DOUTORADO EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA METÁFORAS CRIATIVAS: RECURSOS LINGUÍSTICOS DO SUJEITO SURDO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA BIOLOGIA E DA LÍNGUA PORTUGUESA ANDERSON SIMÃO DUARTE Esta pesquisa nasceu das necessidades de entendimento frente à problemática contemporânea na compreensão do processo de aprendizagem do sujeito surdo nas áreas das Ciências Naturais e Língua Portuguesa (doravante LP). Tais conhecimentos são demonstrados na modalidade escrita da língua, sendo raramente aceitas as apresentações dos conteúdos abordados em Língua de Sinais, uma vez que os educadores, geralmente, não têm conhecimento linguístico da Língua Brasileira de Sinais (doravante LIBRAS) para as devidas orientações e avaliações. Nesse contexto, a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamenta a LIBRAS como língua oficial do sujeito surdo no Brasil, porém, não admite a substituição da LP na modalidade escrita pela LIBRAS, logo, trabalhos escolares, avaliações, resumos, banners, documentos oficiais, livros e concursos devem utilizar a LP como representação do conhecimento. Neste trabalho, compartilho vivências em oficinas de ensino de Biologia para dez estudantes surdos oriundos de escolas públicas, matriculados no ensino básico, com oito horas semanais, no Instituto de Linguagens da UFMT, e quatro horas semanais, no Colégio Especializado na Assistência e Atendimento ao Deficiente Auditivo – CEAADA, ambos em Cuiabá/MT. Nessas vivências, observo, como biólogo, que os estudos da biologia referenciam e norteiam as trajetórias do processo de aprendizagem da LP como segunda língua, surgindo materializações das Metáforas Criativas, recurso linguístico constituído pelo próprio sujeito surdo elevando a escrita ao status de compreensão imediata. As Metáforas Criativas são constituídas para o confronto às certezas e às incertezas frente a novos saberes – conteúdos. Tais Metáforas são criadas no momento da interação entre professor, aluno, conteúdo e meio ambiente; momento em que o aluno busca relacionar os conteúdos as suas experiências individuais, emoções e saberes, comumente vistos como “sem valores” cognitivos nem concretos. Assim, a afetividade estudantil dos alunos surdos frente às abordagens teóricas da biologia norteiam e favorecem a compreensão da estrutura gramatical da LP na modalidade escrita. Pois, o processo de aquisição da LP como segunda língua para o surdo é ancorada pelo processo afetivo. A subjetividade sustentará todo o processo de compreender e ser compreendido entre aluno-professor-aluno, justificando, assim, a importância do caráter qualitativo desta pesquisa, a qual consolida o ato de “aprender a aprender o processo de aprendizagem” do estudante surdo, valorizando, respeitando e compreendendo as Metáforas Criativas como meio de sobrevivência em uma sociedade grafocêntrica. Esse processo demanda a responsabilidade do educador em não nomear o sujeito aprendiz como meramente um indivíduo surdo, mas pelo fato do mesmo “SERhumano”, constituído da relação do Eu com o Meio Ambiente, não como relações independentes, mas como seres intrínsecos. As respectivas escolas de Ensino Fundamental e Médio às quais os alunos pertencem relatam o nítido desenvolvimento linguístico da escrita, até o presente momento da pesquisa, favorecendo e contribuindo sistematicamente com outras áreas do conhecimento. Alguns professores das referidas escolas frequentam as atividades de pesquisa, juntamente com alguns pais de alunos. O arcabouço teórico que sustenta esta pesquisa é constituído pelo diálogo entre os conceitos dos filósofos russos Bakhtin e Vygotsky, além do pesquisador cubano Gonzalez Rey. PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO VI MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO/2014