Coordenadores: Heider José Boza Ângelo de Souza Zanoni Universidade Federal do Espírito Santo - UFES [email protected] [email protected] COLETIVO CASA VERDE Resumo: Os avanços do agronegócio no espaço agrário brasileiro e a territorialização do capital neoliberal sobre o campo vem se dando de forma brutal nas últimas décadas, implantação de monoculturas, latifúndios e indústrias moderno-coloniais em detrimento de saberes e tradições populares e criminalização de movimentos sociais, com base no discurso desenvolvimentista da fábula da globalização, tem trago cada vez mais a tona um problema que é de caráter político, social, cultural, ambiental e de interesse tanto do campo quanto da cidade. Em meio a esse conflito (re)surge uma alternativa contrahegemonica a este modelo homogeneizador e monocultor de mentes e corações, e de interesse básico para as relações rural-urbana e de movimentos sociais e ONGs, a agroecologia. Introdução: O atual modelo globalizado de agricultura, conhecido como agronegócio, ou agricultura moderna, advindo da inserção da chamada “Revolução Verde” na década de 1950 com os seus chamados pacotes verdes (herbicidas, fungicidas, agrotóxicos, inseticidas, hormônios, produção mecanizada em escala industrial e etc.), típicos da atual fase do capitalismo em que nos encontramos, o período técnico-cientifico-internacional, já se mostra insustentável em relação a nossos recursos naturais, como o solo, a vegetação, aos mananciais, a fauna e a flora como um todo, um risco a conservação dos ecossistemas e dos agroecossistemas, e altamente impactantes a saúde humana, trazendo sérios danos a nossa saúde, como cânceres e alergias. O atual modelo de desenvolvimento agrícola esta causando estragos que podem vir a ser inadiáveis, e o campo pede por um novo alternativa. A Agroecologia é apontada como um novo paradigma disciplinar cientifico que relaciona os saberes técnicos-cientificos aos saberes tradicionais e populares, de cunho transdisciplinar, e que respeite e relacione-se causando os menores impactos possíveis nos ecossistemas aos quais estão inseridos e na saúde humana, este novo sistema não contempla apenas a parte técnica agrícola, mais é carregado de caráter ético e ideológico que abrange questões como agricultura familiar, reforma agrária, movimentos sociais, igualdade de gênero, educação do campo, e soberania alimentar e baseia-se em uma agricultura ecologicamente sustentável, economicamente viável e socialmente justa, tanto para o camponês produtor como para o consumidor. Objetivos: Tendo visto como necessário o debate em relação à Agroecologia, surge em 2009 na UFES o Coletivo Casa Verde, grupo que se propõe a divulgar, discutir e praticar a Agroecologia tanto dentro como fora da universidade, para jovens e adultos, principalmente no espaço urbano. O grupo foi formado por pessoas que estagiaram na APTA (Associação de Práticas e Técnicas Alternativas) e no EIV (Estágio Interdisciplinar de Vivencia), e que se engajaram nesta causa, que além de ambiental, é política e social. O Coletivo Casa Verde tem um caráter militante, possui como objetivo levantar debates em torno da Agroecologia, como em relação ao que comemos, a produção, distribuição e o consumo de alimentos saudáveis, as monoculturas que se territorializaram no Espírito Santo, os discursos e as práticas do agronegócio, os movimentos sociais que se colocam frente a isto e que praticam a agroecologia, as demais organizações que se articulam em torno da agroecologia. O coletivo procura realizar um trabalho de base, educacional, político, ensinando, aprendendo e trocando informações e experiências com as comunidades, trabalhadores e estudantes, procurando fortalecer a relação campo-cidade. Metodologia: O Coletivo Casa Verde procura levantar o debate relacionado a agroecologia sempre pautando os problemas ambientais causados no campo gerados pelo agronegócio, a questão alimentar, principalmente dos que vivem em áreas urbanas, a soberania camponesa, o resgate de valores e a quebra de paradigmas para a implantação da agroecologia em um novo modelo de sociedade. O coletivo, desde o ano passado vem realizando alguns debates dentro e fora da Universidade, na semana acadêmica da geografia de 2009 foi ministrado um mini-curso por nossos monitores, com o tema Agricultura e Globalização, da qual foi gerado um artigo científico, foi realizado uma oficina de educação ambiental relacionando o ecossistema manguezal e suas comunidades de catadores com a agroecologia e o campesinato, isto no Encontro Estadual dos Sem- Terrinha, a oficina foi feita em trilhas no manguezal em torno da UFES. Em 2010 foi feita uma “roda de prosa” com integrantes do MST e MPA e os estagiários do IV EIV ES (estágio interdisciplinar de vivencia), e no Café Geográfico, evento de extensão do Laboratório de Geografia Humana, do departamento de geografia da UFES. Este ano estamos semanalmente com um grupo de estudos aberto, para quem é ou não do coletivo, além de estarmos começando a trabalhar a implantação das práticas agroecológicas no espaço casa verde, na UFES, onde é feito manejos e mutirões. Estamos começando a debater e articular no coletivo atividades em comunidades urbanas da Grande Vitória, trabalhando com Associações de Moradores, trabalhadores e estudantes secundaristas temas como educação ambiental e agricultura urbana. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTIERI, M. Agroecologia: bases cientificas para uma agricultura sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002. ELIAS, D. Globalização e agricultura: A região de Ribeirão Preto – SP. São Paulo: Edusp. 59 – 111 p. MARTIN, P. S. Agricultura suicida: um retrato do modelo brasileiro. São Paulo: Ícone, 1985. PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Editora Popular, 2006. ROBIN, M. Os venenos da Monsanto. Sumaré: Revista Caros Amigos, abril, 2009. 04 p. RIBEIRO, D. D; FREITAS, L. F. Propondo a integração da geografia agrária a agroecologia: o surgimento, e expansão e a viabilidade agroecológica. XVII Encontro Nacional de Geografia Agrária – Artigo. Rio de Janeiro, 2006. SANTOS, M. Por uma outra globalização. São Paulo: Edusp, 2001.