doação de órgãos intervivos: atuação do enfermeiro

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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
INTERVIVOS: ATUAÇÃO
DO ENFERMEIRO*
DANIELY PEREIRA DE SOUSA, CELMA MARTINS
GUIMARÃES
Resumo: o objetivo foi analisar a problemática vivenciada pelos doadores/receptores (intervivos) e enfermeiros, na busca pelo prolongamento da
vida. O trabalho foi construído através da revisão integrativa. Evidenciou-se
que o campo de atuação da enfermagem tem apresentado aprofundamento
contínuo, o que, também ocorre com o transplante de órgãos. Considera-se
que a realização de investigações sobre a temática favorece o saber/fazer em
enfermagem.
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
Palavras-chave: Doação de órgãos intervivos. Doador vivo. Transplante
de órgãos enfermagem.
N os anos de 1970 até meados de 1980, os transplantes deixaram de
ocorrer, devido a sua alta letalidade. Já nos anos de 1990, com o
controle da rejeição dos órgãos, o aprimoramento e desenvolvimento da medicina, e estudos direcionados na área de transplante de órgãos,
as chances de sobrevida das pessoas com problemas de insuficiência hepática, insuficiência renal, leucemia, entre outros, aumentaram (SILVA; GUIMARÃES; NOGUEIRA, 2009). Entretanto, havia muitos obstáculos a serem
superados, principalmente, no que se refere a doadores intervivos (REUNIÃO
DE DIRETRIZES BÁSICAS, 2003).
Anualmente, o transplante utilizando doadores vivos vem aumentando
consideravelmente, sendo este um assunto polêmico em todo o mundo, levantando questões físicas, éticas, legais e, principalmente, psíquicas (CAIUBY;
LEFÉVRE; SILVA, 2004). Além disso, este tipo de tratamento expõe um in-
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estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
divíduo supostamente saudável (o doador), a um risco potencial de morbi-mortalidade
(CAMARGO et al., 2008).
Apesar dos riscos existentes, há algumas vantagens nesta modalidade de transplante, sendo: maior compatibilidade imunológica entre doador e receptor, menor tempo
de isquemia, melhores condições de saúde do suposto doador e diminuição da lista de
espera (LAZZARETTI, 2006).
Porém, mesmo com o crescente número de doadores, ainda não é suficiente para
atender a grande demanda de pessoas necessitando de um órgão, de modo que, muitos
morrem (na fila), esperando por um doador (SILVA; GUIMARÃES; NOGUEIRA, 2009).
Vários critérios são definidos para a realização do transplante, incluindo avaliações
médicas, cirúrgicas e psicossociais do paciente. São realizados exames específicos sendo
verificada a compatibilidade dos Antígenos Leucocitários Humanos, com o possível
doador (FERREIRA et al., 2009).
As variáveis psicológicas também são avaliadas, tendo estas, um papel significativo
para o doador, receptor e família. Portanto, são necessárias várias discussões e esclarecimentos acerca do procedimento, além de um acurado acompanhamento psicológico,
pré e pós-cirúrgico (LAZZARETTI, 2007; STANCIOLI et al., 2011).
Em relação ao doador, existem os que consideram a necessidade de discutir e refletir, seriamente, sobre a questão, antes de doar um órgão ou tecido. A maioria dos
doadores toma a decisão de doar um órgão, sem adquirir conhecimentos preliminares
sobre o procedimento e, consequentemente, sem consideração racional, agindo sobre
a influência de um forte afeto (LAZZARETTI, 2007).
Há vários fatores que influenciam o ato de doar, como cobranças familiares ou
pessoais, o fato de não existir outro doador, a busca de melhorar a qualidade de vida e
aumentar as chances de sobrevida do receptor (BENDASSOLLI, 2001).
Segundo Garcia, Souza e Holanda (2007), para os receptores, a avaliação de
um órgão para transplante marca o fim de um período conturbado por angústias e
indefinições que possibilitam a “deterioração da saúde e o início de outra modalidade de tratamento”.
No entanto, para o receptor, também podem ocorrer várias modificações, principalmente, nos âmbitos psicológicos e sociais, podendo o mesmo sentir-se como um
devedor, cheio de sentimentos de culpa e um senso exagerado de responsabilidade e
obrigação, podendo gerar, posteriormente, um vínculo hostil entre doador e receptor
(LAZZARETTI, 2006; STANCIOLI et al., 2011).
Quando os mesmos se submetem à avaliação para o transplante, observa-se uma
série de sentimentos, como angústia, esperança, ânsia e preocupações. Isso demonstra a
necessidade da equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros)
ter uma competência extrema para propiciar múltiplas discussões e orientações para
os doadores, receptores e familiares (LAZZARETTI, 2007). “[...] o enfermeiro deve
desenvolver um trabalho fundamental para que se tenha a identificação do possível
doador de órgãos, assim como, no que diz respeito à efetivação da doação” (SILVA;
GUIMARÃES; NOGUEIRA, 2009, p. 74).
Segundo a Resolução COFEN 292 de 7 de junho de 2004 “ao Enfermeiro incumbe
planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de Enfermagem
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
prestados aos doadores de órgãos e tecidos” e isso significa que estes profissionais devem
estar aptos (física, técnica e psicologicamente), para realizar tais funções.
Segundo Corrêa et al. (2013), é de extrema importância que os profissionais de saúde,
principalmente o enfermeiro, identifiquem rapidamente as possíveis complicações que
podem vir a ocorrer com os receptores e doadores, buscando estratégias para amenizar
e/ou prevenir as complicações.
O inicio da história dos transplantes foi no Brasil, por volta da década de 60, quando foi realizado o primeiro transplante renal, em 1964 (REUNIÃO DE DIRETRIZAS
BÁSICAS, 2003). E no ano de 1989 foi efetivado o primeiro transplante de órgãos com
doadores vivos, sendo concretizado, no Hospital das Clínicas de São Paulo, pela equipe
do Dr. Raia (COELHO et al., 2005).
Com os serviços de transplante no Brasil, surgiu, a necessidade de criar uma regulamentação desta prática e uma coordenação nacional para o sistema de transplante, com
critérios bem definidos, de forma clara, corretos tecnicamente e socialmente aceitáveis
da doação. Portanto, em 4 de fevereiro de 1997, foi criada a Lei dos transplantes ( Lei
nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997), e o decreto ( Lei nº 2.268, de 30 de junho de 1997).
A partir deste decreto, foram criados pelo Ministério da Saúde, o Sistema Nacional de
Transplante e as Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de órgãos (REUNIÃO
DE DIRETRIZAS BÁSICAS, 2003; SILVA; GUIMARÃES; NOGUEIRA, 2009).
“Atualmente, o Brasil possui o maior sistema público de transplante do mundo, subsidiando 95% desse tratamento, incluindo procedimento cirúrgico, medicação e acompanhamentos
necessários ao pós-transplante” (MEDINA-PESTANA et al., 2004 apud MACHADO et
al., 2012, p. 2315). Segundo Silva, Guimarães e Nogueira (2009, p. 72) “o transplante é um
procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão ou tecido de um ser humano
doente (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo ou morto”.
Podemos deduzir, portanto, que o profissional de enfermagem deve estar capacitado
para prestar a assistência devida ao paciente e ao potencial doador, assim como aos seus
familiares, pois, os mesmos têm um papel importante na divulgação de informações
sobre a doação de órgãos, devido terem, um grande acesso à população e causarem um
maior impacto que outros meios de comunicação (MENDES et al., 2012).
Nota-se, portanto, a necessidade de estudos sobre a questão, pois, a enfermagem,
desempenha importante papel, desde a divulgação da doação de órgãos, até o retorno
do(s) paciente(s) para o(s) seu(s) lar (es). Desta maneira, formulamos as seguintes perguntas norteadoras: qual a participação do enfermeiro nas diversas etapas do processo
de doação/recepção de órgãos intervivos? Quais os motivos que levam as pessoas a
doarem ou não seus órgãos? O que pode significar a doação de um órgão para uma pessoa? Quais mudanças podem ocorrer quanto à qualidade de vida do doador e receptor?
JUSTIFICATIVA
O presente estudo justifica - se por sua relevância social e profissional, uma vez
que, os conhecimentos e significados acerca da doação de órgãos, intervivos, podem
influenciar, diretamente, na vida futura dos doadores e seus familiares, refletindo na
assistência de enfermagem. Portanto, há uma necessidade imperiosa de conhecer os
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fatores que estão diretamente relacionados, às possíveis razões que levam as pessoas a
serem doadoras, ou não de seus órgãos para transplante e a percepção dos familiares e
de potenciais doadores sobre o processo de tomada de decisão sobre o assunto.
A partir dessa problemática de estudo, evidencia-se a necessidade de aprofundamento dessa questão, tendo como finalidade contribuir com os profissionais de saúde,
ao levar para seu conhecimento essa análise, crítica e reflexiva, realizada a partir de
uma revisão da literatura sobre o transplante de órgãos intervivos.
É importante ressaltar que, essa temática contribuirá, principalmente, para a categoria
de enfermagem, com informações que poderão qualificar a assistência do enfermeiro,
nas distintas etapas no processo de doação e recepção de órgão, intervivos.
Partindo deste pressuposto, é de extrema relevância a realização de estratégias de
intervenção que a equipe possa traçar, tanto informativas como terapêuticas, que permitam atender às necessidades específicas dos indivíduos, doadores e receptores, em cada
momento da doação (desde o período da tomada de decisão até o término do tratamento).
O presente estudo pretende abordar os diferentes fatores associados ao transplante
de órgãos, subsidiando os profissionais de enfermagem no delineamento das estratégias
de educação em saúde.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Analisar a problemática vivenciada pelos doadores, receptores (intervivos) e enfermeiros, na busca pelo prolongamento da vida.
- Descrever as principais razões que levam as pessoas a doarem seus órgãos para
transplante.
- Citar as modificações psicológicas dos doadores, receptores de órgãos e familiares.
- Descrever as mudanças da qualidade de vida do doador e receptor após o transplante
de órgãos.
- Relatar a importância da enfermagem a respeito da doação de órgãos inter vivos e
mostrar as principais exigências da legislação brasileira.
CAMINHO METODOLÓGICO
Trata-se de um estudo bibliográfico baseado na metodologia da Revisão Integrativa
da Literatura.
Segundo Mendes, Silveira e Galvão (2008, p. 2):
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esse método tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre
um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo
para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado.
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
Objetivos Específicos
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
Para a elaboração da Revisão Integrativa da Literatura, é necessário percorrer seis
etapas distintas, sendo: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; definição das
informações a serem extraídas dos estudos selecionados; avaliação dos estudos incluídos
na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do
conhecimento (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO et al., 2008).
A primeira etapa corresponde à formulação de hipóteses ou questionamentos para
revisão, onde as mesmas encontram-se subentendidas nos objetivos.
Para reunir as referencias, há duas opções, que são: a biblioteca convencional e a
virtual. A biblioteca convencional reúne itens documentados em papel e a biblioteca
virtual dispõe sobre os itens eletrônicos. Para o presente estudo foi utilizado apenas
a biblioteca virtual, disponível na Scientific Electronic Library Online (SciELO),
Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Banco
de Dados em Enfermagem (BDENF), MEDLINE (Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online) e PubMed (Publicações Médicas). Também foi utilizado o
google acadêmico e monografias, teses e outros estudos para fins de aprofundamento
do tema. Tais referências foram buscadas, somente para compor a introdução e a
discussão dos resultados.
Foram utilizados os seguintes descritores, catalogados nos Descritores em Ciências
da Saúde (DESCs): doação de órgãos intervivos, doador vivo, transplante de órgãos
enfermagem. Os critérios de inclusão foram as obras disponíveis em português, espanhol
e inglês; dentro do período selecionado(2005 a 2014); artigos científicos indexados nos
bancos de dados, com os descritores elencados acima; artigos relacionados a doação
intervivos; textos completos e publicados na íntegra. Os critérios de exclusão foram:
artigos científicos que, apesar de apresentar os descritores selecionados, não abordavam
diretamente à temática proposta, artigos repetidos, teses, dissertações, monografias,
livros e capítulos de livros.
Após, o estabelecimento dos critérios de exclusão e inclusão, foi realizada
uma leitura inicial do material, buscando selecionar os artigos cujo título estava de
acordo com o proposto, sendo selecionados 118 artigos. Por meio da leitura “na
diagonal”, que é um tipo de leitura rápida, em que o objetivo é procurar uma informação específica ou identificar as ideias principais de um texto, excluíram-se 53
artigos. Em seguida, foi realizada a leitura crítica dos artigos selecionados (sendo
que a mesma consiste em um tipo de leitura mais pormenorizado, em que se procura
distinguir e relacionar ideias e conceitos), excluindo 41 artigos, restando 24 artigos
a serem analisados. Os dados foram agrupados através de um instrumento de coleta
de dados (Apêndice 01), buscando uma melhor visualização e aproveitamento das
informações contidas nos estudos, objetivando a análise crítica dos textos de forma
descritiva, coerente e sucinta.
Desta forma, observou-se constantemente, os critérios de seleção dos estudos a fim
de confrontar as diferentes evidências clínicas registradas na literatura.
Devido à escassez de artigos elaborados por enfermeiros sobre a temática, considerou-se a necessidade de publicar o trabalho em revista de circulação nacional.
Optou-se, assim, pela revista Estudos, cujas normas encontram-se no anexo 01.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
As informações pertinentes foram agrupadas em quatro categorias: Motivos que
podem ocasionar a doação de órgãos, o comércio dos mesmos e o crescimento da fila
de espera; Alterações psicológicas dos doadores, receptores e familiares; Mudanças da
qualidade de vida do doador e receptor pós-transplante; Participação do enfermeiro no
processo de doação de órgãos intervivos e a legislação vigente.
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No que se refere à doação de órgãos e tecidos para transplante, vale enfatizar
que este procedimento está ligado aos valores éticos, morais e religiosos das pessoas
(MENDES et al., 2012), sendo este procedimento de alta complexidade, envolvendo
outro ser humano que esteja saudável (ABDALLA et al., 2012; CAMARGO et al.,
2008; DAZZI et al., 2013).
A maioria dos artigos analisados mostra que, os prováveis doadores precisam estar
bastante motivados, pois vários sentimentos e conflitos os influenciam nesta tomada de
decisão. É muito raro, falar que um indivíduo teve uma decisão voluntária da doação; na
grande maioria dos casos há várias combinações de motivos e impulsos (LAZZARETTI,
2006). Porém, vale ressaltar que o potencial doador deve estar ciente que sua decisão
é soberana e espontânea. “A autonomia do doador e a soberania de sua decisão são
elementos sancionados pelo contexto pessoal e social” (KOHLSDORF, 2012, p. 339).
Segundo Ferreira et al. (2009, p. 188-189), são fatores que influenciam na decisão:
“presenciar o sofrimento ou piora da saúde do receptor, desejo de melhorar a qualidade de vida do receptor, o fato de não ter outro doador, prazer em salvar uma vida”.
A preparação para um transplante proporciona uma série de dificuldades e incertezas
para o doador, podendo este se sentir o único responsável pela qualidade de vida do
paciente, sendo pressionado pelo grupo familiar e por si mesmo, a realizar a doação
(KOHLSDORF, 2012).
A literatura mostra que, entre os principais fatores que contribuem para a doação,
encontram-se, principalmente: ganhar aceitação da família; o desejo de ajudar; a autoestima aumentada; a identificação com o paciente; o benefício próprio pela melhora
da condição de saúde do receptor; a pressão externa e sentimento de dever moral (LAZZARETTI, 2007).
Porém, segundo Ferreira et al. (2009) a maioria dos doadores preocupam-se com
possíveis riscos para a sua vida, como: o medo de perder o outro rim; o receio de engordar e/ou de não ter vida normal após o transplante; o sentimento de desintegração da
sua imagem corporal; a preocupação com o pós- cirúrgico e o prejuízo para executar
o trabalho.
Vale ressaltar, que existem várias dificuldades vivenciadas pelos potenciais doadores, destacando: as incertezas a respeito do procedimento cirúrgico e a recuperação,
dor pós-cirúrgica, danos à qualidade de vida e riscos com a saúde, na vida futura. Estes
fatores podem gerar a desistência do doador (COELHO et al., 2005). Outros fatores
importantes que preocupam tanto quem vai doar quanto o receptor são: as possíveis
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
Motivos que Podem Ocasionar ou não a Doação de Órgãos
sequelas da cirurgia para a saúde do doador, a duração do procedimento, o tamanho do
corte e os riscos da anestesia geral (KOHLSDORF, 2012).
Os artigos usualmente citam a influencia do parentesco para a doação. A possibilidade de um amigo ser doador é pequena, porém a cada dia aumenta o número de
doadores não parentes, somente com laços afetivos, ou não, com o receptor (COELHO
et al., 2005; LAZZARETTI, 2007).
Segundo Lazzaretti (2006), geralmente os transplantes de rim e de fígado e, mais
recentemente, os de pâncreas e os de pulmão já utilizam o doador vivo e frequentemente
são: os irmãos, pais e os filhos. Encontram-se, também, situações de não parentesco,
podendo tratar-se de casos de venda de órgãos.
Nota-se, também, que, muitas pessoas, geneticamente não relacionadas, possuem
um laço familiar muito forte, sendo esposa ou esposo do receptor, o que seria uma doação eticamente justificável (FERNANDES; GERMANO, 2011). Quando não se tem
um doador de laço sanguíneo, a doação pode ser efetuada com doadores que não sejam
parentes, desde que estes possuam uma resolução favorável do Comitê de Transplante
da Instituição, recebam informações completas sobre o procedimento e que sua decisão
seja livre e consciente, sem nenhuma remuneração ou lucro com a prática da doação
(ARROYO; GABILONDO; GABILONDO, 2005).
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
Estes fatos corroboram a hipótese de que a nova tecnologia médica, apesar de
todo seu referencial humanista, não saiu isenta da ideia utilitarista da sociedade
industrial, a ponto de alguns países optarem por só realizar transplante com doador vivo se este for aparentado do receptor, numa clara tentativa de romper com
a hipótese de uma medicina capitalista – que supõe o ser humano e seus órgãos
coisificados em mercadorias – e de obter o resgate do altruísmo na doação de
órgãos (LAZZARETTI, 2007, p. 52).
Existem autores, todavia, que explicitam algumas condições a serem observadas
nos casos de necessidade de negociação entre doador e responsável pelo receptor do
órgão a ser doado. Irsaniet et al., (2005) sintetizam o incentivo à doação de órgão
em três modelos: o primeiro modelo é a remuneração de mercado; é baseado em
outros mercados, com leis de oferta e de procura que determinam o valor do órgão.
O segundo modelo, supõe um valor fixo de contribuição pelo órgão, baseando-se no
princípio de que contribuições merecem recompensa. O terceiro e último modelo,
condiz que o doador não pode ter benefícios financeiros com a doação, porém não
deve ter algum prejuízo com sua ajuda (pagamentos de remédios, condução, número
de horas não trabalhadas e outras).
O comércio de órgãos tem sido bastante questionado, pois, a legislação brasileira
não encoraja este tipo de doação. No entanto, em alguns países, existem centros transplantadores que aceitam a doação, mesmo questionando o fator “mercadoria” (FERNANDES; GERMANO, 2011).
Entre os autores que defendem este tipo de doação, Matas e Schnitzler (2004) e
Hellmann, Finkler, Verdi (2012), relatam a regularização de um mercado de órgãos
com doadores vivos, sendo que, este, tem grande chance de dar certo, (aumentaria o
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fornecimento de órgãos, não violaria nenhuma norma ética, sendo a única solução para
as extensas filas de espera).
Caplan (2004) discorda desta venda de órgãos, pois, segundo eles uma pessoa que
escolhe vender seu órgão está cercada por um cenário de falta de alternativas, sendo que
a decisão da venda estaria ligada a uma necessidade financeira e não por escolha racional
da pessoa; além disso, tal centro, com certeza, seria muito bem remunerado. Segundo
Arroyo, Gabilondo e Gabilondo (2005), a Organização Mundial de Saúde estabelece
que qualquer remuneração a respeito de um órgão deve ser proibida, e é extremamente
ilegal, que alguém comercialize seus órgãos.
Os órgãos são enviados para uma única lista de candidatos, por Estado da Federação,
com objetivo de evitar o desvio para pacientes com melhor condição econômica ou,
por qualquer outro motivo. Sendo que, a escolha de quem vai receber o órgão, é feita
pela emergência, compatibilidade e ordem de entrada na lista (OLIVEIRA et al., s/d).
O número de pacientes na espera por um órgão tem aumentado consideravelmente,
isso se deve, ao reconhecimento dos benefícios do transplante. Porém, o número de
órgãos para doação é pequeno, o que ocasiona um aumento na fila de espera (DAZZI
et al., 2013; MATHUR et al., 2010).
Portanto, o transplante intervivos, tem sido uma alternativa bastante eficaz para
diminuir o problema representado pela falta de doação de órgãos, sendo este, uma opção de extrema importância para aquelas pessoas que aguardam na lista esperando um
doador (ABDALLA et al., 2012).
Nota-se, portanto, que o assunto é complexo e requer um compromisso ético envolvendo a instituição realizadora do transplante e os conselhos das profissões diretamente
relacionadas ao problema.
Alterações Psicológicas dos Doadores, Receptores e Familiares
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O transplante intervivo é um procedimento demorado, que passa por um longo
processo de preparação antes da cirurgia, de cunho médico-cirúrgico e, principalmente,
psicológicos, dos pacientes candidatos a receptores, assim como dos prováveis doadores. (CUNHA et al., 2007; TRENTINI et al., 2004; FERREIRA et al., 2009). Estudos
mostram que um indivíduo pode sofrer alterações psicológicas de intensidade variável
após a cirurgia, mesmo que tenha se oferecido, voluntariamente, para doar seu órgão
(FERREIRA et al., 2009; LAZZARETTI, 2006).
Mostram, também, que muitos doadores, relatam a falta de informações e de orientação psicológica, repassadas a eles, a respeito do transplante, a maioria enfatiza que
o apoio psicológico recebido é de extrema relevância para o sucesso do procedimento
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
No Brasil, todo paciente que precisa da intervenção é inscrito na Lista Única
de Receptores do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.
A fila de transplantes no Sistema Único de Saúde (SUS) para cada órgão ou
tecido é única, considerados critérios técnicos, geográficos, de compatibilidade
e de urgência específicos para cada órgão (MACHADO et al., 2012, p. 2322).
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
(FERREIRA et al., 2009). Para Rodrigues et al. (2007) é necessário avaliar o conhecimento que o possível doador possui sobre a cirurgia, pois este, precisa entender os
riscos e benefícios da doação.
Segundo Quintana e Muller (2006), o bom estado emocional dos doadores, é um fator
muito importante para evitar complicações médicas e psicológicas no pós-operatório.
A literatura mostra que um número expressivo de doadores relatou terem ficados
apreensivos após optar pela doação. Segundo Fernandes e Germano (2011) a doação
apresenta-se como um benefício recíproco para doador e receptor, porém, a maioria
dos doadores apresenta sentimentos de estresse e/ou depressão, ansiedade e diminuição
da qualidade de vida. Caiuby, Lefévre e Silva (2004), desenvolveram uma pesquisa no
Brasil e identificaram que, no pré-operatório, os doadores passam por sentimentos de
medo e ansiedade. Já no pós- operatório, descrevem sentimentos de tristeza, estágios
depressivos e, até mesmo, disfunção sexual.
Por outro lado, diversas pesquisas citam sentimentos expressados pelos doadores
como: a melhora das relações com os receptores e familiares; autoestima elevada; felicidade; bem estar e satisfação com a oportunidade de doar (VILATOBÀ; ECKHOFF;
CONTRERAS, 2005; CLEMENS et al., 2006). Estas informações são semelhantes às
encontradas nos Estados Unidos, Europa e Ásia, onde se observam que, a maioria dos
doadores sentiu grande satisfação com a decisão de doar, apresentando uma rápida recuperação e retornando, em poucos meses, às suas atividades (COELHO et al., 2005).
Dados diferentes foram identificados por Lima, Petroianu e Hauter (2006), que encontraram um número significativo de doadores que se arrependeram da doação, acharam
a experiência estressante e, que se fosse possível, não doaria novamente.
Já em relação ao receptor, muitos estudos mostram que, para estes, o transplante
permite ter-se outra modalidade de vida, marcando o fim de um longo convívio com
a degradação da saúde (KOHLSDORF, 2012). De acordo com Bernardi et al. (2005),
para o receptor, o transplante significa a chance de restaurar uma vida igual àquela
anterior à doença. Para Lazzaretti (2007) com o transplante, o receptor pode voltar a
ter a chance de fazer planos futuros e o poder de constituir a vida com mais liberdade
e maior autonomia.
Por meio da literatura analisada, para alguns pacientes o transplante é visto como a
restauração da saúde total e a perda contundente do estado de doença. Porém, apesar da
grande dificuldade em conseguir-se um órgão, vários estudos revelam que a maioria dos
receptores prefere esperar na fila de transplante por um doador cadáver, do que receber
um órgão por um doador vivo. A justificativa por esta opção é que os pacientes temem os
riscos aos quais os doadores estariam sendo submetidos (KRANENBURG et al., 2007).
A doação por um membro familiar é o mais comum na situação do transplante
intervivos, sendo este, um elemento que diminui a incerteza no tempo de espera, mas
pode aumentar a tensão na família (LAZZARETTI, 2006).
No contexto intrafamiliar, os conflitos são bastante frequentes, principalmente
quando dizem respeito à voluntariedade de escolher o candidato à doação. Kohlsdorf
(2012) ressalta que, os problemas mais comuns, para os familiares, em respeito à
cirurgia são problemas de saúde que possam vir a ocorrer no pós- cirúrgico, porém
existe uma grande expectativa em relação à melhoria na qualidade de vida do receptor.
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Inquietações, ansiedades, frustrações, fazem parte dos comportamentos manifestados
pelos familiares, sendo que, a grande preocupação é a motivação em salvar a vida do
parente doente (BERNARDI et al., 2005; LAZZARETTI, 2006).
O transplante intervivos é um tratamento bastante especializado, porém, pode causar
riscos de vida paro o doador e receptor. Portanto, os pacientes (doadores e receptores)
e familiares devem estar informados que a doação pode ser um sucesso, mas também,
tem grandes chances de não dar certo (FERREIRA et al., 2009).
Percebe-se, portanto, que o problema precisa ser discutido pelo doador, receptor,
familiares dos mesmos, equipe de saúde (questionando-se as questões de natureza
clinico-cirúrgica, as probabilidades de um transplante em termos de aceitação e escassez
de riscos e as questões de natureza ética).
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O transplante intervivo é um procedimento que proporciona para muitas pessoas
sem prognóstico de uma melhor qualidade de vida, ou até mesmo, com pequena possibilidade de sobrevivência, a oportunidade de um viver mais saudável (SILVA; GUIMARÃES; NOGUEIRA, 2009). Portanto, deve-se investir numa assistência de qualidade
aos potenciais doadores, para esta modalidade de transplante, preparando-os para uma
adequada cirurgia, focando na manutenção da saúde e qualidade de vida pós-transplante
(KOHLSDORF, 2012; DAZZI et al., 2013).
Estudos mostram que o preparo dos doadores é de extrema relevância; os mesmos
devem ser orientados quanto ao período de recuperação, que algumas vezes podem
levar um tempo prolongado para ocorrer (COELHO et al., 2005). Corrêa et al. (2013)
percebeu que alguns pacientes evoluem com rapidez e de forma satisfatória no período
de recuperação, já outros apresentaram complicações após a cirurgia, principalmente
de origem infecciosa.
De acordo com a literatura analisada, a grande maioria dos doadores não apresentou modificações ou limitações na sua vida pós-transplante. Usualmente os doadores
retomam suas atividades normais, poucos meses após a doação (COELHO et al., 2005).
Mas, segundo Ferreira et al. (2009), para que o doador tenha uma ótima recuperação,
aumento da sua autoestima, e pouca mudança na sua qualidade de vida é necessário
que o transplante seja bem sucedido. Entretanto, quando não há sucesso na cirurgia, as
reações emocionais negativas se tornam intensas, sendo caracterizadas por depressão,
sensação de perda e diminuição da qualidade de vida.
Para diminuir essa possibilidade negativa é preciso que sejam analisados todos os
problemas de natureza física, emocional e espiritual dos doadores e receptores. O processo envolve riscos para ambos, exige alto custo financeiro e pode trazer consequências
indesejáveis para a equipe de saúde e a instituição hospitalar.
Em relação à qualidade de vida do receptor, a literatura analisada aponta que este,
geralmente, sente-se como um devedor, tomado por sentimentos de culpa. Podem ocorrer
alterações físicas e de personalidade, provocadas pelo novo órgão, podendo até ocorrer
um medo, de mudança de identidade, quando, acontece casos de receber o órgão de
uma pessoa do sexo oposto (LAZZARETTI, 2006).
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
Mudanças da Qualidade de Vida do Doador e Receptor Pós-Transplante
Estudos revelam que no pós-operatório imediato, o medo da rejeição do órgão
transplantado é intensa, mudando todo o comportamento do receptor. Com o tempo
esse medo é reduzido, podendo o mesmo, ter uma sensação exagerada de saúde restituída, levando-o ao abuso de várias substâncias, como por exemplo, o álcool, e a evitar
o acompanhamento terapêutico (BERNARDINI et al., 2005; LAZZARETTI, 2006).
Segundo Coelho et al., (2005) o fator mais negativo do transplante é a dor póscirurgia. Essas informações são mostradas na literatura, e de acordo com Trotteretel
(2001), a dor no pós-operatório, é maior nos doadores que nos receptores. Essa afirmativa justifica-se porque o receptor, já tem uma história prévia de sofrimento e dor
crônica, tendo participado de vários procedimentos prévios. Além disto, o receptor tem
a cirurgia como sua única esperança de vida, já para o doador, a cirurgia é uma opção.
Enfermagem, Legislação e Transplante
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
O transplante de órgãos no Brasil está regulamentado por diversas leis, decretos e
portarias, que devem ser cumpridos em sua total integralidade, por todos os profissionais
envolvidos no processo (SILVA; GUIMARÃES; NOGUEIRA, 2009).
A Política Nacional de Transplante de Órgãos e Tecidos está fundamentada na
legislação (Leis nº 9.434/1997 e 10.211/2001). Tem como diretrizes a gratuidade da
doação, a beneficência para os receptores e não maleficência para os doadores vivos.
A legislação é clara quanto à orientação de que não se pode correr riscos ou ter prejuízos evidentes para o doador; este, por sua vez, deve estar informado quanto aos riscos
existentes e que sua decisão é soberana (FURLAN; ESPOLADOR; MAZIERO, 2010;
KOHLSDORF, 2012).
A equipe de transplante, principalmente o enfermeiro, tem a obrigação de informar
os doadores e receptores, quanto aos procedimentos relacionados com transplante,
relatando os possíveis problemas e complicações para ambos (LAZZARETTI, 2006),
assim com, os principais aspectos legais vigentes no País:
de acordo com o artigo 15: “§ 1º Só é permitida a doação referida neste artigo,
quando se tratar de órgãos duplos ou partes de órgãos, tecidos ou partes, cuja
retirada não cause ao doador comprometimento de suas funções vitais e aptidões
físicas ou mentais e nem lhe provoque deformação. § 4º O doador especificará,
em documento escrito, firmado também por duas testemunhas, qual tecido, órgão
ou parte do seu corpo está doando para transplante ou enxerto em pessoa que
identificará, todos devidamente qualificados, inclusive quanto à indicação de
endereço. § 7º A doação poderá ser revogada pelo doador a qualquer momento,
antes de iniciado o procedimento de retirada do tecido, órgão ou parte por ele
especificado” (Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997).
Segundo Kohlsdorf (2012), a equipe multiprofissional deve analisar as informações
que precisam ser explicitadas para o paciente, evitando expor detalhes que possam trazer
dificuldades de entendimento e/ou induzi-lo no que diz respeito à possível doação. É
competência dos profissionais, orientar os possíveis doadores, a analisarem suas mo-
175
tivações e medos sobre o transplante, proporcionando-os a tomar uma decisão segura,
sendo ela qual for (FERREIRA et al., 2009).
É preciso considerar, ainda, que alguns pacientes preferem receber o mínimo de
informações para evitar sentimentos de ansiedade. Para Ferreira et al., (2009) é muito
importante que todos os envolvidos no processo, se orientem e recebam todas as informações necessárias sobre o procedimento cirúrgico, para que a decisão de doar seja
por vontade própria, evitando complicações futuras.
É surpreendente como o enfermeiro tem contribuído para o sucesso do transplante.
Devido à alta complexidade dos cuidados, o tempo de hospitalização pós-transplante tem
sido reduzido, promovendo uma assistência de alta qualidade tanto para os receptores
e doadores quanto para seus familiares (MENDES et al., 2012). De acordo com Silva,
Guimarães e Nogueira 2009, o enfermeiro é o profissional que está mais próximo da
família e do paciente, portanto, é de extrema importância que este saiba as informações
adequadas às necessidades de todos os envolvidos no processo, tanto receptores, como
doadores e familiares.
Os fatores mais importantes para a atuação do enfermeiro na doação de órgãos são:
176
Sendo assim, é possível perceber que o papel do enfermeiro em relação ao transplante ultrapassa os cuidados intra-hospitalares, pois, cabe a ele orientar quanto aos
cuidados com a saúde no pós-operatório, para o resto da vida, principalmente quanto
à identificação de possíveis sinais que possam estar relacionados a problemas com o
órgão doado (OLIVEIRA et al., s/d).
Ainda se designa ao enfermeiro, não unicamente avaliar, mas também orientar
esses indivíduos, a fazerem uma análise de suas motivações e receios, assumindo com
segurança sua decisão, sendo ela qual for (FERREIRA et al., 2009).
São de extrema relevância que o enfermeiro desenvolva competência e domínio
na área de pesquisa, utilizando os resultados da mesma, para desenvolver políticas,
procedimentos e melhores padrões na prática do cuidado ao paciente (MENDES et al.,
2012). Segundo o mesmo autor, ainda compete ao enfermeiro aplicar a Sistematização
da Assistência de enfermagem (SAE), em todas as fases do transplante de órgãos, incluindo o pré, o intra e pós-transplante.
Por meio da mesma, a enfermagem tem a possibilidade de planejar o cuidado,
levando em consideração, a individualidade do paciente, centrando em suas necessidades humanas básicas (GOI et al., 2013; CUNHA; BARROS, 2007). E, além destas
vantagens, este processo, permite uma melhor qualidade da assistência de enfermagem
e uma maior autonomia para os enfermeiros (as) (CUNHA; BARROS, 2007).
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
A educação de pacientes; a implementação de intervenções que mantenham ou melhorem a saúde fisiológica, psicológica e social; o uso de intervenções que facilitem
e promovam mudanças de comportamento e adesão ao tratamento em relação às
complexas e prolongadas terapias; bem como, dar suporte aos pacientes e familiares
no planejamento, implementação e avaliação do cuidado; e promover sistemas de
apoio que visem os melhores resultados dos transplantes de órgãos (TEDESCO,
2011; SWAIN, 2011; HOYETAL, 2011 apud MENDES et al., 2012, p. 947).
“A SAE, é baseada e instrumentalizada por um referencial próprio, criado e construído pelos profissionais de enfermagem, que possibilita a união da teoria à prática.”
(BARROS; LOPES, 2010, p. 63). Sendo esta, divida em 5 etapas, anamnese e coleta
de dados; diagnósticos de enfermagem; planejamento de enfermagem, implementação
e avaliação de enfermagem (BARROS; LOPES, 2010).
Portanto, uma assistência de qualidade prestada ao paciente, significa enorme
possibilidade de sucesso do transplante. A equipe, principalmente o enfermeiro, deve
orientar sobre os principais cuidados para o procedimento, o aperfeiçoamento das
técnicas cirúrgicas e buscar as melhores práticas de cuidados e prevenção, para um
pós- cirúrgico de sucesso (CORRÊA et al., 2013).
estudos, Goiânia, v. 41, especial, p. 165-177, out. 2014.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao terminar este trabalho, evidenciou-se que o campo de atuação da enfermagem
tem apresentado um aumento contínuo, juntamente com o aprofundamento científico
sobre o transplante de órgãos. Nota-se, assim, a extrema importância da realização de
investigações sobre esta temática.
O transplante intervivos funciona com um método terapêutico, não tradicional,
que traz uma série de problemas psicológicos, sociais, legais e filosóficos para doadores,
receptores e familiares. Porém, este tipo de tratamento, para alguns pacientes crônicos, representa uma chance concreta de melhorar a qualidade de vida, permitindo que o receptor
construa planos para o seu futuro.
Esta pesquisa mostrou que a escolha do doador envolve aspectos médicos, psicológicos e familiares, embora seja mais rápido, haja menor possibilidade de rejeição do
órgão, através de doadores vivos. Alguns receptores, todavia, preferem esperar por um
doador cadáver, objetivando não prejudicar seus familiares e não os colocar em risco.
A doação de órgãos intervivos é de grande importância social, porém, existe escassez
de estudos nesta área. Sugere-se, pois, a realização de estudos futuros, em nível nacional, que possam contribuir para melhor compreensão dos diversos fatores envolvidos
no transplante.
Com este trabalho, também procuramos refletir sobre a importância da equipe
de captação de órgãos, com destaque para o papel do enfermeiro, uma vez que, este
profissional, atua durante todo o processo. É preciso ainda, efetuar-se outros estudos
sobre o papel da enfermagem, abrangendo as várias etapas e participantes do procedimento, buscando aprofundar os conhecimentos científicos, éticos, humanos, sociais e
econômicos.
Os enfermeiros que atuam no transplante de órgãos e tecidos necessitam aprimorar
seus conhecimentos científicos na área, tanto no que diz respeito aos órgãos a serem
transplantados, como no que diz respeito aos cuidados, de forma a promover uma assistência de alta qualidade para os receptores e familiares. É preciso, também, que inclua
os demais trabalhadores que compõe a equipe de enfermagem nos saberes específicos
do problema estudado.
A educação em saúde é uma das vias para se trabalhar com a equipe de enfermagem
e a população em geral, pois o conhecimento desse fenômeno oferece subsídios aos
177
profissionais que atuam no processo de doação e transplante de órgãos, objetivando
corrigir possíveis inadequações (que estejam contribuindo para uma assistência insatisfatória, referente aos doadores, receptores e familiares).
O enfermeiro, através de recursos tecnológicos, logísticos e humanos, consegue
desenvolver atividades de coordenação, assistência, educação e pesquisa na doação e
nos transplantes de órgãos e tecidos. Isto requer que a enfermagem tenha conhecimentos
aprofundados sobre a problemática envolvida e conte com os recursos necessários para
avaliar o mérito, riscos e questões sociais relacionadas aos transplantes.
Segundo pensamos, todos os questionamentos devem ser feitos pela equipe multiprofissional na esfera da saúde e pelos respectivos doadores, receptores e familiares.
Só assim, poder-se-á encontrar as evidencias de realização de um transplante que traga
maiores benefícios e menor número de agravos.
Esperamos que, este estudo, favoreça a elaboração de novas investigações, relacionadas ao papel e responsabilidades do enfermeiro, no que diz respeito ao transplante
de órgãos intervivos.
DONATION OF DONOR ORGANS: ROLE OF THE NURSE
Abstract: The objective was to analyze the problems experienced by the Donor/ recipient (donor) and nurses in the pursuit of life extension. The work was constructed by
integrative review. It was evident that the field of nursing activities have continuously
deepening, which also occurs with organ transplantation. It is considered that the investigations into the theme favors knowledge / nursing.
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* Recebido em: 20.10.2014
Aprovado em: 25.10.2014
DANIELY PEREIRA DE SOUSA
Graduanda em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).
CELMA MARTINS GUIMARÃES
Orientadora. E-mail: [email protected].
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