o de que a capacidade de
crescimento da empresa depende de sua política de financiamento.
A empresa conta com duas grandes possibilidades de financiamento, interno e externo. O
financiamento interno refere-se ao que a empresa arrecada e subseqüentemente reinveste no negócio.O
financiamento externo refere-se aos fundos levantados por meio de empréstimos ou vendas de ações.
2.13 Alavancagem financeira
O Gestor de uma empresa procura a melhor estrutura de capitais (volume de capitais de
terceiros a longo prazo e o volume de capitais próprios), tem como objetivo um ponto de equilíbrio que
maximiza o retorno do capital investido pelos sócios.
A alavancagem financeira é um método que tem como objetivo calcular como o capital de
terceiros está contribuindo para a rentabilidade do negócio.Ocorre quando o capital de terceiros produz
efeitos sobre o patrimônio líquido, sendo de uma maneira favorável ou desfavorável.
As empresas deverão manter uma alavancagem favorável porque mostrará que a estrutura
de capitais está correta, caso contrário alavancagem desfavorável, deverá rever o percentual de capitais de
terceiros a longo prazo, pois há uma descapitalização.
As receitas de uma empresa são geradas pelos seus ativos, estes são financiados pelo capital
próprio e de terceiros. Como as riquezas dos proprietários aumentam? Quando o retorno sobre o
patrimônio líquido é superior o retorno dos ativos.
Cálculo:
Retorno do ativo=LDIRAJ/AT (lucro antes do imposto de renda e antes dos juros dividido
pelo ativo total)
Retorno do patrimônio líquido=LL/PL (lucro líquido do exercício dividido pelo patrimônio
líquido).
Grau de alavancagem financeira=RL/RAT
Comenta Matarazzo (1998, p.405) a fórmula completa da alavancagem financeira é a
seguinte:
GAF=RAT + (RAT-CD) X PE/PL/RAT
Simbologia:
GAF: grau de alavancagem financeira
RAT: retorno do ativo
CD: custo da dívida
PE: passivo exigível
38
PL: patrimônio líquido
2.14 Análise de Investimentos
As empresas procuram realizar investimentos para suprir suas necessidades e criar valor
para os proprietários. Vamos tratar de quais ativos fixos devemos comprar? Esta decisão é chamada de
orçamento de capital. A decisão de alocação ou aplicação é muito complexa, porque surgi várias questões
como: devemos ou não lançar um novo produto?, devemos ou não entrar em um novo mercado?
Verificamos a importância de orçamento de capital para a empresa, sendo o que define o rumo do negócio.
Comenta (Hirschfeld, 1992; pg.13):” Um projeto de investimentos envolve recursos
humanos, materiais e financeiros, proporcionando um processo de produção em que qualquer falha na
otimização desses recursos pode prejudicar a comunidade”.
As decisões de investimentos devem ser cuidadosamente analisadas, porque qualquer erro
pode levar a empresa ao fracasso. Os recursos utilizados são de longo prazo e seu retorno é estimado no
presente causando desta forma alguma incerteza.
As Empresas buscam alternativas, digo, técnicas para analisar os empreendimentos
potenciais e decidir quais que trarão maior retorno.
Abordaremos algumas técnicas para avaliara estes empreendimentos, conforme descrito:
1) Método do valor presente líquido (VPL):Critério de investimento que corresponde à
diferença entre seu valor de mercado e seu custo. Calcula-se o valor presente dos fluxos de caixa
futuros(estimar o valor de mercado) e comporá com o seu custo. A Empresa apresentando alternativas de
investimentos com VPL diferentes, devemos aceitar ou rejeitar?, caso o VPL for superior ou igual a zero
é o que representa maior retorno.
2) Método da taxa de retorno (TIR): É taxa de desconto que faz o VPL de um
investimento igualar a zero. Neste caso os investimentos dependem unicamente de seus fluxos de caixas, e
não de taxas oferecidas no mercado. Entre duas alternativas de investimentos com TIR diferentes, a que
apresenta a maior taxa representa o investimento que proporciona o maior retorno. Um investimento é
atraente se a TIR é maior do que o retorno exigido.
3) Método do prazo de retorno (PAYBACK): Definindo este método: é o tempo
necessário para recuperar o investimento inicial. Verificamos também quantos anos precisaremos esperar
até que os fluxos de caixa acumulados desse investimento se igualem ou superem o seu custo. Um
investimento é economicamente viável se seu período de payback for menor do que algum número
predeterminado de anos. Este método não considera o valor do dinheiro no tempo e os fluxos de caixa que
ocorrem durante a vida econômica do investimento após o período de payback.
Existem vários critérios para avaliar os investimentos que são:
a)valor presente líquido;
b)período payback;
c)retorno contábil médio;
d)taxa interna de retorno;
e)índice de rentabilidade.
Analisamos três critérios e quais destes é a melhor técnica? O payback não considera o valor do dinheiro
no tempo e os fluxos de caixa que ocorrem durante a vida econômica do investimento. Quanto ao VPL e a
TIR?
39
Segundo Gitman (1997, p.339) “em uma perspectiva teórica o VPL é a melhor técnica de
análise de orçamento de capital. Essa superioridade teórica deve-se a vários fatores. O mais importante é
que o uso do VPL supõe, implicitamente, que todas as entradas de caixa intermediárias geradas pelo
investimento sejam reinvestidas ao custo de capital da empresa. O uso da TIR supõe um reinvestimento a
uma taxa freqüentemente elevada, dada pela TIR. Já que o custo de capital tende a ser uma estimativa
razoável da taxa à qual a empresa poderia reinvestir hoje suas entradas de caixa intermediárias, o uso do
VPL com sua taxa de reinvestimento mais conservadora e realista é teoricamente preferível. Além disso,
certas propriedades matemáticas podem fazer com que projetos com fluxos de caixa não convencionais
apresentem mais uma TIR ou nenhuma. Esse problema não ocorre quando se usa o método do VPL. Em
uma perspectiva prática, as evidências sugerem que, a despeito da superioridade teórica do VPL, os
administradores financeiros preferem usar a TIR. Essa preferência é atribuível à aceitação, por parte dos
empresários, de taxas de retorno, ao invés de valores monetários. Uma vez que taxas de juros, medidas de
lucratividade e outras são, em geral, expressas como taxas anuais de retorno, o uso da TIR faz sentido para
os responsáveis pelas decisões nas empresas”.
2.15 Análise do capital de giro
Conceito de necessidade de capital de giro: É a análise financeira da empresa, ou seja,
análise de caixa, mas prestando informações de financiamento, crescimento e lucratividade.
Cálculo: É a diferença entre aplicações de recursos e as origens de recursos operacionais de
curto prazo, ou seja, Ativo circulante operacional menos passivo circulante operacional.
NCG=ACO – PCO
A necessidade de capital de giro em uma empresa poderá ocorrer nas seguintes situações:
Quando o ativo circulante operacional for maior que o passivo circulante operacional há
uma NCG, e a empresa deverá procurar fontes de financiamentos.
Quando o ativo circulante operacional for igual ao passivo circulante operacional não há
necessidade de financiamento de giro.
Quando o ativo circulante operacional for menor que o passivo circulante operacional,
mostra que tem mais financiamentos operacionais do que investimentos operacionais, que poderão ser
aplicados no mercado financeiro ou outra aplicação.
Para atender a necessidade do capital de giro a empresa busca financiamentos que podem
ser:
a)capital circulante próprio;
b)empréstimos e financiamentos de longo prazo;
c)empréstimo de curto prazo e duplicatas descontadas.
A necessidade do capital de giro está diretamente relacionada ao ciclo de caixa, que pode
ser calculada somando o prazo médio de renovação de estoque e prazo médio de recebimento de vendas
menos o prazo médio de pagamentos das compras.
40
Explica Matarazzo (1998, p.348): a necessidade de capital de giro é o produto do ciclo de
caixa e das vendas líquidas diárias acrescido do resultado da diferença entre outros ativos circulantes
operacionais e os passivos circulantes operacionais. A fórmula é:
NCG=CC X VD + A (ajustes).
CC (ciclo de caixa) = prazo médio de renovação de estoque + prazo médio de recebimento
de vendas – prazo médio de pagamento de compras.
VD (vendas diárias) = receita líquida de vendas anual/360.
A (ajuste) = diferença entre outros ativos e passivos operacionais distintos de clientes,
estoques e fornecedores.
Ativo operacional = aplicações de recursos às atividades operacionais (estoques, créditos a
receber de clientes, adiantamentos a fornecedores, a funcionários e ao governo, sendo, os adiantamentos
ao governo relacionados sobre vendas).
Passivo operacional = origens de recursos não onerosos restritamente operacionais
(fornecedores, salários a pagar, impostos e contribuições a pagar sobre vendas e contas a pagar
administrativas).
2.16 Demonstrações Contábeis projetadas
As projeções dos demonstrativos contábeis têm seu fundamento na estrutura do lançamento
contábil e no inter-relacionamento desses demonstrativos, principalmente entre o balanço patrimonial e o
demonstrativo do resultado do exercício.
Para realizar as projeções dos demonstrativos contábeis é necessário utilizar do instrumento
de simulação, que permitirá uma maior abrangência e complexidade, bem como a possibilidade de
incorporação de condições probabilísticas e aleatórias.
Os demonstrativos contábeis projetados deverão no mínimo ser mensal, para uma projeção
anual é necessária a repetição da projeção para os 12 meses.
2.16.1 Fundamentação
A projeção dos demonstrativos contábeis fundamenta-se em um balanço patrimonial inicial,
a demonstração do resultado do exercício, o balanço final após a demonstração do resultado do exercício e
a demonstração do fluxo de caixa.
2.16.2 Modelo
As empresas deverão trabalhar com o modelo que melhor se adapte a sua estrutura.
Apresentamos um modelo em colunas, para facilitar o trabalho.
COLUNA 1
COLUNA 2
COLUNA 3
Balanço
Demonstração
do Balanço
Patrimonial inicial Resultado do exercício Patrimonial Final
COLUNA 4
Fluxo de caixa
Exemplo:
A empresa FAMA S/A vende R$528.000,00 no mês e tem uma carteira de clientes com
prazo médio de recebimento de 40 dias.O Saldo inicial de clientes é de R$612.000,00:
Resolução:
41
a)coluna 1-balanço patrimonial inicial
R$612.000,00
b)coluna 2-demonstração do resultado
R$528.000,00
c)coluna 3-balanço patrimonial final R$704.000,00 (R$528.000,00 : 30 dias x 40 dias
(PMRV)).
d)coluna 4-fluxo ce caixa (a+b-c)
Clientes
COLUNA 1
Balanço
Patrimonial
inicial
612.000,00
COLUNA 2
Demonstração
Resultado
exercício
528.000,00
R$436.000,00
COLUNA 3
do Balanço
do Patrimonial
Final
704.000,00
COLUNA 4
Fluxo
de
caixa
436.000,00
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