A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NO ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) PADILHA, Emanuele Coimbra; SELVERO, Caroline Mitidieri Graduada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. E-mail: [email protected] Graduada em Letras-Espanhol e Mestranda em Estudos Linguísticos do Programa de PósGraduação em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. E-mail: [email protected] Resumo Este trabalho suscita algumas reflexões sobre o Ensino a Distância (EaD). Nesse contexto, a motivação caracteriza-se como um elemento essencial para a aprendizagem dos alunos, influenciando, inclusive, no seu comportamento. Desse modo, esta pesquisa tem por objetivo discutir sobre a importância da motivação nessa modalidade de ensino, sendo o principal instrumento motivacional a elaboração e a utilização do material didático específico para esse contexto de ensino/aprendizagem. Palavras-chave: motivação; Ensino a Distância; aprendizagem; alunos; material didático. Introdução Atualmente, o Ensino a Distância (EaD) vem se tornando a opção de muitas pessoas que possuem características diferentes. A maioria delas escolhe essa modalidade de ensino devido, principalmente, ao fato de não terem tido a oportunidade de estudarem nas idades indicadas ou pela falta de tempo para que possam continuar estudando. Desse modo, na EaD existe a necessidade desses alunos manterem-se motivados para a aprendizagem e conservar o interesse dos estudantes constituem-se como uma das funções destinadas aos professores e, em especial, dos tutores das disciplinas nos ambientes virtuais de ensino/aprendizagem. Além disso, outro fator importante para fazer com que os estudantes permaneçam motivados é a utilização de seus conhecimentos, os quais podem ser utilizados de modo a contextualizar os conteúdos que serão abordados. A motivação é um tema bastante complexo e de suma importância para o processo de ensino/aprendizagem, de acordo com Bock (1999). Pode também ser considerado como um aspecto dinâmico da ação, no sentido de ser o propulsor do ato do sujeito, ou seja, é o que o impulsiona para ir em busca de seus objetivos. O interesse dos alunos, então, tornase um fator fundamental que exerce uma forte influência sobre o seu comportamento. Desse modo, este trabalho tem por objetivo apresentar a importância da motivação na EaD, bem como identificar quais os fatores que contribuem para que ela se mantenha constante durante todo o processo de ensino/aprendizagem. A modalidade de Ensino a Distância (EaD) e o papel do professor O surgimento e o crescimento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) vem fazendo com que ocorram mudanças no paradigma que se tinha anteriormente para o ensino/aprendizagem. A EaD, então, surgiu como uma alternativa para atender às necessidades de um grande número de pessoas que, por diversos motivos, não têm a possibilidade de frequentar o ensino presencial. Segundo Vidal e Silva (2010, p.02), o Ensino a Distância caracteriza-se por ser o: [...] aprendizado que ocorre num lugar diferente do local de ensino, utilizando técnicas e tecnologias, além de uma estrutura organizadora que apóie esta modalidade. Os acessos aos mais variáveis meios tecnológicos possibilitaram que a separação entre aluno e professor nem sempre seja total e tão dispersas como nos modelos anteriores. Neste modelo, a flexibilidade de espaço e tempo é redimensionada com os contatos on-line, tornamos a comunicação mais rápida e, com isso, poderá ter o acompanhamento contínuo do seu próprio processo de aprendizagem e sentir-se mais motivado a continuar os estudos. Assim a EaD, apesar da distância física existente entre professor e aluno, por meio das diversas ferramentas de interação que ela possibilita, proporciona novas e variadas formas de interação que não são possíveis no ensino presencial. Desse modo, o professor na Educação a Distância, alterou seu papel de transmissor de conhecimentos para o de mediador entre as informações apresentadas e a construção de saberes dos estudantes, apoiando, desse modo, o processo reflexivo dos seus alunos. Na modalidade a distância, além do professor, temos a presença do tutor, que pode ser a distância ou presencial, sendo este o responsável pelo contato direto com os alunos. Este tem, como uma de suas principais funções, manusear e organizar os conteúdos, de modo a aproximá-los dos alunos. E, para o efetivo exercício dessa função, primeiramente, o tutor deve conhecer os alunos e seus objetivos. Isso ajudará na elaboração do material didático. Em segundo lugar, ele deve, fundamentalmente, conhecer e dominar os conteúdos que serão estudados para poder organizá-los da melhor maneira possível para os discentes. Ainda, é de suma importância que o tutor tenha a competência de resolver e mediar conflitos, como também a de motivar os alunos para o ensino, estimulando-os na construção de seus próprios saberes. Portanto, para que o tutor cumpra satisfatoriamente sua função junto aos alunos, fazse necessário que ele possibilite uma aproximação e interação com eles, possibilitando o surgimento de laços de afetividade entre os sujeitos envolvidos no processo de ensinoaprendizagem, sendo esse contato entre professor-aluno outro fator indispensável para a motivação. A aprendizagem na EaD O Ensino a Distância está fundamentado na interação entre os participantes envolvidos no processo de ensino/aprendizagem. Desse modo, os ambientes virtuais de aprendizagem baseiam-se, em sua maioria, numa prática construtivista. E, para que esses princípios fundados na produção coletiva sejam alcançados, faz-se necessário que os professores saibam utilizar as ferramentas oferecidas por esses ambientes de modo que se estimule e motive os alunos a participar das atividades. Assim, não se deve simplesmente transportar os moldes utilizados no ensino tradicional e presencial para os ambientes virtuais. A elaboração dos materiais didáticos, então, é de extrema importância para que esta modalidade de ensino possa realmente ser significante para os discentes, transformando-se em um dos principais fatores responsáveis pela motivação dos alunos. Ao se planejar uma disciplina para a EaD, deve-se explorar os recursos oferecidos pelos ambientes virtuais de aprendizagem, como por exemplo, a possibilidade de inserção de áudios e imagens, e principalmente, o uso das ferramentas de chats e fóruns. A utilização de áudios que possibilitem o contato dos alunos com a voz do professor ajudam a diminuir a distância física existente entre professor e aluno na modalidade a distância, proporcionando ao estudante uma sensação de acompanhamento (Cunha et. al, 2009). Além disso, para o caso de tratar-se do ensino de língua estrangeira, o contato com a voz do docente e também a possibilidade de que os discentes tenham contato com a pronunciação de falantes nativos do idioma estudado, na maioria das vezes, é o único contato que os aprendizes terão com a língua alvo. Isso ajuda para que os educandos não se sintam desmotivados para a aprendizagem. Com relação aos fóruns, estes possibilitam que os alunos interajam com os colegas e apresentem suas reflexões sobre as temáticas estudadas, oferecendo-lhes oportunidade de participarem do processo educativo, trazendo e fazendo com que seus pontos de vista sejam considerados. Outro aspecto importante que contribui para aumentar o interesse dos alunos na EaD é a contextualização. Situar os estudantes sobre as temáticas tratadas nos fóruns, por exemplo, ajuda na ampliação das discussões, pois as exemplificações ou a apresentação de fatos reais estimulam os questionamentos acerca de possíveis soluções para as situações apresentadas. Assim, a apresentação de exemplos práticos para os assuntos estudados, relacionados ao cotidiano dos alunos faz com que eles se sintam encorajados a participar das discussões propostas. Motivação na EaD Partindo do pressuposto de que todo o conhecimento é construído através das práticas sociais dos sujeitos, a interação ocorre pela ação efetiva do homem no seu meio, ajudando na sua criação e transformação. No contexto de ensino, ela está diretamente relacionada com a participação ativa de alunos e professores nos processos de ensino e aprendizagem, envolvendo a relação entre os aprendizes, professores, meio e materiais didáticos. Dentro dessa perspectiva, uma ação não pode ser executada sozinha ou de forma isolada, porque todas as atividades estão interligadas, conectando objetos ou produzindo instrumentos usados no processo de ensino. Tanto na EaD como no ensino presencial, o material didático pode ser considerado como de fundamental importância, podendo se caracterizar como um dos instrumentos mediadores do processo de ensino/aprendizagem. Com isso, ele tem a função de auxiliar na preparação do aluno para a sua futura inserção no contexto de ELE 1 ao qual terá contato. Desse modo, percebemos que nas atividades linguísticas em que o livro didático está inserido, ele pode ser considerado como uma ferramenta essencial para a realização de diversas atividades sociais de linguagem. Nesses casos, o estudante, ao utilizar o material didático, consegue satisfazer suas necessidades. Assim, na EaD também cumpre um papel semelhante para o professor, servindo como um instrumento de controle das atividades linguísticas dos alunos. Acreditamos, desse modo, que o livro didático é um importante mediador do conhecimento, já que ele facilita a aprendizagem e o desenvolvimento do processo educacional. A partir dessa prática educativa, o aluno é auxiliado a superar dificuldades dentro de um contexto determinado, o que implica e auxilia no desenvolvimento de destrezas específicas em uma determinada língua. O estudante motivado, segundo Cordioli (2008), busca espontaneamente pelo que deseja, não necessitando ser pressionado pela família ou por amigos. Essa constatação tem trazido importantes contribuições para os estudantes de ensino instrumental de LE2, de maneira que se encontram mais motivados a buscar esse tipo de prática por fornecer assistência no sentido profissional. 1 2 Espanhol Língua Estrangeira. Língua Estrangeira. A motivação pode ser considerada como um anseio consciente de modificar, de explorar e de experimentar, na qual o aluno é quem decide o que e como fazer. Com isso, percebemos que a motivação tem um papel diferencial no processo de ensino/aprendizagem, de maneira que ela pode ser vista como o desejo consciente de modificar, de explorar e de experimentar, na qual o estudante apresenta uma decisão explícita de fazer o curso de línguas, bem como demonstrar interesse em participar ativamente das aulas com a consciência de que pode aprender. Rosa (2003, p.170), por sua vez, salienta que a motivação consegue alterar os comportamentos dos sujeitos: Falar em motivos, por conseguinte, implica referirmo-nos a forças ou energias que impulsionam o comportamento na obtenção de determinados objetivos. Os motivos dinamizam a personalidade, enquanto que a motivação é o processo através do qual os motivos surgem, se desenvolvem e mobilizam comportamentos. A motivação do aluno, de acordo com Boruchovitch e Bzuneck (2009, p.11), “está relacionada com o trabalho mental situado no contexto específico das salas de aula”, de forma que a motivação positiva implica qualidade no envolvimento, no investimento pessoal para o ensino. Podemos refletir, assim, que se está tratando além do que simplesmente a estimulação ou interesse do aluno. Dentro dessa perspectiva, a cognição e o afeto estão interligados exercendo, ao mesmo tempo, influência na vida e no desenvolvimento do indivíduo. O ser humano, ao longo de sua vida, do mesmo modo que aprende a atuar, a pensar e a falar, influenciado pela cultura e pela interação com os outros, aprende a sentir. A motivação pode afetar a perseverança, a sustentação do esforço do estudante, pois tem a capacidade de incentivar o interesse para o estudo e para a participação das aulas. Desse modo, temos a autoridade para considerá-la como um fator essencial para o estabelecimento da aprendizagem no contexto de ensino. Por assim dizer, devemos compreender que, não existe aprendizagem sem motivação, porque sabemos que o aluno está motivado quando sente a necessidade e o desejo de aprender o que está sendo trabalhado. Pelas mesmas razões, Rego (1995) afirma que mesmo esses aspectos sendo diferentes, o indivíduo é formado de maneira dinâmica através do desenvolvimento psíquico, que compreende os lados intelectuais e afetivos. Assim, pensamos que alguns fatores auxiliam na motivação dos alunos: relações sociais; expectativas externas; bem-estar social; avanço pessoal; fuga ou estimulação; interesse cognitivo. A aprendizagem pode ser considerada como mais efetiva quando os estudantes conseguem agir em sua própria velocidade, criar objetivos de aprendizagem, alcançar suas metas pessoais e conseguir utilizar tudo o que foi aprendido. Considerações finais Com base nos pressupostos apresentados neste trabalho, podemos concluir que há uma diferença inegável entre o ensino tradicional presencial e o a distância. Uma das principais diferenças entre as duas modalidades corresponde ao tipo de aluno e a seus interesses. Desse modo, na EaD, os professores não devem fazer uso dos mesmos moldes que seriam utilizados no ensino tradicional em que os alunos tem a proximidade física com o professor. Para as disciplinas a distância, nos ambientes virtuais de ensino/aprendizagem, os professores e tutores devem, além de ter o cuidado de preparar os materiais didáticos e planificar as aulas de modo a prever as possíveis dúvidas dos alunos, também criá-las da forma mais atrativa e dinâmica possível, pois o material didático constitui-se na principal ferramenta para que o interesse dos alunos se mantenha constante durante todo o processo de aprendizagem. Ao considerarmos o material didático como um instrumento motivacional no processo de ensino/aprendizagem, o referido material recebe destaque no sentido de ir exatamente ao encontro das necessidades do aluno. Para isso, enfatizamos a importância do seu preparo, no sentido de que deve estar fundamentado e embasado por uma teoria e por um objetivo definido no momento de sua elaboração, para que, com isso, seja possível oferecer ao aluno o papel de instrumento mediador do conhecimento. Assim, a motivação deve estar presente em todos os momentos do processo de ensino/aprendizagem, tornando-se um elemento indispensável para que o aluno continue em busca da construção de seu conhecimento. Referências Bibliográficas BOCK, Ana M. Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999. BUROCHOVITCH, Evely; BZUNECK, José Aloyseo (orgs.). A Motivação do Aluno: Contribuições da Psicologia Contemporânea. 4ª Ed. Editora Vozes: Petrópolis, 2009. CORDIOLI, Aristildes Volpato (organizador). Psicoterapias: Abordagens Sociais. 3ª ed. Porto Alegre: Artemed, 2008. CUNHA, R. M.; GROSS, E.; SANTANA, L. F.; SOUSA, M. C. S. de. Motivar para o ensino a distância no ambiente Moodle (2009). Disponível em: <http://juniormelo.wikispaces.com/file/view/motiva%c3%a7%c3%a3o.pdf> Acesso em: Mai. de 2012. REGO, T.C. Vygotsky Uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Editora Vozes, 1995. ROSA, Jorge La (org.) Psicologia e Educação: O Significado do Aprender. 6ª Ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. VIDAL, O. F; SILVA, M.M. O tutor na educação a distância: contribuições da motivação para a aprendizagem online (2010). Disponível em: <http://dmd2.webfactional.com/media/anais/O-TUTOR-NA-EDUCACAO-A-DISTANCIACONTRIBUICOES-DA-MOTIVACAO-PARA-A-APRENDIZAGEM-ONLINE.pdf >Acesso em: Mai. de 2012.