Jussara Isabel da Silva

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FILOSOFIA PARA CRIANÇAS – UMA ABORDAGEM A PARTIR DA INVESTIGAÇÃO
DIALÓGICA E DA PEDAGOGIA DO CORPO
Antônio Márcio Dutra Barbosa
Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil
Jussara Isabel da Silva
Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil
RESUMO:
Neste artigo buscamos elaborar um projeto sobre docência de Filosofia para crianças. Partimos com
a ideia de gênese para tal modo de se fazer Filosofia, isto é, trazendo dos estudos do professor
estadunidense Matthew Lipman as contribuições fundamentais e necessárias, ao nosso ver, para a
empreitada à qual pretendemos contribuir. Além das bases epistemológicas de Lipman, aliamos a
chamada Investigação Dialógica, método proposto pelo Professor Juarez Sofiste, que ao ir até os
escritos de Sócrates dá uma boa percepção de como pode-se fazer Filosofia, a saber, filosofar,
mesmo com crianças ou demais pessoas que não acadêmicos de Filosofia. Na nossa proposta de
Filosofia para Crianças, centrada na ideia de Investigação Dialógica, entendemos ser interessante
uma aliada que venha a estabelecer um elo que torna possível esse tipo de conduta para o filosofar
com as habilidades e requerimentos cognitivos médios de crianças com as idades entre 6 e 9 anos,
faixa etária a qual vamos nos deparar na educação básica (Ensino Fundamental). A aliada em
questão é a chamada Pedagogia do Corpo, que vem fundamentar as atividades com boa qualidade
lúdica, onde jogos, imagens e sons permitem uma melhor absorção por parte dos educandos à
interação do ambiente de investigação.
Palavras-chave:
Filosofia para Crianças. Investigação Dialógica. Pedagogia do Corpo. Matthew Lipman
ABSTRACT:
In this article we seek to develop a project on philosophy teaching for children. We start with the
idea of genesis for such a way of doing philosophy , that is, bringing the studies of american
professor Matthew Lipman fundamental and necessary contributions , in our view, for the contract
to which we intend to contribute . In addition to the epistemological foundations of Lipman, we
combine the call Dialogical Investigation, method proposed by Professor Juarez Sofiste that to go to
the writings of Socrates gives a good insight into how one can make philosophy , namely
philosophizing , even with children or other people who do not academic philosophy . In our
proposal for Philosophy for Children , centered on the idea of Dialogical Investigation, we believe it
is interesting an ally that will establish a link that makes it possible to conduct this kind of
philosophizing with the skills and cognitive average requirements of children with ages between 6
and 9 years age group which we find ourselves in basic education ( primary education ) . The ally in
question is called the Pedagogy of the Body , which comes with good support activities playful
quality where games, pictures and sounds allow for better absorption by the students to the
interaction of the research environment.
Key-words:
Philosophy for childrens. Dialogical Investigation. Pedagogy of the body. Matthew Lipman
FILOSOFIA PARA CRIANÇAS – UMA ABORDAGEM A PARTIR DA INVESTIGAÇÃO
DIALÓGICA E DA PEDAGOGIA DO CORPO
II SIfpe, outubro de 2015
1. INTRODUÇÃO
No presente artigo estudaremos e procuraremos esclarecer algo que para nós é de
extrema necessidade e pode ser um divisor de águas no pensar a Filosofia e no padrão de
Ensino Fundamental em que as crianças se veem por vezes entediadas e sem muita atração
por ir à escola e com uma certa dificuldade em estabelecer laços com as disciplinas
estudadas, mesmo que apenas o letramento e a iniciação matemática.
Ao elencar alguns pontos da História da Filosofia é possível notar que, embora não
pareça, a Filosofia não é uma exclusividade de acadêmicos ou iniciados. Sócrates nos traz a
mente algo muito importante, aprende-se por meio de questionamentos, a chamada
Maiêutica, ou parto das ideias, é um resultado da arte de perguntar.
Com uma observação interessante sobre a realidade da educação dos EUA nos anos
da década de 1950, Matthew Lipman sentiu que algo faltava a mesma, e então fundou uma
instituição e lançou um programa que viria a ser um marco para a proposta de Filosofia
para Crianças.
O professor Juarez Sofiste contribui com a proposta de Filosofia para Crianças com
um método intitulado ‘Investigação Dialógica’. Onde há um processo de argumentação,
escuta ao outro e porque não, de diversão para as crianças.
Aliado as ideias de Sofiste achamos adequado um grande foco no lúdico e com
bastante ênfase nos sentidos, ou seja, uma Pedagogia do Corpo.
2. AS POSSIBILIDADES DA FILOSOFIA
Tida sempre como uma disciplina acadêmica ou mesmo área do conhecimento de
rigoroso trato, tendo em conta sua alta complexidade e aprofundamento de difícil método,
sobre absolutamente tudo e todas as coisas, e aliás, sobre o que são as coisas, e o que é ela
própria. Assim é a Filosofia, o “amor pela sabedoria”, a vontade de saber ou o ‘tesão’ como
diz o Professor Juarez Sofiste. O ‘tesão’ em questão retrata bem o que é a busca pelo saber
(o filosofar), se entendermos etimologicamente que os vocábulos saber e sabor, sapere e
sapore, tem a mesma raiz gramatical. Já o ‘tesão’ pode ser entendido como vontade
exacerbada, uma grandiosa atração.
filosofia para crianças – uma abordagem a partir da investigação dialógica e da pedagogia do corpo
Por meio da atração ao saber, vultos que tiveram seu nome marcado na história
universal por razão de suas contribuições e conceituações no campo da Filosofia, fizeram o
que ela é hoje. E aí que entra uma séria questão que nos intriga e por que não, nos leva a
refletir, e mesmo a filosofar. Pode a Filosofia ser feita fora da Academia? Seria isso uma
‘heresia’?
É necessário antes colocar que o objetivo não é o de tirar a Filosofia das
universidades, ou simplesmente supor isso, tendo em vista que as aproximações das ‘filhas,
netas e ...’ como a Teologia ou as Teologias (que são várias e de variadas formas de ser) e
demais outros ramos de estudos, que são muitos, e que tendem a cada vez mais buscar se
legitimar como disciplinas/áreas do conhecimento acadêmico.
O nosso objetivo é, antes, expor que para filosofar não é necessário ser um
estudante ou pesquisador de Filosofia, acadêmica e legalmente reconhecido. Para esclarecer
mais sobre o que isso representa é bom lembrarmos ou procurarmos ter um primeiro
contato com um dos fundadores da Filosofia e um grande teórico da metodologia a que
propomos como o que vem a ser o filosofar.
Sócrates - natural de Atenas, nascido em 470 ou 469 Antes da Era Comum e morto
em 399 AEC – demonstrou que para filosofar é necessário dialogar, e ele com toda sua
capacidade intelectual permitia-se ao diálogo, dando assim aos estudantes atenienses uma
oportunidade de construção teórica, construção de pensamentos e reflexões plausíveis e
com boa e forte argumentação.
Sócrates interessava-se por extrair dos estudantes com os quais dialogava uma
importante característica, a ‘arte de perguntar’. É da questão que surge toda oportunidade
de abertura ao conhecimento, e onde vemos na atualidade de nossos dias mais surgir
questionamentos? Com os estudantes de uma graduação ou pós-graduação de Filosofia ou
com as crianças?
Se é ‘natural’ para as crianças um questionamento frequente perante as coisas, o que
temos de fazer é auxiliá-las nesse processo de - descoberta do mundo -, aliás, esse é um
processo ao qual só o paramos (ou somos parados) quando temos interrompida nossa
consciência, isto é, quando morremos.
II SIfpe, outubro de 2015
Quando Sócrates desenvolve seu método, a Maiêutica, que leva e induz o outro a
por seu autorraciocínio chegar a um conhecimento, ou mais especificamente a solução para
sua dúvida.
[...]o ensino da filosofia em Sócrates não está separado do fazer filosofia.
Não existe, portanto, dicotomia entre o ensinar e o fazer filosofia, ensinar
fazendo e fazer ensinando é a novidade da pedagógica socrática. [...]a
docência de filosofia ao modo socrático proporciona o exercício da
racionalidade filosófica, isto é, o colocar em ação as habilidades e
competências, tais como investigar, raciocinar, conceituar, interpretar.
(SOFISTE, 2007, p. 45)
3. UMA RÁPIDA ANÁLISE DA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS
A ideia de uma Filosofia para Crianças surge quando um estadunidense, professor
universitário de Filosofia e Civilização Contemporânea, de nome Matthew Lipman ao se
deparar com a situação da educação em seu país e dela extrair uma certa preocupação
quanto à sua precariedade em se tratando de uma grande falta de estimulo aos educandos
para a formação de um pensamento reflexivo, crítico, criativo e claro, filosófico.
O padrão do sistema de educação dos estadunidenses de então era aquele em que o
foco estava em preparar os indivíduos para as provas e não para adquirirem um
conhecimento para a vida, algo eficaz e não apenas uma preparação/auxílio para um
momento ou atividade em específico.
É interessante aqui expormos as dificuldades dos professores de Ensino Médio da
disciplina Filosofia nos dias atuais aqui no Brasil, já que com um grande exame-marco a se
preparar os educandos, a saber, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), estes tem de
se desdobrar para fazer da Filosofia uma ‘disciplina resumão’ de citações e conceitos de
filósofos, que muitas vezes os alunos nem os reconhecem pelas figuras/desenhos/fotos, e
dar ênfase na História da Filosofia.
Há uma grande perda de oportunidade para focar no filosofar, ou seja, em dar
oportunidade de participação aos educandos de se construírem e construir um pensamento
filosófico via diálogo e que oportunize uma abertura ao outro (alteridade), onde tem de se
ouvir e respeitar opiniões que por vezes possam ser contrárias às do próprio indivíduo, mas
filosofia para crianças – uma abordagem a partir da investigação dialógica e da pedagogia do corpo
filosofia para crianças – uma abordagem a partir da investigação dialógica e da pedagogia do corpo
que ao absorvidas servem de base para a posterior posição do portador do argumento (na
linha dialógica: tese – antítese – síntese).
Mas em meio a uma problemática similar, Matthew Lipman ao se deparar com as
situações já outrora mencionadas, refletiu sobre questões como seria possível ajudar as
crianças a pensar com maior habilidade? Eu não tinha dúvidas que as crianças pensavam
tão naturalmente como falavam e respiravam. Mas como conseguir que pensassem bem?
A partir de tais questionamentos, Matthew Lipman e dois outros professores e
pesquisadores, Ann Margaret Sharp – professora do Departamento de Fundamentos da
Educação e Frederick Oscanyan – professor especializado em Lógica, iniciaram o projeto
de Filosofia para Crianças.
De início o método era o de planejar um projeto, e então surge o Programa de
Filosofia para Crianças. Na Universidade de Montclair em 1973 é realizado o promeiro
Congresso sobre Filosofia Pré-Universitária e fundado por Lipman o Institute for
Advancement of Philosophy for Children (IAPC).
Após a estruturação do Instituto, foram estabelecidos os objetivos centrais do
projeto, a saber:

escrever e publicar o material do currículo;

organizar as pesquisas experimentais;

preparar os professores e os formadores de professores sobre a Filosofia para
Crianças de acordo com as exigências do Programa;

lutar pela inclusão da Filosofia no Ensino Fundamental.
Por meio dos manuais, Lipman começou então a confeccionar novelas filosóficas
que viriam a servir de base para os roteiros de atividades com os educandos.
Quanto às novelas filosóficas de Lipman são elas as seguintes:

REBECA – escrita pelo colaborador Ronal Reed, ela é utilizada para a
iniciação filosófica com as crianças da educação infantil. A partir de temas
como realidade e fantasia ela abre para desenvolvimento de habilidades
como: detectar semelhanças e diferenças, raciocínio hipotético, critérios de
classificação, relação de causa e efeito, relação parte e todo, esclarecimento
II SIfpe, outubro de 2015
de conceitos. Envolve-se na temática problemas filosóficos como os de
percepção, identidade, imaginação, verdade, relações entre realidade e
aparência, conhecimento, probabilidade e possibilidade, perguntas e
pensamento.

ISSAO E GUGA – para alunos das 1ª e 2ª séries do Ensino Fundamental.
Nesta novela são abordados assuntos como linguagem, o mundo e as
diferentes formas de percepção. Há questões como conhecimento humano,
preocupações com a ecologia, reflexão sobre o belo e o bom, o real e a
verdade. A ênfase na Fenomenologia da percepção é o mote central.

PIMPA – para crianças de 9 à 11 anos, tem como temática a verdade, o que é
urgente, o que é justiça, direito e dever, necessidades, regras de conduta, etc.
Tem-se temas de Metafísica, Fenomenologia e Teoria da Linguagem.

A DESCOBERTA DE ARI DOS TELLES – indicada para adolescentes de
11 a 13 anos. O principal objetivo da obra está em levar aos alunos a
aprender a pensar e a pensar sobre o pensar, proporcionar um argumento e
raciocínio estruturado, em suma as ideias lógicas. Leva a uma investigação
filosófica, onde surgem conceituações de Ontologia, Antropologia
Filosófica, Teoria do Conhecimento, Ética, Estética, Fenomenologia,
Política, Linguagem e Educação.

LUÍSA – indicada para adolescentes de 13 a 15 anos. Discute temas como:
O que é certo ou errado? O que é liberdade? O que é justo?
Tais temas levam a uma investigação ética.
4. A PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO DIALÓGICA
Dentre todas as propostas de Lipman podemos encontrar um tema central, há uma
necessidade importantíssima de levar aos educandos uma proposta de diálogo, ou uma
‘discussão dialógica’.
Como bem elaborado e documentado, a ideia de discussão dialógica em Lipman
leva a uma forma pela qual os próprios educandos construiriam o processo educacional a
que se propõe, ou seja, a construção de uma realidade educacional onde o pensamento
crianças – uma
a partir
da investigação
crítico, filosofia
criativopara
e reflexivo,
isto abordagem
é, o filosofar
esteja
presente. dialógica e da pedagogia do corpo
Quando as pessoas se envolvem num diálogo, são levadas a refletir, a se
concentrar, a levar em conta as alternativas, a ouvir cuidadosamente, a
prestar muita atenção às definições e aos significados, a reconhecer
alternativas nas quais não havia pensado anteriormente e, em geral,
realizar um grande número de atividades mentais nas quais não teria se
envolvido se a conversação não tivesse ocorrido. (LIPMAN, 1994, p. 44
apud BROCANELLI, 2010, p. 32)
Para a chamada ‘discussão dialógica’, Lipman a caracteriza de uma forma tal que
podemos colocá-la como um esboço daquilo que viria ser trabalhado por Juarez Sofiste e
depois contextualizado à realidade brasileira e sendo conceituada como Investigação
Dialógica.
Como bem descrito por Cláudio Roberto Brocanelli este é
Um meio importante para que esta metodologia funcione e que as
crianças, juntas, percebam os erros e descubram que o correto é o diálogo.
Na discussão dialógica o conteúdo é enriquecido com o surgimento de
novas ideias e a reflexão é gerada. (BROCANELLI, 2010, p. 32)
É interessante para ilustrarmos tal proposta um vínculo com a ideia de
‘Comunidade de Investigação’, um termo proposto pelo logicista Charles Sanders Peirce
em que
Originalmente foi restrito aos profissionais da investigação, científica ou
não. Portanto, na educação, a sala de aula torna-se uma Comunidade de
Investigação, na qual os alunos dividem opiniões com respeito,
desenvolvem questões a partir de ideias de outros, desafiam-se para dar as
razões de seus argumentos, enfim, é um diálogo que pretende ser
orientado por um raciocínio lógico. (BROCANELLI, 2010, p. 32)
Juarez Sofiste busca como referencial teórico para a construção de sua ‘Investigação
Dialógica’ a ‘pedagogia para docência de filosofia’ oriunda dos escritos de Sócrates.
Diálogo e investigação são os princípios pedagógicos e metodológicos
usados por Sócrates para fazer filosofia. Pelo que podemos observar, em
momento nenhum Sócrates está dando aula, portanto, se pensarmos seguir
as pegadas do mestre, precisamos, em princípios, exorcizarmos a ideia de
aula. Socraticamente falando, é um termo impróprio para o que se deve
acontecer em um encontro para se fazer, viver, aprender filosofia. Aula,
em geral, está diretamente ligada à ideia de ensino e ensino não tem
nenhuma relação com o modo socrático de filosofar. Proceder
socraticamente é negar a ensinar filosofar como um conjunto de
conhecimentos, conceitos, teorias ou história da filosofia. (SOFISTE,
2007, p.87)
Além do método proposto por Sofiste e levado como o nosso arcabouço teórico para
tal implementação da proposta de Filosofia para Criança, temos que levar em consideração
II SIfpe, outubro de 2015
a questão da necessidade de ser discutido em sala de aula todo um aspecto de História da
Filosofia e do Pensamento de uma forma mais clara, mas, a nosso ver, o aspecto do enfoque
de História da Filosofia tem de ser algo mais voltado para o Ensino Médio, e quanto à nossa
proposta é mais específica do Ensino Fundamental.
Aspectos de História da Filosofia e do Pensamento Ocidental para o Ensino Médio,
principalmente tendo em conta as exigências de preparação para o ENEM, podem ser
repartidos com outras disciplinas, como a própria História e a Sociologia. Cada qual com
temas afins, como a área de Política, Ética e Moral com a Sociologia, e os temas de História
do Pensamento com a História.
Devido às poucas horas de aula reservados para a Filosofia, o único método de
adequação para haver tempo o suficiente para os alunos dialogarem e filosofarem seria esse
tipo de adequação e suporte interdisciplinar que venha a contribuir e constituir uma
realidade que seja boa para os educandos e principalmente para, no caso em questão, as três
disciplinas.
Como colocado por Sofiste, não se pode deixar de lado o tema da História da
Filosofia, até mesmo porque é dela que se sobressai a base para identificação de
autores/filósofos e pensamento padrão na sociedade da época em que estabeleceram tais
teses e posições.
Não estamos, no entanto, negando os conhecimentos historicamente
constituídos de filosofia, ou seja, os conteúdos de filosofia. Proceder
socraticamente é negar, também, a ideia de filosofar no vazio. Propomos
os conteúdos conceitos (saberes historicamente constituídos de filosofia)
como meio para a aprendizagem do filosofar. (SOFISTE, 2007, p. 87)
5. O PROCEDIMENTO PARA A REALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO
DIALÓGICA
Na Investigação Dialógica é necessário que se mude o esquema atual que nós temos
para a Sala de Aula, aliás, o próprio termo aula deve ser deixado de lado com a nossa
proposta. O termo aluno, aquele ‘sem luz’, também é coisa do passado.
O ambiente deve ser, ao contrário das salas de aula padrão que conhecemos, algum
local em que haja bom espaço, que não haja influência visual e sonora externa, porque tais
fatores poderiam atrapalhar uma boa atividade, já que os educandos poderiam ficar
filosofia para crianças – uma abordagem a partir da investigação dialógica e da pedagogia do corpo
‘perdidos’
em meio a uma agitação.
Ao invés das tradicionais carteiras ou cadeiras e mesas em fileiras, tem-se aqui uma
ideia de sentar-se em círculo, onde todos ficam em situação à qual estejam no campo de
visão de todos, e que suas ações sejam possíveis de observação também de todos.
O professor servirá de organizador, coordenador e responsável pela direção das
ações, mas todos os participantes participam do processo de construção do conhecimento.
É o próprio ‘aluno’, ou educando – um termo que pensamos, seja mais adequado –
que planejará as ações para alcançar conhecimento. Ou seja, o professor monta o plano de
investigação, com diretrizes que possam ser ao decorrer da ação dialógica ressignificados,
mas sempre tendo em conta um mote filosófico.
Já que no caso que escolhemos como indicado para a execução da proposta é o
Ensino Fundamental em seus anos iniciais, temos por proposta uma Pedagogia do Corpo.
A ideia de Pedagogia do Corpo tem como prioridade por se tratar de crianças com
idades entre 6 e 9 anos, o que faz-se necessário uma atividade mais lúdica e com maior
participação ativa e física do educando, mas sem esquecer o importante papel do pensar e
refletir.
“A pedagogia, literalmente falando, tem o significado de “condução da
criança”. Era, na Grécia Antiga, a atividade do escravo que as conduzia
aos locais de estudo, onde deveriam receber instrução de seus preceptores.
O escravo pedagogo era o “condutor de crianças”. Cabia a ele levar o
jovem até o local do conhecimento, mas não necessariamente era sua
função instruir esse jovem. Essa segunda etapa ficava por conta do
preceptor. Quando da dominação romana sobre a Grécia, as coisas se
modificaram. Aí, os escravos eram os próprios gregos. E, nesse caso, os
escravos eram portadores de uma cultura superior à dos seus dominadores.
Assim, o escravo pedagogo não só continuou a agir como “condutor de
crianças”, mas também assumiu as funções de preceptor”.
(GHIRALDELLI JUNIOR, 1987, P. 8)
Pode-se perceber na colocação de Paulo Ghiraldelli Jr. que assim como a educação e
seus processos estão em constante mudança, o próprio papel do educador também muda.
Não é necessário que este venha a manter aquele padrão de escrever na lousa e de ficar de
pé na frente dos alunos, que em suas mesas apenas escutam (por vezes escutam, mas não
ouvem).
É necessidade de crianças com as idades mencionadas para as atividades propostas
uma maior ação física, então é importante que nas dinâmicas haja espaços de tempo e
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mesmo espaços físicos que venham a dar uma contribuição para que ocorram brincadeiras e
jogos lúdicos que tenham vínculo com a investigação que esteja sendo realizada e que não
venha a ser um motivo de dispersão dos educandos para outras atividades/brincadeiras.
Então, assim como Juarez Sofiste, optamos pela atividade de investigação dialógica,
mas com um foco na Pedagogia do corpo, para que as crianças do Ensino Fundamental
venham a filosofar.
FILOSOFAR
PROFESSOR-INCENTIVAÇÃO
EDUCANDOS- PROBLEMATIZAÇÃO
PROFESSOR- INVESTIGAÇÃO
EDUCANDOS – ARGUMENTAÇÃO
PROFESSOR – FIXAÇÃO
EDUCANDOS – CONCEITUAÇÃO
PROFESSOR E EDUCANDOS – AVALIAÇÃO
6. MATERIAIS QUE PODERÃO SER UTILIZADOS COMO RECURSOS
Alguns livros aparecem como de grande proveito para serem trabalhados em tal
proposta de Investigação Dialógica para uma Filosofia para Crianças no Ensino
Fundamental.
Assim como as novelas filosóficas de Matthew Lipman (já citadas no artigo),
podemos incluir algumas outras séries, a saber:
i
No
livro
INTRODUÇÃO
“A
AO
CORUJINHA
PENSAR
FILÓSOFA
NO
–
ENSINO
FUNDAMENTAL” nos é apresentado um modo de aliar
leitura e construção de uma proposta filosófica.
A coleção “Pequenos Filósofos” da Panda Books traz livros ricos em ilustrações além
de uma boa contribuição com a temática de Filosofia com conteúdo adequado às idades a
que propomos aplicar nossa proposta.
filosofia para crianças – uma abordagem a partir da investigação dialógica e da pedagogia do corpo
Figura – Capa do livro “ Por que eu não Figura – Capa do livro “ Por que você me
posso fazer o que quero? “
ama? “
Figura – Capa do livro “ Por que eu vou Figura – Capa do livro “ Por que eu
para a escola? “
existo? “
Na coleção “O pequeno filósofo” é oferecido a criança uma grande quantidade de
imagens e com estórias onde é possível extrair uma boa temática para a aula de Filosofia.
II SIfpe, outubro de 2015
Figura – Capa do livro “ Não, não fui eu! Figura – Capa do livro “ Eu quero a moto
vermelha! “
“
Figura – Capa do livro “ O que é a morte?
“
Figura – Capa do livro “ Isto é meu! “
filosofia para crianças – uma abordagem a partir da investigação dialógica e da pedagogia do corpo
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este artigo pudemos encontrar uma boa base para uma inicial referenciação
quanto à temática que procuramos estudar e debater. É com toda certeza uma área
interessante e ainda pouco estudada, mas que com toda certeza é de suma importância um
maior aprofundamento.
A idéia de um curso de Filosofia para Crianças é necessária para a atualidade, pois,
com a oficialização do ensino de Filosofia e até mesmo de Sociologia, outra disciplina com
forte conteúdo complexo e que exige um pensamento mais refinado, com carga crítica e
criativa, além de boa argumentação, no Ensino Médio, é preciso que desde cedo os
educandos já tenham um treinamento e uma preparação para tais estudos.
É preciso além de uma adequação da Filosofia, quanto ao conteúdo a ser dado, para
as crianças, mas também uma grande preparação com técnicas de ensino-aprendizagem
para que não se cometa algo que venha a comprometer a formação dessas crianças ao invés
de as ajudar no processo de uma melhor adaptação à educação e seus processos criativos e
críticos.
Embora o papel do professor em tal proposta seja algo mais próximo do que seria
um monitor, isto é, coordenando as investigações dialógicas, é preciso ter presença de
classe, ter controle sobre a turma, não como algo autoritário, mas como uma forma de
permitir que tudo ocorra com ordem e que os objetivos sejam cumpridos.
Para melhores resultados e uma continuação na proposta ora apresentada é preciso
que levemos a campo, ou seja, que façamos experimentos com o trabalho em questão com
crianças nas idades acima indicadas.
Divertir sabendo e saber divertindo tal é a proposta para um projeto eficaz de
Filosofia para Crianças.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CIBERGRÁFICAS
BROCANELLI, Cláudio Roberto. Matthew Lipman: educação para o pensar filosófico na
infância. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
II SIfpe, outubroJR,
de 2015
GHIRALDELLI
P., O que é pedagogia? São Paulo, SP: Brasiliense, 1987.
SOFISTE, Juarez Gomes. Sócrates e o ensino da filosofia: Investigação Dialógica: uma
pedagogia para a docência de filosofia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
FIGURA 1 – Disponível em:
http://www.universovozes.com.br/livrariavozes/web/view/DetalheProdutoCommerce.aspx?
ProdId=8532635326 acesso em 21/06/2015
FIGURA 2 – Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/112058039/por-queeu-nao-posso-fazer-o-que-quero-colecao-pequenos-filosofos acesso em 21/06/2015
FIGURA 3 – Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/112058055/por-quevoce-me-ama-colecao-pequenos-filosofos acesso em 21/06/2015
FIGURA 4 – Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/112058071/por-queeu-vou-para-a-escola?DCSext.recom=Neemu_Produto_similares-categoria1&nm_origem=rec_produto_similares-categoria-1&nm_ranking_rec=2 acesso em
21/06/2015
FIGURA 5 – Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/112058012/por-queeu-existo-colecao-pequenos-filosofos?DCSext.recom=Neemu_Produto_similarescategoria-1&nm_origem=rec_produto_similares-categoria-1&nm_ranking_rec=2 acesso
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FIGURA 6 – Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/120261336/livro-opequeno-filosofo acesso em 21/06/2015
FIGURA 7 – Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/120261299/livro-opequeno-filosofo?DCSext.recom=Neemu_Produto_mais-vendidos-categoria2&nm_origem=rec_produto_mais-vendidos-categoria-2&nm_ranking_rec=1 acesso em
21/06/2015
FIGURA 8 – Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/120261352/livro-opequeno-filosofo?DCSext.recom=Neemu_Produto_similares-categoria1&nm_origem=rec_produto_similares-categoria-1&nm_ranking_rec=3 acesso em
21/06/2015
FIGURA 9 – Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/120261310/livro-opequeno-filosofo?DCSext.recom=Neemu_Produto_similares-categoria1&nm_origem=rec_produto_similares-categoria-1&nm_ranking_rec=3 acesso em
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