- ABRH RS

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Banco de Tecidos Humanos – Pele
Dr. Roberto Corrêa Chem
Case participante do Prêmio Top Cidadania 2016
Organização: Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais
Responsável pelo Projeto: Paulo Renê Bernhard
Porto Alegre, 13 de junho de 2016.
ÍNDICE
1. Resumo ....................................................................................................................... 1
2. Introdução ................................................................................................................... 2
3. Projeto ......................................................................................................................... 6
3.1. Objetivos.................................................................................................................... 6
3.2. Local .......................................................................................................................... 7
3.3. População Beneficiada .............................................................................................. 8
3.4. Metodologia ............................................................................................................. 11
3.5. Articulação e Participação do Público beneficiado .................................................. 13
3.6. Orçamento de Recursos e Fontes de Financiamento ............................................. 14
3.7. Recursos Humanos ................................................................................................. 16
3.8. Parcerias ................................................................................................................ 17
3.9. Principais resultados obtidos .................................................................................. 18
3.10. Processo de Avaliação ......................................................................................... 21
3.11. Proposta de continuidade da ação ....................................................................... 22
3.12. Ações que evidenciem a preocupação com o Desenvolvimento Sustentável ....... 25
4. Conclusão ................................................................................................................. 26
5. Bibliografia ................................................................................................................ 28
1. Resumo
O Banco de Pele tem como funções principais captar, processar, realizar o controle
de qualidade, armazenar e disponibilizar finas lâminas de pele alógena humana para os
centros de tratamento de queimados e politraumatizados de todo o país. A pele alógena
funciona como um curativo biológico temporário para cobertura de lesões cutâneas
superficiais a profundas. Sua principal indicação clínica é para os casos em que uma
extensa área de superfície corporal está comprometida, como em queimaduras graves e
em grandes traumas, inviabilizando a realização do autoenxerto.
Esse foi o primeiro
Banco de Pele criado no Brasil, e sua metodologia serviu de exemplo para a criação de
outros Bancos de Pele no Brasil.
1
2. Introdução
O Banco de Tecidos Humanos - Pele Dr. Roberto Corrêa Chem, localizado no
Hospital Dom Vicente Scherer do Complexo da Santa de Misericórdia de Porto Alegre, é o
primeiro Banco de Tecidos do Brasil e o único do Estado do Rio Grande do Sul.
Inaugurado em junho de 2005 com a finalidade de disponibilizar pele alógena a todos os
centros de tratamento de queimados e politraumatizados do Brasil, o Banco de Pele de
Porto Alegre foi o único em funcionamento efetivo até 2012, sendo, até os dias de hoje, o
Banco com maior atividade no país. Além da capital gaúcha, existem mais dois bancos de
pele em atividade no Brasil: em Curitiba e em São Paulo, ambos utilizando a expertise do
Banco de Pele de Porto Alegre.
Em 2007, o Banco de Pele obteve a autorização legal do Ministério da Saúde
para realizar a retirada de pele a partir de doadores falecidos (doadores de múltiplos
órgãos). Esse foi um grande marco conquistado pelo Banco, pois a autorização para a
retirada de outros órgãos para doação já existia, porém, a pele, que é o maior órgão
humano, ainda não podia ser retirada para doação. Em 2009, o Ministério da Saúde
incluiu na Tabela de Habilitações do Sistema de Cadastro Nacional dos Estabelecimentos
de Saúde a habilitação referente ao Banco de Pele Humana, iniciando, a partir de então, o
repasse de verba pelo Sistema Único de Saúde para os procedimentos de retirada de
pele para transplante e de processamento de pele em glicerol realizados pelo Banco de
Pele.
O nome do Banco de Pele da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre (ISCMPA) é uma homenagem ao Dr. Roberto Corrêa Chem, idealizador, mentor e
fundador do Banco. Esse foi um dos seus projetos de vida, na qual o mesmo pode ver
este sonho se tornar realidade. Infelizmente, não contamos mais com a presença física do
2
Dr. Roberto Chem, mas seu espírito científico ficou marcado em todos que puderam
trabalhar com ele. Desde o ano de 2010, o Banco tem como diretor técnico o médico
Eduardo Mainieri Chem, filho de Roberto, que dá continuidade a esse importante trabalho,
ajudando a salvar vidas em todo o território brasileiro.
O sonho da criação do Banco de Pele foi materializado na Federação das
Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS, por intermédio da Fundação
Gaúcha dos Bancos Sociais, coordenado por Jorge Luiz Buneder. O Banco de Pele
compõe o Projeto da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS, que conta
hoje com 14 Bancos Sociais.
O Banco de Pele tem como funções principais realizar a captação, o
processamento, o controle de qualidade, o armazenamento e a disponibilização de finas
lâminas de pele humana alógena (obtida de um indivíduo da mesma espécie,
geneticamente distinto) com finalidade de transplante. A pele alógena funciona como um
curativo biológico temporário para cobertura de lesões cutâneas superficiais a profundas.
Sua principal indicação clínica é para os casos em que uma extensa área de superfície
corporal está comprometida, como nas queimaduras graves ou nos grandes defeitos
cutâneos provocados por trauma.
Um dos fatores mais críticos no manejo e reparo de lesões em pacientes com
grandes perdas cutâneas é a adequada cobertura da área lesada de modo a evitar
maiores perdas de sangue e líquidos, além de minimizar o risco de infecções bacterianas
oportunistas. O tratamento cirúrgico padrão-ouro nesses casos é o enxerto de pele
autóloga (do próprio paciente). No entanto, essa abordagem fica bastante limitada quando
grandes extensões de pele foram acometidas pela queimadura, ou grandes áreas foram
lesadas por traumas físicos, pela restrição de sítios doadores de pele do próprio paciente.
Nesses casos, a utilização de pele alógena é um tratamento providencial e pode
3
representar a diferença entre a vida e a morte desses pacientes, havendo redução da
mortalidade
de
grandes
queimados
quando
se
dispõe
dessa
alternativa.
Observações da evolução clínica de pacientes com queimaduras de espessura total
permitiram concluir que, quanto mais precocemente for realizada a retirada dos tecidos
necrosados e enxertia de tecido saudável, melhor poderá ser a recuperação da
queimadura.
Importante ressaltar que a pele retirada de um doador falecido não causa
deformidades no corpo do doador, como mutilação ou sangramento (figura 1). As regiões
de onde se retira a pele (figura 2) são áreas passíveis de serem escondidas no processo
de velação do corpo e são reconstituídas com apósitos e ataduras ao final do processo de
captação da pele.
Figura 1. Doador de pele humana: aspecto da região doadora após a retirada.
4
Figura 2. Regiões do corpo das quais se retira a pele no processo de captação.
5
3. Projeto - Case Banco de Tecidos Humanos - Pele
3.1. Objetivo Geral
O Banco de Pele tem como objetivo principal disponibilizar pele alógena humana
para utilização clínica.
3.2. Objetivos específicos:
a) Realizar a seleção dos potenciais doadores de pele;
b) Realizar a captação de pele dos doadores;
c) Realizar todas as etapas de processamento da pele alógena humana;
d) Assegurar a qualidade e a segurança biológica do tecido disponibilizado para
uso clínico;
e) Armazenar a pele alógena humana até que esta seja destinada para uso clínico;
f) Disponibilizar a pele alógena humana para todos os centros de tratamento de
queimados e politraumatizados do Brasil.
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3.2. Local
O Banco de Pele está instalado na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre - ISCMPA, no 7º andar do Hospital Dom Vicente Scherer.
A estrutura do Banco de Pele conta com uma área total aproximada de 103,85
m². Esta área inclui a área técnica (03 salas de processamento, antecâmara, circulação,
sala de utilidades e sala de armazenamento), a área administrativa, vestiário/banheiro e
sala de recepção de tecidos.
Os principais equipamentos que compõem a estrutura/rotina do Banco de Pele são:
dermátomos, refrigeradores, freezer, banho-maria e capelas de fluxo laminar.
Figura 3. Processamento da pele alógena sendo realizado na área técnica do Banco de
Pele.
7
3.3. População Beneficiada
Os beneficiados com o Banco de Pele são pacientes de todas as raças, sexo,
idade, e classe social, situados no território brasileiro, com queimaduras graves ou que
possuam grandes defeitos cutâneos provocados por trauma.
O tecido conservado no Banco de Pele da ISCMPA está à disposição de todos os
centros de tratamento de queimados do país, sendo essa disponibilização gerenciada
pela Central Nacional de Transplantes (CNT) através das Centrais de Notificação,
Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) de cada Estado.
Para solicitar pele para transplante, o médico transplantador deverá entrar em
contato com o Banco de Pele para verificar a disponibilidade de estoque de acordo com a
sua necessidade. O próximo passo é encaminhar para a CNCDO do seu Estado um
formulário contendo os dados do paciente a ser transplantado, a quantidade de pele
requerida e os dados do hospital onde será realizado o transplante. Tanto o médico como
o hospital de transplante deverão ser cadastrados no Sistema Nacional de Transplantes
(SNT). A CNCDO entra em contato com o Banco de Pele e emite uma autorização para a
realização do transplante. O Banco de Pele separa, a partir do estoque de tecido liberado,
a quantidade de pele solicitada e organiza o seu envio para o local do transplante (figuras
4 e 5). O transporte pode ser feito por via terrestre ou aérea de acordo com a distância do
centro de transplante. Em caso de envio aéreo, a CNT solicita à companhia aérea a
realização do transporte de forma gratuita.
Figura 4. Pele sendo transportada para o local
de transplante.
8
Figura 5. Fluxograma para a solicitação de pele alógena para transplante.
Uma vez que os custos referentes à captação e ao processamento do tecido são
subsidiados exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), não há qualquer custo
9
para o paciente receptor da pele alógena, bem como para o médico transplantador e para
o hospital onde será realizado o transplante.
O Banco de Pele já realizou o envio de pele para diversos Estados do País, como
Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rondônia e Minas Gerais (figura 6).
Figura 6. Destinos da pele doada pelo Banco de Pele da Santa Casa de Porto Alegre.
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3.4. Metodologia
O Banco de Pele tem como funções principais realizar a captação, o
processamento, o controle de qualidade, o armazenamento e a disponibilização de finas
lâminas de pele humana alógena com finalidade de transplante.
A triagem clínica e sorológica dos potenciais doadores, bem como a entrevista
familiar para a obtenção da autorização e consentimento para doação, são os passos
iniciais para a obtenção da pele alógena.
Estando a triagem inicial em conformidade com o regulamento técnico do Banco de
Pele e tendo o aceite familiar para a doação, a equipe do Banco realiza a captação da
pele em bloco cirúrgico (figura 7). Após a retirada, a pele é acondicionada em glicerol e
encaminhada ao Banco de Pele, para posterior processamento.
No Banco de Pele, é realizado o processamento da pele, que é dividido em 3 fases
subsequentes, com a finalidade de torná-la estéril. Após a confirmação de esterilidade da
pele, realizada a partir de análises microbiológicas do tecido, a pele é liberada para o uso
clínico (figura 8). Além disso, no Banco são realizados o controle de qualidade e o
armazenamento da pele, a qual permanece sob refrigeração até o momento de ser
enviada para transplante.
Figura 7. Captações de pele realizadas em bloco cirúrgico.
11
Figura 8. Pele alógena liberada para o uso clínico.
12
3.5. Articulação e participação do público beneficiado
Os beneficiados com o Banco de Pele são pacientes de todas as raças, sexo,
idade, e classe social, situados no território brasileiro, com queimaduras graves ou que
possuam grandes defeitos cutâneos provocados por trauma.
O público beneficiado com o trabalho realizado pelo Banco de Pele não participa
ativamente das etapas que envolvem todo o processo de doação e disponibilização da
pele.
FIGURA 9: Doutor Roberto Chem com crianças transplantadas.
13
3.6. Orçamento de Recursos e Fontes de Financiamento
O Banco de Pele é um Serviço gerado a partir de um projeto realizado em parceria
com a iniciativa privada e viabilizado pela Lei de Solidariedade nº 11853/02. Todo o
incentivo financeiro inicialmente aplicado para a construção da área física, bem como
para a aquisição de equipamentos e materiais necessários, foi proveniente da Refinaria
Alberto Pasqualini – REFAP S.A., doado na ordem de R$:1.000.000,00. A Federação das
Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS, através da Fundação Gaúcha dos
Bancos Sociais viabilizou junto ao Ministério da Saúde a criação da portaria Número 1
para captação de pele.
A partir de 2009, através da PORTARIA Nº 2.620, DE 21 DE OUTUBRO DE 2009,
os procedimentos realizados pelos Bancos de Pele Humana foram incluídos na Tabela de
Habilitações do Sistema de Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, e na
Tabela de Medicamentos e OPM do SUS. Dessa forma, os procedimentos de avaliação
do potencial doador, retirada de pele para transplante e processamento de pele em
glicerol possuem remuneração específica. Atualmente, a receita do Banco de Pele é
proveniente exclusivamente do repasse SUS para os procedimentos realizados pelo
Serviço.
Os valores repassados pelo SUS para os procedimentos realizados pelo Banco de
Pele estão discriminados da seguinte forma (fonte SIGTAP):
- Procedimento 05.03.03.010-4 - RETIRADA DE PELE PARA TRANSPLANTE

Serviço hospitalar: R$ 370,00

Serviço profissional: R$ 800,00

Total hospitalar: R$ 1.170,00
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- Procedimentos 05.04.04.002-2 – PROCESSAMENTO DE PELE EM GLICEROL (ATÉ
500 CM²) INFANTIL e 05.04.04.001-4 - PROCESSAMENTO DE PELE EM GLICEROL
(ATÉ 1000 CM²) PARA ADULTO

Serviço ambulatorial: R$ 259,13 (para cada 100 cm² de pele enviada)
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3.7. Recursos Humanos
O Banco de Pele conta com três colaboradores contratados Eduardo Mainieri
Chem (Cirurgião plástico, Diretor técnico do Banco), Aline Francielle Damo Souza
(Biomédica) e Luana Pretto (Biomédica).
Além desses profissionais, o Banco de Pele ainda conta com quatros médicos
cirurgiões plásticos colaboradores voluntários: Pablo Fagundes Pase, Paulo Pereira de
Souza Favalli, Rodrigo Dornelles e Rafael Netto.
Figura 10. Colaboradores do Banco de Pele da ISCMPA.
16
3.8 Parcerias com outras organizações
As principais parcerias realizadas pelo Banco de Pele ao longo dos anos foram
com Universidades. Atualmente, o Banco de Pele tem parcerias envolvendo projetos de
pesquisa científica com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e com a
Universidade Federal de Ciências da Saúde (UFCSPA).
Além disso, o Banco tem uma parceria desde sua criação com o Sistema FIERGS,
mantenedor da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, o qual acolhe o Projeto dos 14
Bancos Sociais e é um dos principais articuladores.
Figura 11. Criação do Banco de Pele em evento realizado na FIERGS.
17
3.9. Principais Resultados Obtidos
A produtividade do Banco de Pele é avaliada através de quatro parâmetros
principais: número de doadores, número de envios de pele (pode haver mais de 1 envio
para o mesmo receptor), quantidade de pele (cm²) liberada (em estoque) e quantidade de
pele (cm²) doada para transplante (gráficos 1 e 2).
Quantitativos
- Desde o início das captações de pele de doador falecido (2008) até a presente data
(junho/2016), o Banco de Pele realizou 270 captações de pele e 214 envios de pele para
as mais diversas localidades do Brasil (figura 6). Além disso, neste mesmo período, o
Banco de Pele liberou para transplante 207.502,80 cm² de pele e doou 205.136,39 cm² de
pele alógena para transplante.
- A pele doada neste mesmo período foi destinada para 26 cidades brasileiras, e
distribuída entre 36 diferentes hospitais do país. Além do RS, o Banco de Pele já enviou
pele alógena para os Estados de SC, PR, SP, RJ, MG, GO, MT, BA, PE, CE, PA e RO.
Qualitativos
- A pele alógena disponibilizada pelo Banco de Pele, por suas propriedades naturais de
curativo biológico, auxilia na manutenção da homeostase do paciente (ao reduzir a perda
de água e eletrólitos através da ferida), protege o leito da ferida contra infecções
bacterianas, estimula a cicatrização do leito receptor e reduz a dor do paciente. Por todas
estas propriedades, a pele fornecida pelo Banco de Pele pode acelerar o processo de
recuperação das lesões e ter um impacto importante sobre o prognóstico e sobrevida dos
pacientes acometidos, salvando vidas.
18
- O Banco de Pele disponibiliza pele alógena para todos os centros de queimados e
politraumatizados do Brasil. Além disso, todo o trabalho realizado pelo Banco de Pele é
custeado pelo SUS, sendo que nem o paciente, nem o hospital e nem o médico
transplantador terão qualquer custo ao utilizar a pele alógena fornecida pelo Banco.
- O Banco de Pele, inserido no contexto de transplantes do Ministério da Saúde, contribui
para menores custos hospitalares com o tratamento de pacientes que façam uso da pele
alógena, devido à redução nas trocas de curativos, além de contribuir para a redução do
tempo de internação hospitalar.
- Ao longo dos anos, o Banco de Pele tem fidelizado parcerias com alguns médicos
transplantadores, que relatam uma melhora significativa na lesão dos pacientes quando
fazem uso da pele alógena, em detrimento de outros métodos e curativos sintéticos.
Gráfico 1: Produtividade do Banco de Pele da Santa Casa de Porto Alegre (pele alógena
liberada e doada para transplante) ao longo dos anos (2008-2016*). *2016: dados parciais
até junho.
Pele liberada e pele doada para transplante
40000
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
2008 2009
2010 2011
Pele liberada
2012 2013
Pele doada
2014 2015
2016
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Gráfico 2: Produtividade do Banco de Pele da Santa Casa de Porto Alegre (captações e
envios de pele alógena) ao longo dos anos (2008-2016*). *2016: dados parciais até junho.
Captações e Envios de Pele Alógena
60
50
40
30
20
10
0
2008
2009
2010
2011
2012
Captações (doadores)
2013
2014
2015
2016
Envios (receptores)
20
3.10. Processo de Avaliação
O desempenho de produtividade do Banco de Pele é avaliado mensalmente
através de um Demonstrativo de Análise Econômica (DAE) disponibilizado pela Santa
Casa para que cada setor faça uma análise crítica de seus resultados.
Os dados que compõem o DAE são fornecidos semanalmente pelo Banco de Pele
para o setor de Controladoria da Santa Casa, e são referentes ao número de doadores,
número de envios de pele, quantidade de pele disponibilizada e quantidade de pele
enviada para transplante no período.
21
3.11. Proposta de Multiplicação ou Continuidade da ação
Além de disponibilizar pele alógena para transplante para todo o território brasileiro,
o Banco de Pele ministra treinamentos para equipes de todo o país que tenham como
objetivo o estabelecimento de outros Bancos de Pele. Inaugurado em junho de 2005,
sendo o primeiro Banco a ser criado no país e manteve-se como o único em
funcionamento efetivo até o ano de 2012. Todos os processos, desde a captação até a
disponibilização de lâminas de pele alógena para as Unidades de Queimados de todo o
Brasil, são executados rigorosamente de acordo com as normas de qualidade e
segurança requeridas. Dessa forma, o Banco de Pele Dr. Roberto Corrêa Chem tornou-se
referência nacional para outros Bancos de Pele que foram sendo criados ao longo dos
anos, tendo participação ativa na formação de profissionais capacitados para a operação
de suas atividades em Banco de Pele. Até o ano de 2013 foram três treinamentos
ministrados para os grupos do IMIP de Pernambuco, Hospital Evangélico de Curitiba e
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Atualmente existem projetos para o
estabelecimento de Bancos de Pele em outras localidades do país, como por exemplo, no
Rio de Janeiro.
Para poder beneficiar um número cada vez maior de pacientes grande queimados,
politraumatizados e com outras complicações clínicas que envolvam perdas cutâneas, o
Banco de Tecidos Humanos quer tornar realidade o uso de membrana amniótica no
Brasil. O transplante de pele alógena é o procedimento padrão no tratamento de
pacientes que sofreram grandes perdas cutâneas. No entanto, o número de doadores
falecidos é um fator limitante para suprir a demanda de pele alógena solicitada para
transplante. Dessa forma, se faz necessária a busca por outro substituto dérmico que
cumpra as funções de auxílio na regeneração das lesões, que tenha boa disponibilidade e
que represente baixo custo para seu processamento e manutenção.
22
A membrana amniótica pode ser facilmente captada ao final do parto, uma vez que
é rotineiramente desprezada. Além disso, apresenta baixo custo e é capaz de assegurar
condições ideais ao leito da ferida. A membrana amniótica favorece o processo de
cicatrização ao mesmo tempo em que diminui a dor local, pois protege as terminações
nervosas e reduz as chances de inflamação, como demonstrado na literatura internacional
nas últimas décadas.
Ao contrário de países como Argentina e Uruguai, o Brasil ainda não possui
regulamentação para a distribuição da membrana amniótica pelos Bancos de
Tecidos.
Faz-se
necessária
uma
legislação
para
captação,
preservação
e
disponibilização da membrana amniótica para transplante, para que todo o processo seja
realizado de maneira semelhante ao processamento da pele alógena de forma a garantir
a segurança devida para os receptores do tecido. No momento em que os Bancos de
Tecidos do Brasil tiverem uma regulamentação a qual seguir, equipes de obstetras, bem
como enfermeiras de centros obstétricos, podem começar a acompanhar gestantes
potenciais doadoras do tecido. Como a captação de membrana amniótica ocorre ao final
do parto, preferencialmente de partos cesárea, devido aos cuidados com assepsia e risco
de possíveis contaminações microbianas, e não oferece riscos para a gestante, haverá
aumento na disponibilidade de curativos biológicos para pacientes queimados de forma
rápida e com baixo custo visando o benefício de grandes queimados e de pacientes com
grandes perdas cutâneas.
De janeiro a dezembro de 2015, o Serviço da Maternidade da Santa Casa de Porto
Alegre realizou 1.604 cesarianas, uma média de 134 partos por mês. Estimando-se que o
Banco de Tecidos realizasse a captação de membrana amniótica de 80% dos partos, ao
final de 2015 os estoques deste tecido seriam de aproximadamente 1.026.560 cm². Dessa
forma, a captação da membrana amniótica aumentaria a disponibilidade de tecidos para
23
transplante em mais de 120 vezes. Com esta quantidade de tecido em estoque, seria
possível atender, além de grande e gravíssimos queimados, pacientes com traumas
menores e não tão profundos, utilizando-a como um curativo em zonas doadoras de
enxerto de pele autógeno ou até mesmo como curativo biológico temporário em
queimaduras de segundo grau profundas em crianças, por exemplo. Além disso, o tecido
poderia ser fornecido para utilização na oftalmologia, para reparos de lesões oculares.
Devido ao envio de membrana amniótica pelos bancos de tecidos da Argentina e
do Uruguai, o Banco de Pele Dr. Roberto Corrêa Chem teve uma experiência bastante
positiva com o uso deste recurso biológico no tratamento de pacientes com queimaduras
cutâneas. Para que o fornecimento deste curativo biológico de grande valia para os
Centros de Queimados do país seja continuado, é preciso que haja regulamentação para
captação, processamento e envio deste tecido. O Banco de Tecidos Humanos Dr.
Roberto Corrêa Chem está buscando, de forma ativa, a aprovação de uma lei que permita
ao Banco disponibilizar membrana amniótica para transplante alógeno de modo a suprir a
demanda nacional de atendimento a pacientes grandes queimados e com grandes perdas
cutâneas.
24
3.12 Ações que evidenciem a preocupação com desenvolvimento sustentável da
Comunidade
O Banco de Pele disponibiliza pele alógena para todos os centros de queimados e
politraumatizados do Brasil. Além disso, todo o trabalho realizado pelo Banco de Pele é
custeado pelo SUS, sendo que nem o paciente, nem o hospital e nem o médico
transplantador terão qualquer custo ao utilizar a pele alógena fornecida pelo Banco.
Dessa forma, o Banco de Pele, inserido no contexto de transplantes do Ministério da
Saúde, contribui para menores custos hospitalares com o tratamento de pacientes que
façam uso da pele alógena, devido à redução nas trocas de curativos, além de contribuir
para a redução do tempo de internação hospitalar.
25
4. Conclusão
Há onze anos o Banco de Pele Dr. Roberto Corrêa Chem disponibiliza pele
alógena para transplante às Unidades de Queimados de todo o Brasil, seguindo
rigorosamente às normas de qualidade e segurança. Até o ano de 2012, era o único
banco de tecidos em atividade no país e até os dias de hoje é referência para outros
serviços, ministrando treinamentos aos bancos que estão surgindo. Durante este período,
o Banco de Pele da Santa Casa beneficiou mais de duas centenas de pacientes vítimas
de queimaduras graves, além de ter atuado de forma ativa, não medindo esforços, no
auxílio às vítimas da tragédia da Boate Kiss, de Santa Maria.
Buscando o constante aprimoramento dos seus processos, bem como a extensão
no beneficiamento de pacientes vítimas de grandes perdas cutâneas, o Banco de Pele
conta com vários projetos de pesquisa em parceria com grandes Universidades, bem
como projetos internos que representam a base para o seu progressivo crescimento e
para a melhoria da qualidade e do alcance do Serviço prestado à comunidade. Um dos
grandes projetos idealizado pelo Serviço é o estabelecimento de um Centro de Medicina
Regenerativa vinculado ao Banco de Tecidos Humanos. Com a agregação deste projeto,
a pesquisa e a utilização das mais modernas tecnologias como cultura de tecidos e
células-tronco, poderão completar o elenco de tecnologias de ponta, tanto no tratamento
de pacientes, como no desenvolvimento de tecnologias que poderão ser agregadas ao
arsenal terapêutico atual. As potencialidades de desenvolvimento deste assunto
transcendem o dia a dia do exercício médico e expandem os limites para a Medicina do
futuro.
Dessa forma, o Banco de Pele da ISCMPA caracteriza-se por ser um Serviço de
qualidade à disposição da sociedade e que possui um grande potencial de crescimento
26
com vistas a ampliar o espectro de condições clínicas em que possa atuar, beneficiando
um número cada vez maior de indivíduos, fornecendo produtos com tecnologia agregada
e com garantia de qualidade assegurada.
27
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