instrumentos de ensino utilizados por professores de

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INSTRUMENTOS DE ENSINO UTILIZADOS POR PROFESSORES DE
CIENCIAS NATURAIS E SUAS IMPLICACOES NOS PROCESSSOS DE
ENSINO E APRENDIZAGEM1
Patricia Cristina Grzechota Kochenborger2
Gisele Galvão de oliveira3
Marli Dallagnol Frison4
Introdução
Este trabalho emergiu na disciplina de Pratica de Ensino de Ciências II a partir
de um interesse e preocupações a respeito da problemática do processo de ensino
aprendizagem de Ciências no ensino fundamental. As pesquisas foram realizadas por
professoras em formação inicial do curso de licenciatura em Química da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).
Uma das principais preocupações dos educadores está relacionada às condições
que oferecem melhoria para a educação. Nesse sentido, busca-se meios para além de
facilitar a aprendizagem, trabalhar com os conteúdos relacionando a realidade que os
educandos encontram-se inseridos. Porem, isso envolve além da metodologia de ensino
utilizado pelos professores, os instrumentos adequados que auxiliem na abordagem dos
conteúdos a serem trabalhados.
Na maioria das escolas, as aulas de Biologia e de Ciências, na forma em que são
desenvolvidas, não possibilitam que o aluno construa uma aprendizagem efetiva dos
conteúdos escolares. Um dos motivos é o estado de passividade dos estudantes,
destacada pelos docentes como um dos fatores que influenciam negativamente no
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem nos diferentes níveis de
escolaridade. O estudante perde o interesse diante de componentes curriculares que nada
têm a ver com a sua vida, com suas preocupações. Muitas vezes decora, de forma
forçada, aquilo que precisa saber para prestar exames e, passadas as provas, tudo cai no
esquecimento.
O objetivo do presente trabalho é identificar que instrumentos de ensino são
utilizados por professores de Ciências Naturais no desenvolvimento de conteúdos
escolares e compreender qual a influência da utilização desses instrumentos para a
aprendizagem escolar e a qualidade desse ensino no processo formativo.
1
Pesquisa desenvolvida na Licenciatura em Química da UNIJUÍ sob orientação de Marli Dalladnol
Frison
2
Acadêmica do curso Licenciatura em Química da UNIJUÍ
3
Acadêmica do curso Licenciatura em Química da UNIJUÍ
4
Professora Dr. da disciplina de Pratica de Ensino de Ciências II
Metodologia
A metodologia que será empregada na execução do presente artigo se enquadra
na modalidade Estudo de Caso, que se caracteriza como uma abordagem qualitativa e é
frequentemente utilizada para análise de dados na área de estudos organizacionais. Os
instrumentos utilizados para a produção de dados foram entrevistas com professores da
área das ciências naturais, que atuem em turmas de 6º (sexto ano) do ensino
fundamental. Para isso foi entrevistado docentes de quatro escolas pertencentes a rede
pública de ensino, nos municípios de Ijuí e Joia, (RS). Sendo três escolas estaduais e
uma municipal. Questionários, aplicados a 25 discentes dos cursos de licenciatura em
formação inicial em ciências biológicas e química de uma universidade comunitária do
município de Ijuí. E professores da área de ciências da natureza, que trabalham com
turmas de 6° anos em escolas da rede pública de ensino, dos municípios de Joia e Ijuí.
Durante a organização dos dados, emergiram duas principais categorias
analisadas: a qualidade do ensino no processo formativo e os instrumentos de ensino
utilizados pelos professores em aulas de Ciências.
A qualidade do ensino no processo formativo
A escola vem sendo recriminada pela baixa qualidade do ensino, pela
incapacidade em preparar os estudantes para ingressar no mercado de trabalho ou para a
universidade. Autores como Carraher (1985), adverte, ainda que a escola tem sido
criticada por não cumprir adequadamente seu papel de formação de crianças e
adolescentes, e pelo fato de que o conhecimento que os alunos exibem ao deixar a
escola é fragmentado e de limitada aplicação.
Muito dos alunos entrevistados relatam a qualidade do ensino foi de regular à
bom. O alunos 20 afirma sobre seu ensino que
“Foi bom, mas acredito que alguns ensinamentos ficaram vagos por falta de algumas
atividades diferenciadas.” (Questionário 2014, aluno 20).
Segundo Mortimer (1999), a quantidade de conceitos introduzidos a cada aula é
muito grande para que seja possível ao aluno, em tão pouco tempo, compreende-los
logicamente numa estrutura ampla que dê significado à aprendizagem da química. O ato
de ensinar requer muito mais do que saber repassar.
O professor que ensina é aquele que junto com o aluno, mediado
pela ação concreta- o trabalho- possibilita o acesso ao saber
estabelecido socialmente, cujo conteúdo deve incluir aquilo que
de mais expressivo, relevante e avançado a humanidade
produziu. (SILVA; MORADILLO; PENHA; PIMENTEL;
CUNHA; OKI; BOTELHO; BEJARANO; LÔBO. 2010, p. 94)
Dimer e Dal´Soto (2005) apontam que não é só a falta de comunicação entre as
disciplinas que acontece nas escolas, também há fragmentação de conteúdos, em que o
professor trabalha suas aulas seguindo o livro didático e os assuntos estão separados em
forma de tópicos, não tendo ligação entre eles, como se os fenômenos ocorressem de
forma separada.
Principais instrumentos de ensino utilizados pelos professores em aulas de Ciências
De todos os recursos citados na entrevista, a maioria dos licenciandos aponta o livro
didático como principal instrumento utilizado por seus professores. Em segundo lugar
aparece às atividades práticas, e os menos citados são outros recursos como
computadores para pesquisas, saídas à campo, vídeos, entro outros. Sobre a utilização
do livro como recurso didático Gérard e Roegiers (1998, p.19) definem como "um
instrumento impresso, intencionalmente estruturado para se inscrever num processo de
aprendizagem, com fim de melhorar a eficácia". O livro didático apresenta muitas
potencialidades como as descritas por Gomes etall.
a) É um instrumento de trabalho que permite uma melhor
exploração e consolidação dos conteúdos;b) É uma base de
aquisição das competências linguísticas e de comunicação, pelo
aluno, no domínio de compreensão escrita;c) Tem uma função
motivadora para aprendizagem.
No entanto em alguns casos o livro didático passar ser o único instrumento
utilizado para preparar e executar as aulas, mostrando assim que alguns professores são
muito presos a esse instrumento, que caracteriza um estado de passividade frente aos
demais recursos disponíveis. Porém, como enfatiza Krasilchik (1996, p. 84) a adoção de
um livro requer uma cuidadosa analise de sua estrutura, do seu conteúdo e dos valores
implícitos e explícitos que apresentam aos estudantes. Uma escolha malfeita acarreta
prejuízos no mínimo para todo um ano letivo.
As aulas práticas foram citadas como algo muito importante nas aulas, também
muitos citaram não ter a realização delas nas aulas. Sobre esse instrumento utilizado, o
aluno 6 aponta que:“Nunca tive uma aula diversificada no laboratório, para a
realização de experiências. Todas as aulas eram muito repetitivas e eu acho que isso
me privou de alguns conhecimentos importantes.”(Questionário 2014, aluno 18)
Quanto as aulas de experimentação podemos observar que os professores 3 e 4
são os que trabalham com mais frequência. As aulas práticas no ambiente de laboratório
podem despertar curiosidade e, consequentemente, o interesse do aluno, visto que a
estrutura do mesmo pode facilitar, entre outros fatores, a observação de fenômenos
estudados em aulas teóricas. O uso deste ambiente também é positivo quando as
experiências em laboratório estão situadas em um contexto histórico-tecnológico,
relacionadas com o aprendizado do conteúdo de forma que o conhecimento empírico
seja testado e argumentado, para enfim acontecer a construção de idéias. Além disso,
nessas aulas, os alunos têm a oportunidade de interagir com as montagens de
instrumentos específicos que normalmente eles não têm contato em um ambiente com
um caráter mais informal do que o ambiente da sala de aula (BORGES, 2002).
Considerações finais
É comum escutar atualmente professores reclamando da falta de interesse do
educandos e a falta de vontade dos próprios de preparar suas aulas. Acreditasse que faz
necessário rever de maneira geral o porquê disto e tomar atitudes de mudar essa
situação.
Os resultados da pesquisa indicam que o livro didático, ainda exerce forte
influência na prática pedagógica dos professores de Ciências Naturais, refletindo na
formação dos alunos que são expostos à apenas este material em aula. Porém, sala de
aula não é a mesma do passado, não encontramos somente o giz e o quadro-negro, mas
uma infinidade de recursos e possibilidades a serem utilizados pelo professor para
enriquecer as suas aulas. Basta também o educador querer fazer a diferença, buscando
novas estratégias, meios que despertem a curiosidade e atenção de seus educandos e
fazendo que os conceitos trabalhados em sala de aula tenha contexto com suas
realidades, podendo assim levados na pratica do seu dia a dia.
Referências bibliográficas.
BORGES, A.T. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Caderno
Brasileiro de Ensino de Física, v.19, n. 3, p.291-313, dez. 2002.
CARRAHER, D. W. Caminhos e descaminhos no ensino de Ciências. São Paulo
Ciência e Cultura, 1985.
DIMER L. M. ; DAL´SOTO. Concepções Curriculares sobre o Ensino de Química no
Ensino Médio. 2005, Ijuí. Trabalho de Conclusão de Curso.
FERNANDES, H. L. Um naturalista na sala de aula. Campinas, Ciência &Ensino.Vol.
5, 1998. Disponível em http://www.diadiaeducacao.pr.gov.br.Acesso em 17/01/2012
GÉRARD, F.-M, ROEGIERS, X.(1993) Concevoiretévaluerdesmanuelsscolaires.
Bruxelas. De Boeck-Wesmail (tradução Portuguesa de Júlia Ferreira e de HelenaPeralta,
Porto: 1998).
GOMES, A. (sd/sp), O Processo de ensino-aprendizagem, 1º volume.
KARLING, A.A. (2003), A didáctica necessária. São Paulo, Ibrasa.
MARASINI, A.B. A utilização de recursos didático-pedagógicos no ensino de
biologia.Porto Alegre, 2010. Univerdidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalho de
conclusão de curso (Graduação; Ciências biológicas).
MORTIMER, E. F. A proposta curricular de Química do estado de minas Gerais:
Fundamentos e Pressupostos. UFMG, Belo Horizonte, 1999.
SILVA; MORADILLO; PENHA; PIMENTEL; CUNHA; OKI; BOTELHO;
BEJARANO; LÔBO. A dimensão prática da formação na Licenciatura em Química da
Universidade Federal da Bahia. In: ECHEVERRÍA; ZANON (Org.). Formação
superior em Química no Brasil. Ijuí: Ed. Unijuí, 2010.
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